Uma lágrima escorreu pelo rosto. Ele não estava mais aqui e isso partia o coração. Só queria vê-lo e admirar o sorriso mais lindo e cheio de vida que já vi na vida. Naruto espalhava alegria por onde passava, e a falta que estava fazendo, doía demais.

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Me lembrei da primeira vez que o vi na escola. Foi há muitos anos atrás, no primário.

“Era o primeiro dia de aula, e eu estava brincando sozinha com minha boneca no canto da sala durante o intervalo da turma. A Sakura era minha única amiga, mas ela ainda não tinha voltado da viagem de férias. Então lá estava eu.

Enquanto isso, os meninos brincavam de pega-pega fazendo barulho por onde corriam. Um deles estava correndo olhando para trás e acabou tropeçando em mim que estava justamente sentada no seu caminho.

— Ah, o que você tá fazendo aí esquisita? – gritou o menino que caiu.

Tive vontade de chorar por ele ter me chamado de esquisita. E acabei com o braço ralado por causa do baque.

— Sasuke, o que você tá fazendo no chão? – começou a gargalhar um menino loiro. – Se queria descansar podia ter falado.

— Há há que engraçado. – o moreno fechou a cara, se levantou e saiu da sala.

O loiro se virou para mim.

— Ei, você tá bem? – ele sentou ao meu lado.

Corei com a aproximação.

—S-sim. – e lembrei do pequeno machucado. – Ai... – grunhi baixinho.

— Deixa eu ver. – ele pegou delicadamente meu braço. – O Sasuke é muito desastrado, não liga pra ele. – ele pegou um band-aid que tinha no bolso e colocou no local. – Como eu sempre caio, minha mãe já deixou um estoque de curativos comigo. – e riu.

—O-obrigada. – e olhei para baixo.

— Eu sou Naruto, sou da classe do lado. Acho que já te vi algumas vezes. – e sorriu.

— Sou Hinata. – e apertei a mão que ele ofereceu.

— Vou voltar a brincar, antes que eles venham me encher o saco. Tchau Hina-chan. – e saiu em disparada.

—T-tchau.. – sussurrei para o vento.”

Meu pequeno coração disparou pela primeira vez. Naruto. Mal sabia que esse sentimento só tenderia a crescer com o passar dos anos.

“Passou a observá-lo, e sem perceber, começou a ir para escola só para vê-lo. Assim que o via, suas bochechas coravam e seu coração palpitava que nem um passarinho. Trocamos algumas palavras quando nos cumprimentávamos no corredor. Como estudavam em classes diferentes, só o via durante os intervalos.

No fundamental, o professor juntou as duas turmas para as aulas de educação física. E isso me alegrou ainda mais, pois a aula que eu menos gostava, de repente tinha se tornado a minha matéria favorita.

— Vamos jogar vôlei. – o professor avisou os alunos na quadra. – E lembrem-se que todos devem participar. – completou.

— Yoshhh!! – Naruto estava animado como sempre.

O professor me colocou no mesmo time do Naruto. Fiquei para trás corada.

E o professor apitou e a partida iniciou.

A bola veio com uma força na minha direção. Me preparei e fiquei na posição para pegar a bola, mas alguém entrou na minha frente e bateu por mim. Foi Naruto.

— Kibaa!! Controla seu saque aí, que matar quem? – Naruto gritou pro seu amigo do time adversário. E eu corei por ele ter se preocupado comigo.

No final, quase nem toquei na bola, Naruto pegava todas que vinham para mim. E ganhamos. O professor apitou o final da partida.

— Isso aí!! – Naruto gritou e estendeu a mão para eu tocar. Levantei a mão e ele bateu. – Ganhamos. – e sorriu.

— Naruto! – o professor falou. – Na próxima deixa a Hinata jogar!

— Foi mal. – e deu uma risada sem graça.”

E foi com pequenas e singelas ações, que fui me apaixonando cada vez mais por Naruto.

“No ensino médio, Sakura insistiu que eu fosse com ela na festa de aniversário da Ino. Ela falou que precisava sair um pouco e curtir mais a vida. E para não desapontá-la, decidi acompanhá-la.

Comprei um vestido rosé que media um pouco acima do joelho. Podia ser um pouco revelador para uma garota tímida. Mas adorei quando o vi na vitrine e decidi ousar para variar. A maquiagem foi leve e apenas um gloss nos lábios. Com os cabelos pretos e lisos soltos até a cintura.

— Linda! – Sakura estava com os olhos brilhando com a produção que ela mesma fez.

Chegando na festa, percebi que havia muita gente da escola. A princípio pensei em voltar correndo para casa, mas respirei fundo e encarei a realidade.

Olhei ao redor, e inesperadamente encontrei um par de orbes azuis. Ele estava bebendo com algumas pessoas quando deparou com meu olhar. Nesse momento, desviei corada por ele ter começado a me analisar da cabeça aos pés.

Mais tarde, a Ino se pronunciou, ela já estava bêbada como a maioria dos presentes.

— Vamos fazer uma brincadeira! Venham, venham, sentem-se. – ela ordenou. E colocou a garrafa no meio e girou. – As duas pessoas a que essa garrafa apontar vão ficar presas na dispensa por 20 minutos. – e olhou maliciosamente. – Só isso nada demais.

Na terceira rodada, caiu em Naruto. E quando percebi a outra ponta estava apontada para mim.

— E-eu não tô participando. – disse levantando a mão corada. Eu só estava guardando o lugar para a Sakura que tinha ido no banheiro.

— Tá sim. – Ino disse. – Agora vão lá no quartinho. – disse nos empurrando para dentro.

Um silêncio constrangedor dominou no momento. Até que Naruto quebrou.

— Me desculpe por você ter que ficar aqui comigo a força. - Naruto sorriu.

— N-não é isso. Eu só não tava brincando. – evitava encará-lo nos olhos.

— Não imaginei que estaria aqui. Fiquei surpreso quando te vi.

— Achei legal sair um pouco de casa. – sorri.

— Você está muito linda. – o sangue subiu a cabeça com o comentário. – Nossa, tá gata. Quer dizer, você sempre foi. É só que hoje você conseguiu se superar. – ele colocou a mão na cabeça meio sem graça.

—O-obrigada Naruto-kun. V-você está bonito também. – Nem acreditava que estava tendo uma conversa decente com Naruto.

— Você é muito fofa Hina-chan. – ele pousou a mão na minha cabeça, fazendo um cafuné. – Sempre te achei delicada, como se fosse quebrar a qualquer momento.

— S-sério? – estava surpresa.

— Sim, muito frágil, como porcelana. Igual seus olhos. Acho que seu jeito de ser me faz querer protegê-la...

E bem devagar, a mão de Naruto deslizou para meu queixo.

Senti o rosto do loiro bem próximo e um cheiro de álcool, talvez ele estivesse um pouco fora de si. Mas não importei. A distância diminuía cada vez mais, a outra mão dele passou a percorrer minha cintura. Ele encarou meus lábios.

— Eu... – ele sussurrou e senti o hálito quente, o que me fez estremecer. – quero você...

— Naru- ... – fui interrompida por seus lábios que se pressionaram rapidamente aos meus. Como se estivesse em mais um de meus sonhos, me deixei levar pela situação. Então senti a língua do loiro pedindo permissão e corei. Era constrangedor, e me sentia desnorteada. Mas segui seus movimentos, acompanhando o ritmo da dança totalmente desconhecida....”

Dizer que aquele foi o momento mais lindo da minha vida seria pouco. Pela primeira vez me senti amada. Aquele amor que faz você ser a pessoa mais boba do mundo, que faz seus pensamentos ficarem confusos e não saber como agir. Justamente aquele amor que iremos encontrar apenas uma vez...

“Quando acordei no outro dia, não quis me levantar, pois tinha medo de que tudo aquilo não tivesse passado de apenas um sonho. Que voltaria tudo normal, e apenas o amor não correspondido estaria presente.

Mas reuni toda coragem e fui para escola.

E lá estava ele com seus amigos. Estavam passando no corredor e ele me notou.

— Oi Hina! – ele acenou sorrindo como sempre.

— O-oi. – e como sempre me entreguei gaguejando. E ele voltou a rumar para sala dele.

Fiquei triste por ter sido só isso, exatamente como sempre... até que...

— Ei, podemos conversar mais tarde? – ele se virou para mim corado.

— Sim... – corei. Talvez nem tudo estivesse terminado.

Ao final das aulas, o encontrei e caminhamos a um parquinho perto da escola. Já estava anoitecendo. E a brisa fria batia em meu rosto. Respirei, tentando me acalmar por estar ao seu lado. Sentamos no balanço que tinha lá.

— Eu queria conversar sobre ontem... – percebi que ele estava diferente.

— Então, você lembra do que aconteceu? – perguntei corada.

— Claro que sim. – ele exclamou. – Por que não lembraria?

— Achei que você não estivesse sóbrio. – me expliquei.

— Você não queria que eu me lembrasse? – o tom dele ficou baixo.

— Não, não. Quer dizer, não quis dizer isso.... – me perdi em minhas palavras. – Eu estou feliz de que se lembra.

— Hina-chan....então está tudo bem... digo, entre eu e você?

— Não entendi..

— Você quer namorar comigo? – ele falou rapidamente e olhei assustada para ele.

— Ehh?? – exclamei surpresa.

Ele saiu do balanço e se ajoelhou na minha frente.

— Posso estar parecendo ridículo falando agora, mas quero dizer algo que sempre guardei para mim. Eu gosto de você Hina-chan. Desde sempre, na verdade, não sei como começou... quando eu vi, só queria ter você  por perto. Mas fiquei com medo de querer avançar demais, pois você nunca foi de demonstrar seus sentimentos, então eu estava confuso.

Respirei fundo, mas não adiantou, a emoção invadiu e coloquei as mãos na boca para conter o choro.

— Ontem, nosso beijo... nossa foi incrível. Você não sabe o quanto eu queria sentir você em meus braços. O quanto eu ansiava por isso. – ele sorriu. – Quando você retribuiu, eu senti uma pequena faísca em mim. Talvez você sentisse o mesmo.

— E-eu... – tentei falar alguma coisa. Mas ele continuou.

— Então criei coragem para te dizer, que mesmo que você não sinta o mesmo. Quero que, por favor, me dê uma chance. Juro te fazer feliz. Hina, você é garota mais linda e doce que conheci. Você aceitaria namorar comigo? – ele estava corado.

— Naru... – eu estava em prantos. – Naruto-kun... – funguei. – Você está errado.. – ele me olhou confuso. – Eu sinto o mesmo sim. Eu gosto tanto de você que nem imagina. Todos esses anos, meu amor por você foi crescendo. Acho que fomos dois bobos, por acharmos que não fosse correspondido. – eu sorri. – A vida pode ser brincalhona, mas o destino une o que um dia foi predestinado para estarem juntos... N-Naruto-kun, eu te aceito com todo meu coração.

Ele me levantou e me abraçou tão forte. E eu chorei, porque esperei tanto pelo amor, que ele chegou. Eu estava feliz.”

O tempo colegial passou voando, começamos a namorar e logo todos ficaram sabendo. Várias meninas ficaram se remoendo de raiva por Naruto estar comigo. Afinal, o meu namorado era o menino mais lindo e era meu...

Tudo mudou quando terminamos a escola, alguns meses depois, uma notícia mudou todo o rumo da nossa história.

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Passaram se quatro anos desde aquele dia. Caminhei para o parquinho onde nos declaramos um para outro e fui tomada por várias lembranças. Muitos beijos, carícias e votos trocados. Desejando voltar mais uma vez àqueles dias que passamos juntos.

Comecei a chorar, pensei que passaria. Pensei que superaria. Pensei que pudesse encontrar outra pessoa. Mas não, entreguei meu coração a Naruto. E a ele pertencia.

Parece que o céu sentiu a saudade que eu estava sentindo, e começou a chover.

Não me importei.

Fechei os olhos.

Como um toque de mágica, os pingos não me alcançavam mais. Mas ainda ouvia a chuva cair no solo do parquinho.

— Hinata. – uma voz masculina invadiu o local. A voz de Naruto. Isso é impossível.

— Não é real. – murmurei a mim mesma.

— Hina... – um sussurro ao vento. Abri os olhos.

E lá estava ele parado a minha frente. Com um guarda-chuva nas mãos. Os mesmos orbes azuis a encaravam como na adolescência.

— Amor? – o chamei. – V-você voltou? – estava estática.

— Sim. – ele sorriu. E eu chorei porque o quê eu mais tinha pedido a Deus. Ele realizou. – Desculpa a demora.

Então chorei e bati em seu peito.

— Por que me abandonou? – e desabei.

— Eu nunca quis te abandonar amor. – ele segurou meu rosto. – Eu fui covarde. Me desculpa por não te avisar. Me desculpa. Se eu me despedisse de você, eu não teria coragem de ir...

— Por que você teve que ir?

— Meus pais me obrigaram a se mudar com eles. Eu não queria. Mas não poderia ficar, ainda não tinha condições para me manter sozinho aqui.

— Naruto, eu senti tanto sua falta. – eu o encarei com os olhos cheios de lágrima.

— Eu também amor. – ele apertou o peito como se estivesse com dor. – Aqui, doía cada vez que eu pensava em você. Mas eu queria que você fosse feliz, que não ficasse me esperando.

— Como poderia fazer isso? Como poderia ser feliz sem você?

— Acho que me enganei novamente...

— Você sempre será o único na minha vida. O único. – enfatizei.

— Hina... – ele me beijou. E finalmente relembrei o gosto de seus lábios.

— Você me machucou, mas já passou. – disse ao nos separar. - Só me prometa que ficará para sempre aqui, me prometa que isso jamais voltará a acontecer.

— Eu prometo. – ele disse. - Eu te amo muito, meu anjo. – aquelas palavras doces aqueceram meu coração.

— Eu te amarei eternamente, meu amor.

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Acordei no dia seguinte com Naruto dormindo ao meu lado. E sorri bobamente. Eu tinha meu loiro de volta. Tinha o amor de volta. E então, senti uma sensação gelada. Levantei a mão e me assustei. Meus olhos lacrimejaram.

Um anel brilhava envolta do meu dedo.

END