Ironias do Amor escrita por Lyse Darcy


Capítulo 24
Cap 24 - Parte I: Confissões Irônicas.




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A luz azul que emanava da televisão banhava todos os móveis na sala, enquanto que um casal abraçado assistiam a uma série que curtiam, o rapaz a envolvia num abraço aconchegante, a garota se recostava em seu peito e sorvia o cheiro dele refrescante e mentolado de pós-barba. Rose se desvencilhou de Finn ligando a luz.

— Vou preparar pipoca. Vai querer? — Piscou divertida. Ele pausou o filme e se levantou com ela.

— Quero. — Beijou os lábios da garota. — Ajudo a preparar.

Os dois estavam mexendo nos utensílios domésticos, com o intuito de preparar o lanche quando ouviram o ruído de chaves a farfalhar na porta. Então ela se abriu e surgiu um trio com os rostos vermelhos e os olhos lacrimejando. O casal de namorados avistava tudo aquilo silenciosamente. Rey se adiantou caminhando até o seu quarto, voltou o corpo para trás.

— Esperem um pouco me arrumo rápido. — Sumiu da vista de todos.

Rose caminhou até Ben e Leia e lhes ofereceu algo para beber, a senhora agradeceu a gentileza, contudo se adiantou em dizer que não precisava de nada. Benjamin aceitou um copo com água. Enquanto se sentavam no sofá, Finn observava tudo a distância, avaliando que a vida da amiga estava mudando rapidamente. Sorriu consigo fazendo uma pequena oração para que ela recebesse toda a felicidade que merecia e que seu mundo entrasse nos trilhos.

Algum tempo depois Rey saiu do seu aposento toda arrumada, sua felicidade transbordava por todo o seu ser. Estava radiante. O riso contagiava a todos, especialmente Ben que a olhava com devoção. Leia contemplava tudo aquilo muito feliz e satisfeita por ver seu filho se permitindo deixar que a alegria o alcançasse e emanasse de si para os outros. O último ponto a ser superado naquele momento sem dúvida era Solo constatar que Snoke era o responsável por todos os infortúnios em sua família.

Então, Jakkes se voltou para a sua amiga e a abraçou carinhosamente e a avisou que iria conversar com a juíza Organa e seu filho, e que dormiria no apartamento de Ben para não incomodar, caso ficasse muito tarde. Se despediu de Rose e de seu amigo e saiu de braços dados com Leia e seguindo mais atrás Benjamin, tinham muito que dialogar, muitas arestas a acertar.

Finn e Rose acenavam para eles que devolviam o gesto, até que entraram no carro de Ben e o casal parou o movimento. Com isso o rapaz ficou de frente para a namorada.

— Enfim estamos sozinhos. — Beijou o topo da cabeça dela e fez um caminho de pequenos ósculos até os lábios macios e úmidos de Tico.

— Acho melhor nós entrarmos. — Ela falou sorrindo.

Ao entrar no apartamento Finn não soltou Rose e tornaram ao ponto onde estavam, o toque dos lábios foi suave, aprofundando os movimentos que se tornavam mais necessitados e famintos, o cadenciado os deixava ambos embevecidos e mais rendidos ao carinho que evoluía.

Envolveu seus braços na cintura da garota que se aconchegou em seu tronco aquecido e convidativo as sensações de pertencimento preenchia o ambiente. Os dois se afastaram só um pouco, a fim de recuperar o fôlego roubado, nunca tiveram um momento tão deles, sem ninguém ou nada para os interromper. Sorriram um para o outro, agora teriam a sua vez.

 

(…)

 

O veículo parou em frente a um portão imenso baixou os faróis para que os vissem da guarita. Leia acenou para o homem de uniforme que logo a reconheceu no banco traseiro. Se aprumou e sorriu cordial para a senhora, olhou mais uma vez para o motorista e notou que se tratava de Ben, há muitos anos que não o via ali. Meneou a cabeça e acionou o portão que começou a se abrir lentamente. Solo deu uma partida suave no motor e rumou pela rua calma do condomínio em que a juíza morava há muitos anos.

Parou de frente a uma casa que tinha uma fachada vitoriana com muitas janelas e em cada janela existiam muitas flores-do-campo no batente, as telhas vermelhas dava um aspecto de residência tirada de contos de fadas onde teria uma mocinha que viveria várias aventuras. As portas de madeira pintadas de azul continha folhas de vidro fosco para não ver o que tinha em seu interior, a varanda tinha um balanço muito aconchegante.

A mãe de Ben abriu a porta da casa e um buldogue francês de aproximadamente quatro anos e pelagem escura se aproximou eufórico para recepcionar sua dona e lhe dar boas-vindas. A alegria dele era contagiante era plena e sincera, cheirava, lambia, dava suas latidas graves. A tutora do cão o pegou em seus braços.

— Como vai o lindo da mamãe? — Beijava o topo da cabeça do animal. — Se comportou direito? — E a cada questionamento que Leia fazia ele respondia com efusivos latidos.

— Mãe, — estava perplexo — é só um cachorro! — Rey disfarçou o riso ao perceber que Ben estava com um quê de ciúme do pet de sua mãe. — Não fale com ele como se fosse uma criança. A mulher mais velha deu de ombros e continuou afagando o animalzinho. Jakkes também começou a fazer carinho no bicho e perguntou.

— Como ele se chama? — sorria para a Organa.

— Gary. — Cheirou sua cabeça. Solo revirou os olhos ao ver às duas mulheres se derretendo para um cachorro.

— É um nome muito bonito. — Ele deu uma lambida na mão de Rey.

Nesse momento entra Sophie sua assistente pessoal, seu braço direito, atraída pelo som festivo que vinha da juíza e seus convidados. Adentra a sala e para o seu total espanto avista seu pequeno Ben, que, na verdade, de pequeno ele não tinha nada estava bastante crescido, entretanto, ela sempre o veria como seu adorável menino.

A mulher caminhou timidamente na direção do trio que estavam muito distraídos com a presença alegre de Gary. A assistente observava a tudo aquilo como se fosse um grande milagre. Aquele quadro a comoveu profundamente, tanto que teve que secar uma lágrima furtiva que teimou em se precipitar por sua bochecha, a secou discretamente e, então temperou a garganta.

— Boa noite juíza Organa! — Todos olharam na direção de Sophie que mantinha uma postura ereta, uma inglesa de meia idade, cabelos acinzentados e olhos vivos na cor de seus cabelos, estatura mediana e um corpo esguio. Leia sorriu para a mulher, elas eram muito mais que patroa e empregada. Eram amigas.

— Oi! Sophie, hoje temos companhia muito especial. — Pousando suas mãos no ombro a jovem que tinha uma beleza magnética, e um sorriso iluminado, então a apresentou. — O nome dessa bela moça é Rey Jakkes, namorada de Ben. — Sempre direta, concluiu. — Espero que meu filho não demore muito e se case com ela logo, antes que outro a roube dele.

— Mãe!

— Estou falando sério. — Todos riram e a garota ficou rubra de acanhamento. A mulher se aproximou e a cumprimentou formalmente e em seguida se pronunciou.

— Posso lhe dar um abraço? — Rey anuiu e, então, a senhora a envolveu num abraço maternal de boas-vindas, ela se sentiu acolhida e uma lágrima teimosa rolou por sua bochecha. Com isso, Sophie se afastou e alisou sua face carinhosamente e voltou-se para Benjamin e o puxou até ela e o abraçou juntamente a sua namorada e o afago foi tão efusivo que o rapaz foi empurrado para baixo próximo ao rosto da mulher que o apertava com muito fervor. Rey ria e chorava ao mesmo tempo, o momento era muito emotivo.

Leia assistia a tudo com lágrimas na face enquanto abraçava Gary, que vez por outra dava umas lambidas no dorso de sua tutora, que continuou com as suas novidades.

— Tem mais querida amiga … — A outra afrouxou um pouco o abraço.

— Tem? — Estava muito feliz, mas tinha consciência de que Organa estava muito mais feliz que ela.

— Nosso Ben vai ser papai!

Ele ficou confuso ao ouvir que sua mãe já sabia daquele ‘segredo’, olhou para Rey com um ar interrogativo, enquanto que Jakkes devolvia um sorriso indecifrável. Sophie os abraçou ainda mais. Enquanto que a futura vovó olhava para eles de modo divertido.

— Mas, não se preocupe — colocou o buldogue no chão — ela não me contou o seu segredo. Deduzi sozinha por meio dos sinais que pulavam na minha frente. — Riu contente.

— Não era nenhum ‘segredo’, — coçou a nuca meio sem jeito — pensei apenas que era algo que eu e Rey fossemos contar agora.

— E foi. — Colocou simples. — Contamos para Sophie, agora vamos entrar e nos sentar! Não fiquem aí parados. Vamos! — Pegou no braço de Rey e a conduziu a jovem até a sala.

O local era amplo e muito elegante os móveis eram antigos, porém muito conservados eles contavam a sua própria história. O aroma do lugar era deliciosa uma mistura de madeira lustrada e flores que alegravam todo o ambiente e davam uma sensação de bem-estar. Todos se sentaram nos assentos que mostravam ser muito confortáveis que eram de couro marrom muito macio. Rey, ao se recostar nos encostos teve a deliciosa impressão de se acomodar em uma nuvem.

A mesa de centro era um grande quadrado e sobre este móvel tinha um belo ramalhete belamente arrumado e muitos objetos muito curiosos, e de várias épocas, desde a virada do século até os mais modernos.

O tapete era tão macio que ela teve uma imensa vontade de afundar os pés nele para sentir sua textura, então manteve o controle e se manteve calçada. Era a primeira vez que estava numa casa tão linda e tão convidativa, pensou consigo na próxima vez eu farei isso, nesse momento Ben Solo puxou a sua mão para junto de si e com o polegar fazia carinho circular no dorso pequeno de sua mão. Ela sentiu o toque dele e por um momento mágico se sentiu amada.

Leia se sentou à frente do casal numa poltrona que tinha diante de si um descansa pé muito macio, com isso ela quebrou o silêncio.

— Sophie, vamos comemorar a chegada de uma vida, que já é a mais amada do planeta! — Colocou a mão no coração. — Meu neto!

Todos estavam muito felizes especialmente o casal, que agora podiam compartilhar essa boa notícia, depois de tantos acontecimentos tinham a oportunidade de partilhar com pessoas queridas tal novidade, no entanto, as coisas não estavam resolvidas, a sensação de bem-estar do momento despertado no grupo recém juntado naquela sala era enganoso, pois havia muitas coisas para se ajustarem.

Era fato que eles estavam ali reunidos para conversarem entre outras coisas o contratempo que Rey enfrentou que por sorte e grande consolo não resultou em nenhuma tragédia para ela e muito menos para o bebê que ela esperava.

Leia se acomodou melhor no sofá e, ela e sua assistente se fitaram numa comunicação que ambas conversavam sem emitir qualquer som, então Sophie pediu licença para poder providenciar algo para comerem e se retirou. Assim a família poderia ter mais privacidade para conversarem ao vê-la sumir pelo corredor a juíza tornou a falar.

— Ben meu filho! — A voz embargada. — Muitos anos se passaram e tenho muitas coisas para te falar. — Vacilou por um momento. — Só não sei por onde começar. — Segurava o choro. O rapaz estava incomodado tentando disfarçar suas emoções. Rey era apenas espectadora de todo aquele momento emocional, esboçou um movimento de se erguer do sofá.

— Não saia, por favor. — Pediu Solo.

— Fique, querida. — Falou sorrindo.

A garota tornou a se acomodar no assento, Benjamin a abraçou, mais para se consolar do que qualquer outra coisa. Ela devolveu o gesto carinhoso e se recostou no ombro dele. Por sua vez ele enxugou disfarçadamente uma lágrima que insistia em querer cair por seu rosto, olhou para o cão que brincava com o cadarço do seu pé esquerdo, então tornou a olhar a mulher que havia lhe dado a vida.

— Não há nada para ser dito. Tudo ficou no passado. — Mirou a mãe de seu filho. — Precisamos deixar essas rusgas de lado, para seguirmos em frente sem nenhum ressentimento. — Seu tom de voz era calmo e sincero. Leia sabia que tudo que ocorreu com ele foi muito doloroso. E ela não o ajudou, mais do que ninguém sabia do seu dever como mãe. Todavia, escolheu seguir com o seu dever e comprometimento da lei.

Chorou ao se lembrar que poderia ter ficado ao lado do seu filho, ao invés de sempre colocar suas responsabilidades acima de tudo e de todos, especialmente do seu rebento. Seu amor.

No momento crucial na vida de um jovem que estava prestes a iniciar sua carreira como advogado. Tinha ido até o local onde seu pai para lhe dar carona, e foi nesse dia que uma tragédia se abateu em sua família.

Rey olhava mãe, filho e as lágrimas que fluíam intensamente em suas faces, Ben tentava o máximo que podia conter o choro, mas não conseguia. A garota podia tatear toda aquela tristeza. Ela quebrou aquele silêncio tenso entre eles.

— Mas, gostaria de saber. — Se afastou um pouco dele ficando ereta o encarou. — O que te levou aceitar o emprego no escritório do Snoke? E ser alguém tão frio e complicado? — Continuou a fitar o rosto vermelho de Solo. Ele desviou o olhar.

Se levantou para colocar as ideias no lugar, sabia que tinha chegado o momento de esclarecer tudo, confessar tudo. Só não sabia se conseguiria ter forças para isso, mais ainda não saberia se Rey, a pessoa que tanto ama permaneceria a seu lado. Contudo, era um risco que precisaria correr. Respirou fundo para colocar todas as cartas na mesa. Pensou consigo, precisava deixar realmente tudo para trás. Precisava recomeçar.


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Notas finais do capítulo

Agradeço o apoio de todos que leram até aqui
Desculpe algum errinho que passou



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