He was a boy, she was a girl escrita por kagomechan


Capítulo 1
Sk8er Boy


Notas iniciais do capítulo

minha primeira fic baseada numa música XD sejam legais comigo. espero que gostem


eu gosto muito dessa música. foi mesmo uma música que marcou minha infância e foi uma das primeiras músicas que escutei em inglês em toda a mida vida. como ela literalmente conta uma história, fiquei com vontade de contar essa história XD

créditos da música para Avril Lavigne e sua poção da juventude eterna
https://youtu.be/TIy3n2b7V9k



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Os ouvidos de Erick eram preenchidos pelos sons pesados de suas bandas de rock favoritas que ressoavam do amplificador conectado ao seu celular e que provavelmente estava perturbando os vizinhos. O garoto de cabelos pretos perfeitamente lisos mas raspado nas laterais dedilhava uma guitarra imaginária as notas decoradas no fundo do coração. Erick saía do banheiro com o corpo parcialmente tatuado pingando com a água do chuveiro e enrolado na toalha da cintura para baixo. Ele foi até o seu guarda roupa e pegou uma calça jeans folgada meio rasgada e uma camiseta também folgada com o símbolo do Anarquismo para vestir. Apesar do visual excêntrico do rapaz, completado por um alargador do tamanho de uma pequena moeda em cada orelha, três piercings na orelha direita, dois na esquerda, dois no lábio inferior e um na sobrancelha esquerda, não precisava de muita concentração para notar que aquele monte de metal escondia um homem de aparência bela.

Erick, 18 anos, dividia um pequeno apartamento na cidade canadense de Burnaby com mais dois amigos, Mark e Li. Eles eram amigos desde da época de escola, não que tivessem ido juntos para a mesma escola, mas tinham fumado juntos os mesmos bagulhos nos mesmos lugares desde de quando Erick tinha 16. Mark era o mais velho, tinha 22 anos e era dele o apartamento que dividia com os amigos, embora não de graça, desde que Erick fugiu de casa e Li foi expulso de casa por sua rigorosa família de origem chinesa. Ambos eram membros também de sua banda. Erick cantava e às vezes tocava a guitarra. Li ficava na bateria, Mark no baixo e o guitarrista oficial era Emma, que dividia outro apartamento com um pequeno grupo de amigas. O vício das drogas veio num momento difícil para Erick. Um momento de fundo do poço quando os pais se separaram e ficavam lembrando de o quão incompetente o filho era. E ele concordava com tal incompetência.

— Achei que não ia sair nunca daquela cama - riu Mark, um rapaz alto e magro de cabelos loiros e olhos azuis.

— Cala a boca - disse Erick rindo pegando um cigarro do bolso traseiro da calça e já o acendendo.

— Eis aí um belo café da manhã - zombou Li enquanto Erick abria distraidamente a geladeira em busca de algo para comer.

— Falando em “manhã”, sério que você me bota pra ouvir Foo Fighters à essa hora? - reclamou Mark falando da música alta que enchia a casa - Devia ter colocado um System of a Down.

— Prefiro letras com mais conteúdo e menos gritos. - justificou Erick ao sentar na mesa com um pote de iogurte e uma fatia de pizza gelada do dia anterior.

Mark deu de ombros enquanto Erick deixava o seu recém acesso cigarro no cinzeiro que havia no centro da mesa, um dos objetos mais importantes daquela casa depois dos instrumentos musicais e dos skates já que todos dentro daquela casa fumavam.

Com o café da manhã tomado, Erick pegou seu skate e abriu a porta da sala saindo para as ruas de Burnaby. Jogou o skate no chão e seguiu sendo levado pelas rodinhas dele e pela gravidade por vezes usando de meio-fios ou bancos para realizar manobras que tornavam o caminho menos entediante. Claramente as pessoas as pessoas às vezes reclamavam, mas ele ligava quase tanto quanto ligava para o fato de que estava sobre o skate ainda com o cigarro na boca.

Parou o skate perto de uma floricultura segurando-o com a mão direita e apagando o cigarro com a mão esquerda na sola do sapato. O toco do cigarro que sobrou, ele jogou na lixeira que tinha perto da entrada da floricultura.

Com o nome de Betty flowers, floricultura era pequena e estava claramente sofrendo com a concorrência vinda das outras duas floriculturas grandes e modernas que incluíam serviços como entrega de buquês à domicílio que tinham aberto naquela mesma rua. A dona da floricultura era o motivo do nome da loja e era carinhosamente chamada pelos seis netinhos e pelos donos de outras lojas dali (tirando as floriculturas) de vovó Betty. Uma senhora baixinha encurvada pelo tempo e já bem velhinha que agora tentava em vão mexer um vaso de lugar.

— Deixa que eu ajudo - disse Erick se aproximando da senhora e pegando para si o pesado jarro.

— Ora… quem temos aqui? - disse a vovó forçando os olhos atrás das grossas lentes dos óculos tentando ver quem era.

— Sou eu, Erick - disse o rapaz abrindo um sorriso calmo já acostumado com a cena.

— Ah! Erick! - disse a vovó soltando uma boa risada - Sim, sim. Lembro! Fiz o buquê que você me pediu. Veio pegar?

— Antes quero ajudar a senhora a botar esse vaso onde queria.

— É mesmo um bom garoto. Pena que meus olhos não funcionam tão bem quanto antes, tenho certeza de que é bem bonito.

— Até parece - comentou ele dando uma risada - Bonitas mesmo são as flores da senhora. Não chegam nem perto daquelas das lojas idiotas.

— Olha a boca menino! - ralhou a idosa agarrando a manga da camisa dele com as mãozinhas trêmulas e girando o tecido da blusa fracamente como uma pequena bronca - Não chame os outros dessa palavra feia com “i”.

— Tá.. tá.. - disse ele com um pequeno sorriso revirando os olhos pois sabia xingamentos bem piores do que ‘idiota’ - Então? Onde deixo o vaso?

Já cansado de segurar o vaso, o rapaz ficou aliviado quando a senhora indicou onde colocar o vaso. Depois de botar o vaso no lugar, pegou o buquê de flores que tinha pedido para ela. Nada muito extravagante, até porque não tinha tanto dinheiro assim, apenas um pequeno punhado de flores lilás, rosas e amarelas que Betty, mesmo com a visão já não tão boa como sempre, fazia com bastante carinho para ele sempre que ele pedia.

Sim, sempre. Afinal, era algo que acontecia pelo menos uma vez por mês. Porque todo final de semana, assim como aquele, Erick cobria a curta distância entre Burnaby e Vancouver até um dos teatros da cidade, entrava de fininho sempre na mesma sala no mesmo horário e ficava fitando sempre a mesma pessoa e, às vezes, como hoje, ficava tentando criar coragem para falar mais do que cinco palavras com ela.

Assim como das outras vezes, quando entrou no teatro, rapidamente viu-a. De rosto doce e gentil, cabelo cor de cobre preso num coque perfeito sem um fio de cabelo fora do lugar, olhos castanhos enigmáticos e o corpo esguio sem uma grama de gordura e também com poucas curvas que se equilibrava na ponta de uma sapatilha. Anne.

Tinham se conhecido ainda na época de escola, isso é, antes de ele largar a escola aos 16. Ela era uma das melhores alunas e ele um dos piores. O professor de matemática tinha obrigado a coitada à ensinar ele depois que ele praticamente zerou a prova e ela gabaritou. Ela tinha sido muito gentil ao ensinar o conteúdo para ele e tinham se divertido muito, rido bastante, e acabaram indo no shopping depois, mas então os pais dela proibiram que ela seguisse vendo o rapaz. Anne era a única coisa que ele sentia falta depois que largou a escola. Era mesmo uma garota perfeita, tinha toda a perfeição que ele não tinha. Afinal, sim,

Ele era um garoto.

Ela era uma garota.

Posso deixar isso mais óbvio?

Ele era um punk, ela fazia ballet.

O que mais posso dizer?

Ele queria ela.

Ela nunca contaria, que secretamente queria ele também.

Assim como das outras vezes, depois de ver Anne rodopiando e rodopiando no mesmo lugar de maneira hipnotizante, o treino acabou. Ela e os outros bailarinos já estavam à conversar, rir, trocar de roupa e beber água quando ele se aproximou com o modesto buquê na mão.

Ainda escondido atrás das cortinas do palco de teatro, ele respirou fundo uma, duas vezes e espiou esperando ela ficar sozinha. Queria esperar ela chegar perto da bolsa onde levava as coisas que havia sido deixada ali, perto da cortina. Ele saiu devagar de trás da cortina quando viu ela se aproximando. Anne parou com as mãos que desfaziam o coque interrompidas no meio do processo quando viu Erick e um tímido sorriso cobriu seu rosto.

— Hey - disse Anne.

— Hey - respondeu Erick. uma palavra, contou Erick.

O momento de silêncio levemente constrangedor durou por alguns segundos até que Erick acordou pra vida e estendeu o modesto buquê para ela.

— Pra você. - disse Erick. Três palavras.

— Obrigada - disse ela dando uma leve risada provavelmente pensando nos buquês que anteriores que não tinham sido entregues já que, sim, ele sabia, ela notava ele sentado em uma das cadeiras da arquibancada.

— E, eu estava me perguntando se… você gostaria de me ver tocar hoje - disse Erick abrindo um sorriso empolgado ao perder a contagem das palavras.

— Com sua banda né? - disse Anne como se estivesse pensando na proposta.

— Anne! - disse uma das amigas dela que ele não conhecia o nome mas que, em sua cabeça, chamava-a apenas de ‘a ruiva’.

— Saia de perto dela seu marmanjo! - exclamou um dos bailarinos pegando a bolsa esquecida de Anne que estava mais perto dele do que dela para evitar que ela chegasse mais perto dele como se ele fosse um animal selvagem.

— Mas eu não fiz nada… - reclamou ele bufando e revirando os olhos.

— Claro que fez! Veio até aqui! - disse outra amiga de Anne, uma loira, abraçando a garota como se ela precisasse de proteção.

— Não se misture com gente desse tipo, Anne. - disse a ruiva - Olha só as roupas largadas! E que tipo de futuro alguém assim teria?  

Erick bufou e cruzou os braços já conhecendo bem aquela história, mas logo seus olhos seguiram quando a amiga loira de Anne arrancou o pequeno buquê de flores que ele deu da mão da amiga e jogou no chão. Quando aquele mesmo papo não começava, os amigos de Anne ficavam o olhando de maneira esquisita de longe impedindo a aproximação dele.

 

Ela nunca contaria, que secretamente queria ele também.

Mas todos os amigos dela,

metiam o nariz

eles tinham um problema com suas roupas folgadas

Sem fazer nada para impedir, ela abriu um sorriso torto, antes de se virar para o outro lado junto com os amigos.

Vejo você depois.

Ele olhou para o chão, para onde o singelo buquê jazia destroçado e ali ele teve a certeza mais uma vez de que não era bom o suficiente para ela.

Cabisbaixo, ele refez o caminho de volta para casa tirando a floricultura dos desvios. Entrando na casa, Mark e Li nada falaram, entendiam bem o motivo da cara de tristeza velada do amigo. Em seu quarto, Erick se jogou na cama e começou a habilidosamente tocar a guitarra. Tocou até que ouviu uma batida na porta.

— Entra - resmungou ele em voz baixa.

Esperava ver a cabeça de Mark ou Li mas quem viu, na verdade, foi Emma. Os cabelos loiros escorridos com mechas azuis davam à menina uma aparência élfica e etérea. O corpo magro quase tão marcado por tatuagens que o dele era pequeno, só 1,60m comparados aos 1,90 dele. Os olhos intensos conseguiam mostrar todo o fogo que queimava dentro dela embora fossem azuis.

— Não deu nada certo de novo né? - perguntou Emma entrando no quarto dele e ele logo bufou diante a pergunta.

Sabia bem que Emma iria até ali para se reunirem antes de irem tocar num pequeno show da cidade, mas sempre que ele voltava com aquela cara irritada, Mark e Li ligavam para a pequena pois só ela parecia conseguir acalmar e alegrar o rapaz.

— Vale mesmo ficar correndo assim atrás dela, Erick? - perguntou Emma calmamente - Ela nem dá uma resposta, nem des-dá. Fica lá fazendo cú-doce e nem te defende na frente dos amigos dela.

— Se você ficasse afim de um cara que não presta, eu, Mark e Li íamos te defender também! - disse ele se sentando rapidamente na cama.

— Não me venha com essa estupidez de novo! Não se ache um “cara que não presta” - rebateu ela cutucando-lhe o peitoral.

— Aham… tá. Cigarro, cerveja, desempregado, vivendo de aluguel dividido, sem diploma de ensino médio - listava ele.

— A vida é bem mais do que essas coisas. Sim, você tem alguns problemas assim como qualquer pessoa do mundo. Umas mais do que as outras. Mas eu vejo o coração que está dentro. E, no coração, você não tem nada de um “cara que não presta”.

— Pff - resmungou ele.

— Quer um cara que não presta? Olha aí o namorado da Lily - disse se referindo à uma das colegas de quarto que tinham acabado de se mudar com ela - Teve que fugir porque o filho da puta do namorado dela só sabia bater nela! E agora tá com medo que ele descubra onde ela tá morando. Você é desse nível? Eu te conheço desde quando éramos crianças, Erick, você não é assim.

— Não sou - disse ele enterrando o rosto nas mãos - Vamos parar de falar sobre isso, temos um show para fazer.

Ela afirmou brevemente com a cabeça. Não era a resposta que ela queria mas ao menos era melhor do que muita resposta que ele já tinha dado. Ele se levantou e ajudou os amigos à arrumarem as coisas e à se arrumarem. Com o quarteto reunido, eles foram para o pequeno palco montado no centro de um gramado de um pequeno evento com algumas barraquinhas de comida. Assim como todo show que eles faziam, fosse esse show na rua, num bar ou num palco como aquele, eles deram o melhor de si. Cantavam algumas músicas próprias e também covers de bandas famosas. As pessoas pareciam gostar da voz de Erick que, nas músicas mais calmas, conseguia tocar o coração e, nas músicas mais agitadas, fazia o coração pular de emoção.

No final do show, suados, pegajosos e cansados, eles se sentavam no chão ou em caixas atrás do palco quando um homem de calças e camisa social parou diante deles com um sorriso.

— Olá, estava assistindo à apresentação de vocês. - disse o homem - E… acho que posso dizer que me interessei.

O homem estendeu ao grupo um cartão de apresentação e o pequeno grupo ficou de olhos arregalados ao olhar o que estava escrito no cartão. Inclusive, até engasgaram com a água ao ver que ali estava um produtor musical.

A proposta do homem era algo que deveria ser considerada com calma. Assim, entre eles pensarem, se reunirem com o homem mais algumas vezes para tirar dúvidas e estipular limites e, eventualmente, assinar o contrato, dois meses tinham se passado. Os sonhos já estavam em alta quando Erick acabou para mais um dia depois de um mês muito tumultuado onde não conseguia pensar em outra coisa. Mas agora, com a mente mais calma, ele conseguiu organizar mais os pensamentos e, mais uma vez, fez o caminho de seu pequeno apartamento para o teatro de ballet de Anne.

Assim como das vezes anteriores, ele esperaria até o final do treino. Contudo, ele se surpreendeu quando, no meio do treino, durante uma pausa para água, Anne sinalizou ao grupo que já voltava e se aproximava de onde ele estava.

— Oi… - disse ela - Desculpe não ter ido ver sua banda.

— Oi - repetiu ele sem graça - Tudo bem. Nem deu tempo de eu falar a hora e o lugar. Vão apresentar algo no próx-

— Desculpe - disse ela interrompendo a fala dele - Pode, por favor, parar de vir até aqui? Por favor.

O chão sumiu debaixo dos pés de Erick enquanto tentava processar as palavras que saíram da boca de Anne. Estaria ele num pesadelo? Os ouvidos tinham escutado direito? Talvez o fone alto estivesse finalmente afetando sua audição.

— Meus amigos estão certos. - disse Anne não esperando ele conseguir formular uma frase - Então, por favor. Pare de vir até aqui, pare de me trazer flores. Minha cabeça vivia nas nuvens, mas, meus amigos estão certos… tenho que mandar minha cabeça de volta ao mundo real. Esse mundo não é como um filme Disney. Sem querer ofender mas, você claramente não é do meu tipo, nem alguém com futuro ou de hábitos e práticas saudáveis. Por favor, não venha mais aqui.

E assim, ela deu as costas para ele e foi embora, de volta para o treino. Os pés dele estavam colados no chão, mas ele sentia como se estivesse sem chão. Cada palavra dela atingiu-o como uma facada. Quando conseguiu voltar à si, viu o resto do grupo olhando para ele provavelmente esperando ele ir embora. Não duvidaria que eles chamariam a polícia caso insistisse. E, assim, Erick deu as costas para o teatro e nunca mais voltou ali.

###

Cinco anos se passaram. O coque continuava na cabeça de Anne, mas ele não era mais impecável. Ela se sentava em casa. Alimentando o bebê, toda sozinha. O bebê, fruto de um relacionamento com juras de amor eterno que provou que o amor só existia até o resultado positivo depois de uma única noite de diversão que caiu na porcentagem de proteção que o anticoncepcional não cobria.

Ela liga a televisão. Adivinha quem ela vê? Erick, o skakista, literalmente arrasando num show de rock repleto de fãs que gritavam e cantavam junto à plenos pulmões. Ela liga para suas amigas. Elas já sabem. E todos elas arrumam ingressos para ver o show dele. Quase não conseguiram os ingressos, tiveram sorte que um show aconteceria em Vancouver dali a dois meses e que os ingressos ainda não tivessem esgotados. De preço alto, quase que as garotas desistiram, mas Anne queria ver aquilo com seus próprios olhos. Anne fez algumas ligações e conseguiu uma babá para ficar com o pequeno filho na noite do show. Junto com as duas amigas, a loira, Stacy e a ruiva, Amanda, ela fica de pé no meio da multidão e olha para o homem que ela recusou. Alto, forte, ele cantava e tocava a guitarra com maestria junto com sua banda. As meninas na multidão gritavam desesperadas querendo tocar nele e querendo que seus sentimentos de amor rasos e provavelmente falsos chegassem até ele.

Ele era um skatista, ela disse "vejo você depois, garoto"

Ele não era bom o bastante para ela

Agora ele é uma estrela, tocando a sua guitarra

Será que o rosto bonitinho dela vê o quanto ele vale?

Ao término do show, Anne continuou ali onde estava, chocada com como a realidade se mostrou diante de si. Não precisava perguntar-se o quanto ele tinha de sucesso, o show era grande, o ingresso era caro e tinha até a opção do ingresso mais caro que chegava à três dígitos de preço, e foi esse que ela, e apenas ela, comprou, pois ele dava direito à conhecer a banda e os bastidores. Claro que as amigas fizeram uma vaquinha. Depois de um minuto, aérea e com a cabeça nas nuvens, ela seguiu as outras garotas e a equipe do show para a área de conhecer a banda. Não sabia quem eram as outras pessoas da banda, mas ali, no mesmo cômodo que Erick, ela viu como o garoto tinha virado um homem. A barba crescia lindamente em seu rosto, o corpo tinha ficado mais forte e ganhado mais algumas tatuagens e também mais uns piercings. Quietinha no fundo da sala, ele ainda não tinha visto ela.

Antes de fazer qualquer coisa, Anne respirou profundamente, arrumou o cabelo e torceu para que a maquiagem ainda estivesse inteira. Arrumou um pouco a blusa, queria para os seios aparecerem mais. O dinheiro dele seria tão útil para pagar as contas do final do mês. Tinha escolhido o ballet sobre a faculdade e tinha perdido o ballet ao engravidar. Vivia de dar aula de ballet para criancinhas pequenas e bagunceiras.

Em passos lentos ela se aproximou seguido a pequena fila de garotas que pegava o autógrafo dele. Cada membro da banda estava com uma fila para si. Quando a garota na sua frente saiu, a expressão de Erick foi a prova de que ele ainda lembrava dela.

— Oi - ela disse passando uma mecha de cabelo para atrás da orelha e abrindo um sorriso tímido e corado, falso e ensaiado.

Ele, ele nada disse.

— Quanto tempo né? Fazem o quê? Cinco anos… tanta coisa mudou. - disse ela.

A conversa dos dois lentamente foi atraindo mais atenção dos presentes, principalmente depois que ele começou a negar com a cabeça.

— Não. - disse ele em negação.

— Não o que? Porque…. Porque não… continuamos de onde paramos? Me desculpe pelas minhas amigas… mas é difícil enfrentar os amigos e, olha só para você, provou que eles estavam errados né? Não quer sair algum dia desses? Eu gostava tanto das flores que me dava.

— Por favor, se não veio para o Meet and Greeting assim como os outros fas, peço que se retire - disse Erick tentando ser diplomático enquanto a mão que segurava a caneta para fazer os autógrafos tremia.

— Erick, ela é quem eu estou chutando que seja? - perguntou uma garota loira de mechas azuis e olhos igualmente azuis só que bem intensos ao lado dele. Para Anne, ela nada mais era que a guitarrista. Para Erick, ela era Emma.

Erick afirmou com a cabeça.

— Anne.

Anne abriu um sorriso ao ouvir seu nome.

— Você lembra de mim. - disse soltando um suspiro aliviada - Estava quase achando que tinha te confundido com outra pessoa.

— Conta outra… - resmungou o baixinha, Mark.

— Cadê a pipoca quando precisamos dela? - perguntou o bateirista, Li.

— Anne, por favor, saia - disse Erick ignorando o fato de que vários celulares surgiam entre os fãs.

— Certeza que não quer ir para algum lugar? Um restaurante talvez? Vim no show da sua banda assim como você convidou.

— Cinco anos atrás! Antes de você me dar o fora mais escroto que eu já levei na vida! - reclamou Erick - Não sabe como fudeu com o que me restava de auto estima na época.

Desculpa garota, mas você perdeu.— disse Emma com raiva pois só ela sabia como foi difícil tirar Erick do buraco que Anne terminou de enfiar - Sorte a minha, porque esse garoto é meu agora. Somos mais do que bons amigos e é assim que a história termina.

M-Mas… - disse Anne e Emma levantou um dedo mostrando que não tinha terminado de falar.

— Pena que você não pôde ver, ver o homem que aquele menino poderia ser. Há mais do que encontra o olhar eu vejo a alma que está dentro.

Chamados por Mark, dois seguranças se aproximaram e, o mais gentilmente que puderam, convidaram Anne para se retirar.

— M-Mas… eu te amava… - disse Anne enquanto se afastava mas logo corrigindo a frase - Eu te amo.

— Posso tornar isso mais óbvio? - disse Emma olhando para Erick.

Erick, com um sorriso no rosto entrelaçou seus dedos com os de Emma, nenhum anel adornava a mão deles quando Erick levou a mão de Emma aos seus lábios e a beijou. Mas, enquanto não tinham provas de casamento, ainda, tinham a outra prova que a mão livre dela e a mão livre dele guardavam ao pousarem delicadamente sobre a barriga dela. Um segredo que eles não queriam que aqueles celulares soubessem ainda, mas provavelmente acabariam teorizando sobre. Assim, Erick soltou palavras mais simples para finalizar a situação.

— Estamos apaixonados.

 


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Notas finais do capítulo

mereço comentários? XD

créditos da música para Avril Lavigne e sua poção da juventude eterna
https://youtu.be/TIy3n2b7V9k



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