50 Tons Depois do Felizes Para Sempre escrita por Carolina Muniz


Capítulo 11
9.


Notas iniciais do capítulo

Oiiiie, cheguei para acalmar os cori ♥



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• Capítulo 9 •

 

Ana abriu os olhos, dando de cara com o teto branco do quarto do hospital. Flashs tomaram sua mente. Havia dor. Muita dor.

Seu bebê.

O que havia acontecido? Será que ele estava bem?

Só se lembrava de desmaiar com tanta dor que sentiu. E o sangue... Havia sangue também.

Sua mão automaticamente repousou em sua barriga, apertando levemente o tecido da roupa.

Com o movimento, sentiu que sua mão saíra da mão de alguém. Virando a cabeça para o lado, pôde ver Christian sentado, com a testa encostada na lateral da cama, olhando para baixo, provavelmente para o celular. Sua mão tocou o cabelo dele, sentindo a maciez até que ele levantou a cabeça com o toque, encarando diretamente seus olhos azuis.

— O que aconteceu? O bebê está bem? Cadê o Teddy? - disparou.

Christian bloqueou o celular em sua mão e o pôs em cima da cama, com a outra mão tocando o cabelo da garota.

— Se acalma, está tudo bem. Eu não sei bem o que aconteceu ainda, mas o médico disse que vocês dois estão em bem. O Teddy está com Gail em casa.

— Tem certeza que o bebê está bem? Eu não...?

Ela nem mesmo conseguiu dizer a palavra, de tão assustada que estava só de pensar nela.

— Não! - Christian entendeu. - Ele está aqui - ele entrelaçou a mão com a dela em sua barriga. - Está seguro dentro de você.

Ana suspirou aliviada, as lágrimas descendo pelo rosto com o medo que sentiu indo embora. Ela sabia que algo estava errado - ou algo de errado aconteceu, mas o bebê ainda estava ali, ela estava com ele. Aquilo era o suficiente para fazê-la respirar novamente.

Sentiu os lábios de Christian em seu cabelo e então ele apertou sua mão.

Ana sorriu internamente enquanto o mirava. Sabia que havia dado um baita susto no marido. Christian era tão controlador, e ela sabia que como ele poderia estar se sentindo ali, sem nenhum controle, sem saber o que havia acontecido realmente.

Antes que pudesse falar algo, alguém bateu a porta.

— Entre - Christian disse, levantando-se e ficando de pé ao seu lado.

Um homem e uma mulher entraram, Ana destacou como médico e enfermeira.

— Sr. e Sra. Grey, bom dia, eu sou o Dr. Walker, obstetra de casos especiais - saudou o médico, a expressão séria.

Ana sentiu o coração apertar. Não gostava quando os médicos começam de forma séria, as notícias nunca são boas.

Casos especias.

Aquilo também não era coisa boa.

— E essa é Mendy, a enfermeira que cuidou da senhora - apresentou ele a mulher baixinha ao seu lado.

A mesma sorriu e acenou com a cabeça.

— Oi - Ana saudou em voz baixa, o médico acenou com a cabeça assim como fez para Christian.

— Eu vou ser direto, sem mais delongas - informou o médico. - A notícia não é boa. A sra. Grey sofre de ruptura uterina. E essa é a causa do sangue. Esse tipo de sangramento só ocorre após a segunda gestação, pois é resultado de uma cesárea anterior ter rasgado durante a gravidez. Essa ruptura no útero pode se tornar fatal e requer cirurgia para tirar o bebê. A dor no ventre é um dos sintomas principais. 

Se Ana dissesse que entendeu alguma coisa, ela estaria mentindo. A única coisa que se lembrava era da parte que o médico disse "cirurgia para tirar o bebê".

— Mas ela está apenas com algumas semanas, não pode tirar o bebê - disse Christian.

— O sangramento e a dor abdominal no primeiro trimestre da gestação pode indicar que o abortamento seja inevitável nessas condições.

Aborto...

— Ou então, pode ser que a gestação consiga seguir com seu curso se a gestante fizer absoluto repouso. Algumas mulheres conseguem se manter até a trigésima semana, algumas não, depende muito. Tudo o que podemos fazer é manter o bebê o máximo de tempo possível em seu útero antes que os vasos sanguíneos se rompam por causa da ruptura, e corte o oxigênio fetal.

Ana arregalou os olhos.

— Então, você não tem certeza se ele vai nascer? Ou se eu vou conseguir fazer isso?

O nó em sua garganta já tinha virado uma corda ao redor de pescoço, e ela nem mesmo sabia como conseguiria pronunciar aquelas frases.

Sua garganta doeu.

— Um mínimo esforço pode fazê-la sofrer um aborto, expulsar o bebê por romper os vasos. Mas também existem métodos para que se fortaleça, medicamentos além do repouso absoluto. A senhora pode ter esse bebê, vamos fazer de tudo para que ele venha ao mundo saudável e formado.

Ana piscou os olhos com força, deixando as lágrimas acumuladas escorregarem.

— Ela corre risco também? - Christian perguntou.

Deus, quem se importava se ela corria risco? A única preocupação era o bebê!

— Toda gravidez há risco para a mulher. Claro que a sra. Grey tem um caso mais delicado, se os vasos se romperem ela pode ter uma hemorragia, mas não é nada que não possamos cuidar com um atendimento de emergência.

— Isso é culpa minha? - perguntou ela, não se importando com o que o médico havia acabado de dizer.

— Não, Sra. Grey, não pense nisso. Algumas mulheres apenas passam por isso, não é algo comum, mas acontece a cada duas mulheres em mil. Eu sei, a taxa é muito baixa, mas saberemos lidar com a situação - prometeu o médico. - Mulheres que possuem chance de sofrerem aborto espontâneo podem começar usando medicamentos anticoagulantes, pelos primeiros meses. E eu vou receitá-los para a senhora...

Não é como se ela tivesse se esforçado para escutar mais depois daquilo, foi uma grande conversa sobre remédios e termos médicos que ela não fez questão.

Apenas uma coisa rondava sua cabeça: seu bebê estava em perigo.

Ana ainda permaneceu durante todo aquele dia no hospital, e apenas na manhã de terça, ela teve alta - com todas as restrições médicas gravadas em sua cabeça de tanto que teve médicos e enfermeiras em seu quarto lhe proibindo de tudo.

Ela não reclamava, claro, era para a segurança de seu bebê.

Ela havia passado um dia e uma noite inteiros sem Teddy, seu coração estava apertado, mesmo depois de falar com Teddy em uma vídeo chamada pois o pequeno não queria dormir a noite passada.

Estava louca para pegá-lo no colo, mas foi restrita àquilo também.

Ana não sabia como conseguiria ficar em casa, sem que Teddy pulasse em cima de si a cada minuto do dia, e sem que o pegasse no colo.

Ela não queria nem pensar em como seria os próximos meses.

Uma batida na porta e ela sendo aberta sem que esperassem resposta revelou Christian. Ele havia ido com Taylor em casa: Teddy estava histérico com tanto que chorava, e Ana precisava de roupas para ir embora.

A morena só queria ter ido também.

— O Teddy está bem? - disparou ela.

Christian fechou a porta atrás de si.

— Ele está, com saudade, mas está. Estava dormindo dormindo quando saí, Gail não conseguiu fazê-lo dormir muito a noite.

Ana mordeu o lábio inferior e concordou com a cabeça.

— Baby, ele vai entender quando você voltar - disse Christian sabendo bem o que ela estava pensando.

Ana - ao contrário - apenas ficou pensando em uma coisa: no jeito que Christian a chamou.

Era como se fossem séculos atrás quando eles eram um casal que não conseguia ficar perto um do outro sem estarem se tocando, e apenas um apelido já a fazia se lembrar de tudo.

— Aqui, eu trouxe sua roupa - ele mudou de assunto, colocando sua bolsa vermelha no final da cama.

— Obrigada - agradeceu ela, tirando o lençol de cima de si.

— Você não precisa agradecer - disse ele.

Ana ficou de pé com cuidado, colocou o cabelo que desprendeu do rabo de cavalo atrás da orelha e verificou a bolsa. Um vestido leve e sapatilhas.

Gail deve ter arrumado para estar tão fácil e organizada assim.

— Então...

Ana se virou para ele.

— Eu pedi para Gail arrumar o nosso quarto do jeito que precisa para você. Eu sei que você está dormindo no outro, mas realmente não é bom você dormir sozinha. Você pode passar mal...

— Tudo bem. Eu já ia dizer isso - interrompeu ela.

— Ia?

— Sim. Eu não quero nem imaginar se eu estivesse sozinha ontem. Imagine agora - murmurou com pesar. - E, sinceramente, é uma droga dormir sem você - admitiu. - O que é bem estranho porque passei vinte e um anos da minha vida dormindo sem - ironizou ela.

Ele não queria nem comentar em como era um inferno - literalmente - para ele dormir sem ela.

A garota voltou a mexer nas roupas.

— Você quer... Que eu saia? - Christian perguntou.

Tempo.

Ele estava dando tempo a ela, não podia se esquecer disso nem mesmo naquele momento.

Ana engoliu em seco e paralisou.

A porra do tempo!

O Christian que conhecia, seu marido, nunca faria qualquer sugestão de sair do recinto se ela fosse trocar de roupa, pelo contrário, ele mesmo iria querer tirar sua roupa. Ana não sabia se aquele negócio de tempo, de espera, estava fazendo bem a eles. Tudo o que ela queria era o Christian que não a deixava decidir as coisas sozinha, que a enlouquecia com sua mania de controle e possessividade. Estranho, mas fora por ele que ela havia se apaixonado, e nunca iria querer que ele mudasse.

Talvez, o fator tempo, fosse diferente para os dois.

Enquanto Christian achava que precisava mudar, ela apenas o queria como sempre.

Tempo.

O que o tempo realmente era?

— Não, não quero que saia - disse ela, encarando um ponto cego no vestido cor de rosa em sua bolsa.

Ana tirou a roupa de dentro da bolsa, assim como uma escova de cabelo e uma de dentes, também havia um casaco - que ela não precisava naquele momento - e colocou tudo em cima da cama.

A morena tirou o elástico que prendia seu cabelo em um rabo de cavalo já se soltando e se virou para Christian.

— Me ajuda? - pediu, indicando a camisola de hospital.

Christian se aproximou dela, devagar, com cuidado, as mãos gentis desataram o nó atrás de sua nuca e de sua cintura, retirou a camisola e pegou o vestido em cima da cama. Ana levantou os braços e deixou que o pano leve e frio do vestido fosse deslizado por seu corpo. Christian tirou seu cabelo do caminho e o colocou para trás, aproximou mais ainda, tocando seus corpo, levou as mãos para sua cintura e a levantou, sentando-a na cama.

Ana se surpreendeu, segurando-se em seus ombros automaticamente, deixando o mais perto.

Os dois se encararam, os nariz se tocando.

As mãos saíram de sua cintura, indo para trás de seu corpo, logo trazendo suas sapatilhas, Christian se ajoelhou, com gentileza colocando-as em seus pés. Ele levantou depois do feito e novamente pôs as mãos em sua cintura, colocando-a de pé.

Ana ficou de cara com seu peito, respirando alto e profundo. Uma tensão que os ligava como eletrodos em seu coração.

Christian se inclinou sobre si, e ela levantou a cabeça, quase que em expectativa por um beijo.

Mas não aconteceu. Ele apenas voltou a ficar ereto, agora com a escova de cabelo em sua mão.

Bem, fora ela que pedira tempo, não é?

— Ah, sim, hã... Obrigada - murmurou, seu rosto corando, e logo tratou de se virar.

A garota se xingou mentalmente enquanto sentia o cabelo ser penteado com a mais lentidão possível. Ela se sentiu uma criança, mais que isso: um bebê. Era como se ela tivesse moleira novamente e alguém estivesse com uma escova pequena. Era bom, admitia. Mas ela queria apenas sair logo daquele hospital.

— Christian, eu não quebrar se você pentear o meu cabelo de verdade - comentou ela.

O outro riu e fez o que ela claramente havia pedido. Não demorou muito, e logo Ana já havia escovado os dentes e estava sendo ajudada por Christian a entrar no audi preto. Taylor ao volante e Sawyer ao seu lado.

— Oi, gente - Ana cumprimentou enquanto Christian se sentava ao seu lado.

— Sra. Grey - os dois acenaram, fazendo a morena sorrir com o uníssono.

— Tudo bem? - Christian perguntou à ela.

— Uhum. Só estou ansiosa para ir para casa... E ficar deitada na cama - lamentou um pouco.

O outro sorriu de leve.

— Sinto muito - disse ele.

A morena levou uma das mãos até a barriga.

— É por uma coisa importante. Muito importante - garantiu ela.

Christian sorriu mais.

— Eu te amo. E eu sei: tempo. Eu só queria que você soubesse disso.

Ana sorriu e aproximou seu rosto do dele.

— Acredite, eu sei. E... Eu também te amo. Muito. Obrigada pelo tempo.

A garota beijou seu queixo, pegou sua mão e deitou a cabeça em seu ombro.

Eles precisavam um do outro mais do que nunca.

Christian acenou para Taylor, e o segurança começou a dirigir.

Tempo...

O tempo de Christian, de Ana, do mundo. O tempo de qualquer um é muito relativo. Muitas coisas são, na verdade, mas o tempo é o maior de tudo, com certeza. O tempo leva, cura, dita tudo para todos.

E o tempo passa também, claro. Ele passa enquanto as lágrimas estão sendo derramadas, enquanto as dores sentidas. Passa enquanto os laços sendo desfeitos e outros sendo amarrados, as promessas sendo cumpridas... De repente, num dia qualquer, acordamos e percebemos que já podemos lidar com aquilo que julgávamos maior que nós mesmos. Não foram os abismos que diminuíram, mas nós que nos tornamos mais forte.

Porque o tempo também nos fortalece, ele nos faz mudar, nos faz pensar melhor no passado, nos faz enxergar cada pequeno detalhe que se passou enquanto vivemos o presente. E, nisso, vida segue. Sempre. O que um dia foi bonito, não deixa de ser, e fica com toda a força. Mas o que foi ruim também. Mesmo que tentamos apagar com outras coisas bonitas e leves, certos momentos nem mesmo o tempo apaga.

Então, o tempo ajudou. Ajudou Ana, Christian, sua família... Porque quando você está mal e é amada, todos a sua volta ficam também. O tempo ajudou em tudo naqueles dois meses seguintes.

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Notas finais do capítulo

Ai maaano



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