13º Capitulo

Acordei bem cedo, bem na verdade mal tinha dormido. Fiquei a noite toda a pensar o que lhe haveria de dizer hoje quando a visse na escola, imaginei como reagiria, será que ela sentiria o mesmo que eu?

Despachei-me o mais rápido possível para ir para a escola. Quando lá cheguei, apercebi-me de que me tinha despachado demasiado rápido, porque ainda não havia ninguém na escola, quer dizer, pelo menos não o “ninguém” que eu esperava.
Andei praticamente a dar voltas na escola, até serem horas de entrar. Assim teria tempo de pensar, mais uma vez, no que lhe haveria de dizer e como. Como é que ela me deixava neste estado? Pela primeira vez sentia-me nervoso por ir falar com uma rapariga. Como é que alguém se tornou tão importante para mim , em tão pouco tempo? – pensei para mim.

Desde a tarde de ontem, senti que a fiquei a conhecer. Foi a primeira vez que falámos, sem hesitações ou fingimentos. Ela contou-me algo muito íntimo sobre a sua vida e eu apoiei-a como pude. Tê-la ali agarrada a mim a chorar , magoava-me o coração por vê-la assim triste. Depois a aproximação entre nós… os lábios dela a chamarem pelos meus. Eu simplesmente não podia ficar longe dela. Ela tinha de ser minha. Eu ansiava por ela.

Quando dei por mim, já a escola estava cheia de gente, estava perdido nos meus devaneios e nem me apercebi de que o tempo tinha passado tão rápido. Desloquei-me até ao pavilhão onde íamos ter aulas. Ela já lá estava com as primas . Os nosso olhares cruzaram-se mal eu me aproximei do pavilhão. Não consegui evitar sorrir-lhe e ela retribuíu-me o sorriso. Ela é tão linda, perfeita, um anjo na terra. Aproximei-me delas.

-“Bom dia meninas!” – disse-lhes.

-“Bom dia Sérgio. Tudo bem?” – perguntou-me a Mariana toda sorridente.

-“Tudo e com vocês? Mais um dia de aulas né?” – ri-me. Olhei para ela e vi que ela também me olhava. Se calhar era melhor falarmos agora , não iria adiar mais.

-“Inês posso falar contigo?” – perguntei-lhe.

-“Agora?” – perguntou-me ela estupefacta.

-“Sim. É sobre o trabalho. Pode ser?” – disse-lhe eu. Não adiantava adiar mais isto.

-“Já venho!” – disse ela dirigindo-se ás primas.

Afastámo-nos então da multidão. Eu ia á frente e por isso ela seguia-me. Fui para trás do pavilhão. Ali teríamos mais privacidade.

-“Sérgio porque temos de vir para aqui falar sobre o trabalho?” – perguntou-me ela, já suspeitando. Limitei-me a olhar para ela. – “Ah. Não queres falar sobre o trabalho pois não?” – perguntou ela baixando o olhar.

-“Não…” – disse num sussurro.

-“Queres falar sobre o que eu estou a pensar?” – perguntou ela. A sua voz falhou. E eu sinceramente não estava com coragem para começar a conversa. Mas ok. Força! – pensei para mim.

-“Eu não sei o que estás a pensar… Mas eu quero falar da tarde de ontem, já que no Messenger não consegui.” – disse-lhe falando um pouco rápido de mais.

-“Sérgio…” – gemeu -“Eu não sei se quero ter esta conversa.”

-“Ah… “ – suspirei desanimado - “Já imaginava que não tivesse tido importância para ti. Que estúpido”. - baixei a cabeça. Sentia-me humilhado e triste

-“Sérgio não é nada disso...”- a sua mão tocou o meu rosto. Acho que me tentava confortar, isso só doía mais.

-“Tudo bem Inês. Eu percebo…” – tentei sorrir , mas apenas um dos cantos da minha boca se virou para cima – acho que não fui muito convicto.

-“Não Sérgio não percebes . Claro que teve importância para mim! O dia de ontem não me sai da cabeça. Mas eu estou muito confusa. Não quero…” – aproximei-me dela. Afinal havia esperança.

-“Não percebo. Explica-me. O que te deixa tão confusa?” – peguei-lhe na mão. Não a queria longe de mim.

-“Eu não sei o que queres de mim. Eu não percebo o que aconteceu ontem. Não percebo o que se passa comigo desde aquela tarde…” – começava a falar muito rápido. Reparei que os seus olhos brilhavam. Uma lágrima caiu.

-“shhh…Não chores por favor!” – pedi-lhe, limpando-lhe a lágrima do rosto perfeito.

-“Sérgio… o que se passa comigo?” – perguntou-me ela a soluçar. Abracei-a instintivamente.

-“Oh linda… eu não sei. Só sei que não me sais da cabeça desde que te vi. E ontem… eu … fizeste-me sentir bem…diferente.” – disse-lhe, tentando encontrar palavras para lhe explicar o que eu sentia.

-“Mas o que queres de mim Sérgio?” – perguntou ela já a chorar. Parecia um deja-vu da tarde de ontem. Ela estava a chorar outra vez no meu peito.