O Rapaz Da Cerejeiras escrita por Lily


Capítulo 3
Capítulo 3




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Atharis ainda estava parado, encarando o desconhecido que o fitava intensamente. Não sabia o que fazer, se fingia a estátua, se corria, se puf, desaparecia ou outra coisa parecida. Seu mundinho de alegria quebrou"se completamente com ele. E agora, céus?! Ele o viu na pior forma possível, e agora, deveria matá"lo? Tortura"lo? Obrigá"lo a não contar nada a ninguém?

Seus pensamentos se confundiam e ele não conseguia ter apenas uma expressão de desespero, dando uns passinhos para trás, pedindo socorro para a natureza que parecia não querer ajudá"lo. “Contarei até três, ai eu corro! Ele nunca vai saber quem sou!” " pensou, respirando fundo.

“U"um…”

" E"ei, espera! " Falou o outro, atrapalhando completamente a contagem que nem mesmo tinha começado direito. O viajante havia notado que ele faria uma tentativa de fuga, e queria muito, pelo menos, olhar mais um pouco para ele. " Eu… Eu sou Lonan… viajante e… pesquisador… e ah, minha nossa! " Passando as mãos nos cabelos loiros não curtos e nem longos, dando um sorriso tão emocionado e fazendo movimentos tão… estranhos que fazia Atharis ficar confuso e ansioso. " Você… Você é a coisa mais linda que já vi! " Exclamou em plenos pulmões, gritando ao mundo.

O moreno albino abriu a boca e avermelhou o rosto pela primeira vez sem querer. O que aquele… homem queria de si? Desconcerta"lo? Distrai"lo? Faze"lo ficar derretido? Pois conseguiu! O coração pulsava de uma forma que ele nunca imaginará. E simplesmente queria muito fugir agora!

Atharis não esperou mais nenhum movimento do outro para começar a correr louco para casa. Conseguia escutar os passo de… Lonan, atrás de si, tentando alcançá"lo nessa corrida sem sentido, mas assim que conseguiu uma distância razoável, sumiu entre o espaço tempo, deixando um loiro confuso para trás, louco a sua procura.

 

° ° °

 

O movimento do Senhor despertava bastante curiosidade nos outros moradores do vale tranquilo. Alguns se perguntavam o motivo de tanto alvoroço e nervosismo que eles sentiam no ar, já que, eles nem sequer conseguiam o ver passando por causa da velocidade que o mesmo corria " se aquilo fosse uma corrida. Ele estava mesmo era dando saltos rápidos entre os espaços, só parando assim que chegou em casa, escondendo"se debaixo de suas cobertas, tampando a boca para abafar o gritinho.

Deuses, deuses! Agora sim ele parecia uma adolescente! Como poderia simples palavras como aquelas causarem tais reações em si? Ah… Ele ainda sentia o rosto quente contra as mãos. Calma, ele deveria manter a calma antes de tudo. Foi apena um elogio! Só um elogio…!

“... mais linda...!”

Gritou internamente com a lembrança, apertando os lençóis entre os dedos, mordendo o lábio. Ele tinha que voltar a si, sem preocupar os outros. Nem saberia se ia conseguir explicar se alguém o visse naquele estado. Imagine se isso acontecesse? Seria o caos!

Respirando fundo, se descobriu e ficou ajoelhado na cama, aspirando e expirando devagar. “Relaxe, logo você vai ter que ir lá fora falar com eles… Sem pânico, sem pânico. Você é o Senhor deles, conseguiu fazer isso por anos! Não iria falhar agora!” " Pensava várias e várias vezes, mexendo o dedos enquanto mantinha os olhos fechados, fazendo várias coisas flutuarem, se organizarem e voltarem ao lugar.

No final, tudo deu um baque e ficou"se ali. Se levantou e lavou a cara, demorando um pouco para voltar para a sua cara de nada. Treinou o sorrisinho que se rebelava em um grande e bobo, dando uma batidinha na bochecha para resolver. Tudo pronto, expressão correta, costas eretas, Atharis saiu do seu quarto e foi devolver sua cara ao povo.

 

° ° °

 

Kali estava perto da entrada do vale no quase anoitecer. Ela não tinha estranhado o sumiço do Senhor já que estava acostumada com o mistério que ele guardava. Estava feliz, muito feliz. O passeio havia sido mais que encantador. Eles comeram juntos, e ah, que sabor diferente… o melhor era quando davam"se as mãos. Sentia o calor do corpo dele se chocar e misturar com o seu na palma da mão. Ela iria explodir de tantos sentimentos!

Sorrindo boba, sonhando acordada e cantando canções de amor que ouvirá entre a ruas, não percebeu que tinha alguém a observando, tenso e trêmulo por motivo atléticos, soltando algum arfares de cansaço. Assustou"se quando a garota sumiu nas sombras, ficando com uma certa incerteza se deveria segui"la ou não. Aquele lugar era mágico, e ele deveria investigar…

Respirando fundo, segurando suas coisas com firmeza, foi em passos lentos e hesitantes para o lugar que virá a menina sumir, uma mão a frente para ter certeza que não teria nada.

Perto da rocha, tentou tocá"la e se sustentar, mas novamente para a sua surpresa, atravessou"a e caiu dentro de um túnel iluminado por tochas e pedras luminosas. De boca aberta, quase não acreditando, olhava para trás, passava o braço pela rocha invisível diversas vezes para ter certeza. E olha, ele nem tinha bebido!

Novamente, a calma tinha que ser tomada. Se levantou e observou que havia dois caminhos: Um completamente iluminado pelas coisas já descritas, e outro que tinha apenas uma ou duas pedras luminosas a cada dez passos. Optando pela lógica, claramente foi pelo primeiro caminho, andando lento e cuidadoso, um tanto medroso talvez.

Alguns passos aqui, uma curvas ali, o caminho se estendia e o túnel se tornava cada vez mais incrível e atraente. Era de encher os olhos de brilhos: Pedras preciosa, jóias, espelhos de ouro… Tanta coisa para distraí"lo que quando viu, pisou em falso num vão e caiu na escuridão.

 

° ° °

" Senhor! Senhor!”

Alguns homens se aproximaram de Atharis nas primeiras horas da manhã do dia seguinte. Estavam afoitos, surpresos e arfantes. O Senhor estava conversando com algumas mães dos primeiros filhos e de forma delicada, pediu licença a elas e se voltou a eles na sua calma e posse, juntando as mãos a frente do corpo.

" O que aconteceu? Estão muito nervosos…”

" Alguém tentou invadir o vale! " Um deles falou. " Está preso nos túneis falsos.

A expressão simples do moreno se transformou em algo surpreso e um tiquinho de desespero. Apertou os dedos uns nos outros e respirou fundo, fechando os olhos por um momento e os abrindo, deixando um ar sinistro ficar entre eles.

" Me levem até lá.

 

° ° °

 

Olhos arregalados se encaravam entre os raios de sol que entravam e eram refletidos pelos espelhos estrategicamentes colocados nos cantos da sala. Do outro lado desta, dividida por uma parede de vidro mágico, estava o loiro chamado Lonan, que não demorou muito para se levantar do lugar e se opor contra a parede, ficando de olhos arregalados e brilhantes, sorrindo. Atharis podia sentir o suor escorrer frio pelo lado do rosto, engolindo o seco.

" É"é você! A pessoa qu"

" SHHH! " Colocando o dedo sobre os lábios dele, o moreno disfarçava a tremedeira que sentia na outra mão. Tentava manter"se sério, talvez conseguiria assustá"lo. " Tirem ele daqui e o leve para fora do vale. " Na voz firme, o que surpreendeu ainda mais o viajante. “É um homem? Não creio!” " pensava ele, de boca aberta. Mas quando notou que iria ter que sair, se afastou da parede.

" Ei, espera! Não quero ir! Eu quero ficar, por favor! " Implorou para o Senhor. Atharis torceu o nariz e o olhou bem, observando suas ações. Pediu baixo para que os homens deixassem a sala e fechasse a porta. Estes tremeram, como se tivesse com medo " coisa que Lonan não entendia. " e saíram em seguida os deixando a sós. " Por…

Atharis se aproximou mais dele e deixou a mão apertar fracamente o pescoço alheio, ainda na tentativa de amedrontá"lo. Analisava firmemente seus olhos, procurando alguma maldade, alguma segunda intenção, mas não conseguia encontrar nada. Droga, não queria deixá"lo ficar! E se ele contasse para alguém?

Grunhindo em seu próprio nervosismo, soltou Lonan que estava quase com a pele numa cor primária, arfando e levando as mão no local apertado. Respirava fundo, olhos arregalados e atentos para o ser grande e vestido de vestidos nobres que andava de um lado para o outro, pensante e resmungando.

" Você não pode ficar aqui! " Exclamou o moreno, olhando irritado para ele. Estava avermelhado não só de raiva, mas de constrangimento também. A lembrança estava bem viva em sua mente.

" Por que? " Questionou confuso. “Será que deveria fazer algo para ficar ali, que não fosse por alguns dias? Talvez um favor… e, os outros homens o chamaram de senhor, não? Talvez seja alguém nobre…” " pensava o viajante, que mal escutou o outro falando um belo “Por que não, idiota!”.

Ele se aproximou mais de Atharis, que estava listando um monte de coisas que faziam sentido e razão para que ele não ficasse ali. Estava nervoso demais para pensar em algo decente, mas calou"se e prendeu a respiração quando viu Lonan ajoelhar à sua frente, pegar a mão e depositou um leve beijinho. " Por favor, aceite"me, Senhor...

“É assim que se deve falar com um nobre, não é?” " Pensou o loiro, levantando os olhos para o outro. O Senhor, que deveria estar irritado com tal ação, estava vermelho, muito mais que vermelho, sentindo o corpo inteiro tremer e arrepiar. Tratou de tirar a mão dali e se afastar, escondendo o rosto no cabelos enquanto se mantinha virado para a porta. Ah, Deuses, por que…?

Olhou discreto para trás, vendo que Lonan ainda se encontrava ajoelhado e com o olhar confuso e ansioso pela resposta. Não sabia se deveria aceitar, parecia errado… mas…

" Como preferir. " Falou na sua voz mais ríspida possível, saindo às pressas dali, o coração na mão e rosto corado.


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