Samantha Blake andava cautelosamente pela floresta voltando de Nova Orleans. Sua intuição dizia que havia alguma coisa de errado acontecendo. E a medida que se aproximava de sua casa aquele cheiro de sangue no ar adentrava suas narinas deixando mais evidente o que sua intuição dizia e quando em fim chegou no local parou arregalando os olhos ao ver o que sobrou de sua casa e o que sobrou de sua matilha, agora destroçada assim como os corpos frescos de sua família morta a um ano atrás. Não era possível. O que havia acontecido ali? Checava um por um dos corpos dos seus lobos que estavam jogados por todo o lugar. Com esperanças de que encontrasse alguém vivo. E em baixo de um tronco de árvore, na parte de trás de sua casa encontrou seu beta com os braços jogados ao lado da cabeça e metade da franja tapando seu rosto.

— Greg? – Chamou ela batendo a mão de unhas compridas em seu rosto e afastando os fios de cabelo de seu rosto. – Gregori! – insistiu vendo-o mexer a cabeça aos poucos e em fim poder ver os olhos se abrirem e mostrando suas íris negras.

— Sam? – tentou mover seu corpo ao ouvir a voz de sotaque da sua alfa finlandesa, mas não era possível com aquele pesado tronco em cima dele e o acônito em seu corpo.

— Sim. – forçou um sorriso nos lábios de batom vermelho – Vou tirá-lo daí. – puxou o tronco do lugar, mas provavelmente o resto da cairia se puxasse aquilo. Passou a mão pelos cabelos carmesim deixando claro o quanto estava nervosa.

— Não, Sam! Me escuta. Sai daqui e avise aos Mikaelson que os caçadores vão acabar com a matilha dos Crescentes assim como fez com a nossa. – Tossiu olhando-a nos olhos.

— Não. Não vou deixa-lo aqui. – afirmou em tentativas falhas de tira-lo de baixo daqueles troncos empilhados sem matar ambos.

— Vai... Antes que eles voltem! – olhou preocupado levando uma mão ao ombro dela. – Tudo bem, já esta acabado para mim. – soou conformado tentando convencer ela.

— Não diga... – uma flecha acertou a cabeça de Greg assustando a alfa que se virou soltando um rosnando de raiva.

Covardes. Como ousaram a matar seus companheiros? Tentou desesperadamente matar aqueles dois caçadores, mas acabou sendo atingida pela bala banhada em acônito. Não teve escolha a não ser fugir para chegar em Nova Orleans e avisar Niklaus Mikaelson desses intrusos. Assim se morresse não seria em vão.

Correu como nunca havia feito antes em sua vida até chegar na entrada da cidade indo direto para a mansão dos Originais sendo recebida por Elijah que descia as escadas rapidamente.

— Mas o que infernos... – ele a pegou no colo antes que caísse no chão. – Niklaus! – gritou o irmão quando adentrou a casa com a alfa em seus braços.

— Por que tanto escândalo... – o híbrido original parou quando notou quem seu irmão mais velho trazia nos braços. – O que aconteceu? – perguntou deixando o que estava fazendo de lado.

— Caçadores... – ela começou com dificuldades. – acabaram com a minha matilha e estão indo atrás dos Crescente. – sua respiração estava ofegante e no canto de sua boca descia um filete de sangue.

Niklaus parou pensativo, pois era só o que lhe faltava. Será que já não bastavam Marcel e as bruxas do Quartel Francês que agora caçadores iriam perturbar seu lar? Olhou para a alfa nos braços do irmão. Ela não iria durar muito, mesmo um alfa não suportaria se o acônito chegasse ao coração. E com isso levou o pulso a boca.

— Quem são esses caçadores? – Perguntou Elijah para a alfa, porém ao ver seu irmão morder o próprio pulso. – Niklaus o que você esta pensando em fazer? – deixou a finlandesa no sofá e aproximou -se do irmão querendo obter alguma resposta.

— Não sei. – ela respondeu tossindo. – Mas provavelmente são aquelas... Aquelas pessoas que apareceram na cidade dias atrás. – falou ao se lembrar do que havia visto antes no festival do Quartel Francês.

— Tudo bem. – respondeu caminhando até ela. – Não fale mais nada, apenas tome isso. – aproximou seu pulso da boca dela.

— Não adianta, acertaram um ponto vital com uma bala banhada em acônito. – ela resmungou tossindo.

— Esse não é o único jeito de salvá-la. – Elijah olhou incrédulo, uma vez que seu irmão estava reconsiderando desse modo salva-la.

Abriu a boca timidamente sugando o sangue, podia sentir o efeito daquilo em seu corpo e ao mesmo tempo sentia a vida se esvaindo de seu ser. Aos poucos ela fechou os olhos. Havia morrido.

— Deixe-a aí e veja aonde está Freya. – Disse o híbrido original colocando a mão não cintura. – Já não bastava Marcel e aquela maldita bruxa e agora tenho que lidar com caçadores?! - falou enraivado andando de um lado para o outro passando as mãos pelo seu rosto e pelos fios dourados de seu cabelo.

Elijah a deixou sobre o sofá, na esperança que seu irmão estivesse certo e foi chamar a Freya. Niklaus voltou à sentar na sua cadeira pensando em entrar floresta adentro e ir atrás dos responsáveis.

Samantha abriu os olhos lentamente sentindo a luz do local machucar suas orbes azuis gélidas, levantando-se em seguida. Podia notar que já não era mais a mesma de antes, começar pela sede que sentia e sabia muito bem o que aquilo significava.

Klaus que até então estava sentado em sua poltrona com um braço apoiado no encosto da mesma. Notou que a mais nova havia levantado ao pousar seus olhos claros sobre o sofá aonde estava e caminhou até ela colocando a mão em seu ombro. A pequena acabou por tomar um susto olhando para o mais velho que em seguida agachou na sua frente.

— Me escuta: Você vai ter que beber sangue fresco. – começou a explicar olhando nos olhos da garota que se igualava aos seus próprios, em um laranja brilhante.

— Eu já imaginava isso Niklaus. – o chamou pelo nome cruzando os braços atrevidamente.

— Primeiro você sabe muito bem que eu odeio isso. – referia-se ao modo como ela o chamou pelo primeiro nome. Era tão irritante isso. – E segundo, estou falando do sangue de um híbrido. – deu um sorriso torto e depois continuou. – Depois nos preocupamos com o sangue humano.

Ganhou um olhar curioso da garota. Então havia mesmo se tornado um híbrido. Estava feliz que não havia perdido a metade lobo, afinal era a sua identidade. Piscou vários vezes quando o mais velho começou a estalar os dedos na sua frente.

— Vamos logo. – afastou a gola da camisa. – não temos o dia todo. – completou pendendo o pescoço para o lado.

— Certeza? – arqueou uma sobrancelha olhando para ele como se realmente questionasse algo.

— Tá vendo outro híbrido por aqui? – Klaus perguntou em ironia já se arrependendo de tudo aquilo.

— Já que insiste. – inclinou-se afastando os próprios cabelos. Pegou na cabeça e no ombro de Niklaus. Era como se já soubesse o que fazer. Abriu a boca mostrando seus caninos, mudando a coloração de seus olhos que costumavam a ir de azuis para vermelho carmesim, agora indo para um laranja brilhante. Olhou a jugular dele ouvindo o sangue passar por ela e não demorou para que cravasse suas presas nela sugando o sangue que saia em abundância de lá.

Niklaus soltou um curto rosnado ao sentir as presas da jovem aprofundar na carne de seu pescoço o sugando quase que desesperado. Chegava a ser engraçado como esqueceu a raiva dos caçadores mesmo que por um momento, segurando na cintura da finlandesa.

Passado algum tempo Elijah invadia a sala acompanhado de sua irmã no mesmo instante em que a "loba de prata" terminava de sugar seu sangue.

— Niklaus o que é isso? - perguntou Elijah curioso.

— Faz parte do transição. - respondeu passando a mão pelo pescoço, enquanto que a menina apenas cruzava os braços. Nem se importando que houvesse sangue em seus lábios.

— Pensei que precisasse de sangue humano. – Freya constatou caminhando até ele com uma sobrancelha dourada arqueada.

— Para um vampiro normal querida irmã. – explicou fitando sua irmã bruxa ao levantar para vê-los melhor.

— Sei. – soou um tanto desconfiada parando em fim perto do irmão híbrido. – E por que me chamou aqui? – Freya colocou uma mexa do cabelo loiro atrás da orelha esperando uma resposta.

— Quero que descubra de onde vem esses tais caçadores que agora ameaçam o nosso lar. – Niklaus chegou perto de sua irmã colocando uma mão no ombro dela.

— Vampiros, bruxas e agora caçadores ameaçam nosso lar? - começou frustrada. – Quando eu penso que teríamos algum sossego... – suspira. – Em fim, vocês tem alguma coisa deles?

— Serve isso? – abriu a mão mostrando um projetil de bala prata ensanguentada com uma flor-de-lis entalhado nela.

— De onde você tirou isso? – perguntou Elijah que assim como os demais estava surpreso.

Sam levantou a blusa mostrando o lugar aonde havia o buraco da bala abaixo do peito. Um sorriso um tanto irritante surgiu em seus lábios.

— É, isso serve. – Freya pegou o projétil de bala da mão da híbrida.

Começando a se preparar na sala aonde já havia um mapa global. Iria descobrir de onde haviam saído aqueles caçadores, nesse meio tempo Klaus havia saído e voltado com algumas sacolas que entregou a Sam que ajudava Freya. Quando em fim terminou os preparativos e a mais nova híbrida havia voltado, a bruxa Mikaelson começou o feitiço em latim e o mapa queimou deixando apenas um nome, sendo esse Beacon Hills.

— Beacon Hills? – falou Elijah pegando o único pedaço de papel que havia sobrado em cima da mesa.

— Já ouvi falar desse lugar. Lá residem alguns lobisomens. – Comentou a Blake se aproximando mais do vampiro nobre observando aquele pedaço de papel queimado.

— Mas não explica porque os caçadores de lá virem até aqui para matar nossas matilhas. – foi a vez de Freya falar.

— Verdade. – falou o Híbrido. – Mas isso não significa que não vamos até lá. – falou convicto.

— Não Klaus. – olhou bem para eles. – Eu vou sozinha. – falou seria cruzando os braços enquanto o encarava de perto.

— Não! – Exclamou, disposto a não deixar que ela fosse nessa missão suicida.

— Niklaus. – chamou Elijah. – Ela tem razão.

— Sim. Vocês já tem bastante problemas por aqui. – caminhou para encará-lo de perto. – Deixe esse comigo.

— Já falei que...

— E vai deixar os caçadores ganharem tempo pra acabar com os Crescente também? - questionou emburrada já cansada de tudo aquilo.

— Tá bom. – ele falou por fim. – Mas se acontecer qualquer coisa volte para cá imediatamente ou me ligue. – encarou-lhe.

Elijah e especialmente Freya estavam surpresos com a atitude de seu irmão mais novo. O irmão mais velho é que estava mais orgulhoso, afinal seu irmãozinho, o temido Klaus Mikaelson havia mudado, mesmo que um pouco. Sabia que aquela criança que era sua filha não era uma história tão ruim assim.

Sam e Klaus resolveram sair por Nova Orleans. A Blake queria uma jaqueta e o Mikaelson procurava por algo. Ela estava em uma loja que havia achado uma jaqueta de couro e não perdeu tempo em comprá-la, quando avistou Davina Claire de longe. Optou por não fazer nada já e essa estava com Kol e parecia não a ter visto. Pagou a jaqueta e saiu da loja indo para a casa dos Mikaelson apenas para se despedir e rumar para Beacon Hills.

Chegando lá avistou sua moto que nem pensava que ela ainda estava inteira, pegou a bolsa que estava com Freya e pegou o capacete preto que tinha detalhes em vermelho.

— Bye, bye Freya. – se despediu colocando o capacete deu partida na moto e saiu rumo a Beacon Hills.

Após um tempo Samantha em fim despediu-se dos Mikaelson, da outra híbrida e deu partida em sua moto rumando para Beacon Hills.