Laços - INTERATIVA escrita por Lubs


Capítulo 5
Capítulo 4 - Interesses


Notas iniciais do capítulo

MA OE
Como foi avisado no último capítulo, eu não to realmente aqui. Isso é um eco do passado, de uma Lubs que programou a postagem na noite do dia 17/01.
Responderei TODOS os comentários assim que eu voltar, prometo!
Esse capítulo é muito meu xuxuzinho, aff ♥
Espero que gostem!



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O início do ano letivo era um período de renovações. Algumas pessoas começavam o ano completamente transformadas, com a mentalidade diferente ou o estilo repaginado, e qualquer detalhe poderia fazer a maior diferença: um corte de cabelo, a decisão de usar rímel, uma camisa que valorizasse mais os músculos.

Alguns só usavam essa época como o empurrão final para admitir o interesse que sempre tiveram em alguém.

No fim das contas, seja algo antigo, novo, dormente ou repentino, a maioria dos alunos do St. Clair começa o ano reformando seus interesses, ponderando quem mudou durante o verão e considerando coisas que, no ano anterior, poderiam ter passado despercebidas.

Era época de “caça”.

C a p í t u l o  4  -  I n t e r e s s e s

Andrew suspirou, cansado, largando o lápis na mesa e estalando o pescoço. O terceiro dia de aula mal havia acabado e a professora de álgebra já estava passando toneladas de dever de casa. Sentada do outro lado da mesa redonda, sua melhor amiga encarava a atividade completamente desesperada. Andy espiou, percebendo com pesar que ela ainda estava na terceira questão, e ficando ainda mais penoso ao perceber que ela havia errado as outras duas.

Ele já tinha terminado o impresso e, segundo o gabarito da professora, acertara tudo.

Ela voltou a fazer o cálculo, hesitante, e Andrew respirou fundo, se esticando por cima da mesa e tomando os papéis da mão dela.

—Não, não, não, não é assim que faz!

Shania ergueu as sobrancelhas e se encostou na cadeira, cruzando os braços.

—Então como que é, Einstein?

Andy puxou ar e, colocando os papéis na mesa, os virou para que Shania pudesse ver o que ele explicava.

—Vê aqui, é uma função afim. Basicamente, ela é linear, o que significa que ela aparece no gráfico como uma reta. Você não precisa complicar tudo com esses cálculos loucos que eu não sei nem de onde você tirou. O número que você quer é f de x [f(x)], e você encontra ele fácil, fácil se você usar a fórmula — que é esse número aqui – vezes x, que é esse outro aqui, mais b, que é aquele ali. A mesma coisa nas outras questões; você errou elas.

Andrew gesticulava e rabiscava no papel enquanto fazia sua explicação. Depois de química, matemática era aquilo que fazia de melhor, mas ele sabia da dificuldade de Shania melhor que qualquer pessoa. Ela o havia procurado na sexta série para ser professor de banca dela, e foi a partir desse contato semanal mínimo que a amizade deles nasceu. Ela não demonstrava para a maioria das pessoas, mas ele sabia que Shania tinha um problema sério em entender números, cálculos e formas. Ela precisava de algo mais tangente, substancial, para compreender. Andy fazia o que podia, mas às vezes estava além de sua capacidade conseguir ajudar a amiga do jeito que gostaria.

Shania franziu o cenho, se esforçando para compreender a lógica, e embora sentisse que para a maioria das pessoas era simples, ela não conseguia se fazer entender.

—Tá, mas por que eu tenho que fazer isso?

Andy piscou e olhou para ela.

—Porque é a fórmula, ué.

Shania continuou fitando o papel, forçando as engrenagens do seu cérebro a trabalharem, mas quanto mais ela tentava progredir, mais perguntas e dúvidas iam povoando sua mente.

—Mas por que essa é a fórmula?

—Por que sim, oras. Por que o céu é azul?

Ainda sem desviar o olhar da atividade, Shania respondeu:

—Porque a luz que mais difrata ao passar na atmosfera é a azul, então a gente enxerga ele assim.

Andrew soltou uma risada anasalada, balançando a cabeça.

—Na real é a violeta, mas o olho humano capta o azul melhor. Mesmo assim, não é esse o caso. O que eu quis dizer foi: não se questiona essas coisas, Shan. A fórmula é essa e pronto, fim de papo.

Shania soltou um grunhido frustrado e jogou a cabeça para trás, de olhos fechados. Levou as mãos às laterais do rosto e massageou as têmporas.

—É muito complicado pra minha cabecinha. Não sei como você consegue, sinceramente. É como se você tivesse um supercérebro ou algo do tipo. É surreal.

Resmungou. Andy riu, classificando os comentários como delírios de uma aluna frustrada que não estava falando nada com nada.

Ao longe, a porta da casa bateu.

—Chegueiii!

A voz de Terri se fez audível, obviamente empolgada. Andrew olhou para Shania, que havia aberto os olhos e se aprumado em uma postura mais comum, com a expressão séria que lhe era habitual. Andy sempre se perguntou o porquê de sua melhor amiga nunca ter se aproximado de sua irmã, mesmo que acabassem convivendo bastante na casa dos Henson.

Quer dizer, ele tinha virado amigo de Arabella com o mesmo tipo de contato.

Foi só pensar na loira que ela despontou na porta da antessala próxima à cozinha, onde estavam estudando, atrás de uma efusiva Terri, que chegava animada dos testes para líderes de torcida do novo ano letivo. Saltitava e cantarolava alguma música por alguma artista pop que Andrew nunca saberia classificar (para ele, poderia ser Taylor Swift, Selena Gomez, Demi Lovato, Ariana Grande ou Dua Lipa. Todas soavam idênticas a seus ouvidos). Ela vestia o uniforme amarelo das Sereias, tinha o cabelo castanho preso em um rabo de cavalo alto e meio bagunçado e um casaco preto fino por cima da roupa.

Arabella, que havia parado na soleira, trocara de roupa. Vestia um casaco preto de lã enfiado dentro de uma calça jeans, com um batom vermelho e saltos plataforma. O cabelo estava levemente bagunçado e a mochila, que trazia pendurada nas costas, estava um pouco estufada, o que indicava que ela estava de rabo de cavalo há pouco tempo e o uniforme das Sereias estava guardado.

—Eii, Andy, como foi seu dia?

Indagou Terri, sorrindo forçado. Só de trocar um olhar com a gêmea, ele já sabia tudo: ela estava louca para lhe falar sobre a sua tarde, mas completamente acanhada pela presença de Shania. Ele esperava que outro olhar fosse o suficiente para fazê-la entender que ele não expulsaria a melhor amiga de casa.

—Normal, eu acho. A gente estudou pra caralho, a professora de álgebra passou uma tonelada de dever.

Terri assentiu vagarosamente, empurrando a cadeira vazia próxima a Andy para o lado e se sentando no tampo da mesa, os olhos fixos no chão. Ela sempre tivera essa mania.

—Hm, que merda. Ela sempre foi meio mal-amada – A garota fez uma pausa, carregava um tom contido quando voltou a falar — E você, Shania? Tudo bem?

—Tudo.

Respondeu a outra, seca. Andy ergueu as sobrancelhas para ela, repreendendo a atitude. Terri pareceu se encolher com a fala, e soltou um risinho nervoso.

                —Que bom!

Exclamou, a voz morrendo aos poucos. Um silêncio esquisito se instalou entre os quatro; Andrew e Shania se encaravam em uma conversa silenciosa, em que ela insistia que não fizera nada demais e ele dizia que ela deveria se desculpar e render uma conversa com Terri.

Finalmente, Shania respirou fundo e se levantou, guardando seus pertences na mochila com força.

—Eu vou indo. Diz pra dona Wanda que eu mandei oi.

Se fosse qualquer outra pessoa, Andy teria feito menção de acompanhar até à porta, mas Shania, além de ser praticamente parte da família, sempre odiava quando ele o fazia, então ele apenas acenou de longe. Arabella, ainda na porta do cômodo, com o celular em mãos, chegou para o lado para dar passagem para Shania, mas sequer ergueu os olhos.

—Tchau, Shania!

Gritou Terri, afetada, e não recebeu resposta. Alguns instantes depois, a porta bateu. A gêmea soltou o ar com uma lufada de alívio, se deixando cair sobre a mesa, amassando a atividade de Andy.

Ele internamente se incomodou, mas resolveu não falar nada.

—Como você consegue ser amigo dela? Ela é tão assustadora!

Exclamou a irmã, com as mãos na cabeça. Atrás deles, Arabella riu, debochada, e se dirigiu para o lado de Andrew, apoiando a mão do encosto da cadeira dele.

—Ela não é assustadora, Shania não machuca uma mosca.

Respondeu Andy. Terri virou a cabeça para ele ergueu as sobrancelhas. Seu rosto ficava engraçado naquela posição.

—Óbvio que ela não machuca uma mosca, ela é vegana! Mas eu sou humana!

Arabella explodiu em gargalhadas e até mesmo Andrew, que sempre tentava ao máximo não rir dos comentários ingênuos da irmã, não conseguiu se segurar. Terri franziu o cenho e se sentou novamente cruzando os braços em uma atitude obviamente chateada.

—É sério! Não sei por que vocês tão rindo, ela pode machucar vocês também! E, de qualquer jeito, mesmo que ela não faça mal a ninguém - o que, sinceramente, eu duvido... por que você ainda tá ajudando ela?

Andy franziu o cenho e soltou um som nasalado similar a uma risada.

—Como assim?

—Tipo, você se recusou a me ajudar esse ano, e eu sou mais que sua irmã, eu sou sua gêmea. Mesmo assim, você continua ajudando ela, poxa!

A boca dele abriu de leve, e nem soube como começar direito. Ele sabia que, no fundo, Shania jamais machucaria alguém, mas ela o havia ameaçado de morte caso contasse o que sabia para alguém. Andy não queria arriscar, mais por ser um segredo de sua melhor amiga do que por conta da ameaça em si. Por outro lado, Terri parecia estar genuinamente chateado com ele.

Como eu posso explicar sem entregar tudo...?

Titubeando um pouco, começou:

—Bem... basicamente, existem coisas na dificuldade de Shania que fazem com ela seja muito pior que a sua. Ela precisa da minha ajuda, de verdade. Você não. Você gosta dela por comodidade, mas se você se esforçar um pouco, você consegue se virar sozinha.

Terri abriu a boca, indignada, e deu um tapa de leve no ombro do irmão. Ele relaxou; ela havia entendido.

—Eu me esforço!

Arabella riu, irônica, e respondeu antes que Andy pudesse falar alguma coisa.

—Se esforça meu cu! Você quer fechar a prova de matemática assistindo aquele filme horrível o dia todo.

A Henson pareceu mais ofendida com o comentário sobre o filme do que com a insinuação de que ela não era dedicada.

A Barraca do Beijo não é horrível! É um dos melhores filmes de comédia romântica que a Netflix já lançou!

Andrew fez uma careta.

—Esse filme é péssimo.

—Você não assistiu nem metade!

—Exatamente porque é muito ruim. O cara é todo abusivo com ela.

Arabella levantou a mão para um high five e Andy retribuiu. As mãos bateram meio tortas, mas deu certo no geral. Terri parecia profundamente indignada.

—Como vocês... Quer saber? Deixa pra lá. Vocês não sabem o que é um romance de verdade.

—Se aquilo é um romance de verdade, então ele pode ir pra puta que pariu, porque eu não quero.

Resmungou Arabella, puxando a cadeira que Shania antes ocupava e sentando. Olhava alguma coisa no celular, mas sorriu ao ver algo e o deixou de lado. Carregava uma expressão marota e sorrateira, que Andy conhecia desde que era criança. Não era coisa boa.

—Falando em romance, minha primeira festa do ano vai ser essa sexta e você tem que ir, Andy.

Ele fez um muxoxo baixinho, fitando o tampo da mesa e desenhando círculos lá com o dedo.

—Não sou muito fã de festa, sabe...

Arabella revirou os olhos e descartou o comentário do menino com a mão.

—Bobagem. Você é gostoso e um monte de menina tá interessada em você.

Andrew sentiu o exato momento em que suas bochechas ficaram vermelhas e começaram a queimar. Ele até gostava de Arabella, mas a irreverência da menina era sempre demais para sua vergonha.

Terri, por outro lado, pareceu interessadíssima e se virou para a melhor amiga.

—Quem?

A loira pegou o celular de novo e abriu alguma coisa. Começou a ler.

—Minnie, Carly, Octavia, Vanessa, Sarah, Melanie...

—Ela tá aqui?

—Sim, se mudou, ela estuda no St. Clair agora. Enfim, também tem Gwen, Amanda, Cheryl e, caso Andy queira, Zack.

Terri enrugou o nariz, pensativa, e após dois instantes, começou:

—Minnie é sebosa, Vanessa, Sarah e Gwen são esquisitas, não gosto de Carly, Cheryl tem chulé, meu irmão não gosta de meninos... — fez uma pausa e se virou para ele — Né? — Andy assentiu brevemente, ainda fitando o tampo da mesa enquanto sentia o rosto em brasa — É, então Zack não... Tem Amanda e Melanie.

Arabella fez careta.

—Amanda é ex de Josh.

—Verdade, então ela não tem bom senso. Melanie será!

Terri se virou para Andrew com um sorriso animado no rosto e bateu palminhas animadas enquanto imaginava o novo casal. Arabella digitava algo no celular de maneira efusiva, uma expressão estranhamente satisfeita estampada no rosto.

—Gente, valeu, mas eu não realmente...

Começou Andy, acanhado, sem olhar para nenhuma das duas. Elas já haviam falado sobre a tal Melanie com ele antes, mas ele não lembrava muito e nem sequer conhecia a garota. Arabella bateu no tampo da mesa, o interrompendo e lhe dando um baita de um susto.

—Ai, larga disso! Você é bonito pra caralho e essa menina, que por acaso também é bonita pra caralho, tá interessada em você, então você vai pra festa e vai ficar com ela. Sem discussão.

Ele afundou na cadeira, o rosto pegando fogo mais uma vez. Enfiou a cara nas mãos, se perguntando como teria coragem de encarar a tal Melanie na sexta-feira. Ao seu lado, pôde ouvir Terri exclamar, animada:

—Vocês vão fazer um casal tão lindo!

=+=

A notícia da festa de Arabella corria forte na quinta-feira. A escola inteira estava animada para, finalmente, abrir o ano e ninguém queria causar uma má impressão no primeiro grande evento. As escassas pessoas que não haviam sido convidadas estavam arrumando um jeito de conseguirem um convite ou planejando aparecer de penetra - no fim das contas, não importava se a pessoa tinha recebido a mensagem anunciando a festa ou não. Todos os alunos do St. Clair apareceriam na casa de Arabella sexta à noite.

Era o intervalo da manhã e Terri, Savanna e a anfitriã mais querida do momento estavam em pé no corredor, perto dos armários. Muitas pessoas paravam para falar com Arabella sobre a festa, mas a garota na maioria das vezes respondia de maneira desinteressada enquanto olhava algo em seu celular. Terri às vezes se perguntava o porquê de ela e a loira serem melhores amigas, se eram tão diferentes em vários aspectos, mas logo deixava as dúvidas morrerem. Arabella era sua pessoa. Savanna se integrara ao grupo um pouco mais tarde, e embora a amasse de todo o coração, não tinha com ela a conexão quase psíquica que compartilhava com a outra.

Lembrando-se de algo, Terri se empertigou, sorrindo.

—Ei, vocês viram quem voltou?

Savanna olhou, interessada, e a loira não desviou os olhos do celular, mas para as outras duas era nítida a mudança em sua postura. Estava ouvindo.

—Valerian Fletcher! E ele tá muito gato! Quem sabe ele ainda é apaixonado por você, Arabella!

A loira riu, meio debochada, como se descartasse a possibilidade.

—Não, valeu.

As duas amigas franziram o cenho.

—Por quê? Eu vi ele também, parece outra pessoa! Tá todo malhado, não é mais gordinho que nem antes.

Comentou Savanna. Arabella suspirou e, guardando o celular no bolso da calça jeans, se recostou nos armários e cruzou os braços.

—É, eu tô ligada, eu tive literatura com ele ontem. Tá todo bombadão e o caralho à quatro, mas o problema nunca foi ele ser gordinho. Ele não faz meu tipo.

Terri arfou, descrente. Savanna ergueu de leve as sobrancelhas, mas não falou nada.

—Não fode, aquele cara é o tipo de todo mundo!

Exclamou a gêmea. Arabella deu de ombros.

—Não o meu. Pode ficar, se quiser.

Savanna juntou as sobrancelhas e colocou as mãos na cintura, se dirigindo à amiga loura:

—Se ele não é seu tipo, quem é?

Ela sorriu, marota.

—Eu aviso quando ele passar por aqui.

Pescou o celular de volta no bolso e procurou algo. Quando achou, falou:

—Certo, qual dos dois eu uso sexta?

Virou o celular para as amigas e mostrou uma foto de um vestido rosa bebê. Tinha duas alcinhas finas, um decote V e era grudado ao corpo da modelo, com um tecido que lembrava couro. Tinha um cordão na parte frontal, como um espartilho decorativo. Após um sinal de Terri de que poderia seguir em frente (ela sempre demorava mais para analisar qualquer coisa que fosse, então era um entendimento silencioso entre as três de que, se ela anunciasse que já podia mudar, as outras já teriam acabado de observar o que quer que fosse), passou para a próxima foto. Era um conjunto preto, do mesmo tecido que a outra roupa. A parte de cima era apenas uma faixa tomara-que-caia, deixava a barriga exposta e, logo abaixo do umbigo, uma saia com cordões similares aos do vestido. Acentuava as curvas da modelo de maneira absurda

Antes que Savanna ou Terri pudessem dizer algo, alguém tomou o celular da mão de Arabella. A Henson se virou para trás para ver quem havia sido.

Rindo, Joshua Lee passava as duas fotos com uma expressão divertida, andando de costas no corredor. Arabella revirou os olhos e ergueu a sobrancelha para o amigo.

—Devolve, encosto.

Ele gargalhou, mas estendeu o celular.

—Usa o preto, Bellinha! O rosa vai ficar estranho por falta de... atributos, sabe?

Comentou, sinalizando a área dos seios. Ela estendeu o dedo do meio para ele, que fingiu pegar no ar e levar ao coração de maneira irônica.

—Você não reclamou da falta de porra nenhuma nas férias, filho da puta.

Ela falou, com um sorrisinho de canto. Josh abriu os braços e ergueu os ombros. Deu uma piscadela e, finalmente, virou de costas para o trio, seguindo seu caminho da maneira “correta”. Arabella revirou os olhos.

—Idiota.

Soltou. Mesmo assim, bloqueou o celular e o devolveu para o bolso traseiro. Seu olhar se prendeu em algo atrás de Terri, e Arabella abriu um sorriso maroto, chamando as outras duas para mais perto com o dedo. Após isso, falou, baixinho:

—Vocês me perguntaram quem é meu tipo, né? Então... Ele é meu tipo.

Apontou discretamente para alguém no meio do corredor. Savanna e Terri se viraram para olhar, de maneira nada disfarçada, mas era tão comum no St. Clair que ninguém percebeu.

Era um garoto alto, magro e bronzeado, com cabelos louro escuros. Sorria enquanto conversava com Osmond, e Terri perdeu o fôlego.

Ele era lindo.

Savanna assobiou de leve, como se estivesse impressionada. Arabella sorria com interesse, mas a morena nunca tinha visto o menino do sorriso bonito na vida.

—O intercambista, hm?

Soltou a cacheada, indo para frente e para trás nos calcanhares. Terri virou o pescoço para as amigas tão rápido que ele estalou.

—Ai — resmungou, antes de falar — Intercambista? Como assim?

—Martino Lucchesi, 18 anos, da Itália. Ele é tipo um fotógrafo e tem até um blog onde ele posta as fotos dele. Mais importante ainda: gato pra porra.

Disse Arabella, ainda com um sorriso carregado de segundas intenções pintado na face. Ela cutucou o ombro de Terri.

—Vai lá chamar ele pra minha festa.

A Henson arregalou os olhos.

—O quê? Por que eu? A festa é sua! Quem tá interessada é você!

A loira deu de ombros.

—Não quero parecer desesperada, você faz a ponte. Eu mandaria Savanna, que tá casada, mas a coisinha não tem a cara de pau pra fazer isso.

Terri balançou a cabeça.

—E eu tenho?

—Tem. Agora vai lá!

Exclamou Arabella, virando a amiga e a empurrando na direção de Martino e Oz. Eles estavam tão perto que não tinha muito o que andar para chegar onde conversavam, mas em todos os cinco passos que deu, Terri fez questão de xingar a loira com todos os palavrões e ofensas que conhecia. Quando estava perto o suficiente para ser notada, abriu um sorriso e voltou ao seu normal.

—Oi gente, e aí?

—E aí Terri, tudo tranquilo?

Respondeu Oz com um sorriso. Ela não percebeu, mas Martino a olhou de cima a baixo. Ele encarou o canadense com as sobrancelhas erguidas e Osmond logo se apressou em ajudar o garoto. Tinha ido com a cara dele logo de primeira.

—Terri, esse é Martino, o novo mafioso do St. Clair. Martino, essa é Terri, o pratinho de microondas mais fofo que você vai conhecer.

Ela estava tão nervosa por ter que trabalhar sob a pressão dos olhares de Savanna e Arabella que apenas deu o dedo do meio para Oz ao ser chamada de rodada. Deu uma risadinha acanhada e, retorcendo as mãos, começou

—Eu sei. — os dois ergueram as sobrancelhas e ela percebeu como soava o fato de que ela sabia o nome do intercambista sem sequer o ter conhecido antes e, gaguejando, tratou de tentar consertar — Quer dizer, eu sei porque eu vim aqui por causa de você. Pra... te chamar pra festa. Da minha amiga. Arabella.

Soltou de vez e, ao final, apontou para a loira do outro lado do corredor. Martino olhou e acenou de maneira contida, a garota retribuiu o gesto de modo mais sedutor. Ele olhou de novo para Terri, com um sorriso no rosto.

—Por que ela não veio...

Começou Osmond, mas Terri tateou o corpo dele até achar seu rosto e o virou para o lado, como se o mandasse calar a boca, sem desviar os olhos do menino italiano em sua frente.

—Claro, eu nunca nego uma festa! Deixa eu te dar meu telefone pra você me passar os detalhes.

Ela estendeu o celular para ele. Martino inseriu seu número e salvou o contato, devolvendo o aparelho para ela com um sorriso no rosto.

—To ansioso pra saber mais sobre a festa.

Comentou, sorrindo. Piscando e lembrando o motivo por estar ali, que havia momentaneamente esquecido no meio do rosto daquele italiano, Terri riu nervosamente e respondeu:

—Sim, claro! Ótimo! Até... Até mais!

E se virou, voltando para as amigas de maneira apressada. Atrás de si, Martino a encarava.

—Caralho, isso foi sutil demais, seu gênio filho da puta!

Exclamou Oz. O italiano riu, mas não falou nada.

No corredor, antes de chegar a Savanna e Arabella, Terri apertava o aparelho celular com ambas as mãos e tentava conter um sorriso.


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Notas finais do capítulo

Como vocês puderam ver, esse capítulo foi beeeeem focado nos gêmeos (também conhecidos como amores da minha vida).
O próximo é a FESTA DE ARABELLA, e garanto que vai dar o que falar! Eu to planejando esse capítulo desde o começo da fic, e inclusive já comecei a escrever (pena que não deu tempo de terminar, eu pretendia dividir ele em dois e postar metade ainda no acampamento).
Enfim, até a minha volta, amorecos ♥



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