“Ele buscava a luz, mas nunca pensou que era a luz de alguém.” 

O garoto possuía madeixas lindas da cor da neve mais pura e branca. As moças queriam sentir sua textura. O azul de seus olhos hipnotizavam. Quando mostram o brilho da alegria, são safiras encantadoras; quando ficam azuis de melancolia, são cristais em pleno escuro; quando obscuros pela frieza, são como diamantes de sangue. Sua aura impõe o respeito que faz os semelhantes estremecerem. O talento ele faz questão de jogar na cara de todos que são impotentes perto do albino. 

Killua era um nome tão exótico quanto seu dono. Te faz ficar longe somente por descobrir seu significado mortal. Seu eu exterior é fantástico e extraordinário, visto pelos olhos alheios; querido e amado pelos conhecidos; escuro e cheio de falhas na concepção do próprio. 

Suas mãos sempre foram sujas de sangue. O coração moldado pelas trevas desde muito cedo. Não teve direito a oportunidade da luz se instalar nem um pouco naquela pobre criança, que teve um fardo estranho a carregar desde o nascimento. 

Tiraram o privilégio de desfrutar e usufruir coisas simples da vida, mas deliciosas. Uma simples briga entre os irmãos; um momento constrangedor com a mãe; afeto familiar. Pelo menos o permitiram ter um grande amigo, junto com outros pelo mundo todo. 

Ele aprendeu, cresceu e amadureceu. Porém ainda se considerava um ser de pura escuridão. O preocupava o fato dessa mesma escuridão acabar afastando aqueles que amava. 

Por isso que ele se odiava com todas as forças. Suas trevas estavam começando a querer tomar posse de seu corpo. Killua jamais estaria livre totalmente. 

— Oni-chan... Não fique triste. Eu disse que te desculpo. — Alluka confortava seu amado irmão mais velho. 

De fato, o que ocorrera dias antes lhe assustou. Killua e ela nunca haviam brigado. O albino ficou tão fora de si, que a dedicou um olhar capaz de dar calafrios em Alluka, era bizarro, no mínimo. Agora, ainda estava arrependido. 

— Alluka... — Murmurou o albino de olhar cabisbaixo. Evitava olhar sua querida irmã e se sentia mais que um lixo, amaldiçoado mais que tudo, sua natureza assassina. — Eu...

Se calou. Killua não conseguia se perdoar, quanto mais Alluka. É o que pensava. A imagem de seus olhar cristalino sempre repleto de felicidade, tão cheio de pânico e medo dele, se recusava a esvanecer. Ela nunca mostrou tanto medo. 

Um toque suave em seu ombro, despertou Killua de seu sofrimento interno e seu olhar se fixou aos da irmã por impulso. 

Um abraço por parte de Alluka quebrou aquele clima desagradável. Foi rapidamente retribuído por Killua. 

— Alluka... Me desculpe. Eu, o jeito como eu sou. — O albino não era capaz de formular uma oração plausível. 

— Oni-chan. Eu te perdôo. Entendo que algo maior te controlou por muito tempo. — Alluka diz sabiamente. 

Tirando a aparência frágil. Ela tinha uma perfeita visão de seu redor. Killua apenas abraçou a irmã, ainda mais forte. E percebeu.

As trevas ainda residiam em si, mas agora ele sabia que tinha um ponto de luz em si e um bem ali do seu lado para o apoiar.