Final escrita por Maffle


Capítulo 1
Party Favor


Notas iniciais do capítulo

Oi!

Semana passada ouvi Party Favor num looping infinito, imaginando mil histórias para o que podia ter acontecido com o casal da música. Aí resolvi escrever e peguei emprestado a Victoire e o Teddy.

Se quiserem, coloquem a música junto para acompanhar a leitura (a não ser que você seja tapadx igual a mim e não consiga se concentrar em duas coisas ao mesmo tempo) https://www.youtube.com/watch?v=tGHTOVw6F4Q

Enfim, leiam as notas finais para mais desabafos meus sobre essa fic. Gostei muito de escrevê-la, e espero que vocês também! ♥



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(Hey, leave a message)

Foi numa dessas tardes em que Victoire notou. Essas em que o sol era morno na pele e o cabelo dele ficava tão laranja quanto o céu. Quando ele cheirava o pescoço dela e tudo parecia formigar de uma forma arrastada.

E, ela pensou depois, se pudesse não ter notado, talvez tudo pudesse ser mais simples. Se não tivesse olhado para Teddy naquele exato momento em que ele tirava o cigarro da boca para dizer qualquer coisa sobre migração dos patos, talvez Victoire evitaria saber.

Porque ele desenhou com o dedo todo o caminho das aves pelo céu e curvou os lábios daquela forma absolutamente doce. E fez sentido para a garota se sentir em combustão o tempo todo quando o amava daquela maneira.

Hey - call me back when ya get this
Or when you've got a minute
We really need to talk

Não percebera com rapidez porque nada foi rápido. Cair por entre os dedos dele foi gradual e necessário, como se aprendesse a andar novamente. Teddy aparecia nos corredores de Hogwarts e nos jantares de Natal. Ele jogava quadribol com seus primos e patinava no lago com sua irmã mais nova. Foram anos ignorando a jaqueta de couro no sofá de casa, mas a adolescência a deixou assim como a vontade de continuar olhando-o de longe.

Ela quis ver de perto, porque era inevitável não colidir com ele naqueles momentos. Na despensa da cozinha, no bosque nos fundos de casa, ou na varanda de qualquer apartamento alugado dele. E agora fazia sentido.

Fazia sentido o coração bater tão rápido em antecipação quando ela avistava o cabelo azul espetado, ou se arrepiar por inteira quando ele colocava os dedos no fim das coxas dela para envolverem as costas dele. E era comum parar de respirar por ficar sem ouvir notícias dele por dias até que ele resolvesse aparecer novamente, ou afundar as unhas tão fundo na própria palma da mão porque ele parecia tão fora do ar às vezes.

As coisas se encaixavam e finalmente traziam algum sentido para uma rotina exaustiva na cabeça cheia de caraminholas da garota. Porque ela o amava até explodir em lágrimas e suspiros e sombras de beijos.

Sim, foi isso. Foi por ama-lo demais que Victoire Weasley decidiu deixá-lo.

Simples assim.

Wait - you know what
Maybe just forget it
Cuz by the time you get this
Your number might be blocked

Ela passou a tarde envolta na atmosfera densa de açúcar e sol enquanto montava camadas e camadas do bolo cor-de-rosa. Ele gostava da cobertura de morango cuja doçura era quase enjoativa, mas Victoire estava disposta a tomar alguns copos d’água a mais para vê-lo curvar os lábios de novo. A casa toda cheirou a massa industrializada e os dedos dela ficaram grudentos. Ela mal notou.

Só percebeu que suas mãos estavam tremendo quando tentou escrever com o bico de confeiteiro e acabou criando qualquer arte abstrata na superfície brilhante do bolo. Sujou a bochecha ao enxugar a única lágrima que escorreu no fim de tudo.

Quando se olhou no espelho do carro dele para ajeitar o cabelo e a blusa amarela do primeiro encontro dos dois, seus olhos estavam secos. O bolo dentro da embalagem era ligeiramente gelado em contraste com aquele carro abafado, e a ansiedade ia gradualmente aumentando em seu peito.

O dia 23 de abril daquele ano foi assim.

"Stay" and "bla bla bla"
You just want what you can't have
No way
I'll call the cops
If you don't stop, I'll call your dad

Teddy parou o carro ao lado do parque e abriu a porta para Victoire. Ela o olhou e achou que fosse morrer porque o cabelo espetado estava da cor do azul dos olhos dela, e ele tinha aquela expressão de menino que a deixava maluca.

Ele puxou a cesta de piquenique do banco de trás e estendeu a toalha vermelha na grama. Os pães que ele trouxe estavam quentinhos, o chá gelado suava nos copos de forma agradável, a tarde era absolutamente magnífica.

Ela rolou para longe dele em desespero. Ele rolou para perto, apoiando-se num cotovelo para poder observá-la.

Teddy sorriu com os dentes prendendo o lábio inferior, e Victoire precisou beijá-lo porque nunca sobreviveria se não o fizesse. Beijou-o até alcançar a nuca dele, até roçar os dedos na barba por fazer e senti-lo por inteiro sob seus lábios, sob seu controle. Gostava dele bem ali, onde podia envolver-se no cheiro e no gosto tão unicamente Teddy.

Intoxicada, Victoire entregou sua sanidade a ele como viciada.

And I hate to do this to you on your birthday
Happy birthday, by the way

Ela enterrou uma única vela na maciez do bolo e ele acendeu com o isqueiro. Cantou parabéns para você baixinho, porque, se a voz fosse mais alta, talvez se quebraria com todas as emoções na garganta dela, e Teddy não podia saber. Eles cortaram o bolo e dividiram a sobremesa até o açúcar ser demais e a sensação de estar ao lado dele ficar repleta da doçura conflitante do momento. Lambuzou-se de glacê rosa, e ele limpou com a língua, para logo depois arrastar os lábios entreabertos por todo rosto e pescoço dela. Victoire só podia soltar longos suspiros e mordê-lo onde conseguia alcançar.

Teddy sempre fora tão macio. Qualquer lugar que apertasse cederia sob seu toque, ela tinha certeza. E estar com ele era confortável de um modo que beirava ao ridículo. Victoire por vezes desesperava-se quando se imaginava longe dele.

Era por isso que não poderiam ficar juntos.

Juntos, rolaram na toalha até os braços se arranharem na grama. Estava incrivelmente quente, Victoire notou quando o resto da cobertura do bolo começou a escorrer da vasilha.  Teddy nem ligou, muito ocupado em levantar Victoire pelos cotovelos e tirá-la para dançar.

Ela subiu nos pés descalços dele e agarrou os ombros largos para não cair. E, como sempre, Teddy guiou os dois pelo parque enquanto murmurava uma música qualquer.

Naquela tarde, ela jurou ter se apaixonado um pouco mais por ele.

"It's not you, it's me" and all that other bullshit
You know that's bullshit
Dontcha, babe

O sol baixou e o vento passou a soprar fracamente sobre as árvores. Victoire observou as folhas esbarrando umas contra as outras quando os galhos levantaram com a brisa. Ela viu o bolo rosa e derretido e esquecido.

Percebeu que era hora de voltar.

Ele abriu o banco de trás para puxá-la consigo. Abraçou-a enquanto beijava seu cabelo e enfurnava-os no calor obsceno do carro. Victoire subiu no colo dele e o afastou. Precisava vê-lo.

O cabelo de Teddy havia adquirido um tom mais escuro, ainda imitando os olhos dela. Ele afastou os longos fios dourados dela para beijar a nuca levemente suada. Ela retribuiu passando os dedos pelo cabelo dele.

— Eu amo quando você faz isso.

— Faço o quê? - murmurou ainda com lábios sobre pele.

— Muda o seu cabelo quando está comigo. - Ela sentiu o sorriso dele.

— Não posso evitar.

Victoire o afastou novamente. Olhou-o nos olhos dessa vez - o cabelo dele mudou em conjunto.

— Eu amo muitas coisas em você - O indicador dela percorreu as sobrancelhas, a ponte do nariz, os ossos acima da bochecha, e a mandíbula, até parar logo acima dos lábios. Ele beijou a ponta do dedo. - Talvez até tudo. Talvez até você.

Ele pareceu ligeiramente surpreso.

— O quê?

— Eu amo você. - Ele reagiu brevemente, abrindo a boca para responder e apertando as mãos em sua cintura, mas Victoire não podia ouvi-lo, pois o carro estava insuportavelmente quente e ela ainda sentia o cheiro do glacê de morango. - E por isso precisamos terminar com tudo isso. Seja lá o que isso for.

As mãos dele caíram, frouxas, de cada lado do corpo. Subitamente fora de lugar, Victoire saiu de cima dele e sentou no espaço ao lado. O couro, não surpreendentemente, também incomodou com o calor.

— Isso não faz sentido nenhum, Victoire.

Look - now I know we coulda done it better
But we can't change the weather
When the weather's come and gone

— Você me faz tão feliz, Teddy. Mais do que um dia eu poderia imaginar. Você me deixa toda dormente e eu penso em você o tempo todo. Eu vejo as coisas e penso se você vai gostar, e quando quero conversar com alguém eu percebo que quero conversar com contigo. - Ela respirou o ar abafado, sufocando. - Mas… eu dedico tanto tempo da minha vida direcionado a você que eu também faço parte disso tudo. Faz algum sentido?

Ele estava completamente assombrado. Victoire não esperou resposta.

— E me mata não ter certeza do que somos, porque quando você some eu fico perdida. Eu paro de respirar e não consigo focar em absolutamente nada porque talvez você tenha ido embora de verdade. E aí eu fico puta por ser esse tipo de garota que surta por um cara quando nós nem somos nada. - Riu sem emoção. - Eu tinha ataques de pânico e chamava isso de amor. Isso não pode ser amor, Ted. Não pode ser.

“Amar você me fez me sentir louca, e eu não quero me sentir desse jeito. Eu deixei meus gostos e necessidades de lado para te agradar porque a sua felicidade me fazia feliz. Você passou a me resumir. Eu parei de ser quem sou para poder ficar com você. Mas a verdade é que nós nunca vamos ser felizes juntos se eu não for eu.”

Victoire não quis olhar, mas os olhos de Teddy estavam cheios.

Books don't make sense if ya read 'em backwards
You'll single out the wrong words
Like you mishear all my songs

— Nós podemos resolver isso, Vic. - Agarrou as mãos da garota e soluçou tão perto do ouvido dela que Victoire quis se encolher. - Podemos fazer funcionar.

Ela negou com a cabeça, mas Teddy continuou.

— Você quer ser minha namorada? Podemos ser namorados. Não é tão complicado. Pedidos formais nunca importaram pra mim, mas eu posso fazer se é o que você quer. Victoire! - chamou mais alto, e dessa vez ela se retraiu. Ele notou, surpreso, e baixou a voz: - Nós pertencemos um ao outro, amor. Somos eu e você contra o mundo.

Não. - Soltou as mãos das dele. - Não, eu não quero você e eu contra o mundo. Quero que o mundo continue girando apesar de nós dois. Quero continuar fazendo parte do mundo quando estiver pronta para amar alguém. Mas nós não estamos prontos, Ted. Eu não estou pronta.

A atmosfera do carro beirava o desespero enquanto Victoire almejava sair do carro o mais rápido possível e Teddy tentava ao máximo deixá-la ali. Ele estava chorando de verdade agora.

You hear "stay" and "bla bla bla"
You just want what you can't have
No way
I'll call the cops
If you don't stop, I'll call your dad

— Você só vai jogar tudo isso fora?

 – Nós vamos sobreviver a isso, Teddy. Eu prometo. - Ela também estava chorando, notou, mas o suor se misturava. Pegou o rosto dele para beijá-lo. Eles eram atraídos um pelo outro quase de forma violenta, e Victoire desejou pela milésima vez não desfalecer totalmente sob o corpo dele como sempre fazia. Ele retribuiu com raiva, usando dentes e mãos, terminando o beijo tão rápido quanto ela tinha começado. 

Os dois ofegaram, mas Teddy não estava mais olhando para ela.

— Sai do meu carro.

And I hate to do this to you on your birthday
Happy birthday, by the way
"It's not you, it's me" and all that other bullshit
You know that's bullshit
Dontcha, babe

Quando saiu para o ar fresco da noite, ela pareceu conseguir respirar novamente. Ficou bem parada entre asfalto e grama enquanto as pernas tremiam e Teddy pulava para o banco da frente para dar partida no carro. 

Ela o observou ir.

O mundo inteiro estava desabando, mas Victoire estalou a língua no céu da boca e percebeu a primeira coisa sobre si mesma depois de ter se envolvido com Teddy.

Ela odiava glacê de morango.

I'm not your party favor


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Notas finais do capítulo

Bom. Então. Eu tava sentindo falta de uma história triste nesse perfil.

Eu amo a Victoire e Teddy, mas quis imaginar se eles terminariam em algum momento e por quê. No fim, não quis colocar Teddy como o grande vilão do relacionamento ou qualquer coisa assim. Mas eles são tão jovens, gente. É muito difícil ter maturidade em primeiros relacionamentos, principalmente quando você se apaixona desse jeito.

Estou me segurando para não fazer uma continuação em que eles ficam juntos para todo o sempre, mas quero ser fiel às minhas ideias iniciais, por mais que eu ame os dois e os shippe intensamente. Mas se vale de alguma coisa, minha Victoire e meu Teddy ficam juntos sim. Só não agora nem desse jeito.

Espero que tenham gostado! Se quiserem, comentem o que acharam. Vou adorar ler!

Até a próxima ♥



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