Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 7
O jantar de noivado




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Jade e Beck receberam a família Puckett Benson, bem como Carly, Gibby e Sophie, na casa da mãe de Jade. O jantar, que seria familiar, estava regado a frutos do mar, garçons, vinhos da melhores safras, champanhe e violinistas.

Sam se surpreendeu:

— Nossa, tudo isso para um jantar de família!

Jade respondeu:

— Vá se acostumando, na minha família é tudo assim. Quando nossos filhos se casarem, seremos uma só família, não é mesmo?

— Então, quem sabe seria bom vocês aprenderem uns hábitos da família Puckett também – ironizou Sam.

— Conheço o lado negro da sua família, Sam. Como você também conhece o meu. É bom que sua filha também esteja bem ciente.

Isabelle se manifestou:

— O que quer dizer?

— Eu gosto de tesouras e odeio bonecas falsas – dando um sorriso irônico.

Freddie e Beck, sentindo o clima pesar, intervieram, chamando as esposas para se sentarem à mesa.

Nick e Sarah sentaram-se frente a frente e não pararam de trocar olhares. A menina de 14 anos desabrochava como uma bela flor e o rapaz não deixou de reparar.

Eddie cutucou o irmão e cochichou para ele:

— Disfarça, cara. A menina é novinha! Os pais dela não vão gostar se perceberem.

— Relaxa, nerd – respondeu Nick, com ar debochado.

Jade e Beck nada perceberam, pois o foco dela era em Isabelle e dele, na esposa.

Jade começou o interrogatório:

— Você está certa de que meu filho é o amor da sua vida, Isabelle?

— É claro que sim. Caso contrário, não estaria me casando com ele.

— Será mesmo? Porque você já usou meu filho uma vez para esquecer o Cristopher.

Beck se manifestou:

— Pare com isso, Jade!

— Vai me impedir de falar a verdade? Você sabe muito bem o que houve. Você, eu e Rick sofremos juntos quando ela deu um pé na bunda dele há 7 anos. Eu, como mãe, tive que juntar todos os pedaços do coração destroçado do meu filho. Quando ele finalmente te esqueceu, te reencontra na universidade e mais uma vez você se gruda nele para esquecer o Cristopher.

— Jade, está sendo deselegante – falou Beck, sem graça, olhando para os convidados.

Isabelle disse:

— Então a senhora não quer que eu me case com o seu filho? Foi para isso que organizou esse jantar?

— Rick é cego por você e não é de hoje. Se ele quer se casar com você, só com você e com mais ninguém no mundo, apesar de já ter quebrado o coração dele em pedacinhos, o que posso eu fazer? Só quero te avisar que se você o fizer sofrer novamente, eu não vou perdoar. Quando eu me vingo, eu me vingo pra valer.

Sam se irritou:

— Não permito que ameace a minha filha! – levantando-se da cadeira.

Jade também ficou em pé:

— Não permito que machuquem o meu filho!

Carly pressentiu o perigo que poderia advir do embate das duas e sem saber o que dizer, falou:

— Alguém quer uma taça de vinho?

Nenhuma das duas respondeu. Sam prosseguiu:

Eu pensei que fôssemos amigas. Eu vim a esse jantar feliz, pensando que iríamos celebrar a união de nossas famílias. Eu quero o seu filho tão bem, afinal, conheço-o desde que nasceu! Você também conhece a minha filha desde que nasceu, então como pode tratá-la assim?

— Sua filha já magoou seriamente o meu filho. Meu filho nunca magoou a sua filha! Pelo contrário, só dedicou a amor e foi chutado como um cachorro. Ele entrou em depressão, fechou-se no mundo dele. Um autismo leve virou algo rigoroso. Tivemos que recomeçar o tratamento do zero. Ele ficou um ano em tratamento antes de ter condições de ir para faculdade.

Richard se manifestou:

— Chega, mãe! Pare de falar de mim como se eu não estivesse aqui e de questionar as minhas escolhas. Eu era um adolescente frágil quando a Belinha me dispensou. Eu não tinha maturidade, nem ela. Hoje, somos adultos e temos direito de fazer as nossas próprias escolhas. Se meu casamento com a mulher da minha vida te desagrada tanto, não preciso da sua bênção, pego a minha noiva e nós vamos embora. Você nem precisa ir ao casamento!

— Como pode falar assim comigo na frente dos outros? – irritou-se Jade.

— Da mesma forma que você me trata como um incapaz na frente dos outros. É isso o que está fazendo agora.

Jade abaixou a cabeça e falou:

— Me perdoa, meu filho. Eu passei a vida te protegendo, é o hábito.

— Eu não preciso mais da sua proteção. Mas, eu gostaria muito do seu amor e do seu apoio, nesse momento tão feliz da minha vida, se não for pedir demais.

— É claro que não é pedir demais – levantando-se e indo abraçar o filho.

O jantar transcorreu em silêncio na maior parte. Todos estavam constrangidos depois da cena de Jade. Apenas a avó do noivo tentava descontrair o ambiente numa conversa sobre o tempo, música, cinema e vinhos, compartilhada por Carly e Gibby.

Sophie mexia no celular, entediada. Eddie vigiava o irmão que continuava a trocar olhares com Sarah.

Isabelle estava nervosa e Richard percebeu, pegando a mão da noiva por baixo da mesa. Ela sentiu o carinho dele no gesto e olhou para ele sorrindo, o qual retribuiu o sorriso.

Sam estava irritada, tentando se conter, enquanto devorava a comida, praticamente esfarelando o peixe. Freddie reparou e cochichou para ela:

— Acalme-se, amor. Eu sei que é difícil, também fiquei nervoso, mas não vamos estragar mais ainda o noivado da nossa única filha.

A loira apenas concordou com a cabeça.

Beck e Jade comiam calados, tensos.

Depois do jantar a senhora anfitriã convidou a todos para se sentarem na sala e fazer um brinde aos noivos, ainda ao som de violinos.

Eddie percebeu que Nick havia sumido, bem como Sarah. Então, discretamente, foi procurá-los.

No jardim da casa, Nick e Sarah trocavam beijos atrás de uma das árvores do jardim. Foram surpreendidos por Eddie:

— Cara, eu te falei para não fazer isso! A menina só tem 14 anos! Quer ser preso? – ralhou com o irmão.

— Se você não pega ninguém, não vem descontar sua frustração em cima de mim! Parece um velho chato! Eu não fiz nada, só trocamos uns beijinhos, com o consentimento dela. Fala para ele – olhando para Sarah.

— É verdade, seu irmão não me forçou a nada, eu também quis beijá-lo, nem é o primeiro cara que eu beijo.

— Provavelmente você beijou um garoto da sua escola e não um marmanjo de 20 anos, como o meu irmão. Sarah, isso não está certo. Seus pais poderiam ter visto e a coisa iria ficar realmente feia para os dois. Vamos voltar para a sala agora! – determinou Eddie.

— Sua cópia é chatinha – zombou Sarah.

Nick riu e falou:

— É um nerd velho e chato, que vai ficar pra tio.

Mas, mesmo em meio a zoações, o casal retornou a casa na companhia de Eddie.

Vendo que todos se faziam presentes, Richard resolveu fazer o pedido formal, tirando a aliança, que havia pedido provisoriamente de volta à Isabelle, de dentro do bolso, numa bonita caixa de veludo vermelho, ajoelhando-se diante dela e dizendo:

— Isabelle Puckett Benson, aceita se casar comigo?

— Acho que é a terceira vez que ouço isso. Devo mudar a resposta – falou ela, tentando fazer uma piada, mas esbarrando na cara fechada de Jade, que parecia lhe fuzilar com o olhar, fazendo-a dizer rapidamente, já sem graça ou emoção – Aceito.

Richard colocou a aliança de volta no dedo dela e beijou rapidamente a noiva nos lábios, todos aplaudiram brevemente.

Quando voltaram para casa, Isabelle sentia-se mal e foi direto para o seu quarto. O sono não vinha. Foi até a cozinha, bebeu um copo de leite, sem sentir sinal de sono. Então, resolveu ver as estrelas no terraço. Saiu do apartamento sem fazer barulho e sentou-se lá. Assustou-se ao ouvir um barulho e virou-se rapidamente:

— Cris! O que faz aqui a essa hora?

— Eu ia te perguntar a mesma coisa, Belinha. Eu perdi o sono e vim ver as estrelas. Será que posso me sentar aqui com você?

— É claro, não sou a dona do terraço.

— Você não precisa ser grosseira comigo. Se não quer a minha presença, é só falar: Desculpe, Cris, prefiro ficar sozinha.

— Se eu te falasse com todo esse jeito não seria eu, ou melhor, não seríamos nós. Nosso jeito de ser é na base da provocação – rindo.

— Ainda temos um jeito de ser nosso? Eu pensei que você nunca mais me perdoaria na vida. E confesso que senti muito medo cada vez que pensei isso. Doía demais pensar que no lugar de tanto amor, só existir ódio, ainda que exista uma linha tênue entre os dois.

— Por que se importa? Você escolheu a minha prima. Não está feliz com a sua escolha?

— Pra ser sincero, nem um pouco.

— Que pena. Mas, isso é problema seu.

— Com certeza isso é problema meu. Mas, você está feliz com a escolha que fez?

— Muito!

— Não parece!

— Como se atreve?

— Se estivesse tão feliz como diz, não estaria sozinha nesse terraço, apreciando as estrelas, logo após o seu jantar de noivado.

— Eu só fiquei sem sono, do mesmo jeito que você.

— Eu não vim aqui só porque estava sem sono. Eu vim aqui porque é aqui venho sempre que estou triste. Sabe por quê?

— Como eu poderia saber?

— Você poderia e deveria saber, já que nos escondemos aqui para namorar muitas vezes durante as nossas idas e vindas na adolescência. Trocávamos beijos até faltar o ar ou os nossos abraços não serem o suficiente para espantar o frio. Eu não me esqueci e aposto que você também não. Por isso, você veio para cá, logo após o seu jantar de noivado.

— O que está insinuando?

— Que você não está feliz com a sua escolha, assim como eu não estou com a minha. Não estamos felizes porque nos amamos e, no fundo, o que mais queremos é largar tudo e viver esse amor.

— Você está delirando...

Cris calou a boca de Isabelle com um beijo apaixonado. Ela não conseguiu resistir e cedeu, abrindo mais a boca para permitir a passagem da língua dele.

A boca de ambos parecia sedenta dos beijos, que eram frenéticos, até que Isabelle empurrou Cris, dizendo:

— Que isso nunca mais se repita! Eu sou noiva! Amo e respeito o meu noivo!

— Não foi o que pareceu – falou ele, com um sorriso irônico, lambendo os próprios lábios.

Isabelle deu um tapa no rosto dele, gritando:

— Abusado!

Ela se retirou rapidamente, deixando Cris, com a mão no rosto para trás.


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