Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira
Cris estava preso no trânsito, depois de um longo dia de trabalho, tentando chegar ao seu lar. De repente, parado diante de uma conhecida loja de alta costura, destinada a vestidos de noiva e de festas, viu Isabelle e Sam entrarem.
Sentiu um impulso incontrolável de aproveitar a oportunidade para falar com Isabelle e não se conteve. Estacionou o carro na primeira vaga que encontrou e entrou na loja, onde a vendedora logo se aproximou:
— Posso ajudar o senhor?
— Eu vi a minha amiga entrando aqui com a mãe. As duas são loiras. O nome dela é Isabelle.
— Sei quem é. A moça que veio escolher um vestido de noiva. Espero que não seja você o noivo. Ver a noiva antes do casamento dá azar.
— Sei disso. Mas, pode ficar tranquila. Como eu disse, não sou o noivo, mas apenas um velho amigo. Gostaria de dar uma palavrinha com ela. Vai ser rápido.
— Ela entrou no provador. Mas, você pode aguardar na sala do lado de fora, destinada aos familiares e amigos. Tem chá, café, biscoitos, revistas, televisão e wi-fi lá.
— Muito obrigado. Farei isso.
Cris dirigiu-se ao local indicado pela vendedora e se sentou, pegando uma revista. Ouviu a voz de Sam aproximando-se, falando com uma vendedora:
— Aquele vestido é realmente bonito, mas quero que minha filha tenha mais opções, para que esteja certa na escolha. Pode me mostrar os melhores vestidos desse lugar! O pai dela paga!
Cris levantou a revista de forma a tampar o rosto. Sam passou com a vendedora sem reparar nele.
O rapaz aproveitou a oportunidade e entrou no provador a procura de Isabelle. Apenas ela estava no local e não foi difícil localizá-la dentro de uma das cabines. Ele a abriu e a moça, trajando um belo vestido de noiva, assustou-se ao ver o reflexo dele no espelho, dizendo:
— O que faz aqui, Cristopher? Saía imediatamente! Estou provando o meu vestido de noiva! Quem te deixou entrar em aqui? Eu vou chamar a segurança!
Cris estava alheio às reclamações de Isabelle, só conseguia reparar naquela bela visão. Ele disse:
— Uau! Você está mais do que linda! Está divina! Eu nunca vi uma noiva tão linda em toda a minha vida.
— Não deveria dizer isso, considerando que já teve a sua própria noiva. Mabel, com certeza, ficaria muito ofendida se ouvisse as suas palavras.
A referência à Mabel fez Cris voltar à realidade:
— Eu não quis ser desrespeitoso. Nem com você, que eu sei que é noiva de outro, nem com a Mabel, que é minha esposa.
— Ah, claro. Você entende muito de respeito mesmo, já que me traiu com a minha própria prima.
— Eu não vim aqui discutir o passado, Belle.
— Então veio fazer o quê aqui? Até agora eu não entendi! Que assunto você tem para invadir a minha prova de vestido de noiva?
— Eu te vi entrando aqui com a sua mãe e tive vontade de vir cumprimentá-la. Perdoe-me se fui invasivo.
— Foi muito invasivo mesmo! Já cumprimentou. Agora pode ir embora.
— Sim, claro.
Quando Cris se virou para se retirar deu cara com Sam e com a vendedora, as quais retornavam ao provador com diferentes vestidos de noiva nos cabides.
Sam perguntou:
— O que faz aqui, Cristopher?
A vendedora também se manifestou:
— Não são permitidos homens nos provadores femininos. O senhor, por favor, retire-se.
Ele respondeu simplesmente:
— Já estou de saída – deixando o local sem maiores explicações.
Naquela noite, Cris não conseguiu mais tirar a visão de Isabelle vestida de noiva da sua cabeça. Quando foi se deitar, Mabel percebeu o marido com os pensamentos distantes e tentou assuntar:
— Cris, estou te achando diferente hoje, como se estivesse distante, com o pensamento longe. Aconteceu alguma coisa no trabalho?
— Só estou cansado, Bel. Talvez um pouco estressado. Você sabe, meu trabalho é de grande responsabilidade.
— Eu sei. Mas, eu conheço uma maneira ótima de acabar com o estresse – aproximando-se o marido e dando um beijo molhado no pescoço dele.
Cris sentiu um arrepio, mas afastou a esposa, dizendo:
— Eu prefiro dormir. Desculpe-me, mas preciso descansar.
— Está bem – concordou ela, frustrada, deitando-se no seu lado da cama, dando as costas para o marido, cobrindo-se e fechando os olhos.
Cris apagou a luz e deitou-se também, sem abraçar a esposa, como de costume.
Enquanto isso, no apartamento do décimo terceiro andar, Richard e Isabelle assistiam a um filme, a sós, na sala. Freddie e Sam já haviam se recolhido aos seus aposentos.
Richard começou a beijar Isabelle nos lábios, começando a aprofundar o beijo, mas a moça o afastou, dizendo:
— Vamos ver o filme, assim a gente não presta atenção. Tá na melhor parte.
Rick pausou o filme e prosseguiu o que estava fazendo, voltando a beijar a noiva e enfiando uma das mãos por baixo da blusa dela, tocando a barriga e subindo até os seios dela, por dentro do sutiã, já levantando a blusa de Isabelle.
A moça puxou a mão dele, dizendo:
— Aqui não, Rick!
— Seus pais já foram dormir, amor. Que mal tem? Você parecia gostar das nossas sessões de amassos durante os filmes no nosso apartamento em Nova York.
— Mas, terminavam em sexo no sofá ou no tapete e eu já te disse que não vai rolar na casa dos meus pais.
— Podemos ir para o seu quarto, sem fazer barulho, rapidinho...
— Não, Rick! Eu não vou conseguir relaxar sabendo que meus pais estão no quarto ao lado.
— Então quer dizer que agora vamos esperar até o casamento, mesmo!
— Isso aí – falou Isabelle, pegando o controle das mãos de Richard, e dando play no filme.
Na manhã seguinte, Isabelle teve uma surpresa no café da manhã. Ao entrar na cozinha, além dos pais e do noivo, encontrou Alison sentada à mesa.
— Acho que ainda estou sonhando – falou a loira, esfregando os olhos – Ali, aqui!
Alison levantou-se e foi abraçar a amiga, dizendo em seguida:
— Você me convidou para ser a sua madrinha, pensou que eu não viria?
— Se você não viesse, perderia o posto de minha melhor amiga, de forma irrevogável – rindo – Só pensei que você viesse mais perto da data, já que está trabalhando como estilista de uma grife em Paris.
— Consegui tirar férias e me mandei! Até porque o Greg estava ansioso para rever a família.
— Como ele está?
— Muito bem. Ainda não conseguiu uma boa colocação na área dele em Paris, mas é um ótimo dono de casa.
— Vocês não vão oficializar a união como eu e Rick?
— Pra quê formalidades? Já vivemos juntos mesmo!
Freddie se manifestou:
— Seus pais poderiam ficar muito felizes com a oficialização da união.
Alison respondeu:
— Eles nem ligam! Meu pai já era divorciado quando se casou com a minha mãe. Até firmaram o compromisso no cartório, para resguardar os direitos da minha mãe, mas pouco se importam com a família tradicional. Caso se importassem, evitariam um casamento inter-racial num País altamente preconceituoso.
Freddie ia rebater, mas Sam o chutou por baixo da mesa, fazendo-o se calar.
Sam desconversou, oferecendo comida:
— Quem quer panquecas com Nutella?
Todos se sentaram novamente à mesa, ansiosos pelas panquecas.
No final da tarde, Richard e Isabelle receberam os convites de casamento, vindo da gráfica. Era hora de pegar a lista de convidados para iniciar o endereçamento e envio.
Já era tarde da noite e os noivos ainda fechavam os envelopes. Poucos convites haviam sobrado sem destinatário. Mandaram fazer com sobra, caso se dessem conta de que alguém fora esquecido.
Richard falou:
— Tô cansado, com sono – bocejando – Acho que já terminamos aqui. Vamos dormir?
Isabelle respondeu:
— Pode ir, amor. Vou conferir a lista mais uma vez. Ainda não estou com sono.
— Está bem – concordou ele, aproximando-se da noiva, beijando-lhe os lábios e indo para o quarto dos cunhados Eddie e Nick, onde estava hospedado.
Isabelle tomou um convite nas mãos e perguntou para si própria se deveria encaminhá-lo para Cris e Mabel. Pegou a caneta e começou a girá-la com a ponta fechada sobre este, já dentro de um envelope.
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