Celle, o retorno escrita por Nany Nogueira


Capítulo 37
Precisamos conversar




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Cris e Isabelle tocaram a campainha do apart hotel, ouviam risadas lá dentro. Imaginaram que Mabel e Ellie estavam brincaram e sorriram. Mas, para surpresa de ambos, Mabel abriu a porta e ao fundo viram Richard brincando com Ellie, enchendo a menina de cócegas, enquanto ela tentava se desvencilhar, rindo muito.

Isabelle teve a primeira reação:

— O que o Richard faz aqui?

Mabel respondeu:

— Quer todos para você, priminha? Que eu saiba ele tá livre. Até penso que é meio esquisito ficar com o ex da prima, mas, veja só, você ficou com o meu ex primeiro, então, que mal pode haver, não é mesmo?

— Mal nenhum, Mabel, só fiquei surpresa.

Cris passou por Mabel sem dizer nada e pegou Ellie do colo de Richard, que, com um sorriso debochado falou:

— Bastava me pedir, não sou dado a roubar crianças alheias como uns e outros.

Ellie na sua inocência despediu-se de Richard:

— Tchau, tio Rick! – acenando e mandando um beijo no ar.

— Tchau, minha princesinha! Quando você voltar, brincamos mais.

Cris fuzilou Richard com o olhar, principalmente depois de ouvir a palavra “minha”, mas, entrou mudo e saiu calado.

Isabelle ainda tentou entabular uma conversa com Mabel:

— Prima, eu gostaria muito de conversar a sós com você, se for possível.

— Infelizmente não é, estou com o meu namorado, como pode ver. Temos planos pra hoje – indo até Richard e pendurando-se no pescoço dele, que sorriu satisfeito.

— Então quando? A audiência de guarda está chegando, precisamos entrar em um acordo...

— Não tem acordo! E você não tem nada com isso. Ellie é minha filha, embora você adore se passar por mãe dela.

— Eu nunca quis tomar o seu lugar.

— Conta outra! Você sempre quis tudo o que é meu!

— Nunca entendi essa sua afirmação.

— Até parece! Agora dá o fora!

Mabel praticamente empurrou Isabelle e fechou a porta, fazendo Cris correr para amparar a mulher, temendo uma queda no estado dela.

— Está tudo bem, meu amor?

— Está, Cris. Apesar do barrigão, ainda tenho algum equilíbrio.

— Não adianta tentar dialogar com a Mabel, ela está cada dia mais revoltada e com raiva de nós.

— E eu temo que Richard esteja colocando mais lenha na fogueira.

— Acha que ele a está usando?

— Eu não sei. Sempre tive a melhor visão do Rick. Pra mim, ele era o homem mais correto e digno do mundo, e me desculpe por confessar isso a você. Por pensar dessa forma, acabei tendo um longo relacionamento com ele, de admiração até um amor. Não na mesma intensidade do que sinto por você, mas, mesmo assim, um tipo de amor. Agora, começo a vê-lo diferente e isso muito me entristece.

— Não precisa me pedir desculpa, eu entendo. Temos nossos passados e eles só nos aproximaram ainda mais, nos fizeram ter a certeza de que amor como o nosso não pode existir com mais ninguém.

Os dois deram um selinho, interrompido pela reclamação de Ellie:

— Podemos ir comer? Tô com fome!

O casal levou a pequena ao Vitamina da Hora. Cris observava a menina se lambuzar com uma vitamina de morango e pães de queijos recheados com chocolate. Sorria para ela, que mal prestava atenção ao pai. Isabelle percebeu, passando a mão sobre a de Cris:

— Você não vai perdê-la, meu amor. Eu ainda vou dar um jeito de falar com Mabel.

— Ela não vai te ouvir.

— Não custa tentar.

— Não quero que se meta mais nisso, temo por você e por nossos bebês – acariciando a barriga dela – Me prometa que não vai...

— Só posso prometer que vou tomar cuidado. Não me peça para ver você perdendo a sua filha sem fazer nada.

Enquanto isso, Eddie ajudava Sam na instalação de um programa de computador no restaurante Gibby’s. A mãe reclamava:

— Pedi isso ao seu pai milhões de vezes, mas, está sempre ocupado demais no seu cargo de direção na Microsoft, mal tem tempo para a esposa.

— O papai anda mesmo bastante ocupado, comentou comigo sobre alguns problemas com prazos, faturamento, essas coisas... Apenas dê um tempo para ele. Você deve saber melhor do que eu o quanto ele te ama depois de 25 anos de um casamento feliz – sorrindo para a mãe.

— Já vi isso antes e não gostei. Começa a se enterrar no trabalho e se esquece da família. Vou chamar o nerd à razão já, já.

— Terminei, mãe. Pode testar.

Sam abriu o programa e ficou satisfeita com o resultado, dizendo:

— É sempre bom ter um filhote de nerd – rindo e dando um beijo na bochecha do filho em agradecimento.

Sam sentia falta da atenção e do carinho constante de Eddie com ela, fora assim desde os primeiros passos e palavras. Mas, entendia a necessidade dos filhos baterem asas.

Nick entrou no recinto apressado e sem dizer nada, abraçou Eddie, que comentou:

— Aconteceu alguma coisa? Todos parecem carinhosos comigo hoje, até o irmão que me detesta. Vou morrer e não estou sabendo?

Sam ralhou:

— Vira essa boca pra lá. Já decidi que vou morrer antes de todos os meus filhos!

Nick olhou para Eddie, tinha lágrimas nos olhos:

— Se alguém merece morrer sou eu, por ser tão estúpido com um irmão tão bom! Eddie, você me perdoa?

— Pelo o quê?

— Por tudo! Por te tratar mal, por te virar a cara e, principalmente, por impedir o seu namoro com a mulher da sua vida, por uma disputa infantil. A mãe sempre conta o quanto eu disputava as coisas com você, começando pela chupeta, tem até um vídeo que o pai gravou – rindo – Mas, já chega disso. Você sempre teve razão, eu não amo a Valentina, não tanto quanto você. Ela também te ama. Não é mais justo que eu fique entre vocês.

— Como chegou a essa conclusão?

— Eu a encontrei no hotel – tirando um cartão do bolso – Aqui está o endereço, não perca mais tempo, ela não vai ficar muito tempo na cidade. Corra!

Eddie abraçou o irmão. Sam pegou a chave de sua moto, dizendo:

— Não sou muito de emprestá-la, mas, é uma emergência. Guie com cuidado.

Eddie beijou a bochecha da mãe, pegou a chave e correu para fora do restaurante.

Sam abraçou Nick, falando:

— Você deixou a mamãe muito orgulhosa!

— Até que um dia – rindo.

— Não foi a primeira vez que me deu orgulho, mas, a partir de agora, prometo lhe dizer mais vezes – beijando-o na face.

Valentina terminava de se arrumar para ir ao Congresso quando ouviu a campainha no quarto, imaginou que fosse Nick e abriu a porta de cara amarrada, mas, logo percebeu que se tratava de Eddie, abrindo um sorriso. O rapaz perguntou:

— Podemos conversar?

— Eu estava de saída, mas, se você for breve.

Eddie entrou e Valentina fechou a porta.

Num apart hotel de Seattle, Isabelle também batia à porta. Ela esperou Cris sair para a Marinha, deixou Ellie com Sophie e retornou à procura da prima. Mabel abriu a porta contrariada:

— Já disse que não temos nada a conversar.

Isabelle colocou força na porta, como há tempos não usava. Percebeu que sua força física além da média feminina subsistia. Mabel não conseguiu impedir a entrada da prima, que se sentou numa das poltronas, olhando em volta, percebeu que Richard não estava e determinou:

— Feche a porta, temos muito o que conversas, a sós.

Mabel, sentindo-se intimidade, obedeceu à Isabelle, sentando-se diante dela em seguida.


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