Mistérios de Frost Ville - II escrita por Isa Holmes


Capítulo 5
Tesouro, tesouro, tesooouuuro!


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi! Me desculpe a demora, viu? Obrigada por lerem. Espero que goste!

Para quem gosta de ler com música de fundo: https://www.youtube.com/watch?v=3_cnug2Duac



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O grupo estava junto bem no meio da sala, todos lado a lado, de costas um para o outro, olhando para as paredes todas rabiscadas e rebuscadas dali. Uma sensação estranha passava pelo corpo de cada um deles e pensamentos batucavam como um tambor teimoso. 

Eles sentiram novamente uma nova realidade. Uma nova noção

Quando alguém te diz que existe um elefante e você vê imagens, você acredita. Mas não sabe a exata sensação de estar perto de um. Não sabe seu cheiro, sua temperatura, sua exata altura, e até mesmo a sensação de sua pele. Você não tem noção daquilo. Quando o vê pela primeira vez ao vivo e em cores — numa viagem, numa atração no zoológico e talvez até em uma expedição — e o acaricia, olha direto nos seus olhos, a realidade é diferente. Existe uma nova certeza. A noção vem. Alguém pode te contar da morte, como ela é, como ela vem e o que ela provoca. Você vai acreditar, mas novamente, você não sabe a sensação de perder alguém quando nunca perdeu nem um ente querido ainda. Mas quando acontece, quando alguém morre, a realidade muda novamente, a pior noção invade. Você sabe que esta pessoa nunca vai voltar e conhece a dor da perda. O mesmo acontece sobre um acidente (na verdade o mesmo acontece sobre tudo). Você vê na televisão, ouve histórias, sabe que acidentes podem acontecer, mas a real certeza e noção vão se concretizar quando bater o carro pela primeira vez e sentir seu corpo tremer de medo e ansiedade. Quando tiver vontade de chorar, achar que vai morrer e de repente ficar com a bexiga apertada e sentir que vai fazer xixi na calça.

 Uma nova noção havia sido aberta para os seis ali reunidos. Em livros de história existe histórias de tumbas perdidas, torres secretas, pirâmides com imagens e escritas egípcias. Em jogos e filmes existem expedições arqueológicas com uma bela donzela, um galã arqueológico e um professor. Ou talvez uma exploradora, um cara fortão e o magricela medroso. E um vilão (sempre tem um vilão). Todos sempre encontrando segredos em florestas, tumbas, ilhas e templos. Todos desvendando códigos e segredos gravados em paredes, placas, pergamingos antigos e mapas. 

 Esses códigos. Esses desenhos. Esse segredos que um dia os sete pensaram apenas ver em aulas, filmes ou naquele jogo super esperado do ano, estavam bem a sua frente. E mais uma vez uma nova realidade os engoliu e abriu seus olhos. Eles adquiriram noção daquilo. De que estas histórias poderiam ser reais.

 — Inacreditável... — disse Soluço após um longo minuto de admiração.

 — Nós precisamos afastar os armários e as estantes das paredes. — Merida indagou. Ela aproximou mais a lanterna de luz negra das paredes. Enrugou o cenho, passou os dedos por sob as escritas e disse: — Espera, espera... Estão em alemão. Elas estão em... alemão?

 A luz voltou e eles mergulharam numa iluminação amarelada e aconchegante. Merida desligou a lanterna e os desenhos e escritas sumiram em segundos. A sala havia voltado ao normal, com a mesma aparência de quando chegaram e com a mesma aparência de mais cedo, quando invadida por policiais. Ali haviam segredos, mas eles já não os viam mais. 

 Wilbur encarava Merida incrédulo, com suor brotando na testa e melando seu rosto. Ela percebeu.

— Perdeu alguma coisa na minha cara ou o quê?

 — Da onde diabos saiu esse negócio!? — sibilou Wil — Merda, você deduziu que podia ser mais de uma coisa. Você disse que podia ser uma caneta. Você esteve aqui ontem à noite com ele! Porra, Merida. O que você sabe!?

 — Espera, espera, espera. Tira esse seu cavalinho da chuva. Eu ainda não sei de nada. Ugh, merda, desculpa — ela suspirou e desabou na cadeira — Eu ia esperar a hora certa pra contar. Eu falei para Jack, mas. Olha, ele me deu um livro para estudar ontem à noite, entendeu? E aí quando cheguei em casa tinha uma planta dentro dele. Uma planta da escola. Junto ele me deu uma caneta. Disse... disse que era pra dar sorte e essa coisa toda, sabe? Disse que tinha muitas. Ele me deu essa. Não pediu de volta. Não me deixou escolher e ainda insistiu que eu ficasse com ela. Eu já estava bem cabeça quente com a planta, mas tentei pensar que podia ser nada de mais, que ela estava ali sem querer. Pelo menos eu queria acreditar nisso.

 Todos estavam mais perto. Então Merida continuou:

 — Aí David me chamou e quando fui assinar os documentos dizendo que colaborei com toda aquela baboseira eu usei essa caneta, mas ela não escrevia. Eu questionei, achei a lanterna. Para mim, não podia mais ser por acaso, principalmente quando chegamos. Soluço disse que era mais de uma coisa. O livro. A caneta. Talvez a planta? Com certeza. E os códigos? Talvez os códigos e não a caneta. Não sabemos até aonde o suspeito tem conhecimento desses dados. Mas uma coisa pra mim parece óbvia. É grande. O professor sabia o que estava por vir. Ele quis esconder. Aproveitou a deixa e cá estamos nós com essa merda de caneta e esses dados e segredos e...

 — O que será que isso leva? — perguntou Jack e duvida brotou nos olhos de todos.

 —  Nós vamos descobrir —  Merida indagou —  Nós vamos deter quem for —  e então esticou a mão e, um por um, todos esticaram também.

 Silêncio por um momento. 

 — Você disse que o que está escrito está em alemão — Soluço questionou, ajeitando os óculos — Como vamos saber o que está escrito e o que procuramos?

 — Eu ainda não analisei o mapa direito. Quero dizer, analisei, mas não vi nada. Talvez tenha coisas escritas com a caneta também. Eu peguei um molho de chaves da gaveta, acho que são as chaves da casa do professor. Podemos ir lá ver se encontramos algo e voltarmos aqui outra hora. A janela está quebrada e as aulas foram suspensas, acho que temos bastante tempo.

 Soluço perguntou então da planta e se eles poderiam ver.

 — Meus pais saíram, meus irmãos não vão dormir em casa hoje. Se quiserem dormir em casa para aprofundarmos isso, eu topo.

 Rapunzel agradeceu o convite, mas negou, seguida de Violeta que teria que cuidar dos dois irmãos ainda a noite. Wil(creeeck)bur negou. No dia seguinte ele e o pai iam (tak tak tak tak) pescar. Os únicos que podiam (e iam) era Jack e Soluço. Eles

 — ouviram isso!? — sussurrou Merida em meio a surpresa — Tem alguém vindo. Precisamos ir!

 E nas pressas eles apagaram as luzes, desceram na trepadeira um por um (saltando e saindo no gramado aberto) e saíram correndo em passos silenciados pela grama até a próxima quadra. Quando pararam, estavam ofegantes. Estava um frio incomodo, igual quando está tudo muito quentinho e então é necessário abrir a geladeira e sentir o gélido esfriar a ponta do nariz.

 — Uff — Wilbur fez um gesto limpando suor imaginário da testa (talvez não tão imaginário) — Achei que ia acabar me mijando. Então, boa sorte aí pra vocês, viu? Eu preciso ir, se minha mãe ver que não estou na cama vou ter que ficar limpando sujeira de sapo por uma semana inteira — e então Wil foi o primeiro a sumir na noite, mas antes fez um gesto como se segurasse um telefone no ouvido (Me liguem!)

 Logo Violeta despediu-se com um aceno e Rapunzel com beijo nas bochechas.

 Jack, Soluço e Merida seguiram uma boa caminhada até a casa da garota que, assim que em casa, tirou os sapatos, jogando-os de lado, subiu as escadas e jogou a mochila na cama. Antes dos amigos entrarem, escondeu algumas roupas jogadas no cesto de roupa, jogou algumas revistas de moda no armário e escondeu seu caderno de anotações para debaixo da cama. O quarto era grande o suficiente para dois sacos de dormir modernos e confortáveis envolverem o chão. Os três arrumaram seus ninhos, trocaram suas roupas por camisetas velhas e calças de algodão e pediram pizza numa pizzaria 24hrs da cidade (que não era a melhor pizza, mas pela fome que sentiam dava para o gasto).

 Merida estava sentada em sua cama. Jack e Soluço, em cima de seus sacos de dormir. Comiam enquanto Merida explicava melhor, com pausas e ênfases tudo o que havia exatamente acontecido até aquele momento. Em meio a toda tagarela, com as panças cheias e a pizza já fria e quase terminada, eles levantaram — Merida com a caneta na mão — e se aproximaram da planta colada na parede. Por um instinto (algum instinto) eles deram as mãos, os três, e a garota acendeu a lanterna. O mapa brilhava e ali estava

 (ali estava ali estava ará!

 códigos, escritas, mais códigos, mais escritas, desenhos e desenhos e desenhos e

 — Algumas partes não estão em alemão — disse Merida — Aqui. Aqui diz "passagens secretas" e aqui diz "cuidado!" e aqui em cima diz "Tesouro, tesouro, tesooouuuro!"


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Notas finais do capítulo

E então, o que achou, huh? Comente e me conte!



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