Mistérios de Frost Ville - II escrita por Isa Holmes


Capítulo 10
Puro rock n' roll e sopa de ervilha


Notas iniciais do capítulo

Oi ≧ω≦

Depois de muito tempo eu estou de volta de novo e agradeço a uma nova leitora muito gentil e amigável do spirit que me fez refletir e a criar coragem de continuar a história ٩(^ᴗ^)۶

Espero que gostem e que essa energia positiva atraia novos leitores ♡^▽^♡



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Quando a chuva começou a respingar no jardim do departamento de polícia de Frost Ville, o relógio de pulso de David Campbell havia dado 00h20, obrigando-o a bater o ponto da noite. Quando a madrugada virou para 00h45, um mendigo com uma garrafa de aguardente gritava com o próprio reflexo da vitrine da cafeteria São Leopoldo, perto da loja de discos de vinis da esquina da rua Crowe. Cinco minutos mais tarde, uma lata de lixo foi derrubada por um gato no beco e dez minutos depois, cinco adolescentes bêbados, incluindo Eddie Coleman, Sean Cruz e Sammy Scott – que teriam teste de álgebra na manhã seguinte -, cantavam Crazy de Gnarls Barkley de dentro de uma Kombi alaranjada que pertencera a mãe de Sammy anos atrás.

Assim que o relógio de pendulo da casa de Jack Frost bateu as uma da manhã, Sammy Scott vomitou toda a mistura de vodka, cerveja e batatas chips que havia ingerido ao longo da noite na festa de puro rock n’ roll de Timmy Turner. Enquanto Sean segurava os cabelos de Sammy e Eddie ligava o som do rádio em um volume mais alto para não ouvir o som nojento de comida moída jorrando na sarjeta da rua, Merida sentia a cabeça doer.

— Você acordou. Graças a Deus.

Apesar da madrugada cheia de essências em Frost Ville, nem o cheiro das plantas molhadas do departamento de polícia, a divertida festa de puro rock n’ roll de Timmy Turner e nem o odor de baseado que a Kombi de Sammy Scott exalava loucamente era deliciosamente comparado com o cheiro reconfortante e provocante de sopa de ervilha que infestava o quarto de Soluço Haddock as uma e meia da manhã.

— Soluço?

Um raio atravessou a janela envidraçada do quarto e o barulho do batuque da chuva ficou mais forte no telhado. Soluço levantou da cadeira giratória da escrivaninha de seu computador e sentou na beira da cama em que Merida estava. Banguela ronronava e cruzava entre as pernas de seu dono.

— Quem fez isso? — perguntou Soluço, preocupado e impaciente. Ele apontou para o braço de Merida, fazendo-a instintivamente seguir os olhos na mesma direção.

O que pela última vez na noite Merida havia visto como um inacreditável buraco de bala, agora havia sido coberto com muita afeição por algumas gazes e um esparadrapo.

— Eu te encontrei desmaiada na sarjeta do colégio. Trouxe você pra casa e avisei seus pais que iria dormir aqui. Meu pai foi viajar e eu fiz sopa.

Merida em um minuto estava vermelha, em outro, branca.

— Voce ligou para o David?

— Quase.

— Quase?

— Eu não liguei. Estava esperando você acordar para pelo menos dar um relato do que...

— Nós não podemos ligar para ele.

Soluço enrugou o cenho e limpou o suor das mãos na calça. Mais um raio atravessou o céu nublado e tanto Merida, quanto Banguela deram um salto assustado com o trovão seguido.

— F-Foi o Mike. Eu... Olha, eu estava lendo, fui parar no colégio e estava aberto. Eu achei que pudesse dar uma olhada, ver o escritório do professor de novo, ver as escrituras nas paredes e na mesa, mas Mike estava lá, Soluço. Com uma arma. Ele começou a me fazer perguntas e a me ameaçar. Falou que está sendo subornado e que vai ficar com parte do tesouro. Ele mesmo disse assim. Tesouro. Disse que também sabia o que sabíamos. Que ela o havia contratado para dar um jeito em nós e que queria que eu desse imediatamente o mapa para ele. Ele sabe do mapa. Disse que se eu contasse pra alguém, se eu contasse para alguém, que ele mataria vocês e... e...

O céu brilhou e cantou mais uma vez com a trovões e a chuva forte. Não tardou e a campainha tocou, arrancando também vibrações do celular de Soluço Haddock. Ele levantou e Merida o segurou abruptamente pelo braço.

—Não abre. Pode ser...

— É o Jack — ele interrompeu, indiferente — Eu liguei pra ele. Ele estava tentando te ligar a noite toda. Quando contei o que aconteceu ele disse que viria.

Soluço se soltou da pegada fraca de Merida e desceu as escadas. Ela ouviu murmúrios no andar de baixo, uma batida de porta e olhou para o celular em cima da cômoda. Com dificuldade, pegou o aparelho e desbloqueou a página principal, revelando vinte e duas chamadas de Jack Frost. Num suspiro, Merida levantou da cama devagar e Banguela soltou um miado longo e agudo. Conseguia ouvir os dois melhores amigos se aproximando do quarto enquanto colocava o celular de volta na cômoda.

Quando atravessou a soleira, Jack correu para abraça-la e Merida não conseguiu conter um resmungo pelo braço atingido.

— Eu vou matar aquele desgraçado metido a besta — Jack sibilou, se jogando no puff do quarto de Soluço — Eu não acredito que David não pode estar sabendo disso, Merida.

— É por segurança. Nós...

— Segurança? Olha só a segurança. Você foi baleada por esse...

— Jack, temos que ir até o fim com isso. Eu acho que agora sei o caminho certo.

Em questão de minutos a mochila de Merida estava jogada no chão e três tigelas de porcelana com restos de sopa de ervilha estavam empilhadas em cima da escrivaninha de Soluço. A foto da planta do colégio da cidade estava aberta e ampliada no celular de Jack e os três estavam sentados em círculo em cima da cama de Soluço.

— No escritório do sr. Brown tem uma entrada secreta para algum tesouro. Nós temos que pegar o mapa real na minha casa, pegar a caneta e ver aonde é. Se ele estava louco atrás do mapa, então nós temos o objeto mais valioso para esta investigação. O que concluí mais uma vez que quem estava atrás de algo na sala do nosso professor realmente estava atrás disso. E agora sabemos que este alguém é nossa professora de artes e provavelmente uma gangue de adolescentes.

— Gangue?

— Mike disse que não estava sozinho. Quantos mais ali de dentro vocês acham que fariam algo por uma grana preta?

Tanto Soluço quanto Jack deram de ombros.

— A única chance de acabarmos com isso é acharmos nós mesmos o tesouro. O sr. Brown não deixou o mapa comigo por algum acaso. Ele sabia o que estava fazendo. Pensando nessas circunstâncias ele queria que eu, ou até nós, encontrássemos ou protegêssemos isso. E nós vamos.

— E quando acabar — concluiu Jack — Mike vai pagar.

Merida sorriu e concordou.

— Mas agora nós precisamos de um plano, e eu sei exatamente o que fazer.


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