Mais que amigos Romance LGBT+/Gay escrita por Ronney Gomes


Capítulo 1
Capítulo 1




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Eu precisava dizer um último adeus. Eu sabia que a culpa de tudo aquilo era minha. Afinal, sempre era culpa minha. Eu sempre magoava-os. Perguntava-me todos os dias o real motivo de eles continuarem a serem os meus melhores amigos.

Avistei-os vindo na minha direção, porém, eu tinha a total certeza de que eles não estavam vindo para falar comigo. E eu estava certo. Eles passaram por mim, mas nem ao menos olharam para a minha cara. Até pensei em pará-los, pedir desculpas, mas desisti. Não julguem-os. Eu no lugar deles já teria afastado-se de mim há um bom tempo.

Após me despedir de alguns professores que eu admirava, e de alguns colegas de turma, dei o meu último adeus àquela escola. Eu queria muito ter despedido-me da Alice, mas ela nem ao menos olhava para a minha cara.

Ao sair da escola, meus pais me esperavam. No carro, estavam a minha irmã, Megan, e o meu irmão, Ross.

— Se despediu deles, Trevor? - perguntou mamãe, curiosa.

— Sim. - menti, sem ânimo algum. Eu me sentia mal por mentir para minha mãe, e por saber que estou indo embora para outra cidade sem nem ao menos dizer aos meus amigos que sentia muito.

— Bom... você já se despediu dos seus amigos, então é melhor nós irmos embora, ou iremos chegar em Overland somente amanhã. - brincou papai, enquanto tirava o carro do estacionamento.

Megan, assim como eu, não tínhamos gostado da idéia de nos mudarmos - pelo menos nisso nós concordavamos.

Senti algo vibrar no meu bolso, meu celular. Era Nicholas ligando. Eu não sabia se seria uma boa idéia atender essa ligação, visto que os acontecimentos anteriores não foram muito bons. Então, decidi ignorar a chamada e colocar o celular de volta no bolso.

Enquanto eu encarava a paisagem passando rapidamente na janela, eu lutava para manter meus olhos abertos. Mas acabei perdendo essa luta, e o sono ganhou.

"Eu odeio você, Trevor! Sabe o que você é? Um grande merda! UM GRANDE MERDA!" - foram as últimas coisas que ouvi antes de acordar. Nem nos meus sonhos, consigo escapar dos erros que cometi.

***

— Chegamos! - falou papai com um tom... entusiasmado? Não é possível. E parece que ele não é o único, mamãe e Ross também parecem estar bem animados com nossa nova casa.

Desci do carro, e então dei-me conta do motivo pelo qual eles estavam tão alegres: a casa era deslumbrante. Velha, porém, deslumbrante. Não tanto quanto a nossa antiga casa, ou a casa do vovô, mas mesmo assim continuava muito bonita.

— O que acharam? - papai nos abraçou. Eu não queria desapontá-lo, então a única forma de deixá-lo feliz foi mentindo.

— É muito... bonita! - falei, tentando soar o mais verdadeiro possível. Eu odiava mentir para os meus pais. Sempre fomos o tipo de família que sempre estava aberta ao diálogo; sem mentiras, sem segredos, sem omissões... e ele estava muito feliz, não queria estragar isso.

— Eu também achei, papai! - Ross correu em direção aos degraus, subindo aos risos. Minha mãe abraçou meu pai, dando-lhe um beijo. É, eu não posso estragar isso.

Megan também havia pensado a mesma coisa que eu, pois de todas as nossas discordâncias a idéia de morar em outro lugar, que não fosse a cidade grande, era extremamente insana. E até aquele momento ela não havia dito nada. Apenas abriu um pequeno sorriso, que para os meus pais já estava de bom tamanho.

Não demorou três minutos até vermos o caminhão da mudança entrando no nosso quarteirão. Neste momento, um garoto que aparentava ter a mesma idade que eu, estava chegando de bicicleta em sua casa. Ele olhou para mim, deu um breve sorriso e seguiu caminho até os fundos de sua casa. Ele não me deu oportunidade de retribuir o sorriso, o que me deixou um pouco constrangido. Talvez, ele estivesse com pressa.

Eram oito horas e meia da noite e nossas coisas já estavam todas arrumadas, quer dizer, faltavam apenas desempacotar algumas caixas com talheres e copos. Mas isso era o de menos. O nosso jantar havia sido pizza. Meus pais não estavam dispostos a cozinhar nada para comermos à noite, então a nossa salvação foi encontrar alguma pizzaria perto de nossa casa. Após termos jantado, subi para o meu quarto. Era a primeira vez que eu observava-o com clareza.

Ele era grande o suficiente para organizar as minhas coisas, que iam de: pequenos criados mudos à eletrodomésticos. Nas janelas haviam piscinianas amarelas; minha cor preferida. A pintura era um branco pérola, com alguns detalhes dourados. O piso era o meu preferido: madeira. Fui em direção ao banheiro, e não havia mais nada do que eu já imaginava. Sinceramente, preferia ter ficado com a paisagem do lado de fora da casa, e tenho certeza que Megan concordava comigo. Gargalhei com o meu pensamento enquanto tirava as roupas para tomar banho. Pelo menos o chuveiro tinha água quente.

Depois de ter tomado um ótimo e aliviado banho quente, joguei-me na cama. Estava exausto. Escutei um barulho vindo do lado de fora. Relutei para não levantar, a cama estava tão aconchegante, mas a curiosidade foi o que deu-me forças para levantar e ir averiguar o que era. É claro que eu olhei apenas pela janela.

Lá estava ele. O garoto que eu havia visto mais cedo. Ele estava com outros dois garotos, pareciam ser seus amigos. Eles riam muito. Todavia, o meu olhar insistia em fixar-se apenas no garoto que eu tinha visto mais cedo. Até que um deles percebeu e apontou com a cabeça em minha direção. O garoto, meu vizinho, olhou para mim e acenou com a cabeça. Um frio percorreu minha espinha. Senti meu estômago apertar. Corri em direção a cama, jogando-me novamente na mesma.

O meu celular voltou a tocar, dessa vez era uma mensagem:

"Eu sinto muito, Trev. De verdade."

Nicholas não desistia. Eu o amava, mas a nossa relação era errada. Foi errada. Não podíamos continuar, pois eu não queria magoar ainda mais a Alice.


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