Desafogo escrita por Ameume


Capítulo 1
♡ . único


Notas iniciais do capítulo

PRINCESA ♡♡♡ (desculpa, mas princesa grudou comigo e não consigo parar de te chamar assim, aceite). Gabi, a gente se conheceu no finalzinho do ano passado e só começou a se falar mesmo esse ano, mas você é uma pessoa carismática, divertida, animada, seu jeitinho de ser me conquistou rápido pq é o efeito princesa sabe? nobody can resist kushdjhcs. Eu já amo você minha gêmea mineira ♡♡♡♡♡ (você é mineira né? ai gente não lembro). Muito obrigada pela sua amizade, e eu espero que a gente mantenha ela até o restos das nossas vidas ♡♡♡♡
LEMBRA AQUELA FIC KUNIAKI? ENTÃO, TERMINEI ELA E ACHO DIGNO QUE ELA SEJA SUA U.U
Como todo mundo sabe a aparência da Yosano, descrição não é necessária e todos tem sua imagem de sereia, portanto, deixo isso à imaginação do leitor u.u



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763659/chapter/1

Kunikida estava cansado.

Ele repetia para si mesmo seu estado físico e mental. Era, não só um fato como também, uma alternativa de lucidez. Sua mente estava entorpecida pelo sono que o forçava a deitar em qualquer superfície que fosse possível para ele tirar um cochilo, ou dormir profundamente, sem se importar se iria acordar. Era por aquela razão que a mulher à sua frente tinha cauda, pois estava tendo alucinações.

“Certo, podemos fingir que está alucinando. O que o traz ao rio tão tarde?”

A bela mulher, vinda dos seu subconsciente, sorriu gentilmente.

Ele deveria pensar racionalmente. Era uma mulher sentada nas pedras à beira do rio, com uma cauda. Ele estaria melhor na fonte termal, para onde ele realmente havia viajado em prol do seu merecido descanso e sanidade mental.

Kunikida suspirou, sentando lado a lado à ela. Ele deixou os ombros relaxarem e começou a falar.

Naquela noite, ele não voltou às termas. O céu gradualmente se tornava azul claro, mas a neblina estava densa, tornando a visibilidade um tanto ruim, no entanto, Kunikida conseguiu andar sem problemas até as termas. A gerente se preocupou com onde ele teria passado a noite senão no quarto e Doppo apenas respondeu que esteve com um velho amigo, seguindo para o quarto logo após. Pela primeira vez em três meses, Kunikida dormiu profundamente toda a manhã, e apesar de sentir que todo seu horário biológico seria afetado drasticamente, assim como sua agenda havia sido atrapalhada, ele sorriu fazendo a refeição do meio do dia.

Doppo voltou ao local da noite anterior, ele tinha certeza do caminho apesar da sua proclamada mente não lúcida.

Akiko estava sentada no mesmo local, e Doppo poderia dizer que não acelerou os passos ao vê-la sorrir em sua direção, acenando, mas ele o fez.

Ele contou para ela toda sua vida, não por ordem cronológica, encaixando os fatos pouco a pouco, e ao fim do seu relato, ela lhe disse, com pesar: “Por que você vive uma vida tão triste?”

Sinceramente, Doppo não soube responder, porque, no fundo, ele também não sabia. Talvez, eles apenas desejasse a estabilidade, o dinheiro para pagar suas contas.

As pessoas na cidade se orgulhavam dos seus empregos fixos em escritórios abafados e cheios, da igualdade e falta de singularidade. Kunikida se considerava uma dessas pessoas. Por mais que não vivesse preso à uma mesa e cadeira em uma empresa, ainda se via preso à mesa e cadeira do seu quarto, escrevendo texto após texto.

Na infância, Doppo gostava de escrever, fora a paixão que o levou até sua atual profissão, mas no momento que ele era cobrado mais e mais, o amor se esvaia lentamente para fora do seu corpo, deixando nada mais do que a pressão do prazo de entrega para o novo poema ou livro.

Ainda guardava os poemas infantis que havia feito, assim como as confissões escolares que nunca entregou, poesias cheias de sentimentos que nunca enviou para competições, manuscritos dos seus livros que não faziam o “estilo do escritor Kunikida Doppo” e nunca saíram do seu armário para irem à um editor. Aqueles eram seus trabalhos preferidos, daquele Doppo que ainda tinha um sentimento bom em relação à escrita, e eles os mantinham consigo para lembrar de que ele escolheu aquele caminho, e que podia trilhá-lo mais um pouco.

Akiko lhe deu um sorriso gentil e de compreensão à sua falta de resposta.

“Você não parece do tipo que fica sem uma frequentemente, é interessante.”

Kunikida sorriu por mais que sua imagem fosse ficar ofendida.

Quando disse que estaria indo para a cidade na manhã seguinte, ela pediu que ele lhe fizesse uma visita algum dia.

“Quando se sentir pressionado novamente, não acha que o melhor que poderia fazer é buscar alívio mental em algo saído fantasioso?”

Por um momento, ele esquecia que, de fato, sendo real ou não, ela ainda era um ser mitológico, mas para ele, ela apareceria ao seu lado nos momentos de exaustão.

O que não aconteceu.

Não teve o toque morno da mão feminina no seu rosto quando Doppo, extremamente cansado, deitava à cama. Não ouviu as risadas contagiantes após uma péssima piada nível Ranpo, mas que na voz da mulher, Kunikida a achava engraçada. Ele não tinha qualquer companhia no apartamento frio de paredes finas Dazai nunca foi uma visita agradável. Então, vagarosamente, Kunikida sentiu a abstinência. Cada efeito era mais forte que o anterior, com mais saudades e paixão latente, até o desespero causado pela agonia. Doppo precisava ver Yosano mesmo que sua mente ainda lúcida sussurrava “oh, você caiu no encanto da sereia”, e ele sabia que sim. Qualquer vício seria ‘curado’ com a ausência do uso, contanto que Doppo não a visse, ele sabia que ficaria melhor, porém a questão infeliz era que ele não queria resistir. Akiko era a primeira pessoa que ele desejava a companhia, que ouviu e entendeu seus problemas que Dazai não dava a mínima e Ranpo não sabia dar conselhos sobre, ela foi a primeira distração que teve em anos, e tomou a atenção dele, algo que não acontecia há um longo tempo. Ele estava sentindo a ausência de uma pessoa ao seu lado, definitivamente, entretanto, Yosano era uma candidata à preenchimento da posição acima dos seus ideais.

Enfeitiçado ou não, Kunikida se perguntava por que ele era obrigado a viver à base da regra, preso à um emprego por necessidade, formando uma família e vivendo em prol dela pelo resto da vida ou até o divórcio. Ele pensou naquilo quando comprou as passagens de trem para a região montanhosa para onde uma vez encontrou a mulher mais bela que Doppo já havia visto em seus longos 26 anos. Yosano foi a melhor e mais excitante coisa em sua vida, e se aquele não era motivo plausível para suas ações, então Doppo já estava à beira da redenção.

Não fez check-in na fonte termal, e caminhou com a pequena mochila que levou com comida pelas árvores densas onde a luz solar entrava por dente as folhas.

Era uma paisagem esplêndida, e Doppo estava decepcionado que teve de ser encantado para ver a beleza das coisas, ele gostaria de tê-las descrito em palavras com tinta em um papel.

O sol refletia contra o rio, iluminando o local, e à beira dele, Yosano sentava no mesmo lugar em que esteve nas noites que desfrutaram juntos conversando.

Sereias então não eram afetadas pelo sol. Aquele foi seu último pensamento com lucidez. Não levou dois segundos para Kunikida perder qualquer raciocínio quando as íris densamente roxas de Yosano encontraram os seus.

Ele não precisou dizer um motivo, dar desculpas ou bom dia, Yosano não precisava de palavras fúteis para entender que ele ficaria daquela vez, mas para aqueles que ele deixou, Kunikida fez o favor de escrever seu último trabalho sobre o amor em forma de sereia que ele encontrou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

[fun fact: quando você me deu a fic kuniaki de aniversário eu comecei a rir de desespero e por diversão mesmo, porque até nisso a gente pensou igual jdcgbhs. (é, eu já planejava fazer esse coisa das fics pras minhas amigas bem antes do meu aniversário jhdcbsjhg.)]
Leitores-não-gabi, obrigada por ler!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Desafogo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.