Meia hora passada após todas as luzes da casa serem apagadas, Francis andava sorrateiramente pelo quarto, pulava a janela e caia na grama fofa do jardim. Era um trabalho difícil não fazer barulho algum, mas ele dava seu melhor para atravessar o jardim e entrar no quintal do vizinho.

Louisa estava lá com um sorriso de orelha a orelha e o rubor característico do seu rosto. Francis sentava ao lado dela e ali eles ficavam olhando as estrelas que iluminavam a noite, sem uma única palavra dita para o outro, porque aprenderam com 10 anos naquela rotina que seus pais jamais poderiam saber que eles passavam as noites debaixo às estrelas ao invés dos cobertores.

Sua atenção era facilmente tomada pela beleza que era Louisa sorrindo como se estivesse em uma conversa particular com as estrelas, e Francis não se importava em saber o assunto se ele poderia admirá-la, porque, era o típico caso de sentimento platônico, ele a amava tanto que tinha medo que qualquer instante sua amiga desaparecesse. Apesar da tamanha admiração que ela tinha por ele, e por mais egocêntrico que Francis pudesse ser, não entendia o que ela admirava nele, nem queria ela. Admiração era apenas aquele sentimento plano que não se tornava amor não importando quantos pedidos Francis tivesse feito à todas as estrelas que já viu daquele quintal desde os 5 anos.

Mas ele a queria perto de qualquer forma. Francis tinha uma imensidão escura no seu peito e a presença dela eram as estrelas que faziam dele o céu vivo à noite. Então, ele não fazia a confissão apaixonada que queria, não a beijava com amor debaixo da chuva que costumava cair no verão, não entregava os tantos textos, cartas, poesias e poemas que escreveu para ela e sobre ela, não por vergonha, mas pelo medo da rejeição. Francis só queria manter aquele momento à sós que tinham, como uma rainha manteria suas mais preciosas jóias, como alguém que queria continuar podendo amar.

No momento que o alvorecer tomava conta dos céus, seus olhos não estavam mais fixados na amiga de infância, e aquele era seu maior erro, daquela forma Fitzgerald não notou que Louisa também o olhava como se ele fosse o sol do vazio degradê de tons pastéis do seu coração.

Mas para sorte de ambos, Margaret era observadora, impaciente, e insensível à sensibilidade alheia, e não deixou que eles acabassem em presos na aparente paixão platônica.