Justiça escrita por jeancoelho


Capítulo 5
Capítulo V - Decepção


Notas iniciais do capítulo

Rodada 5, tema "Decepção".



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O Santi Escritórios era um grande prédio de 20 andares no centro da cidade próximo á baía. O salão principal era amplo e iluminado e fiquei ali mesmo enquanto a senhora Oliveira subia para a reunião. Entrar no estabelecimento me fez lembrar a angustiante cena do senhor Oliveira saltando e me fez questionar minha ação naquela noite, mais do que a revelação que Gian fizera alguns minutos atrás.

Naquele momento da descoberta cogitei esquecer tudo, deixar a mulher no carro e voltar para o batalhão. O sentimento de culpa foi tamanho que desejei que não tivesse ajudado Eduardo naquela noite. Sabia que mesmo que eu não tivesse dito aquelas coisas ou nem tivesse aparecido ele tentaria saltar, mas não foi o que aconteceu. Eu estava lá, eu tentei salvá-lo, eu procurei argumentar e ele se jogou. Se eu já estava envolvida com o que ocorrera, a culpa agora me aprisionava no caso.

E por isso eu não fui embora. Eu devia àquela mulher e tentaria pagar, nem que fosse com meu esforço. Descobriria o que acorrera com seu marido, mesmo que para isso, eu acabe sendo expulsa da corporação e incrimine-o por um crime antigo. E a isso eu devia a Gian, que sentava em uma poltrona próxima á minha, de pernas cruzadas, vizualizando a movimentação na rua.

Ele estava ali porque, após a recente descoberta, a senhora Oliveira desatou a chorar. Saber que o marido havia se matado por remorso e que não julgava sua vida importante a ponto de trocá-la por justiça a destruiu. Lembrei-a da reunião e não perdi tempo explicando para Gian o que iria fazer. Ele também não se preocupou com isso, já que nos acompanhou julgando ser o melhor para a situação. Não tinha porquê dizer não e eu não conseguiria nada novo durante o trajeto mesmo.

E eu cheguei no local com um plano. Iria responder um falso chamado e assim despachar Gian para o batalhão. Era só voltar um tempo depois e esperar Evelyn, pronta para ir em sua casa e verificar as coisas de Eduardo em busca de novas pistas. Porém, enquanto dava um tempo para pôr o plano em ação, alguém surgiu.

— Com licença, você é a Aspirante Clara Roberta? - Um homem alto de terno disse se aproximando.

— Sim, sou eu.

— Eu me chamo Antonio, sou filho da Evelyn e do Eduardo.

— Evelyn? - Gian perguntou.

— Quer dizer a senhora Oliveira? - Acrescentei.

— Sim, ela mesmo. Você pode me ajudar? - Respondeu Antonio.

Estendi a mão para ele e o mesmo retribuiu. Balancei a cabeça afirmativamente e pedi para prosseguir.

— Minha mãe não aguentou ficar na reunião. Ela já estava muito abalada quando chegou e desabou a chorar. Saiu aos prantos da sala. - Dizia rápida e ansiosamente. - Ela me falou que você estaria aqui e disse que qualquer coisa poderia chamá-la. Um dos funcionários disse que ela entrou no banheiro e se trancou. Será que você pode ir lá vê-la? - Ele esboçava preocupação.

— Claro, me mostre o caminho.

Acompanhei Antonio pelo complexo até chegarmos ao banheiro. Gian veio atrás novamente, mas eu estava preocupada demais para pensar nisso. Evelyn era uma peça importante para o caso, e eu precisava dela com a cabeça no lugar. Ela era a minha principal fonte de informações sobre o caso. De qualquer maneira, eu não queria que nada acontecesse com ela.

Experimentei a maçaneta. Permanecia trancada. Resolvi chamar. Sem resposta. Bati mais firme na porta e aguardei. O cômodo parecia silencioso demais. Fiquei mais nervosa, ela podia tanto estar me evitando quanto ter desmaiado. Arrombar parecia a solução mais plausível entao não esperei mais nenhum segundo, joguei meu ombro contra a porta com tudo. O banheiro visualmente estava tranquilo. Me dirigi ao reservado e abri a porta rapidamente.

Evelyn estava apagada no sanitário. Em uma mão uma tesoura de unha, na outra uma poça de sangue.


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