7 Days On A Cruise - Remadora/Ronks escrita por Vitória Serafim


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi genteee ♥ Demorei um pouquinho pra voltar com fanfic nova, mas cheguei! Eu tive a ideia para escrevê-la em fevereiro desse ano (2018 caso você seja do futuro) e não pude deixar de trazer, mas dessa vez com um ship que sempre adorei, mas nunca enalteci o suficiente: Remus e Tonks ♥
Enfim, essa é uma oneshot que ficou um pouco grande, mas eu não vi como eu poderia dividi-la em dois capítulos (sorry).
Espero que você goste de ler tanto quanto eu gostei de escrever :D
Boa leitura!

(Capítulo betado por Alie Costa diva da minha vidinha ♥)



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   Era férias de verão em Dover (cidade inglesa) e Nymphadora Tonks, estudante do último ano do colegial, estava sentindo-se plena. Era de se esperar que qualquer um que passe a vida toda ralando na escola para conseguir boas notas esteja louco pelos seus tão aguardados meses de descanso.

                Fazia duas semanas que ela tinha ficado de férias e as mesmas duas semanas que ela implorava as suas amigas para que a acompanhassem num Cruzeiro que ela faria dentro de dez dias, mas nem Lily, nem Dorcas, nem Marlene, nem Alice e nem Emmeline tinham como arranjar dinheiro para ir a uma viagem daquelas dentro de tão pouco tempo.

                A verdade era que sua tia era muito rica e estava oferecendo a ela a oportunidade de fazer um tour por toda a costa europeia num navio luxuoso em pleno verão, uma proposta que ela nunca poderia cogitar em recusar. E, afinal, mesmo que suas amigas não a acompanhassem, ainda teria seus tios, um casal amigos deles e sua prima de dez anos para irem junto com ela. Seus pais estariam trabalhando e não fizeram questão de impedir que a filha se divertisse.

                Nymphadora sempre fora desastrada e um pouco preguiçosa. Prova disso foi que ela deixou para fazer suas malas só uma hora antes do navio puxar a âncora, mas graças à sua enorme sorte, conseguiu embarcar a tempo.

                — Dora, querida! Achei que tinha desistido da nossa viagem! — sua tia exclamou, assim que a garota conseguiu finalmente respirar depois de correr feito louca desde o táxi que havia pegado.

                — É... Eu acordei um pouco mais tarde do que eu previa e ainda tinha que terminar minhas malas — abriu um sorriso amarelo.

                — Começar, você quis dizer — uma garotinha de cabelos castanhos a corrigiu. — Titia me mandou mensagem falando que você acordou atrasada e mal sabia onde sua mala estava.

                — Valeu, Adhara — resmungou Tonks revirando seus olhos para a prima de dez anos.

                — De nada, Nymphadora — pronunciou a última palavra com maior ênfase, sabendo que Dora não gostava que a chamassem pelo nome, mas pelo sobrenome ou simplesmente pelo apelido.

                — Sem se atiçarem, meninas. Vamos logo pegar nossos lugares no quarto, o navio já levantou âncora e não vai demorar muito pra esses corredores estarem impossíveis de gente — Mérope, a mãe de Adhara, completou, puxando sua mala em uma mão e sua filha na outra indo em direção à ala leste no navio.

                Eles demoraram por volta de quarenta minutos para se acomodarem nos quartos, que eram três vizinhos, por sinal. Mérope e o marido no primeiro, o casal de amigos ao lado e por fim o quarto onde Nymphadora teve o desprazer de ter que dividir com a pirralha (palavras dela).

                A família passou o dia na piscina do navio. O sol estava queimando até as pessoas que se abrigavam debaixo do guarda-sol, tamanho era o calor que fazia. Tonks aproveitou para ostentar os palmitos que eram suas pernas e arriscar um bronzeado. Ela tinha uma probabilidade de cinquenta por cento de sucesso: ou ela se transformava numa morena sexy ou num camarão recém-pescado.

                O navio era mais agradável do que a moça esperava. Havia pessoas agitando em todos os lugares, músicas de verão e o mais importante de tudo: rapazes bonitos. Frio na barriga era uma expressão muito singela para descrever o que Tonks sentia ao descer os olhos do maxilar até o peitoral definido de cada maldito menino que passava em sua frente. Ela gostava de brincar de se fingir de blogueira e tirar algumas fotos olhando para o horizonte ou então rindo espontaneamente, isso chamava atenção, principalmente a dos piteis à beira da piscina.

                Com certeza suas amigas pirariam naquele lugar...

                Após um dia de muita diversão, os parentes de Dora se recolheram nos seus quartos, mas a garota não se satisfazia, afinal, ela só tinha sete dias dentro daquele lugar e não tinha conhecido nada além da piscina.

Depois de tomar um longo banho e de colocar uma roupa bem apresentável, ela estava pronta para sair e explorar um pouco.

                — Aonde você vai? — a voz sonolenta de Adhara soou em meio às cobertas onde Tonks jurava que a prima estava dormindo profundamente.

                — Caminhar um pouco. Ainda não estou com sono — soltou com uma pontinha de desconfiança. Não queria que uma criança a acompanhasse naquele passeio, ela poderia dar de cara com o maior gato do cruzeiro e ter que simplesmente passar reto para levar a prima ao fliperama.

                — Vou contar pra mamãe que você vai passar a noite na balada.

                Garota esperta...

                — Se eu te der vinte libras você fica de boca fechada?

                — Por cinquenta eu durmo como um bebê e finjo que nunca nem vi nada.

                — Cinquenta? — Tonks abriu a boca num perfeito “o”, sentido seu peito doer na mesma hora.

                — Isso ou nada feito — a garota disse com uma voz abafada. A pirralha era tão boa que barganhava até de olhos fechados.

                — Excelente — tirou uma cédula de cinquenta libras e colocou sobre o rosto da menininha, que agora se aquietava e “voltava a dormir” com um sorriso maroto no rosto. 

                No final das contas, o ritual de sensualidade da garota funcionou bastante. Quando ela desceu ao convés mais inferior do navio, encontrou onde ficava a discoteca e um rapaz de olho nela. Lembrou-se do rosto dele quase que instantaneamente, afinal, um rosto bem feito não é fácil de esquecer. Entretanto, fingiu que não percebera o olhar perfurante do rapaz e seguiu para um assento próximo onde teve o prazer de se acomodar e tirar o celular do bolso do short para mandar uma mensagem para as amigas.

                Mesmo que ela estivesse se divertindo, as amigas faziam falta, muita falta.

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Marlene McKinnon [27/07/18 - 23:48]: E aí, Dora? Como que tá o procedimento aí no cruzeiro? Já pegou algum gatinho? (carinha safada).

Lily Evans [27/07/18 – 23:49]: Meu Deus, Lene.

Dorcas Meadowes [27/07/18 – 23:49] (em resposta a Marlene McKinnon): SOCORRO.

Emmeline Vance [27/07/18 – 23:51] (em resposta a Dorcas Meadowes): RT.

Emmeline Vance [27/07/18 – 23:51]: Mds, já conta tudo.

Marlene McKinnon [27/07/18 – 23:53]: (em resposta a Lily Evans) Que foi, Lily? Oxe, a menina vai pros cantos sem a gente tem mais que aproveitar mesmo, porque aí ela não vai precisar dividir os boy comigo.

Alice Rivers [27/07/18 – 23:58] Eu tô berrando.

—____________________________________________________________________________

                Tonks riu sozinha com as mensagens que recebeu do grupo de amigas. Tudo o que pôde escrever foi: “Ainda não, mas qualquer coisa eu mando mensagem (emoji de fogo).”, porque o rapaz que a fitava instantes atrás se sentou ao seu lado e parecia bem interessado.

                — Entediada? — perguntou o rapaz erguendo uma das sobrancelhas, um sorriso safado explicitamente estampado no rosto. Tonks gostou.

                — Um pouco — deu de ombros voltando a guardar o celular. — Queria dançar, mas não trouxe minhas amigas. Não posso simplesmente rebolar minha raba sozinha — ele riu com o comentário dela (quem não faria o mesmo?).

                — Isso foi uma indireta para que eu te chame pra dançar comigo? — ele apoiou o cotovelo no encosto do sofá, encarando a garota como se pudesse devorá-la com os olhos.

                — Na verdade não — Dora voltou o olhar para o rosto do rapaz e cruzou os braços, fazendo-se de difícil.

                Ele não pensou duas vezes em se aproximar de Tonks encaixando seus lábios nos dela como se fossem peças de um quebra-cabeça. A menina de cabelos rosados não esperava por um ato tão repentino, mas não recusou o beijo. Quando sentiram que não podiam mais respirar, se afastaram.

                — Em que quarto você está? Podemos ir pra lá, se quiser. Aqui está muito cheio — fitou-a com os olhos brilhando de más intenções.

                Tonks concluiu naquele momento que ou o cara estava muito bêbado ou muito desesperado.

                — Nem vai rolar. Estou com a minha prima — disse com sinceridade. — Por que não vamos pegar alguma coisa pra comer e aí saímos daqui? — sugeriu.

                O rapaz pareceu um pouco desconcertado por ter sido contrariado daquela forma (afinal, com aquele visual de homem eram raras as garotas que recusavam uma noite com ele), mas não se deixou abalar. Voltou a encarnar sua expressão mais convencida e apressou-se em falar:

                — Meu amigo trabalha num quiosque daqui, posso arrumar comida fácil, fácil.

                — Por mim parece excelente — Dora levantando-se e, depois de dar uma ajeitada em seu short, colocou-se ao lado do cara que havia beijado a menos de um minuto sem sentir nenhuma pontada de sentimento (já era acostumada a não se apegar a nenhum rapaz, ao contrário de algumas de suas amigas).

                Eles então atravessaram a multidão que dançava na pista e chegaram à outra extremidade do salão da discoteca, onde ficavam os quiosques de bebidas e lanches. Havia aproximadamente umas dez pessoas na fila do quiosque de lanches, mas graças ao rapaz eles puderam cortar fila e ir até o balcão (não que as pessoas não os tivessem xingado por isso).

                — Aluado, será que você poderia me passar uns dois cachorros quentes aí? Porque a noite vai ser bem quente depois daqui — ele riu brevemente com o trocadilho, lançando uma piscadela à garota ao seu lado.

                Tonks mordeu o seu lábio inferior, mas, ao contrário do que muitos pensavam, não tinha nada a ver com a gracinha do atrevido.

                — Sirius, você não pode aparecer aqui todos os dias pedindo comida pra você e suas namoradinhas — o tal do Aluado respondeu revirando os olhos. — Se me dá licença, eu tenho uma fila de... — ele parecia realmente contar — doze pessoas para atender e você está me atrapalhando.

                — Remus Lupin, pare de ser tão implicante e me dá logo a porcaria dos lanches — retrucou Sirius impaciente.

                Lupin bufou, impaciente, provavelmente se dando conta de que não conseguiria vencer seu amigo naquela discussão e acabou por preparar os dois cachorros quentes solicitados.

 Entrementes, Nymphadora Tonks não conseguia parar de se questionar como aquele rapaz conseguia ser tão... Sexy. Remus trajava roupas casuais, mas usava um avental por cima delas, o que o deixava a coisa mais fofa que ela já vira. Aliás, ele tinha um redemoinho no cabelo castanho que tinha um caimento fantástico. E o que era aquilo em seu rosto? Parecia uma cicatriz e...

Então a garota caiu em si. Não por uma crise de consciência, é claro, mas porque o rapaz, no qual ela estivera secretamente admirando, a tinha pego no flagra. Ele estreitou brevemente seus olhos sobre ela, que paralisou naquele instante. Felizmente, conseguiu recuperar sua compostura.

— Vamos logo — disse por fim, quando o cara — que ela finalmente soube que seu nome era Sirius — estava prestes a se questionar do motivo da vermelhidão das maçãs de seu rosto.

Ela não havia se queimado, mas estava com a pele quente, provavelmente era por passar a maior parte da tarde no sol (ou seria pela timidez?). Enfim... Aquilo não era motivo para se procrastinar. Ela tinha um cara super gato e que estava super a fim dela e ela não ia estragar a noite, ponto final.

Então, Sirius e Tonks finalmente saíram da discoteca e foram a um lugar mais calmo. Tudo o que fizeram foi se beijarem até acharem que não conseguiriam mais continuar com as bocas juntas (e, acredite, isso demorou mais do que qualquer um possa imaginar).

Depois que Dora teve certeza que Sirius estava bêbado o suficiente para ter uma bela amnésia no dia seguinte (tinham levado remessas de cerveja para o quarto), questionou-o:

— Conheceu Remus aqui no cruzeiro?

O rapaz não estranhou a pergunta.

— Não. Na verdade nos conhecemos desde a escola. Somos em três melhores amigos. Remus está trabalhando aqui já faz um tempo porque precisa de dinheiro pra pagar a faculdade. Sabe como é... — ele deu de ombros.

— Ah, sim. Entendo. Hm, a que horas ele termina o trabalho?

— Por acaso você está me trocando, mocinha? — olhou-a com um pouco de descaso.

— Eu? Por que eu iria trocar você? — riu sarcástica a garota, deitando no colo dele.

— Me empresta o seu celular.

— Pra quê? — ela franziu o cenho.

— Só me empresta, vai.

Nymphadora revirou os olhos e entregou o seu celular. Ele nem precisou desbloquear para usá-lo, pois tudo o que queria ela ver seu próprio rosto na câmera frontal do celular.

— Cara, eu fico tão sexy às duas da manhã... — exclamou fazendo o famoso “carão” para o celular.

— Você é tão convencido às duas da manhã — brincou Tonks.

— Eu sou realista, é diferente — ambos riram. — Uau, quem é essa garota gostosa na sua tela de bloqueio?

— Marlene, uma amiga minha.

— E por que você tem a foto da sua amiga como sua tela de bloqueio? Por acaso você é daquele tipo de menina que usa fotos combinando com a melhor amiga?

— Nah, que clichê. É só que ela pega meu celular, tira fotos e muda os meus papéis de parede. Eu tenho preguiça de trocar depois.

— Interessante.

— Nem tanto, ser preguiçosa não é...

— Não você, a sua amiga.

Tonks ergueu uma das sobrancelhas em discordância e se sentou.

— Quem está trocando quem agora? — eles riram mais uma vez.

Depois de algum tempo conversando sobre coisas banais a garota viu que já era hora de voltar a seu quarto, afinal, já passava das três e era certo de que sua tia levantaria cedo no dia seguinte e a arrastaria para uma atividade do cronograma que havia pegado na hora do check-in. Então, despediu-se do rapaz, que não conseguia mais mover um músculo de sua posição inicial de tão sonolento/embriagado que estava.

Ela até chegou a abrir a porta do quarto, mas, ao ver que a prima roncava mais alto que uma orquestra de cornetas, percebeu que não estava com sono o suficiente para cair na cama e dormir na mesma hora. Foi até a popa do navio e teve a incrível coincidência de dar com o rapaz do quiosque saindo da festa, provavelmente acabara seu horário de trabalho. Era a hora perfeita para dar uma espiada.

Ele estava com os braços apoiados sobre o batente das laterais que protegiam as pessoas de cair na água. Tonks encostou-se a parede e o observou por um tempo. O rapaz parecia bastante pensativo enquanto observava a turbina girar na água, fazendo com que parte dela fosse ficando para trás a cada segundo. Talvez ela estivesse enganada ao pensar que ele estivesse tão absorto assim.

— Você é a garota do cachorro quente de hoje, não é? — perguntou Lupin, subitamente, ainda olhando para o mar escuro.

Nymphadora não sabia se ele era algum ser sobrenatural com olhos atrás da cabeça ou algo do tipo, mas, por Deus, ela tinha se assustado.

— Ah... Bem, acho que sim — corou por ter sido pega desprevenida e saiu de seu “esconderijo”. — Foi mal pela folga, depois deixo uns trocados lá no quiosque.

— Deixa pra lá. Sirius sempre faz isso. Já até me acostumei — deu de ombros.

— Como assim ele sempre faz isso? — aproximou-se e ficou bem ao lado dele, que lançou-lhe um curto olhar e depois voltou a olhar o que é que ele achasse de tão interessante naquele mecanismo da turbina.

— Ele tem me visitado há um tempo aqui e sempre que acaba dormindo com alguém deixa as despesas do processo pra mim.

— Mas nós não dormimos juntos... — Tonks iniciou seu monólogo, mas Remus pareceu não ouvir.

— Eu trabalho aqui pra vender comida e não dar de graça pra ele — comentou rabugento.

— Você sai todos os dias esse horário? Quer dizer, é bem tarde, não? — perguntou a garota, curiosa, ignorando a reclamação do cara.

Lupin encarou-a de maneira sugestiva.

— Sim — deu de ombros.

— Ah.

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos de novo e a garota se perguntava o que tinha de tão especial que ela enxergava nele. O rapaz praticamente não estava dando a mínima para ela e tinha quase que xingado ela de vadia, bem descaradamente, por ser mais uma da lista de garotas com quem Sirius já transou.

De repente, ela pegou a si mesma olhando-o, este também percebeu, tanto que se apressou em dizer com a maior naturalidade do mundo:

— Não se apaixone por mim.

A moça se sobressaltou do encosto em que se apoiava e franziu o cenho. Por um breve momento teve a impressão de que seu coração subira até a boca.

Tonks definitivamente não estava se apaixonando por Lupin. Era a primeira vez que conversavam, nunca tinham se visto na vida até aquela noite e o que ele pronunciava não tinha o menor cabimento, não mesmo. Logo ela, a que não dava a mínima para namoro, a que nunca se deixava apegar a ninguém, a que ficava com rapazes por pura distração. É claro que não.

“Como você pode ser tão estupidamente direto e convencido?”, pensou a garota e, aliás, era o que queria ter dito a ele, mas tudo o que saiu de sua boca foi:

— Quem disse que estou me apaixonando por você? — ela riu como se aquilo fosse a maior tolice do mundo.

— Ninguém. Só estou constando — esclareceu Aluado, honestamente. — Aliás, por onde anda Sirius? Achei que ele estivesse com você — acrescentou, quebrando o gelo.

— Estava, mas está bêbado demais para se sustentar de olhos abertos — negou com a cabeça sem tirar o sorriso dos lábios. — Ele me disse que você está trabalhando aqui há um tempo para pagar a faculdade, isso é ótimo. Enquanto isso eu ainda presa naquela droga de escola.

Lupin soltou uma risada nasalada, isso, estranhamente, fez com que Tonks tivesse sentido que finalmente dera uma dentro.

— Pra minha idade eu já deveria ter terminado a faculdade. Trinta anos não é uma das melhores idades para se estar no mundo universitário, mas ultimamente é complicado arranjar um emprego estável sem um diploma.

Tonks sentiu as pernas bambearem.

Trinta anos? Era por isso que ela o tinha achado um homão da porra.

 Um calor momentâneo subiu a suas bochechas, mas fingindo não ter dado muita importância para o fato de que o cara era treze anos mais velho que ela, prosseguiu com a conversa.

— Nada a ver. Pelo menos você está indo à universidade. Minha mãe, por exemplo, nunca foi. Eu nem mesmo sei o que eu quero da minha vida quando as aulas do colégio acabarem, então você está bem no lucro, acredite.

                Remus não puxou mais assunto. Vendo que aquele papo não teria muito retorno para sua vida, disse que estava tarde e que precisava se recolher. Tonks concordou e depois de se despedir dele também voltou ao seu quarto.

Isso não significa que ela conseguiu dormir.

***

                O sol já estava alto no céu quando Lupin abriu a cortina do quarto em que se hospedava. Já passavam das dez e ele teria que entrar as treze no seu próximo turno de trabalho.

Sua carga horária no navio era bem variada: aos fins de semana trabalhava no quiosque da discoteca, eventualmente; nas segundas, quartas e sextas arrumava os quartos (um convés cada dia) e nas terças e quintas ajudava na cozinha (sempre tinha algo a fazer, desde lavar pratos até coletar bandejas no refeitório).

Você pode estar se perguntando: “Então quer dizer que Remus mentiu quando disse a Nymphadora que saía todos os dias no mesmo horário?”. A resposta é sim.

Em grande verdade, Lupin nunca foi muito interessado em relacionamentos amorosos, principalmente com garotas mais novas (achava que a maioria era mimizenta demais) e também não gostava de se envolver sem compromisso, como fazia seus amigos James e Sirius. Ele era um cara direito. Trabalhava sempre que lhe chamavam e era um ótimo filho (sempre ajudava os pais nas coisas de casa, consertando coisas, entre outras assistências) e amigo. Lealdade e maturidade são palavras que poderiam melhor descrevê-lo. Mentir para uma garota só fazia parte do processo de seguir com sua vida.

Remus era um cara inteligente. Aos seus dezenove anos, ingressou numa pesquisa no ramo científico e se viu totalmente apaixonado pela Ciência. Porém, sua decisão de entrar na faculdade foi tardia, visto que apenas realizava pesquisas no seu escritório particular — mais conhecido como quarto — e esquecera-se de que para que elas realmente fossem aceitas por grandes cientistas era necessário o diploma de ensino superior, então ele conseguiu uma bolsa integral na faculdade que almejava: Física.

A grande questão era que ele não trabalhava para pagar a faculdade propriamente dita (até porque ele era um gênio que tinha conseguido ingressar num dos maiores departamentos de Física do Reino Unido), mas sim para ajudar os pais. A faculdade era um mero pretexto para ocultar a dificuldade financeira que sua família passava, apenas esta e seus dois amigos sabiam do real motivo. O pai era encanador e a mãe ganhava parte da renda da família vendendo delícias que ela mesma preparava; nenhum dos dois tinha feito faculdade e o fato de Remus estudar em Oxford só trazia orgulho ao casal Lupin.

Era fato que os pais de Aluado não gostavam que ele precisasse trabalhar nas suas férias da faculdade para que ajudasse no sustento deles, afinal, eles tinham vidas independentes — Remus morava numa casa próxima à faculdade, e os pais em Dover—, mas eles sempre tiveram uma relação de muito respeito entre si. Era decisão do rapaz querer ajudar os pais e eles não tinham que se opor a isso.

Depois de tomar um banho e se vestir, Lupin saiu de seu quarto e imediatamente lembrou-se que ainda não tinha comido nada desde a tarde do dia anterior. Às vezes seus pensamentos eram tão intensos que ele nem mesmo se lembrava de comer. Era sinistro.

De todo modo, foi até o refeitório que ficava no convés principal e preparou um sanduíche de ovos mexidos — era um de seus pratos preferidos pela manhã — e um copo de café — sim, um copo.

Sirius estava incrivelmente bem para quem estava de ressaca, encontrava-se sentado numa mesa no canto e logo Remus se juntou a ele.

— Bom dia — disse ao se sentar.

— Fala, Aluado — o rapaz de cabelos negros abriu um sorriso, cumprimentando-o.

— Achei que estivesse de ressaca — Lupin mordiscou o seu sanduíche.

Seu amigo riu.

— Quem você pensa que eu sou? O papai aqui é resistente. São anos de experiência, você sabe — gabou-se e bebeu um gole do que seria um copo de café expresso.

— Passo longe dessas experiências aí — retrucou.

— Você e essa sua mania de ser recatado. Você devia se divertir um pouco de vez em quando — negou com a cabeça, inconformado.

— Não vejo onde álcool possa ser divertido — implicou.

— Você não vê diversão em nada além de cálculo e ficção científica. Não sei como é que viramos amigos — Sirius comentou perplexo. — Enfim, James me mandou uma mensagem e me disse que estará na nossa próxima parada, pelo menos vou ter um companheiro de copo.

— Achei que estivesse interessado em companheiras de copo — provocou Remus explicitamente, referindo-se à garota com quem Sirius havia passado a noite.

— Você é engraçado — ironizou Black. — Aliás, ela mais me serviu pra uns bons beijos. Apesar de que ela parecia estar bem mais interessada em saber sobre você — riu e virou o copo, ingerindo o restante do café que sobrara em seu copo.

— Ela veio falar comigo ontem depois que deixou você no quarto — comentou Remus sem dar muita importância. — Fui claro que não estava interessado logo de cara.

— Caralho, Reminho. Nem deixou a menina matar a vontade de te dar uma bitoca. Você é cruel — disse Sirius, assombrado.

— Eu não. Nem a conheço, Almofadinhas. Aposto que você nem sabe o nome dela — Remus deu a sua última mordida no seu sanduíche e facilitou a deglutição virando o seu copo de café como quem vira uma dose de vodka.

Sirius ficou em silêncio por um minuto.

— Eu disse — caçoou Remus. — Você deveria ser mais sensível, amigo — disse, por fim, levantando-se de seu assento.

Black revirou os olhos.

— Vou indo. Tenho que começar a arrumar os quartos daqui quinze minutos. Se souber de mais alguma coisa sobre James, me deixe saber — afastou-se até a lixeira mais próxima descartando o copo e guardanapo usados.

Assim que saiu do refeitório, dirigiu-se ao depósito que ficava no convés mais inferior do navio e pegou tudo o que precisava para fazer a arrumação dos quartos (lençóis e toalhas limpos e tudo aquilo que você já sabe sobre camareiros). Colocou seus fones e começou o trabalho duro.

***

Enquanto isso, no outro extremo do navio, Nymphadora andava pelos corredores na esperança de trombar com o homem do dia anterior. Ela chegou até a visitar a discoteca novamente naquela mesma noite, mas nem sinal de Remus. Era estranho, pois ele lhe dissera que sempre saía no mesmo horário.

Assim foram as próximas três noites.

Na manhã de sexta-feira, a garota finalmente concluíra que estava entediada. Mesmo que o navio já tivesse passado por um porto — em Copenhague, na Dinamarca —, já havia explorado cada mísero espaço daquele lugar; um cara interessante a havia enganado bonito e ela estava num trecho, em alto mar, onde não tinha sinal de celular, portanto não falava com suas amigas desde a última parada, que era há um dia, o que já era muito, considerando o vício que ela tinha com o celular.

A sorte dela era que chegaria a Oslo dentro de algumas horas.

 — Nossa, Dora. Você é muito ruim, meu Deus — Adhara falava enquanto ganhava de lavada dela no hóquei de mesa. Estavam no fliperama para matar o tempo.

— Ah, fica de boa aí, querida. Eu nem queria estar aqui, pra começo de conversa.

— Nossa... Você anda tão mal humorada nos últimos dias. Achei que tivesse vindo para relaxar e não pra se estressar mais — retrucou a pirralha, na defensiva.

Tonks suspirou. A partida acabara sete a um.

— Eu estou super relaxada, você que fica me provocando. Além disso, já viemos aqui nesse fliperama umas mil vezes. Será que você não enjoa não?

— Melhor do que ficar na piscina, assim eu tenho certeza de que vou voltar inteira pra casa. Aquele sol tá surreal — comentou a menina, por fim.

A grande questão era que tudo já estava um perfeito saco. É nisso que dá passar uma semana presa no meio do Oceano Atlântico sem as amigas.

— Nisso eu tenho que concordar com você. Não sei como sua mãe aguenta ficar o dia inteiro naquela cadeira de praia. Alguém deveria lembrá-la que raio ultravioleta causa câncer de pele.

— E adianta falar? O sonho dela é pegar um bronzeado — passaram por uma mesa de Pinball antes de deixar o salão de jogos.

— Eu tô morta de fome. Já são duas da tarde. Não sei você, mas eu vou almoçar com ou sem a Mérope — disse Tonks, decidida, enquanto amarrava os cabelos num rabo de cavalo no alto da cabeça.

— Vou ver se consigo convencê-la dessa vez. Vai pegando lugar pra gente — disse Adhara e saiu no sentido oposto, indo em direção à área onde ficava a piscina.

Tonks, então, dirigiu-se ao refeitório.

Assim que chegou à fila do self-service percebeu que não havia nenhum prato limpo. Estranhando a situação, virou-se subitamente para ir atrás de solicitar mais pratos, mas, desastrada como era, acabou por esbarrar em uma mulher que segurava uma bandeja, fazendo seu prato cair no chão e esparramar comida para todo canto.

A moça fechou e abriu os olhos umas duas vezes para se certificar de que o que estava acontecendo era real.

— Merda... — praguejou Tonks para si mesma. — Me perdoe, senhora! — abaixou-se imediatamente para recolher a sujeira. A mulher bufou.

Nymphadora sentiu seu rosto corar, pois sabia que todos os presentes a fitavam com um olhar de “eu-definitivamente-não-gostaria-de-estar-no-seu-lugar-agora”. Tentou não ligar muito para isso.

Quando se deu conta de que era inútil catar comida com as mãos, um vulto lhe chamou a atenção.

Assim que ergueu a cabeça, reconheceu o cara interessante, de pé, bem em sua frente, como se esperasse que ela saísse do meio para que ele pudesse fazer o seu trabalho. A moça, dando-se conta disso, levantou envergonhada e abriu espaço para Lupin.

Remus parecia trabalhar naquilo há muito tempo, pois em menos de cinco minutos ele conseguiu limpar toda a bagunça e ainda desculpar-se com a mulher antes de virar as costas e ir embora.

Dora ainda não tinha entendido o que acontecera. Então quer dizer que ele também trabalhava no setor de limpeza? E por que ele agiu com ela de maneira tão fria a ponto de nem mesmo cumprimentá-la? Afinal, quem era esse homem?

Depois de voltar à realidade, lembrou-se de que estava ali para pegar um lugar na mesa e almoçar. Voltou até a plataforma onde era servida a comida e os pratos ainda estavam em falta.

— Com licença, estou precisando de pratos — disse para seja lá quem estivesse nos fundos, onde ficava a cozinha do navio.

— Espero que não para quebrá-los — uma voz surgiu de trás dela, onde Remus já sustentava uma pilha de mais ou menos quinze pratos para repor.

A garota sobressaltou-se brevemente.

— Foi um acidente. Já disse à mulher que pagaria pelo que desperdicei. Se quiser posso pagar pelo prato quebrado também — respondeu a contragosto.

Aluado deu uma risada nasalada.

— Esquece — deu as costas e dirigiu-se à cozinha.

Irritada, Tonks seguiu-o.

— Então quer dizer que trabalha aqui agora? Achei que tivesse entendido certo quando me contou que ficava na discoteca todos os dias naquele horário.

— Talvez eu tenha me confundido quanto a isso. Você não me procurou por lá, certo? — perguntou.

— Claro que não. Se não tivesse dado de cara com você agora, nunca saberia — retrucou Tonks, com um ar de quem quer expressar displicência e falha miseravelmente.

— Bom que sabe agora — Lupin sorriu com o canto dos lábios ainda sem encarar a garota, estava concentrado demais em enxugar os pratos recém-lavados e coloca-los um em cima do outro numa pilha.

Passaram-se alguns segundos em que os dois não disseram nada. Dora estava concentrada em observar bem aquele lugar para que não se esquecesse de onde encontrar o homem com quem ela devaneava a maior parte do tempo.

— Acho melhor almoçar logo. Daqui a pouco baixaremos âncora em Oslo e você não vai querer perder a vista da chegada ao porto — comentou Remus, vendo que a garota tinha se prolongado demais.

— Ah... Vou sim. Eu ah... Gostaria de agradecer por... — ela apontou para a porta aberta às suas costas. — Por me ajudar lá fora — assentiu em gratidão e Remus finalmente ergueu seu olhar para ela.

O contato visual durou aproximadamente cinco segundos.

E, mais uma vez, Dora esqueceria o que viera fazer naquele lugar, se não fosse pelas palavras proferidas:

— Tudo bem. Estou aqui para isso — então ele voltou a prestar atenção nos seus afazeres.

Quando Tonks voltou ao refeitório, Adhara, Mérope e o marido já estavam sentados à mesa, comendo. Sua prima acenou de longe para sinalizar sua localização.

— Onde estava? Achei que viesse guardar lugar pra gente.

— Eu ia, mas eu estava indo pegar comida e aí não tinha mais pratos, então eu fui atrás de mais e acabei esbarrando com uma mulher no meio do caminho e derramei toda a comida dela no chão...

O pai da garotinha engasgou.

— Respira, querido — Mérope batia nas costas do marido. Em alguns segundos ele voltou ao normal.

— Desculpa se a minha vida é uma desgraça, Newton — Dora resmungou para o tio e afastou-se para pegar um prato.

***

O navio estava a menos de um quilômetro da costa e todos saíram de seus quartos para aproveitar a vista da cidade mais de perto.

O sinal de celular voltou, juntamente com as centenas de mensagens do grupo de suas amigas no WhatsApp.

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[ONTEM]
Lily Evans [30/07/18 – 22:34]: Vocês não vão acreditar.

Marlene McKinnon [30/07/18 – 22:35]: No que?

Lily Evans [30/07/18 – 22:37]: Como vocês bem sabem, James e eu faremos nosso primeiro aniversário de namoro e você não sabem o que ele preparou pra gente!

Alice Rivers [30/07/18 – 22:37]: Fala logo, menina!

Lily Evans [30/07/18 – 22:38]: Nós vamos para Oslo amanhã! Ele já até comprou as nossas passagens e tudo. Não é um máximo? (emoji de apaixonada)

Marlene McKinnon [30/07/18 – 22:38]: KEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Dorcas Meadowes [30/07/18 – 22:39]: COMO ASSIM? CONTA TUDO.

Emmeline Vance [30/07/18 – 22:40]: Seria meu sonho?

(mais 893 mensagens não lidas)

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A garota imediatamente fechou a barra de notificações e deslizou o dedo sobre o contato de Lily na sua lista de contatos. Era coincidência demais que ela estivesse comemorando mais um ano de namoro na Noruega, na mesma cidade onde Tonks acabara de chegar.

Nymphadora ligou três vezes, mas era inútil, sua chamada sempre ia para a caixa postal.

Finalmente desistiu, quando sua prima a puxou pelo braço e a levou até a beira do navio para mostrar a interminável sequência de construções. Dora achou incrível e não tardou em começar a tirar algumas selfies (com Adhara fazendo careta em absolutamente todas, mas ok).

Assim que a âncora foi baixada, as pessoas fizeram fila para deixar a embarcação. Os tios de Dora apareceram logo em seguida e disseram que estavam livres para sair e voltar antes das onze, pois eles e o casal de amigos sairiam para dar uma conhecida em alguns pontos turísticos que pesquisaram previamente, mas que também poderiam se sentir à vontade para acompanhá-los.

No mesmo instante, Tonks observou Sirius cumprimentando um rapaz, do lado de fora, acompanhado de uma jovem de cabelos ruivos. Ela, imediatamente, saiu correndo e, depois de atropelar umas dez pessoas no caminho, chegou até o abraço da ruiva.

— Lily, meu Deus! Eu não sabia que você viria. Que louca, só foi contar ontem à noite! — Tonks comentou depois de finalmente olhar para o rosto da amiga.

— É que esse daqui — apontou para James — aprontou isso tudo sozinho. Chegamos agora há pouco — Lily disse, os olhos faiscando de animação.

Sirius observava a cena com uma cara de quem não estava entendendo nada. Só então a garota realmente enxergou que o que o cara fazia ali conversando com o namorado de uma das suas melhores amigas.

— Então quer dizer que... — Sirius apontou de Dora para Lily. — Vocês são amigas.

— E vocês são amigos — Tonks retrucou tentando fazer com que aquilo fizesse mais sentido.

Lily cerrou os olhos para a garota ao seu lado e James para o cara de cabelos negros.

— Longa história — pronunciaram Tonks e Black, em uníssono.

James e Lily se encararam dando de ombros e então o primeiro perguntou:

— E Remus? — Tonks sentiu uma fisgada no peito só de ouvir o nome do rapaz, mas tentou ignorar isso.

— Ele disse que vai terminar de fazer umas coisas e que poderíamos ir andando na frente — Black respondeu, enfiando o polegar pelo passador de cinto de sua calça jeans.

— Certo. Eu procurei alguns lugares e achei um pub ótimo aqui perto...

— Não! Tá louco? — Lily interrompeu o namorado. — Eu acabei de chegar de uma viagem, não posso ir agora não. Preciso me arrumar primeiro.

James choramingou.

— Se for assim não sairemos daqui ainda hoje.

— Não quero saber — Evans retrucou, arrancando uma risada de Tonks. — Olha, você me respeita. Agora me dá isso aqui — tomou a mala de rodinhas que Potter segurava e virou-se para a amiga. — Vem, Dora. Me mostra o teu quarto que eu preciso de um banho — ela lançou um olhar mortífero para os dois homens que ficaram para trás e puxou-a pelo braço.

Tonks aceitou o gesto da amiga de bom grado e a acompanhou até o seu quarto. Seria tranquilo, até porque a maioria das pessoas que se encontrava a bordo tinham descido para explorar o lugar.

E foi como o esperado. Assim que chegaram ao quarto, Lily descansou a mala num canto enquanto terminava de contar a loucura que era estar com James Potter.

— ...e aí do nada ele me mandou mensagem falando que a gente ia viajar pra cá e que até, talvez, passaríamos o resto da viagem no mesmo cruzeiro que você. Ele fez isso mais por causa do Sirius e do Remus, na verdade. Mas o cosmos praticamente me jogou aqui dentro com você.

— Graças a Deus. Quatro dias e, finalmente, a diversão vai começar. Eu já tava louca aqui sozinha de tanto tédio — Lily, que fuçava sua mala em busca de uma toalha franziu o cenho. — Tá que esse lugar é o máximo, mas ficar sozinha aqui com a minha prima de dez anos, indo no fliperama e assistindo a musicais todos os dias... Deus me defenderay. Resumindo: obrigada por vir.

— Disponha — a ruiva riu e tirou uma toalha branca da mala e enfiava a mão para mais fundo dela, a fim de achar uma roupa que fosse mais adequada para a ocasião. — Mas me fala, o que foi aquilo entre você e Sirius do lado de fora? Achei que não se conhecessem — ela sorriu com malícia.

— Minha amiga, você se lembra da mensagem que eu mandei no grupo onde eu dizia “Ainda não, mas qualquer coisa mando mensagem”?

Lily afirmou com a cabeça.

— Então, bem na hora que eu mandei ele veio atrás de mim — a ruiva arregalou os olhos.

— E aí?

— E aí você já sabe.

— Ai meu Deus. Vocês transaram? — a amiga levantou-se num pulo.

— Não! Por Deus, Lily — Tonks olhou para os lados, abismada.

— Ah, você me fala uma coisa dessas aí eu já imagino o extremo — comentou Lily e voltou a procurar a roupa.

Tonks riu e revirou os olhos, cruzando os braços em frente ao tronco.

— Até que ele é um partidão — a garota de cabelo rosa comentou e Lily virou-se para ela com um olhar malicioso. — Mas não estou interessada nele.

— Credo. Se você tivesse eu te daria uma forcinha — a ruiva retrucou fazendo beicinho de desapontamento e finalmente tirou um vestido incrível de alça de dentro da mala.

— Por que você nunca me falou do Remus? Ai meu Deus. Que vestido lindo! — Dora exclamou essa última frase assim que viu a amiga colocar o vestido sobre o corpo, enquanto se olhava no espelho, esquecendo-se totalmente da pergunta que fizera há menos de cinco segundos.

— Não é? Comprei por vinte libras. Pensa num achado — Evans sorriu para seu próprio reflexo. — Estou em dúvida se devo usá-lo hoje. James e eu vamos para um monte de lugares depois daqui. Não sei se terei roupas suficientes para todos os dias.

— Quantos dias, exatamente?

— Três.

— Lily, eu sei que você é paranoica, mas essa bagagem daria para você passar uma semana mochilando pelo mundo, tranquilamente.

— Ah, é que a primeira vez que viajamos assim. Ele me pegou desprevenida, aquele doido.

— Achei super romântico — Tonks disse enquanto mordia a ponta da língua, contendo um surto de excitação.

— Eu quase morri quando ele me disse.

— Eu imagino.

Lily olhou bem para o quarto em que estavam e notou algumas roupas como pijamas de pôneis e roupas de princesas esparramadas por uma cama desarrumada e então subiu o olhar para a garota à sua frente.

— Espero não estar invadindo o seu lugar, mana. Eu cheguei aqui sem avisar nem nada. Eu juro que é só um banho e aí minhas coisas já podem sair daqui — disse Lily, enrubescida, quando lembrou-se que Nymphadora não ocupava o quarto sozinha. — James e eu sairemos depois que chegarmos da voltinha aqui por Oslo.

— Que isso, Lily. Adhara saiu com a minha tia e elas não vão voltar tão cedo. Além do mais, elas adoram você e eu estou surtando muito por estar aqui comigo — a amiga concordou com a cabeça e entrou no banheiro, onde Tonks indicara.

As duas ficaram conversando enquanto Lily tomava banho e, então, Tonks — que estava deitada em uma das camas brincando com os próprios cabelos — lembrou-se de perguntar mais uma vez:

— Por que você nunca me falou do Remus?

— Remus? — repetiu Lily do box. — Ah, eu nunca fui de andar muito com os amigos do James. Eles saem bastante, mas eu prefiro deixar que façam isso sozinhos. Acho que precisam de um amigo e não de candelabros para segurar, se é que me entende — Dora riu. — Mas por que pergunta dele?

Silêncio. O chuveiro foi desligado e nenhuma das duas falava naquele momento.

— Nhymphadora Tonks, você, por acaso, está a fim do Lupin? — Lily perguntou colocando a cabeça para fora do banheiro, de toalhas, com uma animação explícita em suas expressões.

— T-Talvez... — ela confirmou, um pouco receosa, enquanto Lily quase escorregava no chão molhado com o tombo que era aquela notícia. — Eu disse só talvez!

— Mas o quê? Como vocês se conheceram? Ele te deu bola? Fala! — a ruiva perguntou, excitada, ao mesmo tempo em que penteava os cabelos molhados com pressa. Deus e ela sabiam como James e Sirius estariam impacientes de tanto esperar do lado de fora.

Então, Tonks contou tudo o que havia acontecido até aquele dia. Isso foi o suficiente para a mesma tomar uma ducha e se vestir adequadamente também com um vestido e botas negras de salto alto. Quando finalmente pararam para prestar atenção, já estavam arrumadas e prontas para sair.

Potter, Black e Lupin estavam conversando, quando Lily e Dora saíram. Elas perceberam que Sirius e James haviam se trocado também. Demoraram tanto que eles puderam mudar de roupa e ainda sobrou tempo para voltarem ao mesmo lugar em que se encontravam antes, como se nada tivesse acontecido.

— Finalmente! — James tirou as mãos dos bolsos erguendo-as ao céu. — Meu amor, você está linda, mas não precisa se esforçar tanto para ficar bonita, você já o é — o rapaz disse e plantou um beijo na testa da namorada.

Tonks olhou brevemente para Lupin. Ele já tinha a olhado de cima a baixo, mas não dissera nada, nenhum elogio. Logicamente era porque eles não tinham intimidade nenhuma para falar nada desse tipo um ao outro, ou pelo menos era uma hipótese menos intragável para a garota do que imaginar que ele não estava dando a mínima para ela.

— Obrigada, Potter. Pare de reclamar, temos apenas mais — ela tirou o celular da bolsinha transversal que usava e conferiu o horário — setenta e oito horas para aproveitar antes de voltarmos para casa.

— Vamos então — disse Remus rindo da literalidade de Lily em contar as horas restantes de viagem.

Então começaram a andar. Todos discutiam sobre um bom lugar para ir, de preferência um que tivesse música e bebida, até porque não há muitas opções turísticas às onze da noite fora boates, bares e restaurantes.

Por fim, optaram pelo nome mais popular dali: “The Villa”. Demoraram por volta de quarenta minutos na fila, mas, finalmente, conseguiram entrar.

Era uma boate incrível, com um jogo de luzes impecável e um DJ que tocava muita música eletrônica, estava consideravelmente cheia e a pista de dança estava repleta de pessoas que dançavam com ou sem acompanhantes.

James e os outros dois companheiros foram direto pegar algo para todos beberem enquanto Lily e Nymphadora davam uma checada no lugar.

— Parece ótimo. Vou dançar até meu salto quebrar — Tonks comentou o mais alto que pôde por causa do som.

Evans riu.

— Acredite, eu também! — respondeu e foi para um canto onde não estava tão abarrotado de gente.

Os rapazes não demoraram a voltar com os drinques. James entregou um a Lily e Sirius a Tonks.

— O que vocês pegaram? — a ruiva perguntou curiosa, dando o primeiro gole na sua bebida.

— Linie Aquavit — as duas moças franziram o cenho em estranhamento. — Chique, né? Disseram que é a bebida típica mais famosa daqui. O barman ficou uns cinco minutos contando o quanto essa bebida é saborosa e que ela passa de navio duas vezes pela linha do Equador e blá, blá. Acho melhor poupá-las disso e apenas beber — concluiu James e bebericou da taça.

— Tem um cheiro ótimo — Tonks comentou antes de beber um gole.

— Ai meu Deus, mas você pode beber? Estamos num país estrangeiro. E se eu for preso por oferecer bebida a menores? — Sirius falava exalando sarcasmo.

— Completo dezoito em um mês, então relaxa — rebateu a menina, erguendo a postura antes de dar a segunda golada. Ela sentiu o olhar de Lupin sobre si quando disse aquilo. Agora ele havia descoberto a idade dela. Certa insegurança preenchia seu interior, mas ela estava decidida em ignorá-la.

Quando “Só Quer Vrau” começou a tocar, Lily largou a taça em cima do balcão e puxou Dora para a pista. Essa era uma versão muito mais animada e dançante de uma música da série favorita das duas e tinha entrado para a lista de hinos das meninas.

Remus balbuciou um: “Achei que aqui só tocasse eletrônica, mas essa batida é fenomenal”. Os risos ganharam espaço dentro do trio, que ficou conversando enquanto observava as duas loucas dançarem aquela música que nunca tinham ouvido na vida, mas já consideravam pacas.

Quando a música terminou, Lily disse que precisava ir ao banheiro por questões urgentes (absorvente) e que voltaria logo.

Qualquer um estaria mentindo se dissesse que demorou mais de dez segundos para um cara encostar-se a Tonks e começar a dançar no seu compasso e ele não se parecia nenhum pouco com um James, Sirius ou Remus da vida.

A garota olhou para o lado e varreu o ambiente, achando um Lupin que bebia enquanto conversava com uma mulher. Aquilo lhe trouxe tanta raiva que pareceu atingi-lo, que encontrou seu olhar no mesmo instante. Ela simplesmente desviou sua atenção para o cara em sua frente e deixou-se levar. Os braços dele passaram por ela e pararam em sua cintura.

Tonks tinha que admitir que o cara não era nada mal, provavelmente um norueguês. Ele também parecia saber que ela era estrangeira, por isso não falou nada, sabendo que a comunicação não seria das melhores, se é que me entende.

A garota deu mais uma espiada e flagrou Remus sendo seduzido (pelo menos era o que ela enxergava com aquela vagabunda passando os dedos pelo peitoral dele) enquanto ele, com aquela cara de perdido, apenas forçava um sorriso para evitar grosserias.

Aquilo foi o cúmulo para Dora.

Ela sorriu educadamente para o cara que dançava com ela, ajeitou o chapéu preto que usava no alto da cabeça e respirou fundo, ajeitando a postura, antes de partir em direção àquele absurdo. Ela tinha uma ideia, mas não podia colocá-la em prática sozinha.

Passou pelos dois e foi direto para o banheiro da boate. Lily estava terminando de secar as mãos.

— Lily, preciso de uma mãozinha — a ruiva olhou para Dora, sorrindo ao lembrar-se de como seria divertido colocar o protocolo Remadora (ship que ela mesma tinha inventado) em ação.

Evans saiu na frente e fingia estar distraída — ao mesmo tempo em que bebericava qualquer bebida que estivesse dentro da taça (desde que ela fosse bem escura) — e tropeçouacidentalmente derramando o líquido no lindo vestido branco que a mulher usava.

— Mas que porra é essa?! — a mulher exclamou sem acreditar que seu vestido que, provavelmente, ficaria manchado para sempre.

— Ah, me desculpe. Quer que eu te acompanhe até o banheiro para limpar? — a moça fingiu inocência e Remus apenas observava aquela cena cômica.

— Que acompanhar o quê, você é idiota? — a boca dela estava aberta num perfeito “o” de pura incredulidade. Ela bufou e marchou em direção ao toalete, com a ruiva sem vergonha no seu encalço.

No mesmo instante, Tonks sentou ao lado de Lupin e pediu uma bebida como se nada tivesse acontecido. O rapaz estreitou os olhos em sua direção.

— Festa legal, né? — disse Dora, sorrindo, e bebeu o resto do drinque de Remus, posicionando seus lábios exatamente onde antes ele bebera.

Remus a encarou por alguns instantes e só então riu discretamente, varrendo o ambiente a fim de não sorrir em contato visual com a garota.

— Isso está me cheirando à obra sua — comentou quando ela agradeceu ao barman por preparar a bebida para ela. Tonks deu de ombros.

— Ela estava te entediando, Lily só quis ajudar — mexeu o líquido transparente com o canudo. — Não sei por que pedi isso. Se tomar mais um desses eu caio aqui mesmo — apontou para o piso.

— Você nem deveria estar bebendo — retrucou, recordando-se da idade da menina.

— Desculpe, papai — fez biquinho. — Estou de férias, Lupin. Me dá um desconto.

Ele ergueu os braços, em rendição. Dora sorriu.

— Ah, meu Deus! Essa música é ótima! — gritou ela, animada.

— Nem vem. Eu não sei dançar — disse antes que ela pudesse lhe fazer o convite propriamente dito.

— Não to nem aí. Eu não posso dançar sozinha. Lily está muito ocupada limpando um vestido que provavelmente nunca poderá ser limpo — completou e, antes que ele pudesse contestar, Tonks já havia puxado o rapaz pelo braço e ambos estavam embutidos na pista, no meio de um trilhão de pessoas suadas.

A garota de cabelo rosa começou a se mover, mas o rapaz continuava imóvel, apenas olhando-a.

— Qual é, Remus? Só uma ginga! — ela balançou os ombros, entrando no ritmo da música, movimento no qual o fez cair na gargalhada. Ela sabia ser engraçada sem forçar e Lupin gostava disso nela, até porque não costumava rir com muita frequência.

Estava bom demais para ser verdade. Na hora do passo fenomenal, que ela estava guardando para o refrão da música, Tonks foi empurrada por um casal que estavam aos amassos (e que amassos, meus amigos). Se não fosse pelo cara que estava bem em sua frente, ela teria caído de cara no chão, ainda mais que usava botas de salto alto.

O sorriso da garota se desfez quando os olhos dela se encontraram com os de Remus. Ele a segurou firme pelo braço e a ergueu, de maneira que ela pudesse se sustentar sozinha mais uma vez, abaixando-se logo em seguida, para apanhar o chapéu dela, que caíra no momento de seu desequilíbrio. E como se tudo aquilo não fosse o suficiente para destruir o psicológico de Nymphadora, ele ainda teve a gentileza de encaixar a peça sobre sua cabeça. Tudo isso e ela ainda conseguiu um passe VIP para contemplar um balançar de cabeça (como quem pensa “que desastrada”) e ter um minuto com os olhos mais misteriosos que ela já vira. Ela não conseguia entender o que ele escondia por trás deles, estava louca para perguntar várias coisas sobre ele, sobre a cicatriz que estampava o seu rosto, sobre quais os seus hobbies e o que estudava na faculdade. Queria conhecê-lo.

— Obrigada — falou ela, um pouco baixo, desviando o olhar do rapaz, como quem está envergonhada. E, por Deus, ela estava.

— Acho que festas não são a minha praia — ele respondeu e ela ergueu o seu rosto mais uma vez para olhá-lo. — Muita gente sempre acaba nisso, entende — ele deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos, como quem não tinha se abatido nem um pouquinho com a cena de milésimos de segundo atrás (enquanto Dora estava bem jogada).

— Não costumo ir a festas também. Se fosse uma pessoa experiente, obviamente eu não teria deixado que as pessoas me empurrassem assim — disse e ao mesmo tempo se sentiu muito idiota.

Por que ela se sentia tão desconcertada na frente dele? Por que dizia coisas sem pé nem cabeça? Ela não era louca, mas quando abria a boca perto dele agia por impulso e acabava dizendo qualquer coisa para que a conversa não morresse. Ela queria ter uma abertura para conversar, mas não sabia aproveitá-la, devidamente. Ele era tão são e ela tão impactada emocionalmente...

Mas por incrível que pareça, Lupin não achava que Tonks era estranha. Enquanto estava parado ali, observando-a dançar, ele pensava no quão decidida e destemida ela era. Sabia que era muito mais nova do que ele, mas não o tratava como um cara superior. Ela não se mostrava menor diante dele, era apenas ela mesma. E isso chamou a atenção dele.

Mais tarde os dois descobriram que o casal que estava aos amassos era James e Lily e isso explicou muita coisa. Lily tinha, muito provavelmente, contado a James sobre a missão que estavam executando naquela noite.

Depois de aproximadamente três horas de festa, todos já estavam enfadados daquele lugar. Até porque chegava mais gente a cada cinco minutos e estava ficando tudo lotado demais, sem contar que estava muito abafado lá dentro. Então, às duas e meia, eles saíram de lá. Impressionantemente, ninguém estava bêbado.

Sirius Black, ainda muito desperto, sugeriu que todos fossem para a piscina aquecida do navio para aproveitar o tempo, antes James e Lily deixassem Oslo e seguissem viagem, como haviam planejado, para comemorar o aniversário de namoro em alto estilo. O cruzeiro só partiria na manhã do dia seguinte.

Antes de entrar, Tonks pediu para que Lily tirasse uma foto dela. Ela fez uma cara de surpresa e Remus não soube se ela estava simplesmente posando para uma foto ou tentando impressioná-lo mostrando que sabe sobre História da Arte e que, como estavam em Oslo, no porto, seria uma oportunidade única de tirar uma foto épica imitando a obra “O Grito”, de Edvard Munch. Bem, ele nunca soube.

Depois disso, todos foram até o convés mais inferior, onde ficava a discoteca e a piscina. James colocou uma música legal pra tocar. A área era toda deles, afinal, era madrugada, todos deviam estar no quinquagésimo sono. Tonks foi ao seu quarto e buscou o seu maiô e a mala de Lily, fazendo o maior esforço para não ser notada pela prima, que, por sorte, não acordou.

Ela, então, retornou à piscina e entregou a bagagem de Lily (que a agradeceu) e seguiu para o vestiário para se trocar, que era bem próximo ao local onde se encontravam. Sirius já estava dentro da água. Lupin preferiu ficar fora da piscina, pois não tinha trazido sua roupa de banho, Almofadinhas não curtiu a atitude do amigo.

— Nem vem, Aluado. Se você não parar de frescura, eu mesmo empurro você aqui.

— Não estou com frescura. Só não quero entr-

Foi interrompido ao ser surpreendido com uma jorrada de água na cara. James, com uma arminha de água, que ele havia roubado da área infantil, estava acertando os jatos bem no rosto do rapaz.

— O que é isso, Pontas!? — Remus se protegia, mas não conseguia manter a seriedade. Não demorou para ele ser empurrado para dentro da piscina.

Potter e Black gargalharam em coro, assistindo o amigo se recuperar dos dois litros de água que engolira na queda.

— Que desgraça — não aguentou e caiu na risada também. Ele ainda passava a mão pelos olhos, da ardência que fora o jato de água que o atingiu em cheio.

— Só pra despertar — Pontas comentou maroto. Entrementes, Lily ainda fuçava a mala de um metro à procura do seu biquíni.  

Eles passaram alguns instantes conversando e Remus disse que pegaria uma toalha e já estaria de volta. Freou a passada larga num baque quando viu que o vestiário estava em uso. Tonks se virou rapidamente, assustada, pois estava se olhando no espelho do vestiário apenas de maiô e mesmo que ela fosse mostrar-se em roupas de banho na frente de todo mundo dentro de minutos, ela se sentia envergonhada que ele a visse assim, ainda mais sozinha.

— Ah, não se preocupe. Só vim buscar uma toalha — disse ele, a fim de não chateá-la e encaminhou-se para a prateleira de toalhas secas.

Na mesma hora os dois se sobressaltaram ao ouvir um estrondo. A porta do vestiário havia batido.

— Hasta la vista, bebês — era a voz de Sirius atrás da porta. Imediatamente, Lupin correu até lá, mas já era tarde.

Era isso. Estavam trancados dentro de um vestiário e, dessa vez, Nymphadora não tinha feito parte de nada disso. Ela mesma estava gritando para que parassem com isso, mas ninguém parecia ouvi-la.

Ótimo”, pensou Remus. Tinha que trabalhar na manhã seguinte e se dependesse dos amigos eles ficariam ali pelo resto da viagem.

Tonks suspirou e vestiu-se com um roupão, que ficava descansava próximo à prateleira de toalhas secas, a fim de cobrir-se. Remus se virou para a garota.

— Não olhe pra mim — respondeu sincera. — Não tenho nada a ver com isso.

O rapaz, vencido, sentou-se num canto e suspirou. Tonks deitou-se sobre o banco em frente a um dos armários, encarando o teto e sentindo o tecido do roupão subir e descer junto com o compasso das batidas de seu coração.

Ela queria se aproximar dele, mas não assim... Queria que ele tivesse vontade de estar perto dela e não que fosse obrigado a isso. Se estivesse com o seu celular, ligaria para Lily para que viesse abrir a porta.

— Que tédio — disse Lupin depois de uns cinco minutos em silêncio. Dora inclinou a cabeça para conseguir vê-lo.

— Pois é. Eu estava assim nos últimos três dias, o único dia que me diverti mesmo foi hoje.

Remus suspirou.

— Eu também me diverti hoje. Quer dizer, eu só trabalho aqui. Sirius e James são meus melhores amigos.

— Sei... — a garota respondeu. — Se eu estivesse com o meu celular aqui eu pelo menos poderia ler alguma coisa dos meus PDF’s — completou, fingindo indiferença.

— O que você lê? — perguntou interessado, sacudindo o cabelo molhado (gesto que Dora não pôde deixar de notar).

— Gosto de romances românticos, obviamente — ela riu, obviamente deduzindo que ele acharia aquilo a coisa mais clichê do mundo.

— Já li alguns, mas gosto mais de ficção científica. Estou lendo Frankenstein pela quarta vez — ele deu uma risada nasalada.

— Nossa — ela ficou boquiaberta. — Acho que nunca cheguei a ler um livro quatro vezes. O único que li duas vezes foi “A Culpa é das Estrelas”. Amo aquele livro — então olhou para o cara e não pôde conter a pergunta, após alguns segundos de pausa na conversa. — Não acha melhor tomar um banho ou pelo menos tentar se secar? Essa roupa está encharcada, você pode adoecer — sugeriu, sentando-se no banco, de frente para ele.

— Não tenho outra roupa, mas acho que preciso de um banho quente — concordou.

— Tem alguns roupões ali — apontou —, pendurados próximos à prateleira de toalhas.

— Ótimo — respondeu e ergueu-se.

Como antes Remus estava sentado num lugar pouco iluminado, a menina não percebeu, mas agora, que estava bem embaixo da luz da lâmpada, ela teve certeza do quanto ele era bonito. Perdeu o fôlego quando distinguiu alguns gominhos do seu peitoral, visto que sua camiseta encontrava-se colada ao seu corpo, por estar molhada. Engoliu em seco e virou-se na direção oposta para não cair em tentação, se é que me entende.

Remus sentia calafrios. A roupa encharcada estava sugando cada resquício de calor de seu corpo. Foi até a prateleira, pegou uma toalha e um roupão e dirigiu-se à ducha, que por sorte era ocultada por um armário — que ficava bem em frente ao banco em que Tonks estava sentada; caso ela não saísse de lá, ele estaria livre de espiãs durante o banho, mas isso não lhe importava muito.

Lupin pensava na família. Como estariam seus pais? Provavelmente estariam sentados no sofá da sala enquanto assistiam a um programa de TV aberta. Estava nesse navio por eles. É claro que queria o dinheiro para si, mas seus pais eram o principal motivo de seus bicos.

Depois que terminou o banho, secou-se e vestiu-se com o roupão. Sentia-se bem mais aquecido agora. Usou a parte que não estava molhada de sua toalha para secar os cabelos. Assim que voltou para onde estava sentado anteriormente, percebeu que Tonks estava adormecida, deitada no banco. Parou por um instante e observou sua respiração fazer com que mechas de seu cabelo rosa esvoaçassem brevemente e voltassem a cair-lhe sobre o rosto, mais uma vez. Naquele momento, ele sorriu.

Como uma garota podia ser tão decidida como ela? Também gostava de ler, assim como ele. Era sempre muito educada e divertida (pelo menos quando estava perto dele). Por que uma menina tão bonita e legal como ela tinha que ser tão nova? Lupin não era idiota: sabia muito bem que a garota estava interessada nele, mas ele não sabia se estava pronto para ter nada com ninguém, Deus sabia como não gostava de se envolver com ninguém sem que fosse pra valer. Além disso, precisava focar nos seus estudos na universidade ­— Física era o amorzinho dele, mas ainda não deixava de ser uma matéria que exige esforço — e trabalhar para conseguir um dinheiro que complementasse a renda da família. Como teria tempo para dar atenção a alguém? Potter e Black entendiam, pois eram seus melhores amigos há muito tempo, mas será que uma garota entenderia?

Quando viu que estava viajando demais em seus próprios pensamentos ele meneou a cabeça e voltou a sua atenção para Nymphadora. Ao observar melhor, ele notou que os olhos dela se moviam, mesmo que estivesse de olhos fechados. Aproximou-se, curioso.

 “Estaria ela tendo um pesadelo?”, pensou ele. Tirou as madeixas de cabelo que o impediam de ter a visão completa do rosto dela e fitou-a com mais intensidade. No mesmo instante, ele pôde sentir o corpo da garota sofrer um leve espasmo.

Remus riu.

— Pare de fingir que está dormindo — sussurrou, apenas para realmente se certificar de que estava certo.

— Não estou fingindo — respondeu ela, ainda de olhos fechados. — Estou tentando. Mas com você me olhando fica um pouco difícil — suspirou e o sorriso de Lupin murchou na mesma hora.

Ela abriu os olhos e sustentou o olhar dele, que estavam à mesma altura, visto que ele agachara-se para sussurrar-lhe a frase antes dita. Depois de alguns segundos de contato visual, ele suspirou.

— Eu disse para não se apaixonar por mim.

— Mas que merda... — ela praguejou, passando ambas as mãos pelo rosto. — Por que acha que eu estou me apaixonando por você, Remus Lupin? — ela se levantou, ele fez o mesmo. Apesar de ele ser mais ou menos quinze centímetros mais alto que ela, estavam próximos. — Huh? — ela reforçou o questionamento, mas nada saiu da boca dele.

Aluado apenas encarava-a, sem dizer uma mísera palavra. Aquilo destruía o resto de sanidade que habitava em Tonks.

Ela balançou a cabeça, inconformada.

— Isso é ridículo — ela virou-se, mas ele a segurou pelo pulso, fazendo-a virar para ele novamente.

— É mais complicado do que você pensa — ele começou.

— Se você me explicasse, ao invés de alegar que eu sou uma idiota que se apaixona fácil, talvez eu até tentaria entendê-lo.

Ele negou com a cabeça.

— É por que eu sou mais nova, não é? — perguntou.

— Não é só isso...

— Então o que é, Lupin? — ela aproximava-se dele, lentamente. Ele não moveu um músculo. — Você sabe que esse lance de idade não tem nada a ver. Eu só queria ser a sua amiga, poxa... — ela abaixou a cabeça, entristecida. — Mas você fica insistindo nessa droga de-

Ela não pôde continuar falando, pois ele ergueu o seu rosto, para que voltasse a olhá-lo. Alguma coisa dentro de Tonks revirou, era o efeito que ele tinha sobre ela.

Remus não conseguia agir, mas também não suportava a ideia de machucá-la, ele não suportava ser o motivo da dor de ninguém. Seus olhos se encontraram mais uma vez. Se ele não estivesse tão perdido nas irises azuis de Dora, ele teria notado que seu coração estava acelerado. Quanto tempo fazia que ele vivia reservado, sem se relacionar com ninguém?

Ele quase levou um susto quando ela pousou o dedo polegar sobre a cicatriz do rosto dele. A garota estava se contendo para não surtar. Tinha um milhão de coisas dentro dela querendo escapulir: perguntas intermináveis sobre ele e sobre os motivos nos quais ele fingia acreditar que ela não era boa o bastante para ele (era o que Nymphadora pensava); a vontade quase incontrolável de abraçá-lo e sentir o corpo dele em contato com o dela; ouvir o ritmo das batidas do coração dele e ter certeza de como os cabelos dele deslizariam fácil por entre os dedos dela (mesmo que estivessem úmidos). Tudo isso passava como um filme pela cabeça dela.

— Tenho a sensação de que isso não vai dar certo — Remus disse, por fim, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e pousando a mão sobre o rosto macio dela.

Tonks aproximou-se e sussurrou contra os lábios dele:

— As pessoas acreditam no que querem acreditar.

Aquilo foi demais para Lupin aguentar. O hálito dela ricocheteando na boca dele foi a gota d’água. Ele, então, encostou a testa na dela e inspirou antes de acariciar os beiços da menina com os seus. Fazia cócegas. Era como se ele estivesse de volta ao colegial, era um garoto. Deixando-se levar no segundo seguinte. Ele a beijou.

Tonks não conseguia conter tamanha ansiedade dentro de si: seu coração era mau: fazia o peito dela queimar na união de lábios. No entanto, ela não iria apressar as coisas, sabia que com Remus era diferente. Seus dedos, finalmente, subiram até a nuca dele e, dali, ela deslizou a mão para dentro de seus cabelos, sentindo o quão mornos e macios eles pareciam em contato com a pele dela. Houve uma pausa, onde eles se entreolharam e foi como se o desejo fosse legível em ambos as expressões.

Aluado não sabia o que estava acontecendo com o seu corpo, que, claramente, não estava agindo racionalmente. Era irônico que, sendo ele uma pessoa que acredita cegamente na Razão, não conseguia utilizar-se dela. Seu coração, eventualmente, havia arrumado uma função avulsa ao bombeamento sanguíneo.

Quando menos esperaram, seus lábios estavam grudados de novo. Dessa vez, Remus sentou-se no banco e Tonks sentou-se sobre ele, colocando uma perna para cada lado dele. Era um perigo, pois era claro que Remus estava nu debaixo do roupão e a única coisa que Nymphadora possuía para ocultá-la da mesma situação era o maiô que vestia. Isso não a impediu de sentir o membro dele sob ela.

Os dois suspiraram quando houve o contato entre quadris. A partir daí, o beijo se intensificou, tanto que Tonks estava indo ao delírio quando sentiu o rapaz plantar-lhe beijos mornos pela extensão de seu pescoço. Nenhum dos dois iria aguentar aquela situação por muito tempo, ambos estavam em chamas, eram como duas espadas travando uma árdua batalha: quem vacilasse...

Quando Tonks estava decidida a despir o roupão que lhe acalentava até a alma, ouviu um barulho vindo do lado de fora. E não era nenhum de seus amigos, pois eles sabiam melhor do que ninguém que o navio partiria em breve e que James e Lily teriam de seguir viagem antes disso.

A garota saltou do colo de Lupin num piscar de olhos e os dois se colocaram de pé, olhando desesperadamente, um para o outro. Alguém estava destrancando a porta.

— Rápido, aqui dentro — sussurrou Aluado, apontando o armário em frente ao banco em que antes trocavam amassos.

Os dois entraram e ficaram espremidos lá dentro, olhando pelos furinhos da parte superior da porta.

Um funcionário entrou com um carrinho, que Remus reconheceu como sendo o mesmo que os camareiros utilizavam para arrumar os quartos, e sumiu da vista do casal, indo para detrás de outro armário. Pelo barulho que ele fazia, eles supuseram que o homem estava colocando as toalhas limpas de volta às prateleiras. Era a chance deles.

— Saímos no três — o rapaz sussurrou mais uma vez.

— O quê? — estava escuro, mas ele foi capaz de distinguir os olhos de Dora, de tão arregalados que estavam.

— É a nossa chance. Vamos... Um... — ela engoliu em seco. — Dois... — ele abriu uma brecha da porta. — Três! — saíram de dentro do armário e passaram pela porta do vestiário como duas panteras em alta velocidade. Era óbvio que seja lá quem estivesse lá dentro tinha escutado, mas não saberia que eram eles dois.

Quando chegaram ao convés principal, na popa do navio, os dois puderam respirar fundo. Já passava das quatro da manhã.

Quando conseguiram olhar um para o outro, caíram na gargalhada.

— Isso foi a coisa mais louca que eu fiz nessa viagem — Tonks comentou excitada, ainda sem conseguir conter o riso.

— Eu também, acredite — sorriu.

Talvez ele até gostasse dela, no final das contas.

***

Faltavam apenas três dias para o fim da viagem. Nesse meio tempo, Remus e Nymphadora passaram a se ver com mais frequência, pois a garota insistia em ajudá-lo com os afazeres, mesmo que não fosse paga para tal, afinal, tudo o que ela queria era companhia. Eles acabaram conversando bastante e Tonks teve a oportunidade de saber muitas coisas sobre ele que ela nunca imaginou que acabaria sabendo: ele não estava trabalhando naquele cruzeiro para pagar a faculdade coisa nenhuma, ele estudava em Oxford, cursava Física, era apaixonado por filmes antigos e sabia cozinhar.

Remus também conseguiu conhecer muitas coisas sobre Dora: ela pinta o cabelo dela de acordo com o humor, adora videogame, fanfics e dançar. Ela tinha um tio chamado Newton, o que ele achou superinteressante, já que tinha o nome do físico mais ilustre de todos os tempos, entre outras coisas.

Tinham explorado as outras duas paradas: Kristiansand e Stavanger, que também ficavam na Noruega e isso fez com que se aproximassem ainda mais. Descobriram que podiam se divertir mais quando estavam juntos e que a viagem se tornou bem mais legal, desde então.

No último dia, a dupla estava deitada sobre convés que ficava acima do teto da cabine do comandante do navio, que já estava direcionando o Cruzeiro para o porto de Dover. Esperavam o sol nascer, já era quatro e quarenta da manhã (o sol nasce às 04:48 na Inglaterra). Para passar o tempo, gostavam de jogar alguma coisa, dessa vez, o desafio era dizer uma coisa que você nunca diria a ninguém.

— Uma coisa que eu não diria para ninguém... — Remus parou de falar por um instante, pensativo. — Bem, eu... Meio que sei tricotar — ele virou para a garota, um pouco envergonhado.

Tonks riu e sentiu suas bochechas esquentarem.

— Eu ia dizer uma coisa super pesada aqui e você veio com essa fofura toda. Me deixou até sem graça — ela colocou as mãos sobre o rosto, sem jeito.

— Ah, não. Agora você vai me contar o que era — insistiu o rapaz, tentando tirar as mãos do rosto dela, rindo.

— Nem ferrando. Você nunca vai saber o que é. Agora me deixa que é a minha vez de pensar em algo bom.

Na hora em que ela disse isso, o sol apareceu no horizonte. Ela apontou, animada e passou minutos falando no quanto aquilo era lindo e que ela nunca tinha feito algo parecido antes, Remus apenas ouvia, por prazer de ouvi-la tagarelar.

Não demorou para o Cruzeiro parar no porto de Dover. Tonks estava feliz por ter chegado em casa, mas chateada porque não veria mais Lupin, aquele navio parecia ser a única coisa que os unia no momento, mas, impressionantemente, de última hora, eles acabaram trocando os números de celular, o que animou muito a menina.

Eles se despediram com um abraço longo e um beijo terno. Sirius também teve espaço na despedida.

— Obrigada por ter me trancado naquele vestiário mesmo sem eu pedir. Foi muito bom conhecer você — Dora comentou sorridente.

— Quem diria que a menina que eu peguei no primeiro dia viraria a namorada do meu melhor amigo — ele disse provocante e levou um peteleco tanto de Remus quanto de Tonks.

— Não estamos namorando — disse ela primeiro.

— Não se refira a ela como “a menina que eu peguei”, seu cachorro — Lupin, disse sério e Sirius levou a mão ao peito, passando-se por ofendido.

— Me desculpem, pombinhos. Eu em... Foi só uma zoeira fraquinha — fez beicinho.

— De toda forma, minha amiga viu uma foto sua no Tinder e está muito interessada em te conhecer.

— A da tela de bloqueio? — perguntou Black.

— Ela mesma.

— Caralho... Só me diz onde e quando que eu tô indo.

— Você tem Tinder, Sirius? — perguntou o amigo com a cicatriz no rosto, um pouco enojado.

— Tenho, ué. Como você acha que eu arranjo meus contatinhos? Não me julgue antes de experimentar — retrucou o rapaz de cabelos negros, enquanto sorria maroto para o celular onde Nymphadora salvava o contato “Marlene McKinnon” na agenda dele.

Depois de finalizada a conversa, Tonks se despediu — de verdade dessa vez — e se juntou aos tios, prima e companhia dentro de um taxi (todos ficaram bem apertados, por sinal, mas o tio mão de vaca prometeu que iria pagar por apenas um taxi, não dois) e seguiram viagem para casa.

Assim que chegou ao seu quarto, em casa, Nymphadora sentiu o celular vibrar no bolso do short. Ela leu as mensagens de Lily — que contava tudo sobre a viagem incrível com o namorado James — e logo depois abriu o chat que realmente estava ansiosa para ler:

—____________________________________________________________________________
Remus Lupin [03/08/18 – 06:47]: Esse é o livro que eu te falei (link)

Remus Lupin [03/08/18 – 06:47]: Agora me fala o que é que você ia dizer e o sol te distraiu.

Nymphadora Tonks [03/08/18 – 06:50]: Nada, eu ia dizer que eu estava apaixonada por você, mas você me pediu para não me apaixonar por você, então eu preferi não dizer.

Remus Lupin [03/08/18 – 06:51]: KKKKKKKK ai, Tonks, você é a melhor pessoa.

Remus Lupin [03/08/18 – 06:52]: Agora pode ♥ Pra falar a verdade, acho que fui eu quem me apaixonei por você primeiro (emoji de vergonha).

—____________________________________________________________________________

                                 Dora deixou seu corpo cair sobre a colcha fofa de sua cama, ela estava tão radiante depois de ler aquela mensagem que não sabia nem o que responder.

                                 Seria um final de verão dos bons.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostou? Se sim, deixa aqui a sua opinião. É a primeira vez que eu escrevo sobre esse casal e eu realmente não sei se eu soube interpretá-los bem na fic.
Muito obrigada para você que leu até aqui. Significa muito pra mim, de verdade! :D
Caso esteja interessado em mais fanfics de UA da era dos Marotos, é só dar uma conferida no meu perfil.
Até a próxima!
~nox