Bring Me Home escrita por Luh Marino


Capítulo 6
05


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Eu quero perguntar: vocês acham que os capítulos estão de bom tamanho? Ou acham muito grandes? Fiquei com essa dúvida dias desses e agora estou achando que eles estão muito grandes e isso pode desencorajar as leitoras. Esse capítulo mesmo, está enorme ao meu ver hahaha Por favor, deem sua opinião.

Boa leitura!



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Ambre Sharpe era irmã de Nathaniel Sharpe. Irmã gêmea, na verdade. Ambre e Nathaniel haviam nascido na cidade, bem como Castiel. E os três haviam estudado juntos a vida toda. Surpreendentemente, quando crianças todos eles eram o completo oposto daquilo que eram quando os conheci no ensino médio. Castiel, que se mostrava como um típico bad boy insolente, quando criança era um menino bonzinho. Nathaniel foi o contrário - era uma peste quando mais novo, e cresceu para se tornar um garoto responsável e quieto.

“E Ambre?”, você se pergunta.

Ambre era a principal vítima das traquinagens do irmão. Quem a defendia era o doce Castielzinho, que lhe confortava quando ela chorava e pegava de volta as bonecas que Nathaniel havia roubado. Isso, claro, fez com que Castiel fosse a primeira paixão de Ambre, nada mais natural que aquilo. Acontece que, quando crescidos, essa paixão se tornou amor e só continuou, porém ele não correspondia aos sentimentos da loira. E pior, a tratava mal. Porque ele havia virado o tal do bad boy insolente.

E se Ambre não podia tê-lo, ela faria questão que ninguém mais pudesse.

Eu sempre fui uma garota curiosa e extrovertida. Enchia o saco de todo mundo, querendo ajudar e fazer amizade. Castiel não passou batido por mim. Isso deixou Ambre puta da vida. E ela, que parecia ter absorvido a personalidade bizarra do irmão-pestinha, fez de mim sua principal vítima durante os anos do colegial.

Sério, aquela garota me enchia o saco.

Pois bem, quando vi Ambre Sharpe conversando com meus amigos e sorrindo na minha direção, meus instintos me mandaram correr. E realmente, eu quis correr. Muito. Mas Alexy acenava para mim, Rosa estava com uma feição esquisita e Chani parecia cuirosíssima.

E, para falar a verdade, eu também estava.

Esse foi o único motivo para que eu me aproximasse do trio fora do comum.

— Ei gatinha! — Alexy foi o primeiro a se manifestar quando os alcancei. Me enlaçando em um abraço, como ele sempre fazia, olhou Chani de cima a baixo. — Olá, você.

— Oi. — ela respondeu.

Eu queria apresentá-los um ao outro, mas meus olhos não desgrudavam dos olhos da minha pseudo-arqui-inimiga à minha frente, que ainda sorria na minha direção. E, estranhamente - se é que isso podia ficar mais estranho -, seu sorriso não era o mesmo que eu reconhecia de quando ela me encarava com a feição mais irônica do mundo depois de aprontar mais uma que iria com certeza me ferrar.

Parecia um sorriso genuíno.

Eu me sentia enjoada.

— Lottie?

Rosa estava estalando os dedos em frente aos meus olhos, e foi com isso que eu saí do meu transe.

— Oi. Essa é Chani, ela é da minha classe. Chani, Alexy, Rosalya. E o que você tá fazendo aqui? — falei tudo de uma vez só, não consegui controlar as palavras. Claramente, a pergunta final foi direcionada a Ambre.

Ela pareceu confusa. Olhou de mim para Alexy, para mim, para Rosalya. E conforme o foi fazendo, seu sorriso diminuía até desaparecer por completo.

— Eu… achei que você sabia.

Sabia do que, louca?

— Então… — meus dois amigos disseram ao mesmo tempo. Nada suspeito. Dessa vez quem olhou de um para o outro fui eu.

Ali tinha coisa.

— Lottie! Você não vai acreditar. Ambre e nós… a gente…

Eu nunca havia visto Rosalya desconcertada o tanto que ela estava naquele momento. Ela realmente não sabia o que falar. E eu já imaginava o motivo.

— Vocês agora são amiguinhos?

Ela engoliu a seco com a minha pergunta. Olhou para Alexy procurando por suporte, mas ele estava mais branco que papel e só conseguiu dar de ombros com o pedido implícito da platinada.

— Sabe, era só vocês terem falado.

Eles respiraram fundo com a minha resposta, mas ainda não pareciam ter o que falar. Ambre estava de olhos arregalados no meio do fogo cruzado.

— Não que eu esteja de boa com isso, mas mentir não ajudou em nada, não é?

— A gente não sabia que você iria voltar… — foi a resposta de Rosa.

— E, sinceramente, quando você apareceu a gente até esqueceu disso. — a vez de Alexy.

Rolei os olhos para ambos. Aquilo estava soando como belas desculpinhas. E o diminutivo implica má qualidade.

— Eu espero que saibam o que estão fazendo.

— Sim, Lottie! A Ambre mudou muito nos últimos anos, você não acreditaria. — a animação típica de Rosa estava de volta.

— De fato, não estou acreditando.

Ambre pigarreou e deu um passo à frente na minha direção. Por um segundo, levantou a mão, em dúvida se me tocava. Mas desistiu. O que foi um ponto a mais para ela.

— Eu imagino que seja difícil para você, Charlotte. Mas é verdade. Me arrependo muito de tudo que te causei na nossa convivência, e espero que você acredite em mim. E que me perdoe.

Eu não reagi em nada além de apertar um pouco os olhos na direção da loira, explicitando minha desconfiança

— Chani, Ambre. — as apresentei. Elas se deram oi.

E esse foi o máximo de interação que eu conseguia ter naquele momento. Por isso, apertei a alça da mochila em meu ombro e segui rumo ao meu dormitório, deixando os outros quatro para trás. Eu não aguentaria mais do que aquilo.

Rosa me mandou algumas mensagens depois do que aconteceu, mas eu ignorei. Tomei um banho e passei o resto do dia no quarto, lendo alguns textos das aulas. Não saí nem para comer, perdi totalmente o apetite com o encontro do dia.

Na terça feira fui novamente à aula. Chani me acenou de longe, mas sentou-se em uma cadeira afastada de mim. Me perguntei se tinha a ver com o que acontecera no dia anterior, mas ainda estava abalada demais para sequer perguntar. Então apenas fiz o que tinha que fazer na aula e, ao seu fim, fui para o restaurante universitário. Comi sozinha, mas não fiquei mal com aquilo. Eu precisava respirar. Dei uma lida nas mensagens de Rosa, milhões de pedidos de desculpas e algumas justificativas. Rolei os olhos para tudo aquilo, mas um sorriso discreto escapou-me dos lábios. Rosalya sabia ser persuasiva.

Sinceramente, eu não estava tão chateada com a amizade, e sim com a mentira. Eu acreditava na mudança das pessoas, do ruim para o bom, havia visto muitas pessoas terem mudanças assim. O que me deixava triste de verdade foi que Rosa e Alexy não fizeram questão de sequer mencionar o nome de Ambre perto de mim.

Depois de almoçar fui direto para o Café. Meu primeiro dia oficial de trabalho, eu estava um pouco apreensiva. Clemence só havia pegado no meu pé até então, e eu não pensava que sua atitude mudaria agora. Só estava curiosa para saber por que ela me tratava daquela maneira, pois era muito gentil com Hyun. Porém, ao chegar no estabelecimento, ela não estava lá. Guardei minhas coisas e coloquei o uniforme. Hyun me entregou um bloquinho para anotar os pedidos e me cumprimentou entusiasmado. Ele era realmente muito feliz.

Já havia atendido alguns clientes, e estava me saindo bem. Eu pensei que seria mais desastrada e causaria situações constrangedoras, mas eu até que tinha o jeito.

— Lottie, tem uns clientes ali fora, você pode atender, por favor? — Hyun entrou no Café com uma bandeja cheia de copos e pratos sujos.

Ri discretamente de sua situação e segui para o lado de fora. Em uma das mesinhas, reconheci os cabelos cacheados de Yeleen.

— No que posso ajudar?

Ela levantou os olhos do celular para me fitar e rolou os olhos quando me reconheceu.

— Mas você está em todo lugar? Nas aulas, no meu quarto e até aqui?

Dei de ombros, sem vontade de discutir. Na verdade, eu nunca tinha vontade de discutir com Yeleen, já que ela era tão infantil, mas nesse dia em especial eu estava com menos paciência ainda.

— Vou querer um suco de laranja e um sanduíche de atum.

Ela nem pediu por favor. Mal educada.

Anotei o pedido e segui para dentro, preparar seus pedidos. Hyun estava um pouco atrapalhado na cozinha com as milhões de tarefas que tinha, mas negou quando eu ofereci ajuda. Orgulhoso.

Os pedidos de Yeleen não demoraram a ficar prontos, por serem coisas tão simples, então logo eu estava de volta à sua mesa do lado de fora. Ela estava no telefone.

— Sim, é em um mês. Você vai? — ela pausou, provavelmente para ouvir a resposta. Limpei a mesa com um paninho e coloquei o suco e o prato com o sanduíche à sua frente. — Estou muito animada. Já perdi as contas de quantos shows deles que eu já fui, e nunca me canso.

Ela devia estar falando do show da Crowstorm. Eu percebi que ela era fã, pois tinha um poster no quarto e havia ligado o rádio para ouvir a entrevista aquele dia.

— Sim, sim. E você vai poder conhecer o Cassy, finalmente.

Cassy. Seria Castiel?

Ela conhecia Castiel?

Queria ficar e ouvir mais da conversa, pois sou curiosa desse tanto. Mas outros clientes chegaram e eu fui atendê-los. Ao passar novamente pela mesa de Yeleen, porém, ouvi mais um pedaço.

— Ele é o homem da minha vida. — afirmou com confiança na voz. Tive que me concentrar para não tropeçar e cair. — Eu sei que o conheço há pouco tempo. Quer dizer, eu o conheço a mais tempo, ele que me conheceu agora. — ela riu. —  Mas temos tudo em comum. Não tenho a menor dúvida que fomos feitos um para o outro.

Apressei o passo para sair dali, e entrei quase correndo no café. Minha respiração estava descompassada, e Hyun se aproximou ao ver meu estado.

— O que aconteceu, tá tudo bem?

Eu engoli antes de responder que sim com a cabeça. Me recompus e fui pegar os pedidos dos outros clientes. Por sorte, quando voltei para o lado de fora, Yeleen já havia ido embora e tinha deixado o dinheiro trocado para pagar pelo que consumiu.

Ele estava namorando. Castiel namorava. Com minha colega de quarto. A quem e odiava, e que me odiava de volta.

Aquilo não podia piorar.

O resto da semana passou rápido. Não tive muito tempo de me encontrar com Rosa ou Alexy, mas já estava mais calma com a situação da nova amizade deles. Pensei bastante sobre as palavras de Ambre. Eu não estaria preparada tão cedo para perdoá-la, mas podia fazer um esforço. Eu não gostava de guardar rancor, de todo jeito, porque esse tipo de sentimento faz mais mal para nós que o retemos do que para aquele a quem destinamos nossa raiva.

O trabalho continuou na mesma. Clemence aparecia normalmente a cada um ou dois dias, e apesar de ainda pegar no meu pé e exigir muito de mim, eu percebia que Hyun estava aos poucos convencendo-a que eu prestava.

Toda vez que eu via Yeleen, fosse nas aulas ou no quarto, me lembrava de sua conversa ao telefone no dia que ela apareceu no Café. Tentava não pensar muito naquilo, mas não podia negar que o assunto me incomodava. Não contei para ninguém, assim como não havia o feito sobre a situação da qual Nathaniel me salvou no meu primeiro dia de volta à cidade. Simplesmente não eram coisas que eu me sentia confortável falando.

Quando eu sequer percebi, já era sábado. Acordei tarde novamente e com o grupo de mensagens da festa bombando. Eu havia comentado que tinha encontrado Melody e Rosa e Alex perguntaram se eu queria que eles a convidassem, mas eu disse que não. Queria apenas meus amigos próximos ali. Deixei isso claro e eles sequer mencionaram Ambre. Mas era o mínimo que eles podiam fazer depois de tudo.

A festa começaria às sete da noite. Saí para almoçar com Alexy e Chani em um restaurante próximo ao campus. Conversamos um pouco sobre o que aconteceria na festa - convidei Chani depois de Alexy surgir com o assunto na mesa - e este alegou não saber de nada do que estava planejado porque Rosa não o contou, dizendo que ele não saberia segurar as surpresas.

Então haveria surpresas.

Voltando aos dormitórios, Alex disse que passaria ali às seis e quarenta para irmos juntos, e Chani disse que também gostaria de ir conosco, então deixamos combinado. Tomei um bom banho para relaxar, aproveitando que Yeleen sequer havia dormido lá, então fiquei um bom tempo me preparando. Fiz praticamente um dia de spa, com direito a hidratação no cabelo e máscara esfoliante no rosto.

Já eram cinco horas quando comecei a me arrumar de verdade. Deixei o cabelo solto com meus cachos perfeitamente finalizados com quilos de creme. Escolhi uma peça única, um macacão preto leve com alças finas que se cruzavam nas costas para dar um charme. E peguei uma jaqueta caso fizesse mais frio. Pensei em colocar algo como um scarpin, mas eu não tinha muito paciência com sapatos altos e acabei calçando coturnos com salto baixo. Não exagerei na maquiagem simplesmente porque não queria ter que tirar tudo ao chegar mais tarde, então só fiz o básico de sempre e finalizei com um batom vinho.

Ouvi batidas na porta no exato segundo em que terminei de colocar os brincos e ao abrir vi Chani. Nos cumprimentamos e eu peguei a bolsa e tranquei o quarto. Alex estava no lobby comum do prédio, arrumado e muito cheiroso como sempre. Era um menino vaidoso, ele.

Rachamos um uber até o apartamento de Rosa, que ficava em cima de uma pizzaria no centro. Ao chegarmos, tocamos o interfone e ela nos deixou subir. Era no segundo andar e só tinha um apartamento por andar, então não foi difícil. Batemos na porta e Leigh nos recebeu alegremente.

Me abraçou apertado, pois não tínhamos nos visto até então. Leigh era mais velho e ele e Rosa namoravam desde que eu a conhecia. Inclusive, ele foi de certa forma o motivo da nossa amizade, pois ele me pediu ajuda para reconquistá-la em uma de suas brigas - sim, ele pediu ajuda para a primeira estranha que passou na frente dele - e assim nos aproximamos.

Lá dentro, todas as pessoas que eu esperava ver. Deixei a tarefa de apresentar Chani ao resto do pessoal para Alexy, pois eu mesma tinha muita gente para cumprimentar. Violette com seus cachinhos roxos continuava na dela, mas não mediu esforços para me dar um grande abraço entusiasmado. Ao seu lado, Kim tinha o braço apoiado nos ombros de Vio antes de soltá-la para que nos déssemos oi. Sempre achei que elas combinavam. Íris me deu um abraço apertado, porém breve, acho que por ser uma das únicas além de Rosa e Alex que já havia me visto, e quis me deixar por mais tempo para dizer oi aos outros. Priya fez o mesmo que a ruiva antes dela. Por último, Armin me pegou no colo e me girou para os lados, me fazendo gargalhar.

— Eu senti muito a sua falta! — ele berrou ao meu ouvido, ainda me envolvendo em seus braços.

— Eu também, seu nerd!

Ele não havia mudado muito, seu cabelo ainda era mais longo que o normal, mas não chegava aos ombros. E ainda era preto como pixe. Ele só não usava mais a touca que costumava levar sempre na cabeça quando estávamos na escola; ainda bem, pois aquilo era um ninho perfeito para criação de caspa e sujeira.

Eu odeio qualquer tipo de chapéu.

A única presença que ficou faltando e que apertou levemente meu coração foi Kentin. Ele era meu amigo de infância, e nos mudamos juntos para uma nova cidade e a nova escola. Mas aparentemente ninguém havia mantido contato com ele depois do fim do colégio.

Nos sentamos nos sofás da sala de Rosa, que espalhou alguns potinhos com petiscos na mesa de centro à nossa frente e nos serviu com um ponche muito gostoso. Jogamos muito papo fora, perguntando uns aos outros como estava a vida. Finalmente contei a Chani alguns detalhes mais profundos sobre o meu passado na cidade, mas ainda ocultei o namoro com Castiel. Tinha medo da sua possível reação, principalmente por ela ser uma fã tão grande da Crowstorm.

Todo mundo parecia estar muito feliz com suas trajetórias. Armin, sentado ao meu lado, contava com enorme euforia sobre a empresa onde ele trabalhava e as coisas maneiras (em suas próprias palavras) que ele podia fazer no emprego. Vio também estava muito feliz com os professores incríveis que ela tinha na faculdade que a ajudaram com novas técnicas de arte e que colaboraram para a melhoria de suas obras. Íris, como ela própria e a Rosa já haviam me dito, não tinha certeza se uma profissão na área de publicidade era exatamente aquilo que queria fazer para o resto da vida, mas gostava do curso. Kim havia aberto uma academia, e achei que aquilo fazia muito jus a ela; lembro de ter perguntado a ela, nas vésperas de nossa formatura do colégio, se pensava em fazer faculdade, e ela havia respondido que não. E ela seguiu com o plano.

Ela estava nos contando sobre alguns de seus clientes e algumas histórias engraçadas quando o interfone tocou. Rosa foi atender e voltou com uma cara engraçada que eu não sabia interpretar. Ao abrir a  porta, porém, eu entendi o sentimento: era Nathaniel. Ele não havia dado a menor dica se iria ou não à festa, ficara calado no grupo o tempo todo. Fora toda a história que a própria Rosalya havia me dito de que eles não se falavam mais. O próprio fato de ele ter sido convidado havia me surpreendido no começo do planejamento da festa, mas fiquei de boa pois sua presença não poderia ser de todo ruim.

— E por falar em cliente, olha aí! — Kim se levantou do sofá e foi puxar Nath para mais perto de nós.

Eu me levantei também e fui até o loiro, cumprimentá-lo. Estava um pouco apreensiva.

Ele sorriu de maneira doce, me surpreendendo, e me puxou para um abraço. Eu correspondi ainda um pouco espantada. Ele enterrou o rosto em meus cabelos.

— Está bem? — perguntou, baixinho o suficiente para eu perceber que mais ninguém havia escutado.

— Sim. Não contei a ninguém.

Não deixei óbvio o que eu estava falando, mas Nathaniel cortou o abraço e me olhou de maneira significativa, o que deu a entender que ele sabia o assunto que eu mencionava. Acreditei que ele manteria segredo.

Sentamo-nos todos novamente. Eu estava agora entre Armin e Nathaniel no sofá, e apesar do segundo manter-se calado na maior parte do tempo, ele tinha um sorriso discreto enquanto nossos papos fluiam soltos. Não muito tempo depois, Leigh se levantou.

— Gente, vou lá embaixo pedir umas pizzas, o que acham?

Todos concordaram e Leigh anotou os pedidos mais populares e desceu. Rosalya parecia levemente inquieta, e eu imaginava que era por causa da enorme distância que a separava do namorado. Parecia que haviam nascido grudados. Continuamos todos com a conversa, falando principalmente sobre a época da escola, em uma bela sessão nostalgia. Chani fazia diversas perguntas, algumas  até constrangedoras, mas o momento estava sendo muito divertido. Apesar daquilo, eu sentia falta de certas presenças ali, e não estava falando apenas do meu ex, por incrível que parecesse.

O celular de Rosa apitou em seu colo com uma nova mensagem e ela se levantou no mesmo instante em que leu o texto. Me olhou com um grande sorriso no rosto antes de se pronunciar.

— Espero que você goste, Lot. — ninguém nunca utilizava aquele apelido, além de…

A porta se abriu e, na frente de Leigh, segurando cinco caixas de pizzas que quase escondiam seu rosto, com o mesmo tom de cabelo branco, apenas mais longo e agora com um corte linear. Lá estava Lysandre.

— O QUE? — eu gritei e me levantei, indo até ele no mesmo instante, o que causou risada de todos. — Larga essas pizzas!

Ele fez como eu pedi, entregando as pizzas ao irmão e abrindo os braços para me receber em seguida. Me atirei em sua direção como se aquilo fosse a única coisa que importasse no momento, o que de certa forma era. Lysandre era como um irmão que eu nunca tive. Era o melhor amigo de Castiel e sempre foi o único que me apoiou e acreditou em mim em qualquer coisa que eu fizesse e falasse, mesmo quando todos os outros estavam contra mim - até o próprio Castiel ou mesmo Rosa e Alex. Saber o que havia acontecido com seus pais e como estava a vida dele quebraram meu coração em milhões de pedaços e perder o contato com ele foi o que mais me doeu, mas ele estar ali naquele momento me confortou mais do que qualquer outra pessoa ou outra coisa que já tinha acontecido desde que eu voltei para Montreal.

Tanto que eu chorei. Pela primeira vez.

— Ei, não precisa disso. — Lys me disse, sorrindo, enquanto passava os dedos em meu rosto para secar as lágrimas.

— Nem eu fazia ideia do quanto senti sua falta. — murmurei antes de voltar a enterrar meu rosto em seu peito, enquanto ele ainda me abraçava forte.

Ficamos ali por um bom tempo. Acho que os outros até cansaram de esperar e foram comer suas pizzas, pois ouvi conversas e movimentação.

— Como você está? — nós dois perguntamos ao mesmo tempo quando finalmente soltamos do abraço, o que nos causou risadas.

— Você primeiro. — ele disse.

— Bem. Na verdade, muito bem. Você acabou de trazer paz pro meu coração. — eu já havia parado, mas no mesmo instante em que falei aquilo voltei a chorar. — Eu sinto tanto, Lys. Tanto, tanto. Não tenho nem palavras pra dizer tudo que queria, eu…

— Lot. — ele me interrompeu e me fez olhar para ele. — Tudo bem. Também sinto muito.

Passei o resto da noite agarrada em Lysandre, e conversamos mais do que nunca. Ele era um cara caladão, e acho que naquele dia ele falou mais do que tudo que havia falado nos três anos que estudamos juntos. Todos os assuntos foram percorridos, desde o fim da escola, falamos sobre seus pais, a fazenda, e até Castiel. Lys disse que ainda mantinha contato com o melhor amigo, o que me deixou mais calma pois assim eu sabia que ele ainda tinha aquele ombro no qual se apoiar com toda a reviravolta que sua vida havia tido. Ele também disse que viria para o show da Crowstorm em algumas semanas. Não quis falar muito sobre os pais e a situação na fazenda, e eu não quis insistir pois parecia deixá-lo muito sensível, e eu entendia o sentimento.

Foi uma ótima noite. No fim das contas, eu gostei da ideia de Rosalya e me senti muito acolhida por todos que estavam ali. Não poderia ter sido melhor.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal, o que acharam? Eu gosto muito desse capítulo, porque eu amo o Armin e o Lysandre com todo meu coração. ♥ Ambos são pessoas muito importantes pra Lottie, também, são dois dos melhores amigos dela.
Caso alguém se pergunte, eu imagino o Lysandre assim: https://bloodqueenlimbo.tumblr.com/post/177726298389/and-the-last-art-from-this-series-is-lysandr-in?is_highlighted_post=1 (sem o chapéu skodjijsa) E não achei nenhum desenho que represente o Armin, mas ele não está muito diferente do HS, apenas com os cabelos um pouco mais longos.
No mais, espero que tenham gostado e até logo com o próximo capítulo, que eu acho que vocês vão gostar hehehehe
Beijos! ♥



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