Onírico escrita por Deusa Nariko


Capítulo 9
Capítulo IX: A Flor de Cerejeira e a Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Nono capítulo de Onírico!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/763459/chapter/9

CAPÍTULO IX:

A Flor de Cerejeira e a Tempestade

•♦•

SAKURA SE ESQUIVOU COM facilidade do primeiro golpe da espada de Mahina ao se dobrar para longe da trajetória da lâmina. A floresta estava escura, a luz da lua que atravessava as densas copas das árvores era baça e insuficiente. Por sorte, Sakura tinha um Taijutsu aprimorado e lapidado por anos a fio com o treinamento árduo de sua mestra, por isso movia o seu corpo com a graça de uma dançarina experiente e seus reflexos rápidos ajudavam-na a evitar as estocadas da lâmina da adversária com folga.

Mas Mahina se provava, a cada golpe desferido com a sua katana, que era extremamente talentosa — além de rápida. Conforme se moviam, destruíam a floresta às suas voltas. A katana de Mahina cortava fundo os troncos das árvores assim que Sakura a desviava. Seus braços trabalhavam em sintonia com o restante do seu corpo, e os olhos dourados faiscavam como Sakura jamais vira igual.

— Não quero lutar contra você — ela disse assim que ganhou um pouco de distância da mulher, saltando para longe da katana esguia e afiada, e pousando a uns bons metros dali; manteve a posição defensiva por via das dúvidas, não cometendo o erro de abaixar a guarda.

O que se provou uma decisão acertada, pois Mahina se recompôs, ergueu a espada e avançou contra Sakura de novo, brandindo-a sem descanso e com fôlego renovado.

— Mas eu sim!

De repente, Sakura saltou para cima, equilibrando-se sobre um galho, e saltou outra vez quando Mahina a seguiu, balançando sua katana de modo a partir o ramo em dois. Sakura impulsionou o corpo em pleno ar até estar de ponta-cabeça, então viu a oponente apoiar as solas dos pés no tronco, grudando-os à superfície com chakra, e dobrar os joelhos para ganhar impulso. Saltou para alcançá-la em seguida, a espada em riste e apontada para Sakura.

Sakura buscou por uma kunai na bolsa presa à sua coxa, interceptando o ataque da lâmina com ela. As armas se entrechocaram no escuro, o atrito do metal lançou faíscas que iluminaram brevemente as copas das árvores. As duas Kunoichis se afastaram, ganhando distância uma da outra e pousando, cada uma, no galho de uma árvore.

Mahina não abaixou a guarda nem tampouco pareceu que abandonaria a ideia de continuar com aquela luta. Sakura a estudou cuidadosamente. Sem dúvida era um Shinobi de elite, o modo como se movia não deixava dúvida quanto a isso. Durante todo aquele tempo, ela havia escondido a sua verdadeira natureza dela e de Sasuke, agindo como uma simples estalajadeira. Mas por quê?, Sakura se perguntou. Por qual motivo ela viveria num vilarejo como Iwaki em primeiro lugar?

— Quem é você? — Sakura interpelou-a, posicionando sua kunai na altura do rosto. — Seu nome é mesmo Mahina?

Como resposta, ela se limitou a franzir o cenho para Sakura, fincou a espada no tronco para realizar alguns selos de mão, e acumulou uma quantidade específica de chakra para um jutsu:

— Raiton: Basuto Hankei!

Sakura reconheceu a técnica originária do elemento relâmpago. Do braço esquerdo de Mahina, uma violenta corrente elétrica aflorou, envolvendo-o por completo. Se fosse remotamente parecida com o Chidori de Kakashi e de Sasuke, ela precisaria se manter longe daquela técnica a todo custo.

Assim, quando Mahina saltou, percorrendo a distância que as separava como um relâmpago, Sakura também saltou para cima, desviando da trajetória do ataque, que não só destruiu toda a árvore sobre a qual se equilibrara só um instante antes, como envolveu toda a floresta com uma explosão de luz e de eletricidade.

Mais que depressa, ela pousou em meio à relva outra vez, evadindo com uma pirueta quando Mahina a acompanhou, o chakra Raiton dessa vez envolvia toda a lâmina da sua katana.

— Raiton: Inabikari!

A katana de Mahina se cravou em meio ao solo, descarregando toda a eletricidade contida na lâmina. Sakura rapidamente concentrou chakra nos pés para grudar-se no tronco de outra árvore, salvando-se da descarga elétrica a tempo. De cima, observou a Kunoichi desprender sua espada do solo e fitá-la.

— Está pegando leve comigo, Sakura. Ainda não tive uma amostra da força lendária da Princesa das Lesmas. Ouvi tanto a respeito da pupila dela depois que a Quarta Guerra terminou que fiquei ansiosa por uma oportunidade de confrontá-la. Vamos lá, eu nem mesmo comecei a suar! O que está esperando para revidar?! — desafiou-a.

Sakura cerrou os dentes, mas buscou na sua bolsa pelas luvas de combate. Era verdade que se limitara a evadir os ataques de Mahina, mas se ela queria uma amostra do poder dela e de sua mestra, não mais o negaria. Colocou as luvas e, ainda com as solas dos pés grudadas ao tronco da árvore, empertigou-se com um suspiro.

— Muito bem. Nada de pegar leve então.

Sakura sorriu confiante para a Kunoichi.

— Mas depois que terminarmos, vou querer ouvir a sua história, Mahina-san — assegurou.

E em seguida saltou na direção de Mahira como a bala disparada de um canhão. Concentrou num instante todo o chakra do seu corpo no punho direito e bradou contra a adversária com um furor notável. Foi a vez de Mahina recuar, saltando para longe do alcance do punho de Sakura antes que este colidisse contra o solo e causasse uma destruição devastadora, que esmagou rochas, ergueu árvores imensas do nível do chão e partiu seus troncos com o impacto. Os tremores de terra persistiram mesmo depois que o chakra dela se dispersou pelo terreno.

Em pleno ar, a Kunoichi aprovou com um sorriso.

— Bem melhor assim!

Então apontou sua katana envolta em eletricidade para Sakura e impulsionou o corpo de volta para o chão, brandindo-a contra ela assim que pousou em meio à destruição causada pela força bruta de sua oponente. Sakura, por sua vez, voltou a evitar os ataques de Mahina com esquivas perfeitas.

Num ataque perfeitamente executado, Sakura ergueu um punho cheio de chakra e direcionou-o para Mahina, que escapou no último segundo e por um triz de ser golpeada. Sakura atingiu outra árvore no seu lugar, partindo seu tronco ao meio e derrubando-a para que se somasse a toda a destruição que causaram.

Mahina, mais uma vez, fincou a lâmina de sua espada no solo e realizou selos de mão, concentrando uma grande quantidade de chakra para executar seu próximo jutsu:

— Raiton: Raiso Gekishin!

Inúmeros discos pequenos e brilhantes de eletricidade surgiram e foram arremessados contra Sakura. Surpresa, ela correu na direção contrária, desviando de cada um deles, que se chocavam contra as superfícies que tocavam e lançavam rajadas poderosas de eletricidade.

Quando o último deles explodiu contra outra árvore, destruindo-a, Sakura, intacta, colocou-se frente a frente com Mahina.

— Você é uma Kunoichi de Kumo, não é? — Ao ver que ela não negou, prosseguiu: — Uma Jounin, eu arrisco dizer. Só não consigo entender por que está sob um disfarce em Iwaki. Você está em uma missão pela sua vila?

— Você terá as suas respostas só depois que a luta terminar — Mahina prometeu e concentrou seu chakra para um último e devastador ataque, realizando depressa os selos de mãos. — Raiton: Sanda Saaburu!

Ela uniu as duas mãos diante do corpo e delas uma imensa quantidade de relâmpagos aflorou, iluminando mais uma vez toda a floresta. Sakura percebeu que não haveria como escapar de um ataque como aquele, seu alcance seria inimaginável a julgar pela quantidade absurda de eletricidade que fluía a partir das mãos de Mahina. Por isso, plantou ambos os pés no solo, ergueu os braços para proteger o rosto e cerrou os dentes, preparando-se para aguentar o impacto do jutsu final.

Num microssegundo, as rajadas elétricas eclodiram das palmas das mãos dela na forma de dezenas de relâmpagos e voaram na direção de Sakura, explodindo tudo ao redor com um estrondo poderoso que engolfou toda a floresta, fez o solo tremer por vários segundos consecutivos e que cuja repercussão alcançou todo o vilarejo, apavorando seus moradores.

Ofegante por haver utilizado uma grande quantidade de chakra de uma só vez, Mahina lentamente se moveu, desfazendo a posição rígida do corpo. Uma fumaça densa e acre tomava toda a floresta, principalmente o lugar onde sua adversária estivera no momento anterior ao ataque. Entrecerrando os olhos, ela os forçou a enxergar através da cortina de fumaça, distinguindo aos poucos os contornos de um corpo.

Um corpo que permanecia de pé, na exata posição de antes da explosão do jutsu. Mahina sorriu torto quando a fumaça se dispersou por completo, revelando que não só Sakura havia sobrevivido ao impacto do jutsu, como também havia recorrido à sua técnica mais poderosa para isso. Os selos negros espalhados pelos braços e pernas não mentiam.

— Sempre quis ver esse jutsu em ação — ela comentou com fascínio para a sua oponente que não movera um músculo sequer. — A técnica que torna o seu usuário praticamente imortal no campo de batalha: o Byakugou no Jutsu.

Aos poucos, Sakura abaixou os braços que protegeram o seu rosto para revelar mais selos negros em contraste com a sua pele pálida, selos que se originavam a partir do losango — agora um espaço vazio — na sua testa. Os selos curavam depressa todas as lesões e queimaduras espalhadas pelo seu corpo, regenerando tecidos a uma velocidade impressionante e sem o mínimo esforço por parte da sua usuária.

— É uma técnica impressionante. Assustadora, mas impressionante — Mahina elogiou-a.

Sakura suspirou e em seguida os selos começaram a regredir, retornando para formar o losango violeta no centro da sua testa outra vez.

— Nós já terminamos? — perguntou à Mahina, que sorriu em resposta e apanhou sua katana, fincada no solo, para embainhá-la com um movimento gracioso do braço.

— Sim, terminamos.

Ela franziu o cenho, determinada.

— Ótimo. Porque quero respostas.

•♦•

O percurso de volta à estalagem foi tranquilo, exceto pelo momento tenso em que Sasuke, que provavelmente despertou devido à destruição que elas causaram na floresta próxima à hospedaria, veio ao encontro de ambas com uma expressão hostil direcionada à Mahina. Ainda era noite, e havia longas e decisivas horas separando-os do alvorecer. O terreno à volta da hospedaria havia se tornado silencioso outra vez com exceção do cricrilar de um ou outro grilo.

Ao se aproximar das duas Kunoichis, Sasuke manteve a atenção completamente focada em Mahina. Ele estava desconfiado e mais cauteloso do que o comum, Sakura conseguiu deduzir através da sua linguagem corporal. Então, ele notou as roupas chamuscadas e a sujeira na pele de Sakura e sua expressão se tornou aflita por um instante.

— O que houve? Você está ferida?

Ela suspirou e ergueu as mãos em defesa própria, embora não fosse por si mesma que temesse, mas por Mahina. Sasuke parecia estar de extremo mau humor e Sakura não queria que ele e Mahina brigassem antes que ela conseguisse as respostas que queria.

— Eu estou bem, Sasuke-kun. Nós só estávamos... treinando — precisou torcer para que a meia mentira soasse convincente, muito embora Sasuke fosse a última pessoa no mundo a acreditar numa mentira sua; ele a conhecia bem demais para diferenciá-las das verdades que lhe contava.

O olhar duro dele voltou a recair sobre Mahina, recriminando-a ainda mais depois disso.

— Eu sabia que você escondia algo de nós.

Mahina devolveu o olhar cortante na mesma intensidade, recusando-se a recuar mesmo ante a hostilidade que emanava de Sasuke e, por isso, Sakura tinha que reconhecer que ela era corajosa. Eram poucos que conseguiam encarar aqueles olhos sem se permitir estremecer.

— Tive os meus motivos para manter a minha identidade em segredo de vocês, Uchiha. Não sabia se seriam confiáveis.

— E o que te fez mudar de opinião?

Pela primeira vez, a expressão no rosto dela abrandou. Mahina suspirou com pesar e indicou para a estalagem em seguida.

— Vamos entrar. Explicarei tudo lá dentro.

Alguns minutos depois, Mahina se ofereceu para fazer chá para ambos, alegando que se teria de revelar toda a história aos dois pelo menos tivesse como companhia uma boa xícara de chá. Sakura aproveitou a deixa e se ausentou por um momento, permitindo-se limpar a sujeira grudada à pele e ao cabelo. Lavou o suor do rosto e umedeceu o pescoço e o colo. A luta com Mahina havia sido intensa, precisava admitir. Mas ela tinha gostado de confrontá-la também.

Quando voltou à cozinha, Mahina estava terminando de despejar a água fervente em três copos pequenos. Sasuke continuava estagnado na mesma posição e cada poro do seu corpo transpirava tensão. Será uma conversa interessante, refletiu e ajudou Mahina a levar tudo para a mesa no cômodo usado para as refeições dos hóspedes.

Mahina se sentou à mesa, segurando o copo entre as mãos e soprando seu chá. Sakura ocupou o lugar de frente para ela, bebendo goles do seu chá de vez em quando. Sasuke optou por ficar de pé, de braços cruzados sobre o peito e encostado à parede mais próxima. Ainda fulminava a mulher até onde Sakura podia ver.

— Então, vamos começar pelo começo, Mahina-san — ela disse, virando-se para a outra. — Quem é você? Seu nome é mesmo Mahina?

A mulher bebeu calmamente mais um gole do seu chá antes de pousá-lo sobre a mesa e fitá-la.

— Sim, o meu nome verdadeiro é mesmo Mahina. Ogawa Mahina para ser mais exata. E respondendo a sua outra pergunta... Eu sou uma Kunoichi leal à Kumogakure no Sato e estou a serviço do Yondaime Raikage.

— Soube disso no momento em que te vi utilizar todas aquelas técnicas do elemento Raiton — Sakura sorriu para a mulher sem malícia, apoiando o queixo num punho. — Mas eu sinto que devo reformular a minha pergunta...

— O que uma Kunoichi de Kumo está fazendo aqui sob um disfarce? Está em missão pela sua vila? — Sasuke se adiantou para perto da mesa, descruzando os braços, mas mantendo a expressão dura como pedra.

— Sim e não — Mahina respondeu-o, erguendo os olhos dourados para fitá-lo de volta.

— Como a resposta pode ser sim e não? — Sakura questionou depois de beber outro gole do seu chá.

— É bastante simples na verdade — Mahina garantiu ao entrelaçar seus dedos, apoiando ambos os cotovelos sobre a mesa. — Embora a história que eu contarei a vocês não seja nada simples. Gostariam da versão resumida ou da completa?

— Conte-nos tudo, por favor — Sakura pediu com afabilidade quando Sasuke se limitou ao silêncio.

Mahina aquiesceu, fechando os olhos por um momento. Quando os reabriu, havia um fogo diferente queimando dentro deles, uma chama que não estivera ali antes. Uma raiva antiga e contida, mas que não poderia ser menosprezada. Logo, as palavras dela levaram os três para uma viagem ao passado.

— Tudo começou alguns meses depois do fim da Quarta Guerra Shinobi. Como vocês devem saber, o mundo inteiro estava fragilizado devido a todas as perdas que sofremos e aos efeitos remanescentes do Tsuki no Me. Eu mesma lutei ao lado de centenas de outros conterrâneos e de Shinobis aliados contra os planos de Uchiha Obito e Uchiha Madara. E, assim como todas as outras pessoas vivas no mundo, acabei sendo pega pelo Mugen Tsukuyomi quando Madara o projetou na superfície da lua.

“Imagino que saibam até mesmo mais do que eu a respeito dele. O modo como todos acabamos presos em casulos e pendurados em árvores enquanto nossas mentes eram aprisionadas pelos nossos próprios desejos e chakra era drenado de nossos corpos. Mas quando terminou... Quando fomos libertos, soubemos quase imediatamente que foi graças aos esforços de Uzumaki Naruto e... — Mahina lançou um longo olhar para Sasuke. — E do último Uchiha vivo. Pode imaginar para nós como foi despertar no mundo real depois de termos ficado presos durante dias numa realidade imaginária projetada unicamente pelos nossos anseios mais íntimos?

Ao ver que Sakura relutava com as próprias palavras, Mahina complementou:

— A vida de um Shinobi não é fácil. Sofremos muitas perdas. Por vezes, somos forçados a abrir mão de quem mais amamos por um propósito maior que rege toda a nossa existência, confrontados com decisões que exigirão que façamos sacrifícios: a nossa lealdade para com o nosso país e para com a nossa vila é o que mais importa no fim.

“Comigo não foi diferente, é claro. Eu mesma possuo os meus calos e as minhas cicatrizes, mas fui capaz de me recuperar plenamente dos efeitos do Mugen Tsukuyomi graças a pessoas queridas que me apoiaram e me ajudaram.

Mahina suspirou profundamente.

— O fato é que nem todos conseguiram se recuperar dessas experiências com sucesso. Não sem pelo menos adquirir algumas sequelas psicológicas e emocionais. E o primeiro deles a não demonstrar que conseguiria seguir com a vida que levava antes depois de ter sido aprisionado no Mugen Tsukuyomi foi um Shinobi de Kumo chamado Takeuchi Nobu.

— Takeuchi... Nobu? — Sakura repetiu o nome, mas não conseguiu associá-lo a um rosto que lembrasse.

Mahina aquiesceu. Havia uma perturbação na expressão do seu rosto, uma intranquilidade no seu olhar e esse sentimento veio à tona depois que ela mencionou o nome de Nobu.

— Nos meses conseguintes ao término da guerra, Nobu se afastou dos seus deveres como Shinobi e se tornou obcecado pelo clã Uchiha — prosseguiu. — Começou a dizer que o clã Uchiha era um clã maligno, que o trauma que sofrêramos era culpa deles e que o último Uchiha vivo era uma ameaça para todos.

— Espere um pouco... — Sakura a interrompeu. — Está me dizendo que esse Nobu é o homem por trás de tudo o que está havendo aqui em Iwaki? — Engolindo em seco, ela prosseguiu: — Esse é o homem que está atrás do Sasuke-kun?

Mahina não hesitou em aquiescer.

— Quando percebeu que os Kages não agiriam com Sasuke-san conforme queria, Nobu desertou de Kumo e até conseguiu levar alguns poucos seguidores leais junto com ele, como Susumo e Isao, os dois Shinobis que vocês enfrentaram antes.

— Mas por quê? — Sakura exclamou, frustrada. — Sasuke-kun não participou da execução do Mugen Tsukuyomi! Ele até mesmo lutou contra Obito e contra Madara para impedi-lo!

Em resposta, Mahina balançou a cabeça.

— Nobu não se importa com isso. Para ele, basta que Sasuke-san carregue o sangue e a linhagem dos Uchiha, pois ele acredita que seja uma questão de tempo para que Sasuke-san enlouqueça como os seus antecessores e se transforme numa ameaça para todo o mundo Shinobi. Para completar, Nobu perdeu toda a família no passado e receio que o Mugen Tsukuyomi tenha agravado o seu trauma.

Mahina lançou um olhar condescendente para Sasuke:

— Sei que você passou por muita coisa, Sasuke-san, e que tem tentado se redimir desde o término da guerra por todos os seus erros, mas Nobu ainda te vê como uma ameaça e, por isso, se uniu a outros Shinobis que pensavam como ele para te matar e, assim, exterminar de uma vez por todas o clã Uchiha. Para Nobu, seria a única forma de apagar os traumas que outros Uchihas deixaram nele e de assegurar que nenhum outro Uchiha jamais tentará ativar o Mugen Tsukuyomi de novo. Iwaki é apenas um meio de Nobu obter recursos e, assim, poder sustentar o seu intento de te matar, Sasuke-san.

— Isso não é nem um pouco justo — Sakura esfregou a testa, cansada. — Mas como você se encaixa nisso tudo, Mahina-san?

Mahina bebeu o último e longo gole do seu chá antes de respondê-la.

— O Raikage me incumbiu de detê-lo, assim que Nobu desertou. Havia outros comigo quando a missão nos foi dada, muitos outros. Nobu é um Shinobi extremamente experiente e perigoso, portanto sabíamos que não seria uma missão fácil. Nós o caçamos durante meses, pois Nobu nunca permanecia num mesmo lugar por muito tempo e ele estava sendo muito cuidadoso para permanecer no anonimato, mandando seus subordinados para fazer alguns trabalhos sujos no lugar dele.

“Então, há quase dois anos, meu grupo conseguiu uma boa pista do seu paradeiro. Ele e seu bando já tinham se instalado nos arredores dessa região e nós levamos algumas semanas para determinar a sua localização exata. Nós montamos uma armadilha e então esperamos pela melhor oportunidade de atacá-lo e de pôr um fim aos seus planos.

Mahina fechou os olhos como se uma dor terrível a tivesse acometido.

— Foi uma tragédia. Nobu e seus comparsas sabiam dos nossos planos. Havia uma Kunoichi sensora muito poderosa com eles, entende? Ela nos detectou a quilômetros de distância e deixou que caíssemos na armadilha dele.

“No fim, apenas eu consegui fugir porque também possuo habilidades sensoras e isso me permitiu suprimir o meu chakra e me esconder pelo tempo que levou para que os seguidores de Nobu desistissem de me caçar. Todos os meus companheiros pereceram nas mãos de Nobu e de seus comparsas, entretanto, e a missão confiada a nós fracassou.

— E você não voltou à Kumo desde então? — Sakura perguntou, compadecida.

— Não tive coragem — Mahina admitiu com pesar. — Não tive coragem de encarar o meu líder e todas as outras pessoas com quem me importo depois de falhar nessa missão. Não pude salvar nenhum deles, Sakura-san. Tive que assisti-los morrer, um a um, e eu não pude fazer nada por eles. Por isso, decidi que só retornaria à Kumo depois que tivesse vingado as mortes de todos os meus companheiros, quando tivesse acabado de uma vez por todas com Nobu.

— Você fez tudo o que pôde, eu tenho certeza disso, Mahina-san — Sakura murmurou para confortá-la.

— Mas isso não foi o suficiente — ela a contrapôs. — Então, eu me esgueirei até Iwaki e espionei a vila e as atividades de Nobu durante semanas antes de arriscar me infiltrar como uma mera estalajadeira. Foi fácil me passar pela parenta distante da antiga dona dessa estalagem, que morrera poucos meses antes sem deixar descendentes, e alegar que herdei o lugar. Eu decidi que observaria Nobu e o seu grupo à surdina, e que o atacaria na primeira boa oportunidade que encontrasse. Infelizmente, Nobu retornou para as sombras depois daquele dia e apenas os seus comparsas aparecem para realizar seus trabalhos sujos de novo.

Mahina sufocou um sorriso ao olhar de Sasuke para Sakua.

— Então vocês apareceram em Iwaki e eu enxerguei nisso a oportunidade perfeita para colocar um fim em Nobu e nos seus subordinados. Com a ajuda de vocês, eu posso finalmente concluir a minha missão e voltar para casa, para a minha família. Vocês, Sakura-san e Sasuke-san, são a minha chance de me redimir pela minha falha e eu peço que me ajudem a colocar um fim nos atos criminosos de Nobu. — O fervor na voz de Mahina comoveu Sakura, que não hesitou em assentir.

— Você pode contar com a minha ajuda para acabar com aqueles cretinos, shannaro!

As duas olharam para a figura silenciosa de Sasuke, que suspirou e também assentiu.

— Muito bem. Faremos isso os três então — Sasuke prometeu. — Acabaremos com Nobu e com os seus comparsas. Não posso compensar o que ele sofreu por causa de Obito e de Madara, mas tampouco quero ser responsabilizado por algo no qual não tive parte.

Sakura sorriu para o amado, orgulhosa de como Sasuke havia mudado desde o término da guerra e da sua viagem de redenção. O coração leve de remorso fazia com que ela se alegrasse por ele. Sasuke sabia que havia pagado por seus erros, e não permitiria que os erros de outros fossem atribuídos a ele.

E com Mahina ajudando-os, ela sentia que ficara ainda mais fácil para eles lidarem com Nobu e com o seu bando criminoso. Tinham ganhado uma aliada inestimável naquela noite.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Finalmente respostas! O que acharam?

Eu tinha terminado de digitar esse capítulo ontem, mas decidi atrasar a postagem porque como é um capítulo com MUITAS informações exigiria uma revisão mais atenciosa quando a minha cabeça estivesse boa pra isso XD

Sei que as postagens estão demorando mais para sair, mas eu peço paciência, POR FAVOR! Os capítulos atrasam, mas uma hora eles saem, prometo! HAHAHAHA

Gostaram da nova capa de Onírico? Achei que ficou fofa e combinou com a trama :3

Muito obrigada pela leitura e até o próximo capítulo! Xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Onírico" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.