A Clínica dos Poderes Disformes escrita por Pamisa Chan


Capítulo 5
Operação Fica Kate!


Notas iniciais do capítulo

Oiee, espero que gostem deste capítulo ♥ E deixem um comentário ;)
No capítulo anterior, Kate fez um jogo para conhecer melhor os pacientes, mas problemas aconteceram e duas pacientes foram parar na reclusão. Por fim, a senhora Hipkins quis conversar em particular com Kate. Será que Kate vai ser demitida?



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Os pacientes perceberam a senhora Hipkins saindo da recepção pela porta ao leste seguida por Kate e passando por trás das salas de terapia ocupacional para chegar no elevador.

— Segue elas, Julia! — Wayne sugeriu tendo em mente os poderes da garota.

— Ninguém vai seguir ninguém não! — A enfermeira disse num tom convicto.

— Sarah, querida, a gente tem todo o direito de transitar por essa área da clínica. — Mary avisou, indo em direção à enfermeira, que não soube o que responder.

— É isso aí, e se a gente quiser passar um tempo no espaço de convivência antes do almoço? — Kyle perguntou com confiança.

Enquanto os pacientes confrontavam a enfermeira Sarah, Julia aproveitou a oportunidade para seguir a sugestão de Wayne. Quando Sarah olhou para o local onde a garota invisível estava antes, ela só viu algumas peças de roupa jogadas no chão.

— Hallman! — Ela gritou indignada e foi em direção às escadas — Simon, fica de olho neles! — Ela ordenou ao enfermeiro que estava junto dela.

— Ok, ninguém mais se mexe! — O enfermeiro Simon decretou fazendo uma pose heroica que deixava seu peitoral definido em evidência e os pacientes o encararam.

— Foi mal, eu não consigo ficar parada — Cherrie disse com um olhar sarcástico enquanto fazia pequenos movimentos ultra-velozes e depois ficou olhando para os outros pacientes, esperando eles entrarem no jogo.

—Ah! Eu também não... — Melinda foi a primeira a perceber e ficou flutuando pelo saguão — Onde será que coloquei minhas botas de ferro? — Ela deu um risinho abafado.

— Faz alguma coisa, Jason! — Cherrie sussurrou chegando velozmente perto do amigo.

— Continuem distraindo ele e deixem comigo!

De repente, uma esfera perfeita de água do tamanho de um bambolê se formou em cima de Simon, fazendo sombra nele. Ao perceber a leve escuridão se formando sobre si, o enfermeiro olhou para cima e levou um susto. Nesse momento, a água que estava parada se desabou sobre ele, molhando-o por completo.

— Ai! Me desculpa, Sisi! — Wayne sorriu de canto para o homem encharcado, que o encarou com o cenho franzido.

— Walter! — Ele grunhiu furioso. — Beaumont! Vai buscar uma toalha pra mim!

— Desculpe, senhor, eu sou pequena demais pra entrar na lavanderia. E se eu ingerisse algum produto de limpeza por acidente? — Lilian fez uma cara de desentendida.

— Você tem mais de 40 anos!

— Sinto muito... — Ela ergueu as palmas da mão num gesto de esquivar da responsabilidade.

— Você, Sean! Vai lá!

— Não vai dar, senhor...

— Como não?!

— Ué, a lavanderia é uma área restrita para funcionários. O senhor deveria saber disso melhor que qualquer um daqui.

— Menos que o Cabeça, porque ele sabe tudo! — Jeremy acrescentou.

— Já chega! Eu vou lá e se alguém sair daqui, vai todo mundo pra reclusão!

— Eu não acho que o senhor possa nos mandar pra reclusão sem que haja uma situação de verdadeiro risco envolvida... — Mary falou serenamente enquanto se lambia.

De repente, um barulho ecoou pelo ambiente. Logo, Simon percebeu a ausência de Jason.

— Essa não, acho que ele teve outro tique! — Cherrie exclamou falsamente surpresa.

O enfermeiro rosnou de raiva e entrou pela porta do refeitório.

— O que a gente vai fazer?! — Kyle perguntou assim que percebeu que Simon não os ouviria mais.

— Bom, a Julia e o Jason vão ver o que eles estão falando. Acho que seria bom mandar a Felicia também, talvez ela conseguiria nos transmitir as informações por telepatia! — Cherrie planejou.

— Eu... eu não acho que consigo fazer isso de longe! — A telepata fez uma cara de preocupação.

— Eu posso ficar perto da escada e quando o Simon chegar eu desço! — A garota superveloz sugeriu.

— Mas e se ele perceber minha ausência? Vai dar tudo errado! A gente vai pra reclusão e...

— Fe, o Shane pode te clonar! — Kyle interrompeu as paranoias da garota e os dois rapazes idênticos olharam para ele com os olhos arregalados.

— Você tá maluco? Da última vez que eu clonei alguma coisa aconteceu isso! — O que estava à esquerda apontou para o outro.

— Eu que fiz você, seu estúpido!

— Tá, tá! Isso não importa! E se eu clonasse ela e desse tudo errado?! Ela pode ficar com um clone pra sempre!

— É, e se meu clone tentar me matar?! — Felicia continuou com suas paranoias. — E se ela quiser se passar por mim e fazer maldades no meu nome... Isso não vai dar certo...

— CHEGA! — Riley gritou, fazendo o local inteiro tremer e os cabelos de todos esvoaçar. — DESCULPA! — Ela ficou em silêncio, envergonhada.

— Vai dar tudo certo, gente! Vocês não querem que a Kate continue aqui?! É isso que tá em jogo! — Sean lembrou — Calculando as probabilidades de erro com base no percentual de falhas do poder do Shane, as habilidades da Cherrie, a possibilidade do Jason ter parado no lugar errado mas próximo do local onde ele deve ir e a capacidade da Felicia de transmitir os pensamentos pra Cherrie a uma determinada distância, nós temos mais de 50% de chance de acerto, incluindo diversas variáveis do plano!

— Acho que eu tô precisando praticar um pouco meus poderes mesmo... — Shane cedeu e todos olharam para Felicia, esperando a decisão final.

— Tudo bem... — Ela suspirou — Mas se acontecer alguma coisa eu mudo de clínica!

— Vai dar tudo certo, Fe! É por uma boa causa! — Mel falou com um sorriso no rosto.

— Não seria bom alguém vigiar o Simon? — Kyle raciocinou.

— Verdade! Teria que ser algum que fala bastante e possa distrair ele... — Cherrie concordou e todos começaram a olhar em volta até perceberem que Herbert estava contando suas histórias do futuro para Edgar.

— Vovô! — Os pacientes que estavam planejando falaram todos juntos.

— Quê?

Enquanto isso, Sarah, a enfermeira, havia chegado no segundo andar por meio da escada ao leste do saguão. Quando ela  começou a olhar para os lados, ela viu o elevador de frente com a escada se abrindo. Ela correu até ele na esperança de capturar a garota invisível, mas Julia agilmente se esquivou sem ser percebida e saiu correndo em direção à enfermaria, parando em frente à porta para que a funcionária não a localizasse.

Quando Jason abriu os olhos, ele tentou identificar onde estava  e percebeu que estava num quarto feminino. Ao olhar para os pôsteres atléticos na parede ele logo decifrou que ali era o quarto de Cherrie. Ele resistiu a vontade de vasculhar o local e saiu, indo parar no corredor. Ele logo descobriu que ali era o segundo andar pois o corredor era igual ao dos meninos, só que, obviamente, ao contrário. Com isso, ele foi à porta que levava para o salão principal do segundo andar, onde ficavam as salas de terapia e o espaço de convivência. Quando ele abriu a porta, ele deu de cara com Sarah.

— Ops! Acho que eu tive outro tique... — Ele colocou a mão na nuca e sorriu desconcertado. — Onde é que eu tô? — Ele perguntou fingindo estar confuso.

— McCollins! — A enfermeira gritou e o rapaz fechou a porta na cara dela.

Logo em seguida, ela abriu a porta e foi procurar o garoto no dormitório feminino. Essa foi a oportunidade que Julia achou para entrar na enfermaria.

— Ué... alguém deixou a porta aberta? — A enfermeira Zhāng disse ao sair da reclusão feminina.

Julia ficou imóvel na espaçosa sala de espera da enfermaria até a enfermeira fechar a porta e sair dali. Em seguida, ela começou a olhar para as portas do local, tentando descobrir onde a senhora Hipkins poderia ter levado Kate.

No andar de baixo, os pacientes mais jovens haviam explicado com detalhes para Herbert o que ele deveria fazer e mandaram ele para o jardim para esperar Simon sair da lavanderia. Shane começou a brigar para decidir qual dos dois iria usar os poderes em Felicia.

— Mas não é só o original que tem poderes?! — Cherrie questionou.

— Eu sou o original! — Os dois gritaram ao mesmo tempo.

— A duplicação foi tão perfeita que o clone recebeu os mesmos poderes que o Shane. É algo realmente impressionante. — Sean explicou.

— Eu não chamaria essa coisa de perfeita! — Shane falou olhando com desdém para seu semelhante.

— Então tanto faz quem vai usar os poderes? — Kyle perguntou.

— Não exatamente. — Sean respondeu e todos ficaram decepcionados — O clone tem uma possibilidade menor de acertar. Mas nós não temos como saber quem é o clone, isso exigiria um estudo bem profundo e nós estamos sem tempo.

— Eu vou clonar ela!

— Não! Eu vou!

Os dois colocaram as mãos no ombro da garota, um de cada lado e de repente uma pessoa idêntica a Felicia foi se materializando.

— Eu nunca vi isso antes! — Kyle disse boquiaberto.

— Maneiro! — Jeremy acrescentou.

Quando a figura do clone se completou, todos perceberam que ela estava bem rígida. Felicia tentou tocá-la com muito receio e percebeu que ela não reagiu.

— Ela é como uma boneca. Eles não conseguiram clonar a habilidade de movimentação. — Sean analisou. — Mas já serve! Vamos deixar ela aqui e você sobe, Fe!

— Tá bom... — A garota gaguejou e subiu correndo para o segundo andar.

— Ok, agora só falta você, Flecha.

— Deixa comigo! — Cherrie falou entusiasmada e num piscar de olhos já estava no andar de cima, ao lado de Felicia. — Onde será que elas estão?

— Eu tô ouvindo a Julia... bem longe... — Felicia evidentemente estava se esforçando bastante para conseguir ouvir os pensamentos da garota — Ela tá na enfermaria!

— Vai lá então! — Cherrie sussurrou enquanto olhava para todas as portas do local, temendo que alguém as encontrasse.

— E se alguém me encontrar lá? — a telepata começou a entrar em desespero.

— Aí você desmaia, sei lá, grita, finge que tá surtando! Vai na fé, garota! — Cherrie a empurrou em direção à porta.

Felicia abriu a porta dupla da enfermaria e conseguiu ouvir os pensamentos de Julia mais claramente. Então, ela começou a seguir o som de sua mente, que a levou para a sala dos funcionários.

"Fe, você tá me ouvindo?" Julia pensou enquanto inclinava o ouvido na porta da sala de reuniões tentando ouvir a conversa, sem êxito.

"Sim, onde você tá?" Felicia respondeu em pensamento e sua resposta ecoou na mente da garota invisível.

"Tô na porta. Mas não sei o que fazer! Alguma ideia?"

Antes que Felicia pudesse responder, alguém abriu a porta, fazendo as duas garotas pularem de susto.

— E aí, já descobriu alguma coisa?! — Era Cherrie.

— Você tá maluca?! Quer matar a gente do coração?! — Julia resmungou num murmúrio.

— Ah, você também tá aí, Bonita?

— Isso não importa! Elas estão ali dentro — Felicia apontou para a sala com a cabeça — Mas a gente não sabe como entrar e eu não consigo ouvir elas!

— Acho que vamos precisar do Jason...

— Se é pra invadir e ser notado, a gente mesmo invade, criatura! — Julia respondeu e de repente Felicia colocou as mãos na cabeça fazendo uma careta de sofrimento.

— Que foi?! — Cherrie e Julia perguntaram juntas.

— Eu tô ouvindo um monte de gente gritar, mas não consigo entender direito o quê... — A telepata foi se encurvando em direção ao chão, gemendo de dor. — É o Simon, ele tá vindo! Corre, Cherrie...

Imediatamente Cherrie saiu dali e foi correndo para a escada por onde ela havia subido. Quando ela chegou lá, porém, viu algo que não esperava: Uma garota idêntica a ela. E Simon também já estava lá. Ele viu Cherrie descendo as escadas e fez uma expressão de surpresa, assim como todos os pacientes ali presentes. A garota superveloz olhou boquiaberta para sua possível clone e as palavras não conseguiam sair de sua boca. Até que a clone resolveu dizer:

— Ah, então é aí que você se meteu! Uau, Shane, como seus poderes estão evoluindo! Você conseguiu clonar até meus poderes! Logo vai poder sair da clínica, hein? — Ela deu uma cotovelada amigável no braço de um dos garotos, que também estava impressionado com a situação.

— Ah, sim, claro... Eu estive praticando... hehe... — Shane entrou no jogo mesmo sem fazer ideia do que realmente estava acontecendo.

— Cadê a senhorita Hallman?! — Simon por fim perguntou.

— A gente não viu ela, senhor. — Kyle respondeu quase como se estivesse falando com um sargento.

— É... porque ela é invisível! — Jeremy, que estava no ombro do amigo, riu incontrolavelmente.

Simon chegou perto de Kyle e encarou o pequenino, com um olhar ameaçador, fazendo-o parar de rir.

— Foi mal, senhor... — O rapaz minúsculo se desculpou e o enfermeiro começou a andar entre os pacientes, olhando-os atentamente.

Ele chegou perto da Felicia fabricada por Shane e a encarou por alguns segundos. Ao perceber que ela estava completamente imóvel, Simon balançou a mão na frente do rosto dela. Imediatamente Cherrie foi para o lado da garota inerte e segurou o braço dela.

— Ela tá concentrada! Quando tem muita gente perto dela ela fica assim! Sabe como é, né? Telepatia incontrolável... É difícil!

O homem alto e barbado se contentou com a resposta e percebeu a falta de uma pessoa entre eles.

— Onde está o McCollins?

— Tadinho, ainda não conseguiu controlar os poderes... — Mary falou em um tom melodramático.

— Hum... — ele deu mais uma olhada pelo saguão — Ok, parece que vocês se comportaram. Vou procurar o McCollins. Mas saibam que eu estou atento a qualquer gracinha, hein?! — Falou e entrou no elevador.

— Droga! Cadê o Jason?! — Cherrie perguntou nervosa — Ah, e quem é essa... — Ela procurou a garota idêntica a si mas de repente ela não estava mais lá.

— Não fui eu... — Shane admitiu.

— O que a Felicia ouviu lá em cima?! — Kyle perguntou curioso e impaciente.

— Nada! Ela não conseguiu ouvir através da parede e elas não sabem o que fazer pra entrar!

— Quer saber de uma coisa?! Vamos todos lá! A gente precisa falar com a senhora Hipkins! — Sean determinou e a maioria se entusiasmou com a ideia.

— E se as enfermeiras nos pegarem?! — Christine ficou preocupada.

— É por uma boa causa! Vai dar tudo certo! — Melinda falou com sua doçura e positividade de sempre enquanto dava piruetas no ar.

Com isso, os quinze subiram as escadas e foram em direção às portas da enfermaria. Nesse momento, Richard se lembrou de algo importante:

— O clone problemático da garota ainda tá lá embaixo!

— Não precisava ofender! — Shane retrucou.

— Droga... Shane, vai lá dar um jeito nisso! — Cherrie ordenou e os dois rapazes idênticos se encararam.

— Vai você!

— Não, vai você!

— Tanto faz, eu vou... — Richard revirou os olhos e voltou à escada.

— Você não vai conseguir desfazer o clone! — Shane informou.

Richard parou e virou o rosto de volta para o rapaz. Sem dizer nada, ele acendeu sua mão direita com fogo. Embora seus poderes normalmente o afetassem, as partes de seu corpo que já possuíam cicatrizes de queimadura ficavam insensíveis ao fogo.

— Você tá maluco?! — Lilian perguntou com os olhos arregalados, embora ela geralmente fosse o tipo de pessoa difícil de se impressionar.

— Tá bom, eu vou... — Shane e o clone falaram ao mesmo tempo. — Não! Eu vou!

— Lá vamos nós... — A garota de aparência infantil voltou ao seu estado não impressionado e rolou os olhos.

Cherrie ignorou o drama e foi tentar abrir as portas da enfermaria mas logo se decepcionou:

— Essa não! Eles trancaram!

Enquanto isso, Jason estava sendo perseguido por Sarah e agora também por Simon. Em cada cômodo que ele entrava para se esconder, ele se teletransportava para algum lugar aleatório. Por fim, ele foi parar na sala de reuniões. Ele caiu em cima da grande mesa que ocupava quase a sala inteira. Kate e Bertha levaram um susto ao verem aquilo.

— Ops, foi mal... Acho que tive outro tique... — Ele deu um riso forçado e olhou para o próprio corpo — Pelo menos tô inteiro! Quer dizer... Quase. — Disse ao olhar para a prótese na perna.

Julia e Felicia ouviram o barulho do teleporte e perceberam que Jason estava ali. Com isso, as duas resolveram entrar de uma vez. Elas empurraram a porta com força, surpreendendo novamente as duas que estavam ali e Julia gritou:

— Não demite a moça!

— O que está acontecendo aqui?! — A senhora Hipkins começou a se estressar.

— É! Ela não é má! Ela só quer ajudar a gente! Ela tá pensando nisso agora mesmo! — Felicia se esforçou para falar num tom firme.

— Eu... — Kate gaguejou sem saber exatamente o que estava se passando.

Enquanto isso, Kyle resolveu usar sua força para abrir a porta da enfermaria, mas sem resultado.

— Como assim?! Não é possível eu não conseguir abrir! Vocês tem ideia de quantas portas eu já arrombei sem querer?!

— Essa porta é diferente de tudo que já toquei... — Edgar comentou intrigado ao passar a mão na porta.

— Ela tem algum tipo de agente neutralizador de poderes. — Sean explicou.

— E as paredes? — Christine perguntou tendo uma ideia.

— Não, as paredes não.

— Ótimo, então eu vou invadir! — Kyle começou a tomar impulso.

— Você tá maluco?! — Lily falou com o cenho franzido — Nós já vamos ficar encrencados por entrar na área restrita, se a gente destruir a parede, então...

— A não ser que a gente não destrua a parede... — Christine falou como quem tinha acabado de ter uma ideia brilhante — Deixem comigo!

— Chris, não é por nada não, mas... Você tá com roupa de imperânio...  — Cherrie lembrou, fazendo Christine raciocinar por mais alguns instantes.

A garota então começou a tirar sua jaqueta, revelando seus braços pálidos.

— Uau, belos braços, Fantasma. — Wayne falou com um tom galanteador — Acho que é a primeira vez que vemos eles...

— Cala a boca, sereia! — Cherrie falou dando um tapa no rapaz.

— Ei! — Ele colocou a mão na bochecha — É Sereio!

Após terminar de tirar a jaqueta, Christine a deu para Cherrie e se encostou na parede, bem próxima da porta. Ela então começou a esticar seu braço pela parede usando seus poderes. Era possível perceber o quanto ela estava se empenhando para alcançar a maçaneta.

— Você consegue, Chris! — Mel encorajou a amiga.

— Tá quase... — a asiática falou enquanto espremia os olhos numa expressão de esforço.

Depois de alguns segundos, ela finalmente conseguiu alcançar e virar a chave do lado de dentro da enfermaria. Quando ouviram o "clique", as garotas comemoraram e Cherrie devolveu a jaqueta de imperânio à garota. Assim, todos entraram na enfermaria. Quando os enfermeiros perceberam o tumulto, foram imediatamente para lá ver o que estava acontecendo.

— TODO MUNDO PRA TRÁS, NÓS TEMOS ALGO IMPORTANTE PRA FAZER! — Riley gritou e todos recuaram com medo do volume de sua voz.

Os quinze começaram a invadir a sala dos funcionários, mas não cabiam todos ali então alguns ficaram na sala de espera vigiando.

Quando a senhora Hipkins viu aquele monte de gente, ela ficou chocada. Kate ficou surpresa, mas muito feliz.

— Senhora Hipkins, dê uma nova chance pra Kate! — Kyle pediu e se curvou.

— É, ela é bondosa, ela não quer fazer mal nenhum pra gente! Eu percebo a positividade vindo dela! — Melinda acrescentou.

— Ela ajudou a gente a dar mais valor uns pros outros! — Jeremy disse.

— E a dar mais valor pros nossos poderes... — Christine sorriu e corou lembrando-se do que conseguira fazer pra participar do plano.

— Sim, ela é legal! — Wayne falou.

— Tenho certeza que a garota vai ajudar bastante a gente aqui. — Richard completou.

— É, deixa ela ficar, por favor! — Sean adicionou.

— Vocês acham mesmo isso de mim? — os olhos de Kaitlin começaram a marejar.

— Claro! Você esteve aqui só por dois dias e já tornou as coisas muito mais interessantes por aqui! — Jason disse enquanto descia da mesa.

— Não me entendam mal! Eu gostei muito de ter a senhorita Burns aqui! — A senhora Hipkins finalmente se expressou — Mas depois dos problemas que aconteceram, o dono da Clínica ficou preocupado! Mas se todos os pacientes concordam com a estadia dela...

Os pacientes se entreolharam animados e assentiram com a cabeça.

— Na verdade, nem todos concordaram. Ainda.

Ao ouvir isso, todos olharam para a porta da sala dos funcionários, por onde entrou uma garota numa cadeira de rodas, toda coberta em roupas de frio. Era Kiara. Os pacientes olharam apreensivos para ela, esperando sua resposta.

— Eu quero que você continue aqui, Kaitlin. Apesar das nossas divergências, você parece deixar eles bem felizes. E enquanto eles estiverem felizes, eu estou feliz. Sem contar que graças ao seu jogo eu tive coragem de falar o que eu pensava pra Sophie. Teve algumas consequências, mas... A vida é assim.

Kate se levantou da cadeira onde estava sentada e foi até Kiara, ajoelhou-se na sua frente e a abraçou.

— Obrigada! Isso significa muito pra mim! — A garota sem poderes falou com lágrimas em seus olhos.

— Aliás... cadê a Sophie? — Christine mencionou, cortando o momento.

— É mesmo! Eu queria ver ela! — Kate falou preocupada.

— Ela vai passar a tarde na reclusão. — A senhora Hipkins explicou.

— Deixa eu falar com ela, Bertha? — Kiara pediu.

— Eu também! — Christine acrescentou.

—Eu não deixaria vocês fazerem isso normalmente, mas vocês já aprontaram tanto hoje que mais uma coisinha não vai fazer diferença... — A senhora Hipkins sorriu com cumplicidade para as duas — Vocês vão para o refeitório, já está quase na hora do almoço! — Ela disse para os demais pacientes. — E que isso não se repita.

Enquanto todos saíam, Julia parou e disse:

— Bertha... Manda o chefe efetivar a Kate...

— Vá se vestir, senhorita Hallman! — A senhora Hipkins respondeu — Vou  ver o que podemos fazer.

Quando chegaram no andar térreo, os pacientes se encontraram com Shane, que tivera sucesso em apagar a clone de Felicia. Ao tocar no assunto, ele se lembrou:

— Falando em clone... alguém tem ideia de como surgiu aquela clone da Cherrie?

Alguns balançaram a cabeça em negação, outros deram de ombros e por fim ninguém sabia a resposta. Depois de desistirem do caso e irem para o refeitório, a clone apareceu no saguão com um carrinho cheio de produtos de limpeza. De repente, ela começou a se transmutar, revelando sua verdadeira identidade: O zelador Kal.


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Notas finais do capítulo

O que acharam de ver a galerinha agindo em conjunto pra salvar a Kate? :v Qual foi o personagem que mais se destacou nesse cap? O que acharam da revelação da clone misteriosa da Cherrie? xD Enfim, até o próximo cap! ♥



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