Daddy Issues escrita por Lady Liv


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Go ahead and cry little girl,
Nobody does it like you do,
I know how much it matters to you... I know that you got daddy issues.

And if you were my little girl,
I'd do whatever I could do,
I'd run away and hide with you,
I love that you got daddy issues,
And I do too...



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Se ergueu abruptamente, as mãos fechadas em punho e as imagens do pesadelo ainda vívidas. Todos aqueles que havia perdido, Yondu... Ego... Sua mãe...

Gamora.

 “Gamora.” Peter murmurou, procurando ao seu redor. Ela não estava no quarto. Por que ela não estava? “Gamora!”

Tudo foi real, não foi? Onde ela estava? Onde? Será que-

“Oi.” A voz dela ao pé da porta foi como um balde de água gelada em sua cabeça. “Estou aqui.”

E estava, respirou aliviado erguendo-se da cama.

“Perdi o sono, fui na cozinha.” A mulher passou por ele, indo até a cama. “Dei uma checada em todos, estão dormindo como anjos. Até o Drax que, surpreendentemente, não está roncando. E o Groot finalmente está deixando o videogame de lado.”

Uma tentativa falha de sorriso cruzou por seu rosto, e ele cruzou os braços. Ela o fitou.

“Mas e você? Outro pesadelo?”

Peter assentiu, sem entrar em detalhes.

 “Peter...” Gamora chamou aproximando-se. “Fale comigo.”

Não fala, seu idiota, se ordenou mentalmente. Eles haviam conseguido, não haviam? Derrotaram Thanos, conseguiram todos de volta - bem, quase todos -, o universo estava a salvo. Era tudo que importava. Estava tudo bem.

Mas só porquê o universo estava bem, não significava que eles estavam.

 “Ei.” Gamora continuava a chamar-lhe. “Pegue a minha mão.”

Ele o fez sem hesitar.

Não fala. Não fala. Não fala.

“As vezes eu faço o que você me pediu. As vezes eu vejo o Thanos fazer.” Peter sentia as palavras sufocadas em sua garganta, e de repente, saíram: “É difícil escolher qual pesadelo é o pior, mas eu sempre te vejo... repetidamente... morr-” ele não conseguiu terminar. Era impossível terminar. Gamora e morte na mesma frase soava errado demais em sua cabeça.

“Me desculpe.”

“Não, eu-”

“-eu nunca devia ter te pedido algo assim, me perdoa, eu... eu...”

 “Gamora.” A mulher balançou a cabeça, desviando o olhar, ao que Peter insistiu: “Mora, fale comigo.”

A face dela contorcida em vergonha e culpa, os olhos marejados e o corpo trêmulo, como se estivesse com dificuldades em respirar.

“Eu não consigo dormir. Desde que tudo acabou, eu... Fecho os olhos e estou... Caindo. É frio escuro. Eu não consigo descansar com essas imagens na minha mente. E-e-e elas não saem nunca, eu não- Meu pai-”

“Você está segura agora.” era como se fosse outra pessoa na sua frente, sua Gamora não demonstrava fraquezas nem com o pior dos machucados, era sempre tão forte.

E ainda assim aqui estava ela, quebrada e perdida, como uma criança. E ele sabia quem culpar.

“Thanos se foi. Ele não pode mais nos alcançar, ele-”

“Me amava, Peter.”

“O que?”

“Thanos.”

Oh.

“Gamora, olha, eu sei que-”

“Não, você não entende.” Ela apressou-se em dizer, nervosa. “O sacrifício para ter a Joia da Alma. Ele me usou para consegui-la. Por que deu certo? Tinha que ser aquilo que você mais amava, tinha que... que...”

Não era como se não soubesse, a própria Nebulosa tinha explicado como a Joia havia parado nas mãos de Thanos. Entretanto, em meio ao ódio e o rancor da guerra, era impossível achar tempo para refletir sobre algo tão profundo.

E todos seus pensamentos relacionados a Thanos não tinham nenhum pingo de compaixão.

“Ele me amava.. e eu o odeio...” Continuava a dizer, mais para si mesma do que para Peter, e ele nunca pensou vê-la tão frágil como naquele momento. “Que tipo de amor é esse?” Franzindo o cenho, ela encolheu-se, tremendo. A voz embargada. “Que tipo de amor, que mata, que... eu não...”

“É porque não era amor.” desesperado em fazê-la entender, segurou seu rosto com ambas as mãos. “Eu te amo e eu nunca faria o que ele fez, Gamora-”

Ela assentiu, o tocando com a ponta dos dedos.

“Eu sei, eu sei, eu te amo, eu...-”

“Ele era louco, Gamora.”

“Eu sei.”

“Sim, você sabe, pois você mesma me disse. Ele é do mal. Ele-” Peter praguejou mentalmente. “Ele era do mal, acabou.”

“Eu sei, Peter!” Ela exclamou com raiva. “Acabou! Eu sei!”

Os olhos dela vermelhos, a boca arfante, o corpo tremendo. Ela parecia estar prestes a ter um ataque de pânico.

“Vem cá.”

Ele a puxou, e a abraçou. Em segundos, Peter Quill tinha a mulher mais mortal da galáxia chorando em seus braços desesperadamente.

“Eu ‘tô aqui, ' tudo bem.” Assegurou acariciando suas madeixas, e dando um beijo tenro no local. “Vai, meu amor. Pode chorar.”

Ela o fez, soluçando entre as lágrimas.

Era de ódio, era frustração, era dor... Era compaixão.

Era agridoce.

Peter Quill entendia bem o sentimento.

“Problemas com o pai, eu entendo... Não precisa se envergonhar.” Yondu. Ego. Tantas explicações que não foram dadas, tantos sentimentos escondidos. “Eu também tenho.”


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Notas finais do capítulo

Go ahead and cry little boy.... You know that your daddy did too.
You know what your mama went through...
You gotta let it out soon, just let it out!