Pétalas de Girassol: Primeiro Amor escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 1
Único




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Era verdade que a convivência com sua esposa havia tornado Naruto um homem mais paciente, e para dar crédito a si mesmo, ele havia terminado de tomar todo o milk-shake antes de se pronunciar.

— Hima, o que nós estamos fazendo?

A pequena suspirou cansada, com um ar tão superior que Naruto teve que disfarçar o riso com uma breve tosse.

— Estamos observando.

— Oh... – ele vez uma breve pausa – observando que exatamente?

Papa...

— Você não pode me culpar por estar curioso, princesa. Explica pro papai, você sabe que eu não sou bom em captar as coisas no ar.

Ela suspirou novamente e se virou para ele.

— Estamos observando o parquinho, ou melhor, as opções contidas nele.

Naruto nunca deixava de se surpreender com o modo adulto como seus filhos falavam, principalmente Himawari, talvez por ela ter começado a falar tão mais cedo do que Boruto. Sakura e Hinata lhe explicaram que meninas costumam a falar mais cedo mesmo. Mas no que Boruto havia demorado para começar, ele compensou desenvolvendo. Naruto havia posto no mundo um nerd.

Quando pequeno ele implorava por livros e adorava ouvir estórias, era engraçado, porque ninguém nunca havia contado estórias para Naruto quando criança, então, à noite, ele ficava na porta do quarto ouvindo Hinata contar para seus filhos de países distantes, fadas e príncipes encantados, até a noite em que Hinata perguntou porque ele não se juntava a eles também.

Toda aquela leitura fez com que Boruto desenvolvesse um vocabulário vasto – que ele usava principalmente para impressionar o avô – e Himawari, que adorava o irmão, copiava seu jeito adulto de falar. Conforme foi crescendo, Boruto foi mudando, hoje em dia ele falava mais com um gangster do que como o rapazinho bem-educado de outrora, embora quando visitava o Clã Hyuuga voltava ao seu modo bem-comportado.

— Hmm. Você está tentando escolher o próximo brinquedo?

— Não, eu não preciso observar para isso, todo mundo sabe que o balanço é o melhor brinquedo, é claro.

— É claro – ele concordou como se tivesse feito uma sugestão idiota. — Então, que opções estamos escolhendo?

— A dos possíveis candidatos para o meu primeiro amor.

Naruto ergueu as sobrancelhas bem alto e mediu Himawari de cima a baixo. Certo, ela ainda tinha só seis anos, ele não estava maluco.

— Primeiro amor? O papai não pode ser seu primeiro amor? Você amou o papai primeiro, não amou?

— Você não conta – ela fez um gesto abanando a mão na direção dele. —Tem que ser alguém diferente – ela fez uma pequena pausa — especial.

Ele respirou fundo. Da onde aquela conversa maluca estava vindo dattebayo?!

— Por acaso, essa pessoa em especial tem que ser um menino?

— Não necessariamente, mas Sarada-chan disse que a maioria das meninas escolhem gostar de meninos.

Tinha que ser a filha do Teme! Ele sabia que aquela menina escondia alguma coisa sórdida por trás da aparência inocente!

— E de quem a Sarada-chan gosta? — Ele perguntou, porque afinal ele não seria o único a sofrer com o crescimento precoce de sua filhinha.

— Olha papa, você faz muitas perguntas, eu devia ter trazido a mama.

Ele se sentiu um pouco mais ofendido do que gostaria de admitir.

— Acredite em mim’ttebayo. Sua mãe não seria de grande ajuda, ela tinha um péssimo gosto na sua idade.

Ela franziu o rostinho e se virou para ele pela primeira vez que haviam iniciado aquela conversa.

— Ela não gostava de você?

Naruto sugou o canudinho pela última vez fazendo barulho antes de responder com seu sorriso mais cheio de si.

— Exatamente.

Ela só balançou a cabeça em dramática demonstração de negação e se afastou dele, indo em direção à rua do comércio, fazendo o caminho de casa e ignorando os chamados de seu pai que tentava alcançá-la.  

— Mama, é verdade que o primeiro amor do papa foi a tia Sakura?

Boruto não deu pause no jogo, mas diminuiu um pouco o volume. Não queria alardear que estava prestando atenção na conversa, afinal, não queria deixar transparecer que estava interessado naquelas bobagens românticas de meninas, mas era difícil não se interessar pelas histórias de quando seus pais eram jovens.

Hinata olhou curiosa para a filha que pintava um de seus desenhos na mesa da cozinha enquanto ela se sentava no outro lado pregando os botões de uma das blusas de Naruto que havia sofrido um pequeno acidente algumas noites anteriores por culpa dela mesma.

— Ele diz que sim.

— Que perdedor – resmungou Boruto baixinho – quem perde o primeiro amor para o melhor amigo dattebasa?

Himawari suspirou longamente com todo o ar dramático que somente menininhas de seis anos são capazes de produzir.

— Mas ela casou com o tio Sasuke. Sabia que o papai não seria de grande ajuda para escolher meu primeiro amor.

Hinata mordeu os lábios para não rir.

— Se eu fosse você, não ficaria muito preocupada em achar um primeiro amor perfeito.

— Porque?

— O primeiro amor raramente se concretiza.

— O seu se concretizou. Você casou com o papa!

Hinata sentiu o rosto esquentar junto com uma pontada de culpa.

— Hm... Seu pai não foi meu primeiro amor.

O joystick caiu das mãos de Boruto e logo Hinata foi atingida por duas crianças em polvorosa gritando questionamentos que ela não conseguia entender bem.

— Hey! Hey! Acalmem-se! Eu não disse nada de mais – disse ela rindo. — E Boruto-kun, você não estava jogando vídeo game?

O rostinho dele se tingiu de vermelho, Hinata riu, mas seu coração esquentou com o modo como amava tão fácil os pedacinhos de si mesma que encontrava nos filhos, quando havia sido tão difícil gostar dessas mesmas características em si mesma no passado.

— Mas, mama! Você sempre disse que era apaixonada pelo papa desde o colégio!

Hinata pegou Himawari no colo e a sentou sobre seus joelhos, mantendo um braço ao redor da filha e outro em volta dos ombros de Boruto.

— E é verdade. Eu amo seu pai desde a época da academia, mas eu conheci meu primeiro amor antes disso.

— Antes, mas... – Himawari perdeu as palavras tamanho era seu choque.

— Quem? Quem foi seu primeiro amor, Kaa-chan?

Hinata sorriu.

— Seu tio Neji.

As crianças fizeram “ohs” mudos. Ouvindo histórias do tio Neji desde o berço, mas agora acabavam de ganhar novo respeito por ele.

— Nós fomos apresentados quando éramos pequenos, antes de termos autorização para sair do complexo Hyuuga. Eu era muito tímida e tinha medo de tudo, só vivia agarrada nas pernas do seu avô, então Neji-nii-san disse que eu era bonita e sorriu para mim, foi o suficiente, eu tinha só três anos.

— Três anos?! – Boruto fez uma careta de descrença e decepção. – Isso não conta!

Hinata lançou um olhar comicamente sério para o filho.

— O primeiro amor é meu Boruto Uzumaki e eu decido se valeu ou não.

— Awwwn, eu achei sua história fofa, mama. – Himawari disse de um jeito sonhador deitando a cabeça no ombro da mãe.

— Só não digam pro seu pai. Ele vai ficar arrasado se descobrir e como é competitivo é capaz de querer mudar o nome do Boruto.

— Hey! Eu não vou mudar de nome!

— Hima, que nome você acha que o Boruto-kun deveria ter?

— Anmitsu! Eu gosto de Anmitsu! – Sugeriu Himawari animadamente.

— Eu não vou mudar meu nome pro do seu doce preferido!

Elas o ignoraram.

— Eu gosto de Zenzai. Zenzai Uzumaki.

— Eu não vou mudar de nome! E porque doces dattebasa?!

— Ohagi é bom também.

— Tudo que tem anko é bom. Ah! Anko Uzumaki!

Kaa-chan!


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Notas finais do capítulo

Coisinha slice of life/family fluff que eu tinha guardado pela metade.

No final Himawari para de pensar em romance, porque ela é criança e criança não namora, e foi comer doces que poderiam emprestar o nome para Boruto que ficou uma semana sem comer doce nenhum pelo trauma.

Naruto nunca descobriu a verdade e viveu na ilusão de que foi o único no coração de Hinata para o resto da vida, pobre iludido.

Doces dessa fic são:

Anmitsu: frutas, gelatina de ágar-ágar, pasta de feijão vermelho (um anko molinho), dango e cobertura.

Zenzai: sopa de feijão vermelho doce, uma das comidas preferidas da Hinata.

Ohagi: anko recheado com mochi (arroz glutinoso).

Anko: pasta de feijão vermelho.

Que fome!



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