Goodbye, Summer escrita por Srta Matsuoka


Capítulo 1
Capítulo Único




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GOODBYE SUMMER – CAPÍTULO ÚNICO

“O QUE TIVEMOS NÃO PASSA DE MEMÓRIAS (MINHAS)”.

 

J O N G I N |

 

Aquela era mais uma tarde de verão de setembro, e, mesmo ainda faltando quatro meses, era contagem regressiva para a formatura. Eu ainda não havia decidido o que cursar na faculdade por não possuir grandes talentos naquela época, mas não demorei muito em me encontrar.

Como se já não bastasse o extremo calor que a turma sentia durante as aulas, apesar dos ventiladores ligados, a aula de geografia falava das estações do ano. Apesar de tudo, eles não odiavam o verão. Na verdade, até gostavam, exceto por uma pessoa.

O garoto de cabelos loiros sentado a três fileiras longe de mim e apenas dois lugares à frente, num ângulo perfeito para que eu pudesse observá-lo. Aquele era Oh Sehun, o dono dos meus pensamentos, meus suspiros constantes, minha falta de ar, e... Meu melhor amigo.

Nos dávamos bem por sermos os mais novos da turma — e tínhamos a mesma idade —, éramos os únicos garotos de dezesseis anos numa turma de terceiro ano do ensino médio. E tudo porque nascemos no final de dezembro.

Às vezes eu brincava dizendo que éramos os mais espertos porque éramos novos e estávamos avançados, mas a verdade é que dificilmente dá para ser respeitado quando se é mais novo. Tudo o que você escuta é coisas como “Me respeita que eu sou mais velho que vocꔓVocê nem deveria estar aqui”. E, pasmem, a mais cômica de todas e que eu jamais esquecerei: “Você confundiu o terceiro ano do fundamental com o do ensino médio”.

Enquanto todos os alunos estavam concentrados na tarefa de geografia, inclusive eu, que estava na metade, Sehun apenas bufava, coçava a cabeça e batia a ponta do lápis em sua boca o tempo todo, enraivado. Tive que rir do quão bobo ele era. Era apenas um dever de classe, mas ele estava tão irritado que parecia estar fazendo uma prova — coisa que odiava.

Queria poder ajuda-lo, porém, a professora Lee deixou claro que era individual, e ela estava passando de carteira em carteira para garantir que não estávamos passando respostas.

Parecia muito um dia de prova.

Quando o sinal para indicar o término da aula e hora do almoço tocou, Sehun deu graças como se fosse o sinal dos céus.

— Obrigado, Deus! — ele gritou, de olhos fechados e braços dobrados com as mãos para cima.

Tinha que ser você, Oh Sehun. Tinha que ser você. Seu jeito pateta e suas reações eram o que alegrava meu dia durante as oito cansativas horas de aula.

Lembro-me bem que, quando me aproximei de sua carteira para chama-lo para irmos juntos ao refeitório, assim que me viu, a primeira coisa que ele fez foi me abraçar e exclamar:

— Eu não aguentava mais! Odeio geografia!

— Eu sei que odeia. — respondi sorrindo enquanto dava leves tapinhas em suas costas.

Nos separamos e ele abriu um largo sorriso, como dificilmente fazia, e logo percebi que coisa boa não era.

— Corrida até o refeitório? — Sehun deu uma piscadela.

— Ficou maluco? E se...

Antes que eu terminasse de protestar, o loiro já havia me puxado pela mão e quando eu percebi já estávamos correndo pelos corredores. Às vezes nos batemos em algumas meninas, mas nem dava tempo para eu me desculpar. Sehun sempre agia como uma criança, eu já estava acostumado, porém, certas atitudes suas ainda me deixavam constrangido. Afinal, a maioria das coisas que ele aprontava acabavam me envolvendo também.

Isso tudo para que a sopa de algas não acabe.

Ao chegarmos à entrada do refeitório, a coordenadora bloqueou a nossa passagem parando de braços cruzados à nossa frente, como se já estivesse nos esperando.

— Vocês por acaso são alunos do fundamental? — ela parou por uns instantes para ajeitar os óculos. — É proibido correr aqui.

— Então por que chamam de corredores?

Às vezes eu me perguntava se Sehun era o próprio Benjamin Button, uma criança no corpo de adulto — ou, no caso dele na época, de adolescente.

— Engraçadinho. — respondeu a coordenadora — Que isso não se repita.

E eu só segurava a risada.

Aquele dia não teve nada muito especial, mas é sempre bom lembrar. Eu e Sehun éramos muito próximos, quase nunca nos desgrudávamos, até nos considerávamos como irmãos.

Apesar de ser popular entre algumas garotas por conta de sua beleza, Sehun nunca se aproveitava disso. Eu o considerava meio assexual, na verdade, porque relacionamentos era algo que ele nunca deu bola. Talvez seja por isso que ele nunca me notou.

Eu sempre estive do seu lado em todas as ocasiões. Seja quando ele estava triste ou feliz, com raiva ou ansioso. Eu sempre estava lá para apoiá-lo, assim como eu sabia que podia contar com ele para tudo. Uma das coisas que me fazia sentir especial era que Sehun não costumava rir, e quando sorria era de boca fechada, mas sempre que eu estava com ele, seu sorriso era o mais belo e radiante de todos.

Um dos meus hábitos que nunca desapareceu mesmo após vários anos — permanecendo até hoje — era que eu quase sempre ia à praia ao final da aula. Não para nadar ou coisa do tipo, mas havia algumas rochas na areia e eu costumava sentar ali e contemplar o pôr-do-sol. Enquanto estava ali, tentava cultivar as boas memórias.

Oh Sehun era o protagonista de cada uma delas.

Ninguém sabia que eu costumava ir àquela praia para relaxar. Eu imaginava que o sol era um amigo também, que guardava todos os meus segredos carregados de sentimentos e desaparecia com eles enquanto trocava de lugar com a lua.

Quanto aos sentimentos ruins como o medo e a insegurança, para mim o mar os varria e levava para longe, onde eles podiam se perder nas profundezas do oceano.

Alguns meses depois, faltando apenas uma semana para a formatura, eu saí mais cedo do que de costume e sem ninguém para me acompanhar. Depois da formatura acabaria tudo. Eu não veria mais Sehun na mesma frequência que antes porque ambos seríamos pressionados com a faculdade e ainda não havia tomado coragem para me declarar.

E lá estava eu, sentado com as pernas esticadas sobre a rocha, com os braços esticados e apoiados ali, de olhos fechados e sentindo o vento salgado beijar meu rosto. Sozinho, como sempre. Era verão, mas a praia já estava praticamente vazia, porque além de ser final de tarde, poucos frequentavam aquela parte da praia.

Então, de repente, ouço passos atrás de mim.

— Posso sentar com você? — ele me perguntou calmamente.

— O que faz aqui? — pergunto ao vê-lo sentar-se ao meu lado antes mesmo de obter uma resposta. Como se eu fosse recusar.

A última coisa que eu esperava era dividir aquele cantinho com Sehun, era o mesmo que estar sonhando. Na época, eu estava feliz que era real, hoje eu preferia que tivesse sido um sonho.

Ele já era bonito naturalmente, mas com os cabelos ao vento ficava mais ainda. Seu cabelo era tão liso que nem caspa grudava ali, e minha vontade era de ficar tocando naqueles fios o tempo todo.

— Não é chato ficar aqui sozinho?

— Não, eu gosto. — respondi, sorrindo — Mas estar com você é muito melhor.

Por que eu fui dizer aquilo? Me pouparia de ver aquele maldito sorriso de Oh Sehun enquanto o desgraçado me encarava. Eu me perdia naquelas orbes castanhas e cabelos claros. E, como se já não bastasse derreter diante daquela figura angelical, ele fez a pior coisa que um ser humano podia fazer com alguém. Me deu esperança.

O silêncio entre nós começou quando Sehun decidiu que era melhor aproveitar o momento do que nos distrairmos com bobas palavras. Ele encostou a sua cabeça em meu ombro e envolveu a minha cintura por trás para depois fechar os olhos e sorrir.

Meu coração palpitava de tal maneira que não duvidaria se ele dissesse que conseguia escutar as batidas. E pela primeira vez eu tive a chance de acariciar aquele rosto branquinho e macio, onde o calor do corpo de Sehun me parecia ser mais quente que o do próprio sol.

Era o universo me dando a chance. O meu amigo sol estava lá para nos assistir, dando-me um dos momentos mais belos e inesquecíveis da minha vida. Eu pude finalmente assistir ao final do dia com o garoto que eu amava.

Contemplamos o contraste de vermelho e amarelo na praia e vemos aquelas cores quentes se converterem em frias como lilás, roxo e azul. No final, esfriaram junto com a minha coragem, porque se eu tivesse aberto a boca, ele hoje poderia pertencer a mim.

O que aconteceu depois daquele maravilhoso dia? Sehun e eu não mais nos falamos porque ele simplesmente desapareceu, aparecendo apenas no dia da formatura. Ele me pediu mil desculpas mas disse que tinha algo que ele não conseguia me contar, por isso foi difícil ficar comigo sabendo daquilo.

Na formatura, ele foi convidado para fazer uma apresentação de canto e outra de dança, e, acreditem, ele dedicou a canção que cantou para mim. Confesso que naquele momento foi difícil conter as lágrimas ouvindo cada palavra bonita da letra saindo pela doce voz dele que eu tanto amava.

Depois daquilo, eu nunca mais o vi. Ele me contou que no dia seguinte estaria viajando para o exterior para estudar. Ali eu me senti traído. Nós éramos melhores amigos, ele não podia simplesmente esconder isso de mim, me dar o melhor dia da minha vida e depois me descartar como se eu fosse um nada.

Ao confessar tudo para mim, Sehun acabou ouvindo as palavras que eu jurei que nunca diria para ele. “Eu te odeio”.

Ah, como fui estúpido. Por que disse palavras tão duras? Eu poderia simplesmente ter compreendido como ele se sentia, o quão difícil seria deixar seu lar, família e amigos para se adaptar a um lugar completamente diferente do que estava acostumado. Se a raiva não tivesse me domado, tudo hoje seria diferente.

Não foi a última vez que nos vimos.

Sete anos depois, sua mãe me contou que ele estava voltando de Londres para voltar definitivamente para Seul. Durante anos fomos vizinhos na Coreia, o que facilitou a nossa amizade, e seus pais nunca saíram da antiga casa. Então, quando ele chegasse, eu saberia.

E eu esperei, mesmo que não pudesse espera-lo no aeroporto. Mas eu ouvi os gritos de felicidade da senhora Oh quando o táxi parou à sua porta e eu deduzi logo o que era. Só que o que chamou mais a minha atenção não foi a voz dela, mas sim ouvir aquela risada gostosa de novo mesmo depois de anos.

Ele estava tão diferente, mais másculo, mais bonito. Inclusive, já não era mais o meu loirinho, pois seus cabelos estavam tingidos de preto. Eu não sabia como falar com ele depois do que aconteceu conosco da outra vez, mas, eu e minha irmã fomos até a casa dos Oh com uma torta em mãos.

Foi Sehun quem abriu a porta.

— Jongin? — ele arqueou a sobrancelha, surpreso ao me ver.

Eu não sabia o que dizer. Estava muito envergonhado, muito. Não conseguia nem mesmo olhar para ele direito sem lembrar do seu rosto triste quando eu disse palavras tão duras. Minha boca estava entreaberta, mas a voz não saía e o interior só gritava: “Me perdoe, Sehun! Me perdoe!”.

— Sehun, eu...

Antes que pudesse terminar a frase, fui surpreendido por um abraço apertado vindo de Sehun.

— Eu senti tanto a sua falta! — ele disse ao meu ouvido.

Oh Sehun, agora você entende por que eu sempre digo que você merece o mundo? Mesmo depois do que fiz, ele demonstrou em sua ação que me perdoou.

Foi a partir dali que eu senti a esperança voltar, que estaria tudo bem e que eu teria uma nova chance, se não fosse por um detalhe. Quando entramos na casa, havia uma bela moça que eu não nunca tinha visto antes que conversava com a mãe de Sehun.

Ela se levantou quando me viu e estendeu a mão para me cumprimentar.

— Oh, olá, você deve ser o Jongin! — ela me cumprimentou com um amigável sorriso — Sehun Oppa falou muito de você.

— Oppa? — perguntei.

O pior momento da minha vida depois da formatura.

— Jongin, esta é Yoona, minha noiva. — Sehun confessou.

Meu coração doeu tanto, que eu não sei como consegui me manter de pé nem como consegui disfarçar a minha decepção estampada em meu rosto. Minha irmã até os parabenizou, mas nem isso consegui fazer.

Hoje é treze de novembro e fazem exatos oito anos desde a formatura. Querido amigo sol, estou aqui de novo na praia, desabafando como nos velhos tempos, como a muito tempo não fazia. Mas seu brilho não está tão forte como naquela tarde de verão, é como se tivesse esfriado junto com o meu coração.

Sehun e Yoona vão se casar em três dias e eu, como um belo idiota, não consegui recusar o pedido de Sehun para que eu fosse padrinho do casamento. Me sinto um completo lixo.

O rótulo de amigo é algo que eu aprendi a odiar, porque as lembranças que cultivo com Sehun não passam de memórias dolorosas. Nossa história acabou sem nem ao menos começar e isso me entristece.

Mas todos nós sabemos que o verão se vai para dar lugar ao frio do inverno.


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