Amor Soberano escrita por Brru


Capítulo 1
Uma nova chance


Notas iniciais do capítulo

Olá, galero... A one começa a partir do momento que o Aurélio vai buscar o conforto da Julieta, depois do baile..

espero que gostem!!



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Olegário insistiu em fazer companhia a Julieta enquanto a rainha desfrutava de um chá forte de camomila. A Conversa com Camilo não a fizara bem, e um chá forte a faria pelo menos ter algumas horas de sono, já que ultimamente dormia cada vez menos. Enquanto funcionário se distraia, ela pensava em como daria a volta e conquistaria o amor e a confiança de seu filho novamente, ele era o único motivo por ela ainda esta lutando, quando seu ex e odiado marido morreu, ela jurou para si mesma que viveria apenas por Camilo. No entando, agora estava o perdendo, e infelizmente por sua culpa, fizera o mesmo que seus pais.. tentou controlar a vida de seu filho, tentou traçar seu caminho, ditar as regras, porém eram outros tempos, e Camilo conseguiu arrancar-se de suas garras. Teria que se dedicar mais ao seu filho, pensou. Esquecer qualquer coisa que a tirasse dos eixos, o teria junto a si novamente, teria ele e Jane em sua casa para que pudesse recomeçar, ou talvez morrer em paz.

Os devaneios de Julieta se desfizeram quando ela ouvira passos fortes em sua direção, era ele, Aurélio. O homem que estava tirando seu sono, sua tranquilidade interna e emocional. Vê-lo acelerava seu coração com um descontre que ela as vezes perguntava-se se estava ficando louca... Cada vez mais cedia aos seus galanteios, ele sabia a fórmula perfeita de leva-la, sua voz era terna, seu toque sensível, seu beijo tão doce e intenso que ela flutuava, e só voltava a pisar firme no chão quando seus demônios internos a faziam lembrar de seus traumas e marcas, era quando ela se afastava dele, do seu toque.     

— Aurélio...- ela murmurou surpresa, olhou para Olegário e o mesmo sem questiona-la se dispensou. Já era tarde.

— Me desculpe procurá-la a esta hora. Mas eu precisava de sua companhia. - porque está com ela era quase como uma necessidade.

— O que houve? - perguntou aparentemente preocupada. - Você me parece um tanto irritado. - ela repreendeu-se por um instante. Como sabia tanto daquele homem? Julieta o que diabos está havendo com você?

— Depois que você fora embora do baile, Edmundo fizera um vexame. - disse irritado. Julieta procurou em suas memórias se um dia o vira assim. - Disse atrocidades sobre Ema. Minha Ema! - continuou. - Estava bêbado.. Tenho certeza que a feriu internamente. Ema é tão doce, terna.. Não merecia isso.

— Aurélio.. - engoliu em seco, quisera saber lidar com tantas coisas, informações, mas infernos, sabia mal lidar consigo mesma. - Eu não sei porque está me dizendo isso. Eu não posso ajudá-lo.

— Eu só quero que me ouça.

— E de que adiantaria? - o questionou com seu queixo erguido, mas sentindo seu coração se desfazendo, sabia que iria feri-lo, porém teria que fazê-lo. Camilo era sua prioridade, ademais sentimentos não era seu forte. - Não irei ajudá-lo em nada interferindo com minha opinião descartável.

— Eu pensei que você pudesse me aconselhar. - passou as mãos em seu cabelo visívelmente atormentado. O que havia acontecido com a Julieta que instantes atrás estava em seus braços, tão leve, terna?

— Pois tenho que admitir que você a pensado errado.

— O que houve? - se aproximou dela, o suficiente para Julieta sentir uma infernal tensão em seu corpo.

— Sinto que está novamente a invadir minha privacidade.. Não direi nada sobre minha pessoa do passado, Aurélio.

— Eu disse que a esperaria.

— Não quero que o faça. - e sem conseguir olha-lo nos olhos virou-se.

— Olhe para mim, por favor. - suplicou, e Julieta sentiu o cansaço em sua voz. - Disse que me estimava.

— E estimo, mas não é suficiente...

— Para ao menos aconselhar-me sobre minha filha? - ela engoliu em seco, e voltou a olhá-lo.

— Para aconselhá-lo sobre qualquer outra coisa. Não posso me desgarrar de minha escuridão. Confesso que você conseguiu destruir uma barreira dentro de mim, mas o digo com afinco que não há mais passo a ser dado.

— Mas que diabos! - disse elevando suas mãos. - Julieta.. - ele se deteve a continuar, estava tão cansado, exausto de tudo, e quando pensou que procurar a mulher que ama o faria bem, estava ali recebendo o oposto. Ela o afastava a cada palavra dita, o feria. - Pensei que estávamos começando algo.. A senti tão leve em meus braços essa noite.. Enquanto nos beijavamos.

— Eu menti.. - confessou. - Meu corpo me traiu todas as vezes que você me beijou. - os olhos de Aurélio de repente marejaram e Julieta amaldiçoou-se. - Não posso ser recíproca a você. Não posso dizer nada sobre mim. Não posso negar a pessoa que sou, sou essa mulher Aurélio! Sou esse pedaço que sobrou de mim, e ele não pode deixar que um homem bom como você o dê amor... Porque você não receberá nada em troca.

— Sabes que esta mudando.

— Sabes que não. - murmurou. Estava afastando a última pessoa que tinha fé nela. Aurélio tocou em seu rosto. A amava tanto, nunca amou tanto alguém como amava aquela mulher.

— Não se pode amar sozinho, Julieta. - a respiração dela falhou por um instante, e ele teve certeza que ela também sentia o mesmo.. Mas Aurélio estava em seu limite. Era um inútil para a sociedade, havia decepcionado sua filha.. E agora, perdia uma parte sua que ainda estava em construção.

— Não ame por mim.. - ela pediu, e se afastou.

— Eu ainda sinto suas mãos nas minhas.. - confessou. - Seus lábios em minha pele, seu olhar amedrontado, seu beijo.. E estou a me perguntar, o que a fizera a mudar de repente..

—Aurélio..

— Dançando quase toda noite.. Nos olhamos, nos sentimos na frente de todos naquele terrível baile. - ele sentiu algo quente no canto do seus olhos e se negou a aceitar que seriam lágrimas. - Eu não admito! - se afastou dela. - Não admito, que está distanciando-se novamente de mim. Eu rogo, diga-me o que houve? O que disseram sobre mim?

— Lembrei-me que só estou em vida por meu filho. - disse. - E será só por ELE que continuarei em terra. - não iria admitir nunca que um homem tivesse tanto controle sobre ela.. E Aurélio tinha. - Não há espaço para mais ninguém.

— Tudo bem. - Aurélio se deu por vencido. - É isso que você deseja? - ela não respondeu sua pergunta porque sentira um imenso aperto no peito quando o viu com lágrimas nos olhos. - Seu desejo será uma ordem..

saiu tão rápido que Julieta ficara apenas com o calor do seu perfume, e novamente sozinha. Essa era sua sina, seu destino, solidão.


...


Os lábios de Ema estavam mais corados assim como suas bochechas. Aurélio não dormira toda a noite preocupado com seu estado físico, mas também não parava de pensar em Julieta, suas palavras, sua renuncia. Pensara tanto que tomou uma decisão logo quando Ema acordou, e se pôs mais disposta. Aurélio iria para São Paulo.

— Papai.. E seus sentimentos por Julieta? - Ema perguntou enquanto bebericava um pouco de café.

— Não se pode lutar sozinho, Ema. De que adiantaria lutar sozinho declarar-me, se ela se recusa a abrir-se aos meus sentimentos?

Começaria uma nova vida ao lado do seu pai e de sua filha. Já não era mais um inútil como todos diziam, aprendera a tomar decisões, e estava certo da sua. Se seu amor não o queria por perto, se o queria longe de si, ele faria de seu desejo realidade.

No entanto, ficaria mais alguns dias. Havia trabalho a ser terminado na fazenda de Julieta, e ele não deixaria trabalho a ser feito, ainda o restava um pouco de reputação, e a manteria limpa, sem dever a ninguém, principalmente a Julieta Bittencourt.

Logo depois de certificar-se que Ema estava em perfeito estado, rumou para a fazenda. Tião o avisou que o anunciaría, mas Aurélio não esperou, sabia perfeitamente onde ela estava aquela hora, e como ela estava.

A porta do escritório de Julieta estava entreaberta, e o pobre coração de Aurélio quase saltou de seu peito quando a vira. Como sua impecável postura, ela lia alguns papéis que segurava em mãos, o óculos levemente inclinado em sua frente a dava um ar de seriedade e ternura tão inebriante que, Aurélio respirou fundo por vezes, até conseguir aproxima-se o suficiente para que ela pudesse finalmente perceber sua presença. Quando o viu, ela de imediato ergueu-se como se fosse o fazer reverência. Ambos sentiram aquela inexplicável energia que corria entre seus corpos. Ambos estavam com os olhos marcados por uma insônia infinita.

— Sente-se, por favor. - ela disse.

— Eu apenas vim lhe informar que ficarei apenas mais um par de dias a seus serviços. - ele disse apenas dando dois passos a frente. Teria que manter distância, ou desrespeitaria sua decisão, e o pedido dela.

Ela continuava em pé tentando assimilar o que ele havia dito.

— Por que? - ela perguntou.

— Irei para São Paulo junto a Ema e papai. - ela sentiu-se fraca por um momento e apoiou-se na mesa em sua frente. Aurélio quase correra ao seu encontro, porém, se manteu firme. Teria que sufocar seus sentimentos, suas vontades.. se Julieta conseguira fazê-lo, por que ele não conseguiria? - Não se preocupe, deixarei tudo em ordem até que você encontre outra pessoa.

— Aurélio se está indo por causa do que...

— Não, não tem haver com o que discutimos ontem, afinal quem saira perdendo fora eu.. - respirou fundo, e desviou seu olhar. - A senhora não sentiu nada.. Nunca o sentiu.

— Não sou o ramo de espinhos que só serve para ferir, Aurélio. Tenho sentimentos! - disse quase em um grito.

— Me pareceu tão sentimental ontem, quando se negou a amar-me... - disse irônico. - Tão sentimental que.. - ele apertou seus punhos. - Bom, eu já lhe disse que o que tinha pra dizer..

Mas ela não o deixou sair, correu ao seu encontro e segurou firme em sua mão, forte e cálida.

— Tão sentimental que...?? Continue. Se veio no intuito de ferir-me continue, não seja um homem de meias palavras, senhor Aurélio.

— Então não seja uma mulher de meios sentimentos, senhora Julieta. - ele soltou-se dela. - Seja apenas um coração, ame ao seu filho.. Ame a si própria... E se deixe permitir que alguém no futuro a ame também.. - sem ar Julieta sentiu seu olhos marejados, e Aurélio se fora.


Naquela tarde uma névoa inesperada nublou toda fazenda de Julieta, seguidamente uma forte chuva se iniciou. Os trovões estremeciam a mansão da Rainha, e os pingos incessantes pareciam gotas de gelo de tão barulhentos.

A Rainha do café ainda sentia o efeito de tudo que aconteceu em sua vida horas atrás, de repente a Julieta sentimental e vulnerável estava de volta. Jurou que não se deixaria mais cair nessa ruína, mas era humana, tinha fraquezas, dores. Ignorava os trovões, os raios de luz que invadiam sua casa, ignorava tudo, estava em choque.. Concertaria sua vida com Camilo.. porém viveria infeliz com sua outra metade.. Porque amava aquele homem.


Só quando ouvira murmuros de alguns empregados consiguira sair de seu transe.
Havia uma aglomeração de pessoas em uma janela, pareciam assistir um show, Julieta se infiltrou entre eles tentando certificar-se do que estava acontecendo.

— Susana.. - ela olhou para amiga que se divertía com o suposto show. - O que estava havendo?

— Um cavalo fugiu do estábulo, e afundou-se em uma poça de lama.. - sorriu, mas logo cessou o mesmo quando viu o semblante de Julieta. - Seus empregados estão tentando tirá-lo de lá.

— Deus.. - ela grunhiu. - Eles estão loucos.. A chuva está muito forte.. Irão todos ficar doentes.

— Julieta, os homens daqui são como os próprios cavalos, são fortes, não seria uma singela tempestade que os derrubaria - mas Julieta sabia perfeitamente que havia um homem que sim, se afetaria. Aurélio era forte, e inteligente, mas não estava acostumado a trabalhos braçais, e muito menos a passar chuva.. E como se ela tivesse um imã ligado a ele, o viu dentre a névoa, estava encharcado, sujo, e aparentemente cansado.

— Ah, meu Deus... - ela disse correndo em direção a porta de entrada.


...

— Eu estou cansado, Aurélio. - um empregado disse sentindo o corpo exausto. - Vamos deixá-lo aqui, e quando a chuva se for, voltaremos para salvá-lo.

— Se nós o deixarmos aqui, ele irá morrer afogado. - disse olhando a imensidão de água ao seu redor. - Eu não vou deixá-lo.

— Mas...

— Se quer ir homem, então vá..

— Eu não irei.. - disse um senhor que apoiava Aurélio. - Os animais são nossos amigos, não devemos abandoná-los. - completou. A chuva aumentou, e junto a alguns homens Aurélio começou a puxar o animal... Havia um nó entre as pernas do animal que os ajudava, a corda que usavam era fina e a qualquer momento poderia se romper, mas ele não ia desistir, não poderia. Já havia desistido de muita coisa naquele meio tempo, se deixasse a fraqueza dominar novamente seu corpo poderia se dar o título de "o homem mais fracassado de todos os tempos".

Um relâmpago clareou toda fazenda, e os quase cegou. Recuperados do susto, continuaram a puxar, a puxar.

— Parem já com isso! - todos os homens de repente viram-se em direção a voz fina em meio a chuva. - Agora! - olhou para Aurélio seria, porém queria correr para os seus braços, tocar seu rosto gélido, o proteger.

— Não podemos, ou o animal irá morrer. - alguém disse.

— Escolham entre o animal e vocês. Ficarão doentes, todos. - olhou novamente para Aurélio. Ela também ficaria doente se não saísse logo daquela chuva, daqueles pingos que pareciam mais espinhos. No entanto, Aurélio voltou a puxar o animal, puxou com toda raiva que sentia naquele momento. - Aurélio.. - ela disse.

Ele puxou com a dor de ouvir a sua voz dizendo seu nome, não com amor, não como um sussurro de prazer, mas sim como sua superior.

— Aurélio... - ela pediu novamente. - É uma ordem, parem agora! - no seu último puxão, ele conseguiu libertar o animal. Suas mãos estavam como fogo de tão vermelhas, seus lábios roxos, e todo seu corpo enfermo.

Os seus olhares se encontram em meio aquela chuva, e as lágrimas de Julieta se misturavam com a água que caia em cima de si.

— Soberano.. - ela murmurou com lábios trêmulos de frio. Era seu velho cavalo. Certa vez Aurélio ouvira dela que era seu cavalo preferido.

Julieta viu seu cavalo sendo levado novamente para o estábulo, o mesmo mancava, mas parecia bem, não tinha mais os olhos assustados.

— É o seu preferido... - Aurélio disse. Ele mordeu os lábios sentindo uma dor intensa em seu abdômen, mas não a demonstrou.

— Sim.. - sussurrou. - Obrigada.

— Me permite ir para casa? - ela assentiu, e ele passou tão perto do seu corpo que ela quase o abraçou.


...

Com a ajuda de Ema, Aurélio deitou-se naquela noite, e mesmo quase morrendo depois de uma crise de tosse que tivera, ele voltou a fazenda na manhã seguinte.

Estava no estábulo, olhando um dos empregados de Julieta cuidar de Soberano, como ele o instruia.

— Aperte mais a bandagem, por favor.

— Ele ficará bom logo? - perguntou o homem.

— Sim.. Ele é um cavalo forte. - sorriu, sentiria falta desse ar do campo, dos cavalos... De Julieta. Seu riso se pôs tristonho. Teria que esquecê-la.

— Aurélio.. - ele virou-se para dar atenção a voz que o chamava, mas antes quase caiu no chão, se sentia fraco, e pelo pouco que sabia estava com seu corpo mais quente que o normal.

Era Tião.

— A Dona Julieta mandou-me chamá-lo. - ele assentiu e seguiu Tião.

...


Quando chegara a porta do escritório de Julieta assustou-se. A mesma andava de um lado para outro, estava aparentemente agoniada. E quando o viu, bufou.

— Eu sabia! - disse em um tom elevado. - O que está fazendo aqui?

— Trabalhando.. - a respondeu sem entender sua pergunta. - Pelo o que eu me lembro ainda trabalho aqui, não? - ela se aproximou dele com os olhos tristonhos.

— Devia estar em casa.. Tomou uma tempestade inteira nas costas, precisa de descanso.

— Não se preocupe..

— Me preocupo sim. - o interrompeu, tocou seu rosto e sua boca ficara entreaberta. Ele queimava como fogo. - Esta com febre.. Vá para casa, por favor..

— Eu posso perfeitamente.. - ele parou de falar fechando os olhos..

— Aurélio? - ela o chamou. - Aurélio... Por favor.. - ele inclinou-se sobre seu corpo, e ela percebera que o estava perdendo. - Olegário!

Gritou o homem que a ajudou levar Aurélio para um quarto de hóspedes.

— Chame Rômulo!

— Sim, senhora.

O homem saiu apressado. Julieta já havia cuidado de febres de Camilo, mas nunca vira uma como a de Aurélio. Seu corpo tremia tanto, seus olhos não abriam, e sua pele cada vez mais se avermelhava.

Ela segurou em suas mãos com desespero, e segurou-se para não chorar.

— Fique comigo, por favor.. - e admitiu.- Eu só tenho você.. - beijou as mãos dele. - Aurélio..

Julieta ficara ao de Aurélio até que Rômulo chegara. O jovem médico o examinou, e Julieta o dissera tudo o que havia ocorrido.

— O dei medicamento adequado para febre. - ele disse a Julieta. - Acalme-se, por favor. - ele riu do modo que ela andava pelo quarto.

— Me desculpe, eu nunca vi em toda minha vida um homem tremer tanto.

— Bom, também me surpreendeu. - comentou. - Se não se importa, eu gostaria de ficar mais um pouco. Preciso me certificar se o medicamento a agirar bem. - ela assentiu, e sentou-se em uma poltrona perto de Aurélio.

Ambos ficaram alguns minutos a conversar, até que Aurélio voltara tremer, e de vez mais forte. O coração de Julieta disparou, e fora inevitável seguirar suas lágrimas. Rômulo, de imediato soube que o estava acontecendo, era um bom médico. Sem se importar com a presença de Julieta, abriu a camisa de Aurélio a procura de algum sinal de sua febre, sua causa, qualquer coisa. E não demorara muito para encontrar. Aurélio tinha um corte em seu abdômen, não tão grande, mas que exebia uma inflamação terrível.

— Dona Julieta, peça água quente, e alguns panos limpos, preciso limpar essa ferida antes que infeccione. - Rômulo pediu, e Julieta correra pelos degraus da escada a procura de ajuda.

Os gemidos de dor de Aurélio faziam todo o corpo de Julieta estremecer. Não poderia fazer nada, apenas vê-lo sentir dor.. Ve o homem que tanto amava sofrer. Rômulo, continuou a limpar a ferida, haviam sangue em alguns dos lenços tragos, e isso só aterrorizou mais a mulher que estava ao seu lado.

Depois de tamanha tortura, finalmente um curativo fora feito, Julieta observou cada detalhe de Rômulo, estava disposta cuidar de Aurélio, faria qualquer coisa para vê-lo saudável novamente.

— Bom, deixarei uma pomada, e um remédio para dor e febre. Ele ficara bom, amanhã estará melhor. - ele falava enquanto Julieta não tirava os olhos de Aurélio. - Seria melhor que ele ficasse, por hoje.

— Tudo bem.

— É uma ferida pequena, mas pode matá-lo. - Julieta o olhou de repente. - O senhor Aurélio tem uma certa facilidade que coisas simples se torne mais graves em seu corpo.. Meu pai também tem o mesmo problema..

— Porque ele morreria?

— Uma ferida mal cuidada, e exposta pode contrair uma infecção muito forte, não temos suporte suficiente para tratar esse tipo de ferimento aqui, Dona Julieta, e uma viajem a São Paulo só o mataria mais rápido. - ela engoliu em seco.

— Ele se feriu salvando meu cavalo..-disse em um fio de voz.

— Sinto muito.. - disse Rômulo. - Me atrevo a dizer que agora a senhora poderá o retribuir.. O deixe de cama pelo menos hoje... - ele piscou, e sorriu, logo fora embora.

...


Já era tarde quando Aurélio finalmente despertou, e se encostou na cabeceira da cama. Estranhou o quarto que abitava, até que reconhecera a mulher que dormia ao seu lado em uma poltrona, a mesma segurava sua mão. Logo percebera que estava sem sua camisa, viu parte da sua pele coberta por gazes, e suspirou. Não havia dito a ninguém sobre seu ferimento, não queria causar preocupações. Porém, mal sabia ele que, Julieta quase perdera o controle quando o viu cair sobre seus braços.

Uma senhora de idade adentrou o quarto, e com seus movimentos despertou Julieta. A mulher deixou uma bandeja com pão, e duas enormes tigelas de porcelana cheias de algo que Aurélio deduziu que provavelmente seria sopa. A senhora se retirou, e Julieta levantou-se sentindo em seu corpo os feitos de dormir em uma poltrona.

Ela olhou para Aurélio, e para o seu ferimento. Ele parecia melhor, pelo menos não tremia como um peixe fora d'água, pensou.

— Esta com fome? - ele estava.

— Não. - disse.

— Não mesmo? - preocupo-se, seria efeito da febre?

— Sabe onde está minha camisa? Preciso me recompor, preciso ir embora. - tentou se levantar, mas ela o impediu.

— Não, não! - disse quase o tocando no peito. - Rômulo disse que você precisa descansar, pelo menos essa noite.

— Ainda é tarde, Julieta. - disse tão frio, que Julieta quase sentiu um calafrio por seu corpo. - Preciso ir..

— Precisa ficar. - disse. - Me ouça. - mas ele não ouviu, e levantou-se da cama, tão rápido que sentiu uma leve tontura. Viu sua camisa em outra poltrona perto da porta, mas não dera nem um passo em frente, porque ela o impediu tocando-o em seu peito.

— Não faça isso. - ele pediu.

— Não faça você isso comigo. - se aproximou mais dele.

— Não sou eu quem não está aberto a falar, Julieta. Eu gritaria por todo Vale que te amo, mas você, não pode se submeter a amar o filho do barão falido.

— Aurélio, não é isso..

— Então, me diga! - pediu, seus olhos se puseram tão azuis, que ela soubera que ele estava bravo.

— Não é fácil para mim mexer em algo que eu enterrei junto com Osório, mas que ainda me atormenta. Me dói.

— Vejo em seus olhos.

— Então, me entende. - ele assentiu.

— Mas não temos mais nada, sequer começamos algo... Você não deixou fluir, não tem espaço para mim... - quase repetiu as palavras de Julieta. - Tenho que ir..

— Me perdoe.. - pediu. Mas antes que Aurélio a respondesse, ela sentiu seus dedos melados.. - Você está sagrando... Meu Deus, Aurélio deite-se por favor.. Eu suplico.

Contragosto ele deitou-se, Julieta rapidamente tratou de acalmasse e de lembrasse de todos os passos que Rômulo dera quando fizera o curativo de Aurélio.

Ela sentou ao seu lado, retirou as gazes ensanguentadas, e o mais sutil possível começou a presionar o ferimento até que o sangue se estancasse. O mesmo cessou, e ela encheu todo o ferimento de pomada. Por hora olhava para Aurélio, e o mesmo a olhava com admiração. Seus olhos ao mesmo tempo que tinham ternura, também carregavam algo quente e ardente. As pequenas e delicadas mãos dela passavam por sua pele como um veludo, e ele confessou para si mesmo que estaria extremamente excitado se não estivesse sentindo tanta dor. Ela terminara, e se afastou dele. Havia um rubor em suas bochechas, e seus olhos pareciam suplicantes.

Aurélio aceitou comer finalmente, pela Janela viu a noite chegar. Julieta fora banhar-se, mas não demorara muito para fazê-lo companhia. Novamente sentou ao lado dele, e tocou sua testa, estava sem febre, e não havia nenhum sinal de sangue em seu ferimento. Ela não disfarçou seu sorriso, e olhou. Queria beijá-lo.

Aurélio, estava comovido com sua preocupação, no entanto sabia perfeitamente que a mesma era passageira, logo a verdadeira Julieta Bittencourt estaria de volta. Mas surpreendeu-se ao ouvir:

— Me desculpe.. - ela disse tocando seu rosto. Não queria perdê-lo de nenhuma forma. - Naquela noite eu estava terrívelmente brava.. Eu e Camilo discutimos, passei a pensar que estava distraída demais.. Aurélio eu estou perdendo meu filho. - então ele viu que ela finalmente estava conseguido abrir-se mais.

— Espere.. - ele disse. - Não irá se arrepender de me contar isso? Não irá me culpar?

— Não, não Aurélio... - soluçou, e Aurélio a viu chorar pela segunda vez. - Perdi o afeto de Camilo..

— Futuramente irá conquistá-lo novamente.. Eu sei disso. - disse passando os dedos pelos fios soltos do cabelo dela... Estava com um coque novo, mais solto, mais juvenil, linda.

— Mas você não voltaria mais para mim.. - o olhou nos olhos. - Rômulo disse que você poderia ir-se de vez.. E eu não me perdoaria..

— Não seria sua culpa, fora um descuido meu.

— O que seria de mim se você se fosse? - ela perguntou. - Você fora a única pessoa que não desistiu de mim no primeiro momento.. Só me perdoe pelo o que eu disse.. Por favor.. Não vá para São Paulo.

— Por que? - ela segurou seu rosto dentre suas mãos.

— Por que eu amo você, Aurélio. Assumi isso a mim mesma ontem, antes da tempestade.. Eu disse coisas erradas.. Ainda é um martírio para pra mim falar do meu passado, mas, acima de tudo quero que fique ao meu lado.

— Disse que me ama... - ela assentiu. - Julieta, diga-me que não virara as costas quando sentir-se novamente com raiva... Apenas me diga..

— Não farei nada disso... Não fugirei mais dos meus problemas... Não fugirei mais de você.. - ela encostou sua testa na dele e murmurou: Meu amor..

Era seu primeiro, e sabia que único amor.

Beijou- o lentamente, marcando seus lábios com seu alívio de tê-lo novamente em seus braços. Não esperou de Aurélio, mas fora surpreendida quando ele a puxou para seu colo. Ele separou seus lábios, e acariciou seu rosto. Ela olhou rapidamente para seu ferimento, não queria machucá-lo.

— Não farei nada que você não queira, irei até onde você me permitir.

— Então, permita você que seu corpo cubra o meu.. Permita me amar..

— No seu tempo..

— Eu quase o perdi, Aurélio.. Não querer deixar de desfrutar mais de nenhum momento ao seu lado. - ele fora ao céu com suas palavras.- Ámame, por favor..

Ele o fez toda a noite, até que seus corpos súplicassem por descanso. O interior de Julieta era quente, e aconchegante. Aurélio contemplou seu corpo de todas as formas. Sua mulher era esguia, de seios medios, e pele pálida. Seus cabelos caíram sobre suas costas cheiravam a frutas vermelhas, eram macios. Por um momento ela continuou em suas pernas, o sentiu viril sobre as mesma, e tão entregue ao momento que desnudou-se em sua frente sem nenhum pudor. Era a prova de sua entrega, que estava sendo sincera. O ajudou com suas calças, com olhos fechados e com a ajuda dele, o deslizou dentro si... Mordeu o lábio, com a sensação de sentir seu corpo em nova fase, se perguntou se toda aquela essência que estava sentindo era real... E teve certeza que era, quando ele a virou de costas para cama, e começou a amá-la de forma tão terna que o paraíso parecia próximo... Sua pele conhecera toda a de Aurélio, seus seios foram beijados, e acariciado.. Não havia nada dela que não fora tomado por aquele homem, além de sua alma e de seu amor, agora ele tinha o seu corpo. No seu último ato, ele sussurrou somente para ela.

— Amo você...

...

Fim.


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