Crisálida escrita por valentinaLB


Capítulo 4
Capítulo 4 -CONVIVÊNCIA FORÇADA


Notas iniciais do capítulo

Falei que só ia postar quarta, mas como já tenho alguns capíulos prontos, resolvi postar alguns hoje.



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CAPÍTULO 4 – CONVIVÊNCIA FORÇADA


POV BELLA

O assunto do momento era a volta de Edward.

Berta não apareceu muitas vezes para nos visitar. Ela e minha mãe estavam decorando o novo apartamento do neto e se dedicando com afinco ao projeto.

Por sorte não voltei a vê-lo, mesmo ele tendo aparecido outra vez em casa. É claro que não saí do quarto quando soube que estava na sala.

Aqueles intensos olhos verdes ainda assombravam minha mente e, às vezes, até meus sonhos.

Ouvi meu celular tocando e corri para atender. Ou era Renée ou Ângela, as únicas que me ligavam.

O visor mostrava um número desconhecido. Engano, pensei.

– Alô.

– Isabella? – Uma voz perfeita, com sotaque inglês, perguntou.

– Sim. – Era fácil imaginar quem era. Quem ele achava que era para me ligar? Não tinha reparado o aviso de “afaste-se” que eu trazia no rosto?

Ouvi um riso baixo do outro lado da linha.

– Quem está falando é Edward, neto da Berta. Tudo bem?

– Tudo. – Como ele sabia o número do meu celular? O que queria comigo?

Outro riso contido.

– Sua mãe está muito ocupada e pediu-me para te ligar. Ela quer que você traga uma caixa que está no quarto dela. Eu poderia ir buscá-la, para não te dar trabalho, mas não sei dirigir na mão de vocês – falou rindo.

– Tudo bem, eu levo. – Minha mãe não se cansava de tentar me tirar de casa.

– Então anota o endereço.

Escrevi o que ele ditou.

Ele ficou em silêncio e eu quase já ia desligando o telefone quando finalmente falou.

– Então tchau. Foi um prazer falar com você.

– Tchau.

Fiquei tentando entender os risos que ele inutilmente tentou esconder. Eu agora era engraçada? Novidade....

Peguei a caixa e fui para o apartamento dele, que ficava num sofisticado condomínio da cidade.

Como sempre, vestia calça jeans e uma blusa de moletom uns três números acima do meu, que chegava quase aos meus joelhos. O cabelo amarrado em um rabo de cavalo e sem nenhuma maquiagem. Meu estilo básico.

Bati na porta. Já havia sido anunciada.

O par de olhos verdes me atendeu. Mais uma vez nosso olhar se cruzou por um tempo indeterminado.

– Entre, Isabella. – Ele disse, estendendo a mão para pegar a caixa.

Nossas mãos se tocaram rapidamente; tempo suficiente para sentir um calor irradiar pelo meu corpo.

“Coisa estranha”.

– Oi, querida! Desculpe-nos fazê-la vir aqui, mas estávamos tão ocupadas! – Berta apareceu, me abraçando. – Ainda não apresentei vocês formalmente. Bella, este é Edward, meu neto lindo.

– É um prazer conhecê-la, Isabella. Minha avó fala muito de você.

Dei um sorriso sem graça.

– Prazer – falei, sem estender as mãos. Pensei em dizer que ela também não se cansava de falar dele, mas eram muitas palavras para meu gosto. Optei pelo silêncio.

– Venha ver, querida, como o apartamento está lindo!

Berta me puxou pelo braço e me levou a todos os cômodos. Edward nos acompanhou.

Realmente estava maravilhoso.

– Este é meu cômodo preferido . É o quarto do Edward. Sua mãe caprichou, não foi, querida? – Berta apontava para o ambiente requintado e de extremo bom gosto, onde uma cama de tamanho gigantesco compunha a decoração esmerada.

Balancei a cabeça afirmativamente. Estava perfeito.

– Só quero saber quem será a afortunada que compartilhará essa bela e confortável cama como meu neto gostoso – disse rindo.

Senti meu rosto corando. Ela era doida de falar aquilo perto dele.

– Vó, está deixando Isabella sem graça – Edward falou, com um sorriso torto no rosto que me fez engolir seco. Não podia negar que ele era muito, muito bonito.

Minha mãe estava na cozinha, último cômodo que visitamos.

– Oi, filha! Obrigado por me fazer esse favorzão – disse, me dando um beijo na bochecha.

– Tudo bem, mãe.

– Querida, – Berta falou – sei que já abusamos da sua boa vontade, mas será que podia levar Edward ao supermercado? Precisamos abastecer esta dispensa.

– Se não puder posso ir de taxi, não quero te atrapalhar. – Edward falou, desculpando-se pelo pedido da avó.

– Não tem problema, eu levo. – Não que quisesse, mas fiquei sem graça de dizer não.

Descemos o elevador em silêncio. Evitei ao máximo olhar para Edward. Só de lembrar que ele tinha me visto dançar daquela maneira e com aquela roupa me dava vontade de sumir dali.

O elevador parou num andar abaixo do nosso e um bando de crianças entrou correndo, me empurrando e jogando-me, desequilibrada, para cima dele. Senti duas mãos grandes segurarem minha cintura. Minhas costas estavam coladas em seu peito. Podia sentir seus músculos por baixo do tecido da camisa.

– Você se machucou, Isabella? – Perguntou, fazendo-me arrepiar toda com a proximidade de sua boca em meu ouvido.

– Não – disse, afastando-me rapidamente, sem coragem de encará-lo.

Nunca gostei que me chamassem pelo nome de Isabella, mas quando Edward o pronunciava era agradável de ouvir. Ficava sexy, como se uma corrente elétrica passasse por meu corpo ao escutar meu nome. Não estava me entendendo.

Quando o elevador parou, deixei as crianças saírem primeiro. Senti sua mão em meu ombro me segurando, como se quisesse me proteger dos empurrões dos pestinhas.

“Os ingleses e suas gentilezas."

Senti outro choque com aquele toque.

– Acho estranho sentar deste lado e não dirigir – ele falou sorrindo, se acomodando no banco do carona.

Retribuí o sorriso, mas não disse nada.

Fui calada até o supermercado. Edward também.

Parei no estacionamento e olhei pra ele, esperando que descesse.

– Você não vai entrar? – Perguntou-me, fazendo cara de surpreso.

– Te espero aqui. – Queria ficar longe daquele homem que me deixava tão confusa.

– Venha comigo, acho que preciso de ajuda. Compras não são meu forte.

Mordi os lábios, como sempre fazia quando tinha de tomar alguma decisão. Tinha dificuldade de negar-lhe os pedidos.

– Tá, eu vou. – Mais uma vez Edward deu seu sorriso torto que já começava a me encantar.

Ele pegou um carrinho e começamos a andar pelos corredores do supermercado.

Edward atraiu os olhares de todas as mulheres que passaram por nós e até de alguns homens, se é que podia chamá-los assim.

Ele realmente era lindo! Era muito alto, devia ter quase um e noventa de altura. Seus cabelos tinham a cor do bronze e eram um pouco desarrumados, mas lhe davam um charme especial. Seu corpo era definido, sem necessariamente ser muito musculoso. Seu rosto era perfeito, sem falar naqueles olhos verdes que lembravam o oceano.

Ele me faz várias perguntas sobre diversos produtos. Quase todas pude responder com “sim” ou “não”. Deu pra usar um “talvez” de vez em quando.

Deixei-o na porta do seu prédio. O porteiro o ajudou com as compras.

– Então, tchau – falei.

– Tchau, Isabella. Obrigado pela ajuda. Foi uma tarde interessante. Assim que minha cozinha estiver pronta, vou convidá-la pra jantar, para retribuir o favor.

Disse isso e me deu um beijo no rosto, saindo logo em seguida do carro.

Fiquei muda. Desta vez não foi só a falta de vontade que me motivou a ficar calada, foi também a incapacidade de pensar, depois daquele beijo.


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