Nem Mais Uma Palavra escrita por Carpe Librum
Notas iniciais do capítulo
Autora: Amanda Paschoal
Sinopse: Melissa é uma garota solitária e cheia de dúvidas. Um dia, inesperadamente, ela encontra um amigo. Mas pode ser que ele seja mais do que isso.
Capítulo 1
O final da tarde está deliciosamente fresco e bonito, e as flores, mesmo em pleno outono, enfeitavam o parque. Eu estava sozinha. Gostava da solidão, mesmo não sendo uma das melhores companhias.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi um barulho de algo caindo e vi que era alguém. Um garoto. Corri em sua direção.
— Tudo bem?
— Ah, sim. Obrigado. – Olhou para mim e pude perceber seus lindos olhos verdes. Ele tinha a pele negra, uma beleza diferente. Parecia um anjo.
— Prazer, Lucas.
— Muito prazer, me chamo Me...
— Melissa. Sim, eu sei.
— Você me conhece?
— Sim. Mas você não me conhece.
Capítulo 2
— Então, Melissa, o que faz sozinha por aqui? Onde estão seus amigos?
Boa pergunta, pensei.
— Bom, eles... Não sei.
— Tudo bem, entendi.
Ele parecia realmente entender.
— Quem é você, Lucas? — perguntei.
— Bem, sou novo aqui. Eu tenho 16 anos.
— Temos a mesma idade. – Sorri.
Sentei em um banco próximo, um pouco pensativa. Ele sentou ao meu lado.
— Tudo bem, Melissa?
— Sim. — Olhei em volta um pouco cansada. — Na verdade, não muito.
— Pode falar comigo.
— E por que eu deveria? Mal te conheço.
Ele deu de ombros e sorriu. Sorri de volta.
Eu sentia uma energia diferente e especial vindo dele.
Capítulo 3
Na verdade, eu queria alguém para conversar. Mas não tinha com quem expor os meus sentimentos. Solidão. Eu tinha vários colegas, mas não era verdadeira com eles, porque simplesmente não era eu, e sim o que eles queriam que eu fosse. Frustrante.
Olhei para ele.
— Essa conversa não vai mudar nada — declarei de mau humor.
— Talvez mude, Melissa.
Soltei um ar de frustração.
— Eu não sou eu, entende? Estão sempre impondo quem devo ser.
— Eu te entendo.
— Você não entende. Ninguém me entende.
— Talvez eu entenda. Talvez tudo seja simplesmente uma questão de “permitir”.
— O quê?
Onde fui me meter?
Capítulo 4
— Você precisa amar quem você é.
— Eu não consigo — falei.
— Já parou pra pensar que só existe você com suas características? Com o seu jeito? Você é única e especial. Para que ser o que as pessoas impõem se você pode ser diferente. Ser quem você é.
— Eu não me sinto assim. — Meus olhos encheram d’água. — Não me sinto especial.
— Você é, Melissa. Muito especial. Mas pra sentir isso você precisa se permitir e, no momento certo, pessoas certas irão se aproximar pelo que você é.
Ele se levantou.
— Foi um prazer! — disse antes de ir.
Palavras certas. Momento certo.
Capítulo 5
— O quê? Espera... Não tenho palavras pra te agradecer. De verdade. Você me ajudou muito.
— Eu vim mesmo somente para isso, Melissa. Não posso ficar mais. Adeus.
— Não! Espera. Que dia podemos nos ver de novo? Você vai voltar?
— Infelizmente, não vamos nos ver novamente, pequena — lamentou. — Ah, meu Pai disse pra não se preocupar. Vai ficar tudo bem.
Saiu como um raio pelas árvores. Corri atrás, mas nada encontrei. O que estava acontecendo? Quem era ele? Quem era o Pai dele?
Naquele momento, uma brisa calma me acertou e foi como luz no fim do túnel. Tudo fez sentido.
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