The Coffee Boy escrita por Ivy Harper


Capítulo 9
Test of Patience




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— Então quer dizer que o senhor Roy Harper é o mais novo amigo da melhor amiga e secretária do mais famoso e rico empresário de Starling, Oliver Queen? – Cindy estava sentada na cama de Roy enquanto observava o mesmo sorrir da “cozinha” da casa.

— Tem muito ‘mais’ nessa frase, não sei se captei a mensagem direito. – Roy gargalhou baixo e olhou para a amiga, que sorria.

— Você é um desgraçado sortudo, sabia? Quem diria que aquele rostinho bonito que trabalhava servindo hambúrguer naquela espelunca um dia se tornaria estagiário das Consolidações Queen? – Por mais que dissesse aquilo, estava bastante feliz pelo novo emprego do amigo.

— Pois é! Eu nunca acreditei que pudesse conseguir esse emprego. Ainda desconfio que fui ajudado lá dentro, mas não vou procurar saber ou sequer discutir com alguém sobre isso. Vou aproveitar meu tempo lá, pois sei que logo alguém mais capacitado vai entrar em meu lugar. – O garoto pegou um pote de sorvete de dentro do refrigerador e foi até a cama. Ele carregava também duas colheres consigo.

— Desde quando tem sorvete nessa casa? – Cindy pegou o pote da mão do amigo e tratou de abri-lo com rapidez. Não queria saber a procedência do alimento, só queria usufruir de tal.

— Eu comprei quando fui ao shopping hoje. Na verdade não fui bem eu, foi a Felicity. Ela comprou e me pediu que trouxesse, pois ela espera um dia poder me visitar e tomar um pouco dele, mas como isso não irá acontecer, vamos acabar logo com isso. – Roy sentou ao lado de Cindy e entregou-lhe uma colher.

A garota colocou o pote de sorvete entre os dois e removeu a tampa. – Roy, ela é sua colega de trabalho, e logo vai virar sua amiga, não tem motivo para não trazê-la aqui um dia. Da mesma forma, eu espero que você e o Sr. Queen fiquem amigos para que ele possa vir aqui e eu esteja... – Cindy suspirou e abocanhou a colher com sorvete que havia enchido enquanto falava.

— Tá louca, garota? Você já deu uma boa olhada ao redor? Já viu o bairro onde moramos? Já viu a localização da minha casa? Já viu o interior da casa? Esse não é um ambiente para o qual eu traria meus colegas de trabalho ou até mesmo meu patrão, e ainda mais por serem ricos. Eles provavelmente me tratariam com indiferença no trabalho depois de conhecer isso aqui. – Roy falava sério, e percebia que sua amiga ainda não o entendia.

Cindy ficou em silêncio por alguns segundos, até largar a colher dentro do pote de sorvete. - Você está virando um deles, Roy? Mais um riquinho esnobe? Você nem recebeu seu primeiro salário ou benefício da empresa e já tá se achando no direito de ter vergonha da pobreza? É sério que você vai ser mais um daqueles que quando muda de vida de repente, muda de personalidade também? Você praticamente cresceu nessa casa, e tudo que tem aqui dentro você conquistou sozinho! Deveria se orgulhar de quão limpa é sua casa, de como você é organizado, de como é diferente de todos os outros moradores desse bairro. Não devia ter vergonha do que você é, mas sim do que você está se tornando. – Ela levantou da cama e ajeitou a jaqueta que vestia. – Acho que já chegou minha hora, preciso voltar pro meu trabalho, porque, diferente de você, eu ainda não fiquei riquinha e esnobe, preciso de cada centavo. – A garota não mediu os passos e rumou até a porta.

— Cindy espera! Eu não quis dizer isso, você me entendeu errado. – Roy levantou da cama e tentou acompanhar a garota que já estava abrindo a porta.

— Eu sei o que entendi, e entendi tudo corretamente, da forma que você quis passar. Talvez eu também não seja uma boa companhia agora que está no topo, trabalhando diretamente com o homem mais rico de Starling. Pode ser que um dia você esteja com ele e não queira falar comigo por vergonha do que ele vai pensar, ou do que os seus amiguinhos ricos e esnobes vão pensar. Caso um dia mude de ideia, estarei lá na minha casa velha, nesse bairro esquecido, onde ninguém quer pisar. – Cindy saiu sem olhar para trás, fechando com força a porta que havia aberto.

Roy não podia estar mais devastado. De fato, havia falado muita coisa que não devia, principalmente na frente da sua melhor amiga que também era residente daquele bairro, daquele local que ele agora desprezava. – O que eu fiz? – Ele se perguntou quase em silêncio, já sabendo a resposta da própria pergunta.

▪▪▪

No dia seguinte, Roy chegou ao trabalho mais cedo. Não havia acordado muito animado, pois seu sono foi interrompido várias vezes pelos pesadelos que teve com a amiga que havia brigado na mesma noite.

— Sr. Harper, bom dia. – Felicity já chegava à mesa de Roy com algumas pastas em mãos. – Está disposto hoje? Vi que chegou mais cedo. – Ela colocou as pastas em cima da mesa de Roy, mais precisamente no canto.

— Bom dia. – Ele forçou um sorriso e logo puxou as pastas para si. – Algo que eu preciso saber ou fazer com urgência? – Papéis, papéis e mais papéis. Era tudo o que ele conseguia ver dentro das pastas, mas nada de etiquetas coloridas.

— Não, nada muito importante. Nessas pastas estão os contratos da empresa e todos os contribuintes, sócios ou candidatos a tal. Seu trabalho hoje é ler cada um desses contratos e listar como importante ou não. Ou seja, você vai fazer sua própria seleção de cores, não é legal? – Felicity sorriu, mas percebeu que o garoto estava assustado.

— Então, ao invés de você me dar os contratos com fitas coloridas, eu que vou separar eles? – De fato, Roy estava completamente assustado.

— Sim, entendeu muito bem. – Felicity parecia mais satisfeita agora que percebera que Roy havia entendido.

— Sem fitas? – perguntou ele ainda desacreditado.

— Sem fitas. Está se sentindo mais importante agora? Pois eu já estou me sentindo por você. – o sorriso não saía do rosto daquela mulher, e o desespero de Roy só aumentava.

— Bom dia, senhorita Smoak. – Oliver passou por Felicity e a cumprimentou, a mesma retribuiu.

— Bom dia, Sr. Queen. – Roy levantou da cadeira no momento exato em que viu Oliver.

— Garoto do café, bom dia. – Oliver sorriu de canto e colocou um copo de café em cima da mesa de Roy. – Pensei em trazer-lhe um café hoje, mas como minha camisa é nova, vou deixar para outro dia. – Ele sorriu e removeu o copo dali, levando consigo até sua sala.

Felicity gargalhou ao ver a cena. – Você vai sofrer enquanto ele se lembrar disso, ou seja, até o fim da vida. – ela não demorou muito tempo lá, logo voltou à sua mesa, deixando Roy sozinho.

— Por onde eu começo? – Definitivamente, Roy estava perdido. Agora mais do que nunca ele se perguntava se estava no emprego certo. Não sabia qual papel pegar primeiro, não sabia qual dos relatórios de no mínimo vinte páginas deveria começar a ler, não sabia absolutamente nada, e não tinha ideia de como perguntar aquilo a Felicity.

O telefone da mesa de Roy tocou, ele ainda folheava um relatório quando o atendeu. – Consolidações Queen, bom dia, em que posso ajudar? – Falou quase como se fosse automático.

— Hunnam já chegou? – perguntou a voz do outro lado.

— Me desculpe, com quem eu falo? – perguntou curioso.

— Olhe para o lado, garoto do café. – respondeu.

Roy obedeceu, e lá estava Oliver, acenando para o garoto com o telefone no ouvido.

— Ah... Me desculpe, Sr. Queen. Eu não sabia que era o senhor. – o garoto agora estava envergonhado por não ter reconhecido a voz do próprio patrão. Aquela voz era única, não tinha como não reconhecer.

— Tudo bem, mas responda minha pergunta. – continuou Oliver.

O garoto buscou na memória a pergunta que Oliver havia feito, não podia dizer que havia simplesmente esquecido. Após alguns segundos que pareciam uma eternidade, ele lembrou: “Hunnam já chegou?”, essa foi a pergunta. – Me desculpe a ignorância, mas, quem é Hunnam? – Ele só faria uma pergunta daquelas se não soubesse mesmo do que Oliver falava, e era aquilo que acontecia.

A risada de Oliver foi curta, ele achava engraçada a forma como Roy ficava quando estava nervoso, e sabia que causava aquilo no garoto. – James Hunnam, um dos executivos com o qual marquei reunião. Uma dessas pastas que está em sua mesa tem a proposta de negócio dele. Me admira muito ainda não ter ela em minha mesa juntamente com um resumo dos pontos principais da proposta dele. – finalizou Oliver.

Roy sentiu seu corpo gelar. Ele estava levando uma “chamada” do seu patrão naquele momento, e nem sabia o que fazer com relação àquilo, só pensou rápido e respondeu Oliver à altura. – Vou procurar saber isso imediatamente, senhor. A proposta de negócios já está a caminho. – Roy nem esperou uma resposta de Oliver, desligou o telefone imediatamente e começou a procurar pelo nome James Hunnam no meio dos inúmeros papéis dentro das pastas que Felicity havia deixado lá. Depois de alguns minutos lendo os nomes de provavelmente todos os cidadãos de Starling e cidades vizinhas, finalmente encontrou o que procurava, e nem se importou em puxar aquela pasta com rapidez, derrubando no chão algumas outras que estavam acima dessa. – Vamos, James Hunnam. Me mostre o que você quer. – Balbuciou baixo, começando a ler com atenção a cada palavra que havia naquele papel.

Aqueles minutos pareciam horas, e cada folha que Roy acabava de ler parecia dar lugar a mais dez. Os papéis eram intermináveis, ele nem olhava para o relógio, não queria saber a hora e nem mesmo quanto tempo havia se passado desde o momento em que ele começou a ler toda a papelada que Oliver mandou.

Depois de exatos quinze minutos, Roy finalmente terminou a leitura do relatório, e logo começou a digitar em seu computador o que havia compreendido da proposta de James. Ele nunca havia se atentado tanto a um texto como tinha feito naquele. Lembrava exatamente de todos os detalhes que haviam sido postos naqueles papéis, e agora estava digitando mais rápido do que seus olhos conseguiam ler.

Antes de finalmente imprimir seu próprio relatório, deu uma revisada rápida nas duas folhas que criou e finalmente as enviou para o e-mail direto de Oliver, sabia que poderia ter algum problema com a impressora, então preferiu utilizar-se do modo mais prático.

Numa fração de segundos, Roy chegou à mesa de Felicity com a pasta de James Hunnam em mãos. – Hunnam já chegou? – Ele repetiu a pergunta que Oliver lhe havia feito ao telefone.

— Hunnam? James Hunnam? – Felicity olhou para Roy de canto de olho.

— Sim, ele mesmo! Já chegou? – repetiu o garoto.

— Provavelmente ele estará aqui nesse horário, mas amanhã. – respondeu com suavidade.

Roy pensou ter ouvido errado. – Amanhã? Felicity, eu estou falando sério! James Hunnam está aqui ou não? – seu tom agora era mais direto.

— Não, Roy! Ele não está a... – a garota abriu um sorriso e gargalhou, deixando Roy completamente confuso.

— Eu não entendo. Meu emprego depende disso e você está rindo de mim? Por favor, eu só lhe perguntei se ele tinha chegado e você simplesmente ri na minha cara? – ele estava indignado.

— Oliver pregou mais uma das suas peças maldosas. – respondeu ela com calma. Felicity girou a tela do seu computador e certificou-se de que Roy estivesse olhando. Ela abriu a agenda de reuniões de Oliver e mostrou a reunião marcada com James Hunnam. – Amanhã às 8hs James Hunnam se reunirá com o Sr. Queen para discutirem sobre a sociedade. Mas provavelmente Oliver ligou lhe pressionando e você caiu. – Ela virou seu monitor de volta e olhou para Roy. – Acho que você e o Sr. Queen tem algo para conversar. – Sua atenção agora estava voltada para o seu trabalho, deixando Roy de lado.

O garoto respirou fundo e caminhou na direção da sala de Oliver, que ficava próxima da sua mesa. – Com licença, Sr. Queen. – Ele contou até dez mentalmente e então chegou à mesa do patrão. – Aqui está o relatório enviado pelo Sr. Hunnam. E respondendo sua pergunta ao telefone, ele ainda não chegou, e eu ficaria admirado caso tivesse vindo, pois a reunião de vocês está marcada para amanhã às 8hs. – Com calma, Roy colocou a pasta em cima da mesa de Oliver.

Oliver engoliu a seco, não tinha certeza se Roy daria conta do serviço, e pelos minutos gastos até que ele percebesse que tudo não se tratava de um teste, pensou até que o garoto já estava aos prantos no banheiro.

— Muito inteligente da sua parte. Mas e o resumo que eu... – Oliver não conseguiu terminar a frase.

— Olhe a caixa de entrada do seu e-mail, senhor. – Roy não esperou um agradecimento ou uma congratulação, apenas deu as costas e seguiu para a saída da sala. – Com licença, preciso voltar ao meu trabalho. – ele saiu da sala de Oliver como se tivesse acabado de ganhar um milhão de dólares, mas toda aquela glória de ter passado pelo teste do chefe não ia terminar todo o trabalho que ainda havia em sua mesa.


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