Aconteceu tão rápido, não foi? Não pude impedir, não fui forte para isso. Eu não te culpo, Neji. Sei que foi uma escolha, mas saber disso não ameniza a dor. Não a faz melhorar, não a faz ir embora. Ela está aqui, latejando em minha mente e coração. 

               Engraçado como as coisas são, não é? Em um momento eu tinha tudo, em outro perdi você. Dramático? Talvez. Mas em minha defesa, o amor nos deixa assim. 

               Quando perdi Asuma-sensei, presenciei algo que jamais senti igual. O sentimento de impotência, era desolador. 

                Quando perdi meu pai, achei que não teria forças para suportar. Era como se minhas forças se esvaíssem, mas no calor da batalha tudo se tornava dormente.

                Mas quando perdi você... Não há palavras que definam o que senti. Até agora ainda é difícil assimilar sua ausência.

               Somos shinobis. Shinobis lidam com a perda diariamente. Mas nunca esperamos, não é? Eu não esperava perder você também, não mesmo. 

               E sentado aqui, em frente a sua lápide, novamente o aperto no peito me invade. A garganta continua seca, e o calor de sua mão passa a perder o sentido. 

              Você uma vez me disse, Neji, que tinha medo de me machucar, com toda essa chatice de clã. Mas que irônico, você dizer que tinha medo de me magoar, mas no fim, quem ficou partido fui eu. 

Uma brisa suave sopra em meus cabelos, pétalas de cerejeira se vão ao vento, e é como se por um segundo, você estivesse aqui também. A vontade de chorar logo vem, pois, eu jamais vou te ver de novo.

Jamais. Sente como isso é perturbador, Neji? Jamais é um tempo muito longo. Talvez, só talvez eu deva começar a acreditar em céu ou inferno. Mas você entende, não é? Nunca fui um cara assim.

Acendo um cigarro com intenção de acalmar a respiração e lembranças me tomam. Você chamando minha atenção por causa disso, que eu era jovem demais para fumar, e que faria mal aos dentes. Mas acho que no fundo você gostava, já que sempre me beijava com paixão quando eu terminava um cigarro.

              E assim eu parto, na vã tentativa de seguir em frente. Com um ramo de girassóis ao lado de seu nome esculpido na pedra, lágrimas em meus olhos, e um coração que luta para se recuperar. Eu te amo, com todo meu ser, mas agora que se foi, restou apenas eu. Um eu partido.