Solamento escrita por Rosalie Potter


Capítulo 1
Solamento


Notas iniciais do capítulo

Pois é gente... Essa daqui é uma one-shot que eu fiz inspirada na música Solamento-Tuyo.
A música é maravilhosa e eu recomendo fortemente que seja lido enquanto se ouve a música (vou deixar o link aqui).



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Solamento-Tuyo

"Eu posso ser muito idiota/Muito negativa/Muito imbecil" 

Ela não acreditava no amor. Não, ela acreditava. Ela só acreditava que o amor não era para ela. Já havia visto tantos se apaixonarem... Mas ela não. Seu coração não palpitara mais forte por ninguém. 

O amor não era para ela. 

Até o momento que aqueles olhos passaram pelos seus olhos. 

Verdes. 

Ela nunca tinha visto algo tão verde ou algo tão lindo. E naquele momento ela quis muito que o amor fosse para ela. 

"Eu posso ser muito otimista/Muito sorridente/Muito varonil" 

Ela sorria. Sorria muito. E o sorriso dela iluminava salões e mundos. O brilho que ele emanava podia ser visto à distância. Mas era dele, só para ele. Aquele sorriso só era dado quando ele estava por perto. 

Ele tinha suas melhores risadas, seus melhores pensamentos. Ele dava esperança... Ele fez com que ela achasse que o amor valia a pena, sim.  

"Eu posso ser a rainha do planeta/O príncipe encantado/A vilã da novela" 

Era incrível que quando ele a abraçava, ela se sentia única e poderosa. Quando sentia os braços dele ao redor dela, era como se pudesse vencer tudo e qualquer coisa. Era como se estivesse protegida e ao mesmo tempo fortificada.  

Ela podia ser quem quisesse dentro do abraço dele. E a melhor parte era que, quando estava entre os braços dele, ouvindo as batidas ritmadas de seu coração, ela adorava ser exatamente quem era. 

"Eu posso ter um monte de dinheiro/Viajar o mundo inteiro/Te chamar pra ir comigo" 

Quando ela viu o Cristo Redentor pela primeira vez, só imaginou como queria que ele visse com ele o quão grande era e o quão impressionante. Quando ela subiu o Pão de Açúcar, só conseguiu imaginar que queria olhar com ele tudo lá de cima e beijar sua boca ali. Quando ela estava na estrada para casa, ela encostou a cabeça na janela e só pensou que queria compartilhar tudo que viu com ele. 

E prometeu para si mesma que um dia o levaria, que um dia tudo seria não só mais dela, mas deles. 

"Eu posso até te levar naquele show/Arrumar o meu cabelo/Te olhar daquele jeito" 

Eles tinham músicas que eram deles, só deles. E ela ouvia cada uma com a memória verde preenchendo sua cabeça, o prazer de senti-lo quando estava longe apenas com uma melodia. 

E ela, logo ela, que sempre fora tão desleixada com aparência e que preferia dormir quinze minutos a mais, acordava mais cedo para cuidar de cada cacho ruivo para que estivessem impecáveis para ele.  

A cada segundo ela buscava o olhar dele, com seus olhos brilhando, procurando, buscando um encontro. E a cada encontro seu coração palpitava. 

"Eu posso ser quem eu nunca fui na vida/Ser aquela bem bonita/Que você viu na revista" 

Ela era tímida. Introvertida e insegura. Ela era ansiosa e tinha dificuldades em conversar com facilidade com pessoas desconhecidas. E ela nunca fora a mais bonita. 

Mas ela queria ser tudo isso para ele. Ela se esforçava pelos amigos dele, para conhecer e se aproximar de cada um. Mesmo quando o esforço de ser tão carismática a deixasse com vontade de vomitar.  

Ela fazia de tudo para se aproximar de cada referência de beleza que ele lhe dava. Nem sempre funcionava, mas ela tentava, de novo e de novo, se modificando, mudando e voltando, buscando encontrar algo para agradar. 

"Mas nada disso vai fazer você me olhar/Mas nada disso vai fazer você se apaixonar por mim" 

Ele até achava o sorriso dela bonito, mas havia outro sorriso que para ele brilhava. Ele até gostava de ouvir ela rir, mas era outra risada que lhe preenchia o coração. E havia outra, não ela, que ele gostava de abraçar. E quando estava nos braços da outra, outra que era sua, ele se sentia invencível. E quando ele estava na estrada, era com a outra que queria compartilhar.  

E havia músicas que lembravam ela, mas ele preferia as que lembrassem a outra. Ele gostava dos cachos ruivos, mas o que realmente palpitava seu coração eram as madeixas lisas e castanhas. E era o olhar da outra que ele buscava, não o dela. Ele gostava da forma como ela era próxima de seus amigos, mas cada conversa que a outra tinha com seus conhecidos arrancavam sorrisos dele. E para ele, a outra era a mulher mais bela do mundo. 

Porque ela era sua amiga. 

E a outra era simplesmente sua. 

"Se o que eu tenho e o que eu sou não valem mais/Não acho justo a vida me ensinar/De um jeito tão cruel" 

E ela sabia. Sabia que era o verde dos olhos dele não brilhavam para ela. Ainda assim ela se esforçava para que um dia fosse. Ainda assim ela lutava, brigando contra si mesma, mudando, dobrando e desdobrando, buscando uma vez, uma vez só, ser notada. Só precisava que ele a notasse uma única vez, dizia para si mesma, e faria valer a pena. 

Mas a verdade é que não seria notada. Não importava o que fizesse, o quanto buscasse. Ela lutava tanto, todos os dias, mas a verdade é que esforços são inúteis. 

Ou é ou não é. 

E no caso dela... Não era. 

"Como se fosse só assim pra entender/Que você não é pra mim" 

E no dia que ele viu o olhar dele para a outra e o olhar da outra para ele, o verde tão amado se perdendo em outros olhos, outros que não os dela, ela percebeu o quanto estava cansada.  

Desgastada. 

Perdida. 

Machucada. 

E finalmente vencida. 

O amor não era para ela.  


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