“Está baixando fotos de personagens de animes de novo, mestre?” Ene resmungou enquanto deitada no canto da tela do computador.

“Algum problema com isso?”

“Você nunca vai arrumar uma namorada desse jeito. Vai ficar sozinho nas noites de Natal, chorar no dia dos namorados, amaldiçoar os casais na praia, ver a sua irmã casar e te deixar sozinho… As opções não são boas, mestre.”

“Eu não ligo.”

E Shintarou realmente não se importava em morrer sozinho, mas pensou por um momento em como seria sua vida, caso se casasse. As opções não eram boas também. Opção 1: se Shintarou não tivesse sucesso no emprego, iria ser um fardo para a esposa, sem sair de casa até mesmo para comprar algo para jantar, não traria dinheiro para casa e se divorciariam, fazendo com que ele voltasse a morar na casa da sua família. Opção 2: Ele arrumaria uma namorada na faculdade, porém, a medida com que o trabalho aumentasse, acabaria deixando-a sozinha na maior parte do tempo, talvez, até deixaria que ela comprasse tudo que quisesse para compensar sua ausência, o que acabaria levando-o falência e dívidas.

Não, definitivamente, não queria arrumar uma namorada. Entrar para faculdade era o único grande passo que ele estava à considerar.

Encarou Ene que o observava curiosa pelo silêncio repentino.

No fim, ele também tinha ela. Não sabia quanto tempo Ene ficaria no seu computador e se ela podia sair, não sabia nem mesmo como a garota foi parar no seu computador. Por mais irritante e sem noção que Ene fosse, ele havia se apegado à ela e não a deixaria sozinha — além de que, não importava o quanto ele a apagasse, ela sempre voltava.

Aliás, até que ela era fofa e um pouco bonita.

Shintarou suspirou, e simplesmente respondeu com desinteresse:

“Eu prefiro o 2D.”

Pouco se importando em continuar o assunto, Shintarou voltou a descer a página em busca de imagens de personagens nekomimis sem notar que a garota cibernética corava, evidentemente afetada pelo comentário.