E se... - Ernesto e Ema escrita por Anne Liack


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Saudades...



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 - Fica!

 

 Ele já estava com as mãos no peitoril da janela quando ouviu sua voz  embargada e ansiosa; parou instantaneamente.

A sentiu se aproximar, o cheiro dela ainda era o mesmo. Foi o que lhe alertou da presença dela naquela mesma manhã quando a encontrara na cachoeira; o coração tinha acelerado, mas ele conseguiu acalmar-se antes dela se aproximar, e agora, estava ali de novo, o coração acelerado. Se libertaria daquilo, logo, se libertaria para sempre daquilo, jurou a si mesmo. Sentiu a mão pequena tocar seu braço.

 

 - Fica! – ela repetiu. Virou-se para ela, seus olhos tinha algo mais, tinha uma certeza, uma determinação que timidamente parecia crescer. Ela estava descobrindo algo, e ele não podia negar isso a ela, odiou-se, mas simplesmente, ainda não podia. - Uma noite, a noite de uma vida que seja! Por essa noite, se é a última, fica comigo! 

 

Ema com uma coragem que não sabia de onde veio, lentamente levou as mãos até a fita de seu penhoar desfazendo o laço, sem tirar os olhos dos deles evidenciando seu desejo e vendo o dele crescer, empurrou o tecido de seus ombros, o levando para chão.

 

Ah, Ernesto... não se brinca como amor, muito menos com a paixão! Acredite, você é forte, mas eles, juntos especialmente,  são muito mais.

 

Ema adiantou-se para ele, não esperando uma resposta, beijou, destituindo dele qualquer determinação de recusar sua proposta, e Ernesto vencido a abraçou, a apertou, aprofundando o beijo, que não diferente do anterior era cheio de sofreguidão, angustia e paixão.

— Que saudade, Deus... Que saudades! - ela sussurrava entorpecida pelo cheiro do pescoço dele, onde agora destribuia beijos cálidos, agarrava-se cada vez mais forte a ele, parecia por um momento, alucinada. Mas, encontrou certa paz quando tornou a beijá-lo na boca.

Ernesto a pegou nos braços, e os encaminhou até a cama onde a deitou. Então a olhou, era o último passo para o caminho sem volta. Ema, porém, nunca lhe parecera mais decidida, mais inebriada de paixão, e puxou-o para mais um beijo.  

Resistir? Ele nem pensou nessa possibilidade. Não tinha mais nada para provar a ela, nem para ensiná-la. Não era disso que se tratava. Não se tratava de nenhum outro sentimento que não fosse o profundo amor que sentia. Por isso no exato sentido da palavra a amaria. Desesperada, intensa e intimamente, amaria a mulher de sua vida, sem se importar com o amanhã. O amanhã não existia naquele quarto. E Ernesto em nenhum momento chegou a duvidar que aquela também era a intenção de Ema, todo o corpo dela entregava-se a ele de uma maneira tão depreendida como ele nunca tinha visto antes. Ela o beijava e agarrava-se a ele, como se ele pudesse desaparecer a qualquer instante.

Ema já nem se lembrava de seu nome. Não recordava de um instante sequer antes dos que se seguiam. E tudo era Ernesto. Beijo, cheiro, toque, pele. Ela sentia... Sentir aquele fogo crescendo era algo tão ausente para ela, que a sensação de senti-lo novamente estava sendo seguido de um turbilhão de sentimentos desenfreados que nublou qualquer argumento que sua razão pudesse apresentar. Não existia razão.

Aquilo poderia ser um sonho. Apenas mais um sonho. Mas, não. Era vívido demais, era forte, era intenso demais para ser um sonho. Era Ernesto ali a tocando, a beijando. Com quem mais sentiria essa suculência irresistível no beijo? Quem mais lhe despertaria essa súbita sensação de eletricidade pelo seu corpo pressionado sob o colchão? O peso dele sobre ela era a coisa mais reconfortante que existia, e nem o seu delírio mais intenso seria capaz de produzir com tanta perfeição tais sensações. Ela sentia febre, mas nunca estivera mais saudável em sua vida. Quem mais a faria delirar que estava delirando, quando tudo era absolutamente real?

— Vou amá-la. - ele sussurrou, sua voz num gemido, mais rouca que o habitual. Beijou-lhe os lábios, depois forte no pescoço. – Em cada canto. - Em seguida, desceu para o colo,arrastou os lábios para bem rente ao decote de sua camisola. Ema sentiu um ronrono  escapar do fundo de sua garganta.  - Em todo lugar. - Ele beijou-lhe a mão, a palma e os dedos,  depois o pulso. - Em cada pedacinho de você ficara algo de mim. - a olhou, os olhos de Ema continham um brilho tão intenso que se fazia já rasos d'água. Ela ficou sem ar diante daquela prazerosa ameaça.

— Então ame! - Disse quando encontrou a voz, mesmo que fosse apenas um sussurro rouco, completamente embargado de emoção. - Me faça sua mais uma vez!  Se grave em mim para que eu possa sobreviver!

Ernesto sentiu o corpo tremer, e naquele momento gritar por ela. Faria aquilo, faria por ele e por ela. Pôs-se de pé  sem em nenhum segundo deixar de mirá-la. Ema o viu alcançar os botões de sua camisa, e permitiu-se ajoelhar-se na cama e substituir as mãos dele pelas suas, desabotoando cada botão enquanto ele passou a brincar com os cachos de seus cabelos que lhe caia sobre os ombros. Com ele ela podia qualquer coisa, qualquer resquício de ousadia era simples, porém, intenso.

— Ainda fica linda de cabelos soltos. - ele comentou,  como que para comprovar seu pensamento; aquela simples frase continha uma infinidade de intensos sentimentos, ela voltou a mirá-lo, perdendo-se em sua tarefa de despi-lo. Não resistindo, levou as mãos até sua nuca e o puxou para outro beijo, sedento. 

Ernesto aproveitou que ela se entretinha em sua boca e terminou o trabalho dela, descartando a camisa, em seguida desceu as mãos ávidas por suas coxas até alcançar a barra de sua camisola a puxando com força e de uma vez para cima livrando-se da peça. Afastou-se dela por um segundo, há tempo de arrancar de si a última peça de roupa que faltava, num quase desespero, porque os beijos dela em seu pescoço estavam cada vez mais exigente.  Completamente despidos de tudo, roupas, orgulho ou vergonha, e apesar da paixão e do desejo latente, sentiram uma súbita paz quando se olharam novamente. 

Ernesto abraçou forte o corpo frágil sentindo com estremecimento a emoção de se tocarem sem nenhuma barreira, embrenhou o rosto no pescoço dela sentindo o cheiro de jasmim que tanto o perseguia, queria afogar-se nele. 

— Eu amo você! Meu Deus, como eu amo você! - ele não resistiu em dizer.

Ema não quis pensar, não quis pensar no que aquelas palavras significavam, tão pouco sabia como verbalizar o que sentia para ele, seu cérebro não se atinha a palavras. Tornou a beijá-lo então, pescoço, queixo, boca. Sentindo-se completamente livre para fazê-lo e aquela liberdade era maravilhosa. Sim, sentiu-se pela primeira fez em muito tempo, liberta... Liberta para amar.  Ernesto empurrou seu corpo delicadamente, com o peso do dele e a deitou novamente, pressionando-se sobre ela que instintivamente entrelaçou as pernas em sua cintura. E Ema tremeu ao choque de suas intimidades. Deus... que prazer era aquele? Há quanto tempo não sentia aquilo? Aquela ânsia, aquela inquietude por ser preenchida? Ela queria pedir, implorar se fosse preciso, mas expressar-se com coerência ela sabia ser impossível naquele momento, então ela só se ouvia murmurar choramingo roucos e desconexos para ele.

Ernesto sabia enlouquecê-la, pois enquanto lentamente se posicionava e a invadia, passeava com rastro de beijos quente por todo seu corpo. Cada pedacinho, como ele mesmo havia dito. Ema se contorcia enquanto sentia-se, tortuosamente ser cada vez mais preenchida, e nunca, nunca fora tão especial. Porque havia um misto de prazer e saudade, de paixão e de amor. O amor que ela agora sabia sentir por ele.  Não era um impulso era uma certeza, e mais ainda quando ele voltou a mirá-la nos olhos. Lágrimas de reconhecimento de ambos os lados. E era tudo que ela conseguia enxergar: a combustão do amor que sentiam.

— Você é minha! Só minha, enfim! - ele murmurou rouco, quando a alcançou bem fundo. 

— Sua, só sua - ela disse e derramou suas lágrimas, sentindo o ventre em desespero, enquanto ele começara a mover-se novamente. - Só sua sempre, meu amor! 

Ela não mentira. Nunca fora de ninguém daquele jeito, tão completamente preenchida. Tão inteira. Tão mulher! Ernesto era aconchegante, era como se fosse à parte que faltava do seu corpo. Era encaixe perfeito.

E ela sentiu o corpo dele vibrar com aquela singela declaração. Ernesto passou a se mover mais intensamente dentro dela, a entorpecendo, arrastando dela qualquer pensamento. A impossibilitando de dizer qualquer outra coisa coerente, os ronronados que escapavam manhosos de sua garganta eram totalmente desconexos. Ela atinha-se apenas em agarrava-se a ele como se sua vida dependesse disso. E então, sentiu o ventre irradiar e explodir, e tal explosão alastrar-se por todo seu corpo que tremia. Ela assustou-se por um momento, a sensação já tão desconhecida era intensa demais para ser normal. Ernesto, porém não lhe deu tempo de recuperar-se, num movimento rápido, forte e ousado, pressionou os joelhos no colchão com força, impulsionou o corpo, e ajoelhou-se na cama trazendo Ema consigo. Instantaneamente a penetrou o mais fundo que pôde e ela gritou o nome dele, quase engasgara com a intensidade da sensação, agarrou-se mais forte aos ombros dele, pressionando as unhas em suas costas, abatendo-se sobre ela o segundo clímax tão forte quanto o primeiro e então o ouviu grunhir, sentiu o corpo dele tremer e ele aquecer seu interior de uma maneira tão vivaz que ela sentiu uma necessidade louca de declarar-se, mesmo não se atendo as palavras. 

— Amo você! Eu te amo... te amo! – ela suspirava, arfava pesado. – Santo Deus, eu amo você!

Ernesto tombou novamente sobre ela enterrando o rosto em seu pescoço, e ela agradeceu por aquilo. Todo seu corpo tremia por fora e formigava por dentro. O peso dele a acalmava e tê-lo ainda dentro dela era reconfortante.

Um tempo depois, quando conseguiu alcançar a respiração Ernesto levantou a cabeça e a mirou, linda: ofegante, suada, completamente corada e satisfeita. O leve sorriso em sua face denunciava isso. Ele sorriu também, acarinhou-a de leve e saiu de cima dela, porém trazendo-a para seu abraço. Percebeu Ema lutar contra o sono e o cansaço, enquanto ela brincava com os dedos em seu peito, mas extremamente exausta ela se rendeu pela ultima vez naquela noite, completamente agarrada a ele, dormiu  Ernesto não dormiu, não podia fazê-lo, de nenhuma maneira. Virou a madrugada velando o sono dela. E a cada minuto o peso no coração  dele ficava maior. 

 

Quando por fim os raios de sol atingiram o quarto, ele abraçou-a fortemente e lhe beijou os cabelos com as lágrimas lhe assaltando.  Levantou-se, vestiu-se e sem poder olhá-la novamente tornou a pular a janela de seu quarto pela última vez.

 

 (...)


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Notas finais do capítulo

Se é uma despida, que seja uma despedida a altura!! ú.ú

Já falei que não gosto de escrever NC's então, please sejam bonszinho tá?? É que realmente ERMA precisava de uma!

Apesar de todos os contratempos e da minha "bendita" Internet, ai está capítulo!! Já que vocês não me deixam na mão com os carinhos nos comentários eu não poderia fazer isso com vocês!

Beijo e até o próximo capítulo.

PS: Gente, por causa da minha "bendita" internet eu tive que postar pelo celular então perdoem algum erro!!