Parque da perdição escrita por Saaimee


Capítulo 3
Centro de exibição.


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou depois de quase quatro meses :D Desculpa pela demora, mas agora estou aqui e trago vampiros!
Espero que gostem ♥



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O tempo estava passando em uma velocidade tão lenta que fazia essa noite parecer que duraria uma eternidade para acabar. Yui, mesmo inconsciente nesse momento, conseguia perceber isso e com muita dificuldade se esforçava para tentar voltar.

O pequeno esforço com os olhos lhe doía como se carregasse um peso além de seu limite a cada tentativa de abrir suas pálpebras tremulas. Era como se lutasse contra sua própria vontade entre o medo de despertar e o de ficar mais tempo distante da realidade.

Os poucos minutos imóveis finalmente acabaram quando, piscando várias vezes, conseguiu ver onde estava. A visão turva localizou com dificuldade o chão cimentado abaixo dela a fazendo perceber que estava em pé, em seguida viu bancos de madeiras ao redor e um gramado alto do jardim esquecido pelos cantos. Estava escuro demais para ver detalhes, mas a lua cheia a ajudou a ter noção do básico.

Aquela área deveria ser uma praça, mas naquele momento se assemelhava mais a uma lembrança abandonada pela vida. O pensamento a fez se recordar do parque automaticamente trazendo as imagens do salão de espelhos e dos vampiros irracionais a perseguindo.

Sua primeira reação foi tentar se mover dali e foi quando notou, finalmente, que estava pendurada pelos braços em um poste quebrado no centro do local.

— O que...

Sua voz soou tão fraca por ter passado todo esse tempo calada que nem mesmo conseguiu terminar a frase. Tão confusa quanto assustada ergueu a cabeça conseguindo ver uma corda firmemente amarrada unindo seus pulsos acima de sua cabeça fazendo marcas vermelhas. Se questionou há quanto tempo estava parada ali e quem tinha feito isso.

Ayato não parecia feliz quando ela fugiu daquela forma, mas se fosse ele então estaria ali ao lado dela quando acordasse. Pensou em Reiji, ele disse que voltaria ou algo assim, não? Entretanto não era do feitio do homem exibir sua presa dessa forma.

— Ora, a bela adormecida resolveu acordar. – Cortando seus pensamentos como uma estaca gelada em seu coração, uma voz atrás dela começou a falar distante. A garota parou os poucos movimentos que fazia tentando acalmar seus sentidos e reconhecer quem era.

Os passos se aproximaram lentamente permitindo que ela ouvisse cada som que faziam aumentando a ansiedade em seu estomago. Ela não tinha certeza de quem era fazendo parecer que mesmo com os olhos abertos estava em um quarto escuro aguardando o momento em que as trevas a atacaria.

O som parou e sem precisar olhar sentiu o corpo mais alto que o seu parado logo atrás. Sem ter coragem de virar sentiu seu coração acelerar descontrolando lentamente sua respiração. No meio do terror uma mão esguia tocou sua costela esquerda causando um pequeno pulo assustado logo em seguida pode sentir essa mão correndo por seu abdômen a puxando para trás forçando suas costas a se pressionarem contra o peitoral dele. Ela queria gritar, mas o máximo que conseguia era soltar alguns sons assustados a cada movimento no silêncio.

— Aa... Acordou bem agora que eu estava pesando em... – outra mão pousou em sua cintura descendo carinhosamente até a coxa afastando as pernas — te acordar com um beijo.

— La-Laito... – A voz melosa em sua orelha era inconfundível trazendo a imagem do rosto lascivo do Sakamaki em sua mente automaticamente a fazendo se encolher. Ele pôde perceber e sem se conter riu satisfeito antes de se afastar e parar em frente a ela. — O que... aconteceu?

— Eu quem deveria estar perguntando. – Cruzando os braços encarou o rosto apavorado. — Senti o cheiro do seu sangue mais cedo quando estava andando e ele acabou me levando até você caída no salão. – A explicação manhosa trouxe as lembranças que gostaria de ter esquecido enquanto ele mostrava claramente que estava pronto para fazer muito mais. — Bitch-chan, com quem você estava brincando?

— Brincando? – A pergunta não fazia sentindo e ver o rapaz chegando mais perto só trouxe mais certeza de que não queria entender.

— Essas marcas... Parece que estava se divertindo.

— Não estava! – Gritou mais baixo do que a intenção trazendo nada além de risos a ele. — Foi... o Ayato e... Reiji...

— Oh, – a face dele se iluminou com a surpresa na resposta deixando seus olhos verdes contentes — que interessante, parece que alguém quebrou as regras.

A alegria do vampiro parecia ser algo além daquilo que ela poderia entender. Desde o momento em que encontrou Ayato sabia que tinha alguma coisa acontecendo por ali. Mas mesmo com essas dúvidas resolveu não entrar em detalhes agora e só tentar se salvar.

— Foi você quem me amarrou?

— O que acha? – A alegria de antes ainda estava ali, porém agora parecia acompanhada de um orgulho sádico que dificultou até mesmo a saliva da jovem de seguir o caminho na garganta. — Que bom que entendeu... Agora acho que posso começar.

Com um único passo o ele se colocou diante dela quase a tocando. Ao perceber sua situação Yui tentou, na ponta dos pés, se afastar.

— Espera, Laito! –

A suplica veio seguida das mãos firmes a agarrando pela cintura sem deixar espaço entre eles. Com um sorriso se curvou aproximando o rosto do dela.

— O que foi? Está com medo? – Apesar da pergunta ele não demonstrava qualquer sinal de importância com a resposta. — Ou será que... – mostrando os dentes pontiagudos a fez curvar as sobrancelhas aterrorizada enquanto sua perna se colocou entre as dela podendo se esfregar em sua pele — está antecipando por isso?

— Não! Está errado!

— Heh... Verdade? – Com um movimento lento e cuidadoso a pressionou fazendo morder o lábio tão envergonhada quanto assustada. — Ah... que expressão fofa. – Entre gemidos continuou a falar sentindo de perto o calor nas bochechas da garota. — Você só me faz querer ainda mais...

Colocando a língua para fora lambeu os lábios dela a fazendo por instinto fechar os olhos sentindo a textura molhada pousar em sua pele acariciando lentamente entre os sons.

— Laito!

Um grito alto e raivoso os interrompeu. Parecia distante, mas se aproximava rapidamente.

Inclinando a cabeça o jovem olhou por trás do poste vendo o menor dos irmãos vindo em sua direção com uma expressão irritada e soube na hora do que se tratava.

— Você disse que ia me ajudar!

A voz ecoava na praça abandonada como se fosse estourar os poucos postes que ainda restavam em pé ali. Laito suspirou se afastando da garota entre sorrisos aguardando o irmão chegar até ele.

— Sim, sim. – Falava sem demonstrar qualquer preocupação em comparação ao outro que mordia os dentes ignorando tudo ao redor. — Eu estava ajudando, mas então-

— Não parece!

— Mas é verdade. – Em um tom tão ofendido quanto sarcástico rebateu vendo os olhos frios o encarar. — Então encontrei a Bitch-chan caída no salão dos espelhos. – Entre suspiros procurou pelo rosto apreensivo dela. — Como se estivesse esperando por mim.

Kanato finalmente a vê e com desdém a olhou como se observasse um porco no açougue. Apesar de não ter interesse nela no momento seus olhos ainda conseguiram encontrar as marcas de mordidas e como se fosse a gota d’água rosnou antes de voltar a falar.

— Você fez isso com ela? Laito, eu-

— Não. – Rindo o interrompeu e com um olhar desafiador se virou para encara-lo. — Foram Reiji e Ayato.

O vampiro sabia o que poderia causar ao contar isso e foi por essa razão que o fez. O menor se calou fechando os punhos como se prendesse toda a sua frustração ali antes de voltar a falar quase sussurrando.

— Não vou perdoa-los. – Nenhum dos dois disse nada apenas o assistiram erguer a cabeça cheio de fúria e gritar: — Ninguém mexe no que é meu!

— Mas então. – Como se ignorasse o irmão, Laito retomou a conversa. — Achou ele?

— O que... Você é idiota? Se eu tivesse achado onde acha que ele estaria?! – O mais velho deu de ombros as perguntas tentando ignorar a barulheira desnecessária. — Meu Teddy... – se lembrando do bichinho de pelúcia sussurrou já começando a soluçar.

A situação tinha tomado um rumo inesperado e apesar de Yui estar cansada e dolorida de ficar naquele posição por todo esse tempo, ouvir o choro de Kanato a fez se lembrar da pelúcia e surpresa acabou fazendo um som chamando a atenção.

— O que foi?

— Na-Nada... Você perdeu o Teddy?

— Como se atreve a insinuar isso! Ele foi roubado de mim! – Os gritos que a fizeram se encolher sumiram rapidamente sendo substituídos pelo choro triste. — Eu deixei no banco e fui ver se você estava no jardim, mas quando voltei ele não estava mais lá.

— Ah... É que eu vi.

— O que disse? – Ainda com a voz chorosa a encarou em pânico. Laito por outro lado só assistiu à cena esperando pelo desfecho.

— Está com o Reiji... Ele achou que você tinha-

— Aquele maldito! – Gritou novamente irritado. — Eu nunca vou perdoa-lo. – Com passos pesados saiu na frente sem nem saber onde o mais velho estava. — Vem, Laito.

— Eh... Por que?

— Você disse que ia ajudar!

— Ah... – O vampiro tinha total consciência de que se recusasse teria que ouvir os gritos novamente e apesar de querer continuar a se divertir com a garota, ver o que aconteceria entre os outros dois parecia interessante. — Acho que não tenho escolha.

Dando de ombros começou a andar seguindo o outro como se não estivesse se esquecendo de nada ali.

— Espera! – Desesperada Yui gritou chamando a atenção do olhar sarcástico dele. — Me tira daqui... por favor.

— Quando eu voltar faço isso. Se eu voltar...

— O que? – Ela não pôde fazer nada além de assisti-lo partir com risos altos. — Laito!

A cada passo que tomava se afastando dela fazia seu coração aumentar a velocidade, aumentar o pânico. E se ele realmente não voltasse? Como ela iria sair dali? Ficaria ali até morrer?

Com os pensamentos pesando ainda mais seu peito Yui se colocou a trabalhar tentando de todas as formas desfazer as amarras, porém só puxar os braços não trouxe sucesso algum. Seus pés também não tinham apoio suficiente para ajudá-la e seu corpo cansado só atrapalhava mais. Ela ainda tentou gritar por socorro, mas também não resolveu.

Estava com frio, triste e sem qualquer esperança de poder ficar em paz. Em uma circunstância dessa a única coisa que pôde fazer foi olhar a lua cheia alta no céu a iluminando. Essa poderia ser uma noite linda se nada disso estivesse acontecendo.

Seus altos suspiros foram interrompidos assim que ouviu o som do farfalhar da grama. Com esforço na ponta dos pés tentou jogar seu corpo para o lado conseguindo ver o cabelo branco conhecido de um dos rapazes andando por ali.

— Subaru! – A voz alta contente o surpreendeu fazendo procurar por ela quase que instantaneamente. — Subaru, me ajuda...

Assim que a encontrou seu rosto levemente preocupado deixou claro sua decepção. Ao ver os ferimentos e as manchas de sangue escorrido por todo seu corpo não havia dúvidas sobre o que tinha acontecido e suspirando resolveu ir até ela.

— Eu não vou nem perguntar.

Com cuidado soltou os pulsos vendo as marcas profundas da corda permitindo que se libertasse. No momento em que sentiu as mãos soltas seu corpo pesou pelo tanto de tempo presa e sem equilíbrio despencou antes que pudesse fazer algo. Em um movimento rápido o vampiro conseguiu a agarrar evitando que caísse de cara no chão de cimento.

— Obrigada... – sem força e envergonhada falou o fazendo tomar consciência da situação. E mais que depressa se afastando dela ainda cambaleando.

O estado da jovem era horrível e ele tinha certeza que ficar parado ali até ela se recuperar não iria ajudar em nada. Estalando a língua começou a andar.

— Vem comigo.

— Eh? Pra onde?

— Só vem logo!


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Notas finais do capítulo

Podem culpar o Reiji por ter tirado o momento do Kanato desse capítulo :D

Obrigada por ler e sábado vou postar o último capítulo. Yay!



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