A chuva lá fora caía sob a escuridão que a noite pertencia. O frio havia chegado com total força a fazendo arrepiar. Os testes para o quadribol iriam ser no dia seguinte e ela mal podia esperar para ver como sua melhor amiga se sairia como capitã do time. Os testes seriam realizados juntos com os alunos da Sonserina o que deixava claro que Malfoy estaria ali sem sombras de dúvidas.

Voltou para cama na tentativa de dormir, mas seus pensamentos eram invadidos pelos acontecimentos em Hogsmeade, ele fora tão gentil, tão cuidadoso. Mesmo com seus insultos presentes, as piadas que ele fazia cada vez que viam algo engraçado a tomava conta, predominando os momentos bons em vês dos anos de discórdia.

“Se concentra Hermione.” Ela sussurrou fechando os olhos para afastar os pensamentos. “Você não pode ser levada pelas atitudes fingidas dele.”

E em meio a esses dizeres Hermione caiu em um sono profundo, a fazendo sonhar lindamente.

Nele, Rony e ela estavam caminhando por uma floresta iluminada e viva, o sol queimava seus rostos confortavelmente. Era agradável a presença dele. Ambos usavam roupas brancas e estavam descalços, um vestidinho rodado um pouco a cima dos joelhos a valorizava por conta da luminosidade do lugar, seus cabelos soltos caiam em uma cascata impecável, seus cachos estavam perfeitos e bem definidos. Rony trajava uma calça social branca e uma camisa esporte fina da mesma cor, seus cabelos estavam mais brilhantes do que fora durante toda sua vida, seus olhos azuis obtinham um brilho incomum que nunca o pertenceu.

Caminharam de mãos dadas até um pequeno lago, onde o sol refletia a água a deixando transparente, deitaram na grama fria de frente um para o outro. Não se permitiam quebrar o silêncio que se instalava, eles só queriam sentir a presença um do outro.

“Sinto sua falta.” Ela disse enquanto uma lágrima teimosa teimava a cair, ele a enxugou com seu dedo e depositou um doce beijo em sua testa.

“Eu também sinto Hermione.” Ele sorria lindamente, seus dentes mais brancos que o normal a faziam ficar hipnotizada com tanta beleza que ele transmitia. “Mas você precisa viver, não comigo. Você pertence a outra pessoa, não pode ficar presa por minha causa.” Ele continuou com a respiração pesada, ele sentia o peso sobre tais palavras. Não queria ter que admitir, mas ela não o pertencia mais. Nunca pertenceu.

“O que quer dizer?” Ela perguntou franzindo o cenho e com um sorriso debochado no rosto o olhou, sua expressão se mantinha séria, ele a fitava intensamente. Seu sorriso se desmanchou assim que percebeu que ele não estava brincando.

“Você precisa encontrar outra pessoa Mi. Existe uma pessoa que te dará mais amor do que eu te daria em toda minha vida.” Sua voz saía baixa mas convicta. Um típico Weasley.

“Mas eu só quero você, e mais ninguém. Eu não consigo amar outra pessoa.” Ela se levantava da grama para encara-lo melhor. Não podia estar ouvindo isso. Isso não poderia estar acontecendo. Na verdade, não estava. Era apenas um sonho.

“Você já está amando Mione, mas custa a admitir para si mesmo que seu coração pertence a outro, além de mim. Você sabe que não tem mais o que fazer. Então aceite. Eu não sou mais pertencente ao seu mundo.” Ele voltou a encarar o céu que estava azul vivo sem nenhuma nuvem para atrapalhar a bela vista.

Ela ficou quieta por um instante para assimilar tudo o que estava acontecendo, ela estava sonhando com Rony. E ele próprio estava afirmando que ela não o podia ter. Balançou a cabeça afastando os pensamentos e se deitou novamente, agora de barriga para cima.

“Como é? Morrer.”

Ele soltou um sorriso por conta da pergunta inesperada mas com seu tom mais gentil respondeu pausadamente.

“Não dói. Se é o que você quer saber.” Ele disse colocando sua mão sobre a dela, seu toque continuava o mesmo. Gentil mas desajeitado. Ela sorriu com tal ato e se aproximou um pouco mais. “É rápido e estranho. Encontrei nossos amigos depois, os pais de Harry, Sirius. Todos estão bem. Não se preocupe.” Ele disse se virando e lhe mostrando um sorriso torto sincero.

Se levantaram e caminharam para o outro lado da floresta, onde cerejeiras e arbustos cheio de frutinhas tomavam conta da maior parte da margem. Experimentaram alguns frutos que eram incrivelmente doces e saborosos, Hermione apreciava a vista enquanto Rony a observava de longe, adorava a observar quando estava se divertindo.

Ela colhia algumas flores, quando sentiu braços a rodearem pela cintura, ele a apertou e ela sentiu cada movimento do seu corpo contraindo em resposta. Ela suspirou fundo e sorriu com o gesto do ruivo.

“Você está linda.” Uma voz que não era de Rony soou a fazendo abrir os olhos com o susto, “cadê o Rony?” esse não era seu ruivo. Ela reconhecia essa voz, mas buscando em sua mente ninguém que conhecera obtinha esse timbre.

Ela se virou, percebendo que os ruivos não se encontravam mais, um tom de loiro predominante a olhava com um largo sorriso gentil. Os azuis foram substituídos por cinzas, o quente fora substituído pelo frio. O leão fora substituído pela serpente.

“Cadê ele?” Ela questionou olhando em volta a procura de Rony, mas ele não se encontrava em lugar nenhum.

“Ele quem Hermione?” Draco perguntou gentilmente ainda com as mãos na cintura da garota, ela obtinha uma expressão confusa no rosto, ele arqueou a sobrancelha em sinal de desentendimento. Só havia os dois ali.

“Nunca mais me chame pelo nome.” Ela gritou e se desvencilhou de seus braços, correndo a procura do ruivo.

“Quem você está procurando?” Ele perguntou mais uma vez enquanto a seguia em passos rápidos.

“Rony, ele estava aqui.”

“Não tem ninguém aqui Hermione, somos só nós. Rony morreu na batalha à 8 anos, esqueceu? Estamos casados.” Ela olhou em volta e o que a pouco era uma floresta tinha se tornado uma casa bem iluminada e gigantesca. Em cima da lareira havia vários porta retratos dos dois, o dia do casamento, a lua de mel, com Harry e Ginny e uma em que havia um garotinho com a mistura dos dois. Ela o olhou confusa e negou a cabeça ferozmente. Não podia ser. Ela não estava apaixonada por Draco Malfoy.

Hermione acordou ofegante e com a blusa grudada por seu corpo, ela transpirava em grande quantidade enquanto seus olhos tentavam se ajustar. Ela se sentou reconhecendo seu quarto de monitora e suspirou aliviada por tudo não passar de um sonho. Ela não estava casada com Malfoy. Ela não estava apaixonada por ele. “Tudo não passou de um sonho.” Ela pensou em voz alta e se dirigiu para o banheiro, precisava tomar um banho para tirar o suor do corpo.

Deixou com que a água caísse por todo o corpo a relaxando inteiramente. Seus dedos estavam enrugados denunciando o tempo que estava ali. Ela precisava pensar, precisava se afastar. Ela não estava se sentindo bem, seu coração estava se abrindo. Ela sabia que estava, mas ela não queria. Precisava conversar com alguém, não com Ginny porque sabia que a ruiva iria fazer de tudo para que ela se tornasse confiante em deixar que tudo corra de maneira natural.

Por sorte, o feriado estava se aproximando. Molly Weasley a convidou para passar a folga com a família Weasley o que prontamente dizia que Harry também iria.

Isso, ela iria conversar com Harry.

Sobre Malfoy? Ela não sabia o que fazer em relação aos seus sentimentos, mas para evitar qualquer ocasião ela sabia de uma coisa que certamente iria solucionar a situação por ora. Ela iria se afastar do sonserino.