The Buss Love escrita por Strela Ravenclaw


Capítulo 1
Capítulo Único – O Garoto do Ônibus.


Notas iniciais do capítulo

Olá, fico feliz em dividir mais uma oneshot com vocês! Aproveitem e tenham uma boa leitura.

Ps: Desculpe se houver erros de ortografia.



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O Garoto do Ônibus.

O frio parecia perfurar meu corpo – o casaco que eu vestia, não estava me protegendo tanto assim. Mas o apertei contra o meu corpo, quando um forte vento passou por mim.

Caminhei em mais uma manhã até o ponto de ônibus, sem muito ânimo.

Eram seis horas da manhã – e alguns minutos.

Dei graças a Deus que eu entrava as oito na cafeteria/café onde trabalho, e praguejei por morar do outro lado da cidade.

Parei no ponto de ônibus, que já estava parcialmente cheio, fiquei de pé ao lado de algumas pessoas – que sempre estavam ali, todos os dias, no mesmo horário.

Pobre de nós, presos na mesma rotina. – peguei meu celular, conectei os fones de ouvido, e deixei qualquer música da playlist tocar. 

Via a fumaça sair entre meus lábios a cada momento em que eu respirava, o frio estava terrível hoje. – apesar de eu confessar que particularmente tenho um amor pelo frio, e eu poderia citar sobre algumas coisas que gosto, eu adoro batata frita com cheddar, escutar músicas no fone de ouvido, especialmente quando estou em um local onde não conheço ninguém. Gosto de ficar somente de pijama nos finais de semana, e tenho uma paixão por livros.

Não sei como posso me descrever, acho que sou só mais uma dessas pessoas que você vê andar apressada pelas ruas. Sempre lutando contra o horário, e o atraso.

Olhei a hora no visor do celular – já já o ônibus vai passar. – constatei. 

Continuo presa nos meus pensamentos, que agora me agradam mais do que a realidade ao meu redor.

Olhei para a avenida e vi distante o ônibus vim, algumas outras pessoas tiveram a mesma visão que eu, e começaram a se movimentar.

A senhora fez o sinal solicitando a parada do veículo – eu a via todos os dias, e ela sempre sorria gentil para mim, que devolvia o sorriso na mesma proporção.

Uma pequena aglomeração se formou na porta do ônibus, de pouco em pouco pessoas foram subindo e se acomodado no veículo. Minha vez chegou, cumprimentei o motorista como sempre faço, paguei minha passagem e me acomodei em um dos últimos bancos, mas perto o possível da porta.

Sempre me sentava ali – era mais prático, pois quando o meu ponto chegava, a condução já estava cheia, e seria difícil de sair. 

Encostei minha cabeça na janela e fechei os olhos por alguns minutos.

Mas dois pontos se passaram, o ônibus já estava parcialmente cheio.

Me sentia mais agitada, pois meu consciente já sabia que daqui a dois pontos ele subiria.

Ele? Mas ele quem?

Vou explicar.

Na verdade, nem eu sei o nome dele. Mas sei exatamente que horas ele vai entrar por aquela porta, sei também que antes de passar a catraca ele vai sorrir para o motorista e trocar algumas palavras, vai cumprimentar gentilmente as senhoras que se sentam nos bancos da frente e vai caminhar quase até o final do ônibus. Vai olhar dentro da mochila para ter certeza de alguma coisa, e aí…

Eu Lavínia, nunca acreditei em amor a primeira vista, na verdade, sempre fui muito duvidosa quanto ao amor – um pouco cética talvez. Eu já tive um namorado e conheci alguns caras, mas eu sabia, que nunca os amei, nenhum deles. Vim de uma família em que meus pais sempre demonstravam o quanto se amavam, minha irmã se casou com o “homem dos sonhos” segundo ela. 

Mas eu, eu nunca senti algo assim como eles descrevem, como minhas amigas me dizem, e eu não sei se sou o problema, se não consigo me entregar o suficiente para alguém, ou se apenas não tenho paciência para prolongar um relacionamento.

O ônibus parou, um rapaz subiu e logo depois ele entrou.

Sorriu para o motorista – hoje ele parecia mais alegre – conversou brevemente e logo após passou a catraca. Cumprimentou as senhoras que estavam sentadas a frente e caminhou pedindo licença para as pessoas que estavam de pé.

Virei meu rosto rapidamente para a janela quando o vi se aproximar.

Não queria que ele percebesse que eu reparava em suas ações, talvez pensaria que sou uma stalker.

Olhei rapidamente pelo canto dos olhos – ele havia parado a dois bancos a frente do meu, estava de pé.

Uma distância um pouco longa – e curta também.

Ele sempre ficava ali – assim como eu sempre me sentava aqui.

Peguei meu celular e troquei a música, Unsteady tocava nos meus fones agora.

Finge estar fazendo mais alguma coisa no meu telefone, antes de guarda-lo. 

Meus dedos batiam de acordo com o toque da música no banco da frente – eu estava nervosa, sentia um calor estranho.

Sem me segurar por mais tempo, o olhei.

Ele parecia distraído, olhava para qualquer ponto fixo.

Olhei seu rosto – ele era tão bonito, um homem muito bonito. Devia ser alguns anos mais velho, ter por volta de uns vinte e cinco anos. – notei também que ele estava deixando a barba crescer, olhei sua boca, era tão bem desenhada, não era tão grande quanto a minha. Meus olhos procuraram os seus, o verde claro, chamava a atenção, contraste de toda sua beleza, que eu tinha plena certeza de que não era só esterna.

E como se estivesse lendo meus pensamentos ele olhou em minha direção. Não foi apenas um olhar, foi exatamente dentro dos meus olhos. Se eu pudesse me ver agora, teria certeza que minhas pupilas estariam dilatadas.

Nossas almas colidiram no momento em que eu olhei em seus olhos. – sentia-me inteiramente nua, era como se houvesse somente nós dois, o mundo deixará de existir.

Sentia algo remexer no meu estômago – não seria as malditas borboletas?! – e depois um calor pertinente veio sobre meu corpo. – sempre a mesma sensação, quando nossos olhares se encontravam, a sensação de que de alguma forma, ele poderia ver minha alma e eu a sua.

Seu olhar continuou sobre o meu – sustentei por segundos que pareciam anos a finco. Era como se ele pudesse ver minha alma, desvendar meus mistérios e me puxar para luz.

A intensidade só aumentava a cada segundo que nós alimentávamos aqueles olhares.

Porque se havia uma palavra que pudesse descrever tão bem aquele momento que sempre tínhamos de segunda a sexta-feira, a palavra era; intenso.

Desviei o olhar para a janela – sentia o rubor tomar conta do meu rosto. – me puxei para a realidade.

O que merda eu tenho pensado? Que estou apaixonada por um desconhecido que encontro no ônibus? E que é recíproco?

Céus eu estou me iludindo! 

Nem em outra realidade um homem como ele, se apaixonaria por uma garota como eu.

Onde alguém como ele iria querer alguma coisa com uma garota de dezenove anos, que trabalha num café e divide uma kitnet com a amiga pra economizar para a universidade? 

Ele já devia ser independente, e tenho quase certeza de que seja bem sucedido, e muito provavelmente já tenha uma namorada ou algo do tipo.
Fechei os olhos encostando minha cabeça no acento – depois de longos minutos olhei a hora no celular e olhei pela janela, já estava próximo do meu ponto.

Me levantei do banco, pedi licença para a senhora que estava ao meu lado e passei, fiquei parada perto da porta – um banco de distância dele. Não me arrisquei em olha-lo, pois algo me dizia que seu olhar estava sobre mim.
Solicitei a parada e alguns segundos se passaram até o veículo ir diminuindo a velocidade para que parasse no local onde eu desceria.

Por puro impulso e curiosidade o olhei antes de descer.

E eu estava certa, seu olhar queimava sobre mim, e pela primeira vez em muitos meses ele sorriu diretamente pra mim.

Sem saber o que fazer, e extremamente confusa, sorri de volta antes de descer do veículo.

Assim que minhas pernas bambas encontraram o chão firme da calçada me virei apressada olhando para dentro do ônibus.

O vi olhar pela janela, quando o ônibus partiu.

Deixei um sorriso escapar – o que foi isso?! 

Poderia não ser nada, mas poderia significar muita coisa.

Caminhei mais feliz do que nunca até o trabalho.

— Bom dia, garotas – cumprimentei minhas colegas de trabalho.

— Uau! Quanto bom humor ! O que houve?! – uma das garotas indagou curiosa.

— Nada! – falei sorrindo e já indo me trocar.

Atendia os clientes com uma alegria jamais vista em qualquer café de NY. Ate mesmo os clientes mais mal educados.

Me encostei no balcão e observei o movimento. – e constatei que nenhuma dessas pessoas eram interessantes para mim, e o único garoto que eu me interessava e não saía dos meus pensamentos, eu nem sabia o nome.

O garoto do ônibus, seu sorriso e olhar pairou em minha mente.

O barulho da porta se abrindo me tirou dos meus devaneios. 

É loucura alimentar um amor platônico. 

Isso nunca vai acontecer.

Um garotinho parou enfrente ao balcão e fez seu pedido – alguns chicletes e balas eram sua escolha. 

Ele me entregou suas moedas e sem querer deixei algumas escaparem entre meus dedos.

Abaixei na intensão de apanha-las. – escutei mais uma vez o barulho da porta e deduzi ser o garotinho indo embora.

Me levantei.

Meus ouvidos escutaram todas as moedas que a um segundo atrás eu havia pegado cair e bater contra o chão de madeira.

E eu não imaginei que mais uma vez minha alma fosse descoberta, nós colidimos mais uma vez, nossas almas se encontram na mesma intensidade em um só olhar.

Seus olhos fitaram os meus – com surpresa e talvez felicidade?! Sim, felicidade.

Pude notar suas pupilas esverdeadas dilatadas – se as dele estavam assim, quem dirá as minhas como estariam.

Segundos se passaram – quase um minuto – e nós não dissemos nada – eu não sabia o que dizer.

Ele aqui?! Bem na minha frente? – tudo parecia tão impossível que eu mal poderia acreditar que ele estava na minha frente.

— Você?! – dissemos em uníssono.

Ele sorriu surpreso, e eu me mantinha confusa. – e que sorriso.

— Você se lembra de mim? – indaguei confusa.

Mas não posso negar minha felicidade em constatar isso.

— Eu não poderia esquecer seu rosto facilmente… – falou ainda com seus olhos sobre os meus.

Sentia meu rosto corar – um calor percorreu todo meu corpo, e eu poderia jurar que borboletas dançavam em meu estômago.

— Você tem algum pedido? – perguntei sem saber o que dizer, me referindo ao cardápio.

— Eu quero… Eu desejo… – seus olhos fitaram meus lábios.

Minha respiração era desregulada e alta.

E em um ato de coragem que eu nunca poderia explicar, sai de trás do balcão e parei em sua frente.

Observei seu rosto – era ainda mais bonito de perto.

O seu olhar era intenso, mas acolhedor. Era um mistério que eu ansiava descobrir mais.

Um silêncio se instalou – somente entre nós, pois o barulho do café ao nosso redor permanecia.

Mas o silêncio não era constrangedor – era reconfortante e bom de se sentir. Nossos olhares entregaram que as coisas iam além de palavras, nosso encontro foi intenso, nossas almas se encontram. 

E pela primeira vez eu entendi o que minha mãe dizia sobre o amor.

E pela primeira vez eu entendi o significado de ser um só, sendo dois.

Talvez eu estivesse enlouquecido, pois eu nem ao menos o conhecia – mas parecia que nossas almas estavam interligadas a anos. – Será que em todos esses meses de olhares intensos eu te amei platonicamente?! 

Ele aproximou seu rosto do meu – nossos olhos não se desgrudavam nem por um milésimo de segundo. – o mundo a nossa volta pareceu sumir, e eu não ouvia mais nada além de nossas respirações.

Só fechei meus olhos quando constatei que seus lábios já encostavam nos meus. – Senti suas mãos tocarem minha cintura com cuidado e carinho. – Me entreguei ao seu beijo, que começou lento e calmo, seus lábios eram macios e gostosos. Foi o beijo mais intenso da minha vida. O melhor beijo da minha vida.

Não sei por quanto tempo durou. Mas não era suficiente, e eu ansiei por mais.

E no exato momento em que sua boca e a minha entraram em sintonia eu tive certeza que o amava.

Por mais impossível que fosse. – Afinal o amor pode nascer em anos, ou em um segundo. Pode surgir em uma troca de olhares ou em uma longa conversa. Não importa a ocasião e o tempo, o amor acontece quando menos esperamos.

Encontrei seus olhos fitando os meus quando os abri – escutei muitas vozes alegres ao nosso redor.

— Sou Noah. – ele sorriu gentil e eu não conseguir conter um sorriso.

— Lavínia. – falei sorrindo.

— Eu venho aqui quase todos os dias, mas nunca a vi antes, nunca imaginei que por culpa de um horário diferente, eu enfim a encontraria.  – a voz dele era apaixonante, como a melhor melodia para os meus ouvidos.

Nossos destinos se encontraram a meses atrás – quando um olhar se cruzou em meio a tantas pessoas. – destinos opostos, de pessoas diferentes.  

E ainda assim nossos destinos se encontraram.

E ali estávamos nós, prontos para trilhar um novo caminho.

Não posso lhe contar exatamente se fomos “felizes para sempre”, mas lhe garanto que foi infinito, todos os nossos agoras.


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Notas finais do capítulo

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