Inverno Russo escrita por BunnyStark


Capítulo 1
Inverno russo




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‘’ Você é feita de marfim, Natalia.’’

‘’ Como você consegue fingir tão bem? ‘’

‘’ Esse é meu trato, sua vadia imunda.’’

‘’ Podia ao menos ter me reconhecido.’’

‘’ Regimes caem todos os dias. Tem não chorar por isso, eu sou Russa, ou eu era...’’

‘’ Pensei que sabia de quem eram as mentiras que eu contava. Não consigo mais distinguir a diferença.’’

‘’ Nada dura para sempre. ‘’

 

Tijolo por tijolo, eu havia colocado em uma muralha implacável ao redor de mim. Não conseguia deixar as pessoas entrarem. Não conseguia deixa-las ver além da máscara da implacável agente russa. Enterrei Natalia, só havia Natasha agora. Mas, nem sempre foi assim. Uma vez, eu havia deixado alguém entrar. E eu estava preparada para vê-lo partir. Porém, ele nunca partiu.

Sempre ficou em mim. Mesmo, quando partiu.

‘’ O braço de metal deslizou pelos meus cabelos ruivos, ele sempre fazia isso. Porque, ele os adorava. Ele sempre dizia que o vermelho dos meus cabelos era a coisa mais quente que ele possuía em sua vida. E ele era a única coisa quente que havia na minha. Porque, eu estava sozinha.

Солдат, если они поймают тебя здесь, ты мертв. (Soldado, se o pegarem aqui você está morto.) Resmunguei, tentando afasta-lo da minha cama. Meu coração já disparando por me imaginar sem o calor de seus braços. Porém, minha expressão era vazia, não transparecia nada.

Ainda algo a ser salvo em mim? Quem sabe se eu fugisse, se eu usasse minha habilidades para o bem ou para salvar quem precisasse. Eu saldaria a minha dívida e eu encontraria a redenção.

Пусть они придут, Наталья. Я могу с ними справиться. (Deixe que venham, Natalia. Eu posso lidar com eles.) Disse, me puxando para seus braços, como se pela primeira vez, estivesse realmente, disposto a se rebelar por mim. 

 - Я никогда не просил об этом. Просто уходи. (Eu nunca pedi por isso. Apenas, saia.) Deixei que toda frieza, transparecesse em minha voz. Seus braços me deixaram, como se eu fosse de gelo. E infelizmente, eu era. Sempre fui. Uma bailarina de marfim, esculpida pela sangue e sofrimento, a nunca errar.

Perfeita.

Merda! Eu odiava a perfeição. Odiava quem era.

Почему ты поступаешь так, будто ничего не чувствуешь? Ты будешь жить так навсегда? (Porque, age como se não sentisse nada? Vai viver assim para sempre?) Questionou, com sua voz de comando, a mesma voz que me mandava matar na sala vermelha. A mesma voz que me arrepiava, me fazia ter esperança de ver e viver, além dessas paredes. Mas, não precisava de um amor, ou de homem...

Я сделаю все, что нужно, чтобы выжить, солдат. Вы должны сделать то же самое. (Eu vou fazer o que for preciso para sobreviver, soldado. Você deveria fazer o mesmo.) Digo, vendo ele sumir pela imensa porta de ferro. Finalmente, eu poderia chorar em paz. Me esconder atrás da muralha...

Quer dizer, atrás dos restos, que ele havia derrubado. ‘’

 

Levanto, respirando fundo de mais um pesadelo. James! Meu soldado estava apenas a alguns corredores de distância. Dormindo ou pelo menos, tentando. Depois, de Steve tê-lo achado e recuperado. O copo de água permanecia nas minhas mãos, enquanto observava a floresta pelos vidros blindados do complexo.

Natalia. Ouvi, o sussurro quase descrente.

Meu nome não é esse mais, James. Respondo, com o sonho ou lembrança, ainda em mente.

E o meu é Bucky. Você deve saber, está no museu e toda essa merda. Disse, me observando. Bucky, mesmo sendo um homem dos anos 40, era diferente de Steve por exemplo. Steve era doce, gentil e um verdadeiro gentleman. Bucky era selvagem, instintivo, mesmo que tivesse uma camada verdadeiramente carinhosa sobre toda aquele muralha de alpha macho.

O sorriso sumiu ao me observar, tão diferente. Tão mais humano que o soldado implacável que eu havia conhecido. Suspira, desajeitado. As coisas eram diferentes, agora. Ele não era mais manipulado. Ele não era o fantasma.

E com isso, veio um ponto importante. O homem que conheci, o soldado que me treinou. Nunca existiu, uma fachada manipulada pela Hidra. E agora, ele havia morrido, definitivamente. Ou ainda havia alguma coisa lá?

Boa noite, James. Dou um sorriso mínimo e passo por ele e quando, fiz. Seu braço de metal segurou suavemente, me fazendo relembrar todos os nossos momentos em um segundo. Os beijos, os carinhos, o silencio confortável, o modo que fazíamos amor ou que apenas fazíamos sexo. Querendo esquecer, o quanto éramos prisioneiros em nossas próprias vidas. Mas, quando, estamos juntos... Nós dois, éramos livres. O homem que me ensinou a lutar e que me amou – pelo menos, eu acreditava que sim -, que era toda a minha luz em dias que eu só conhecia dor, tortura, sangue e morte.

Não, que ele precisasse saber disso.

Eu lembro de tudo, Natalia. Te reconheceria em qualquer lugar, com qualquer roupa e principalmente, sem elas. Sussurra, os olhos azuis frios não vacilaram um segundo sequer. Despedaçando o que sobrou da minha alma.

Não sou aquela garota mais, James. E você, não é mais o soldado. Vamos deixar os esqueletos escondidos no armário e seguir em frente. Imploro, tentando esquecer, querendo o afastar. Não havia motivo para relembrar aquilo, não havia uma segunda chance para nós. Uma casinha com cerca branca ou qualquer ilusão...

Você devia ter dado a chance a nós, Natalia. Nós poderíamos ter tido tudo. Respondeu, olhando dentro dos meus olhos.

Nós morreríamos, James. E a KGB e a Hidra, dançariam sobre nossos corpos, como eles fizeram com milhares. Digo, para fazê-lo pensar. Mas, que porra... Eu estava discutindo algo que aconteceu a décadas atrás, algo que não tinha mais nenhuma importância.

Ou tinha?

Havia feito uma promessa. Uma promessa que enterraria a aquela maldita vermelha, no lugar mais profundo da minha mente. Mas, algumas memórias simplesmente não conseguem ser enterradas. Porque?

Não precisamos temer mais nada, Natalia. Estamos seguros e não estamos sozinhos mais. Pediu Bucky, implorando. – Você foi a única luz que conheci em 70 anos de sangue e dor, Natalia. Reafirmou Bucky, sua voz não passava de um sussurro tranquilo e tímido.

Sinto muito, James. Disse, tirando seu braço do meu. E partindo a passos largos para o meu quarto. Trancando a porta atrás de mim.

 

 

 

***

 

 

O clima estranho permaneceu com os dias que seguiram. Steve tinha Bucky sobre sua asa, a maior parte do tempo, o que tornava impossível ignorar sua existência. Fora, os conselhos inoportunos e que eu nunca havia pedido, de Clint. O olhar de Bucky me seguia por onde eu fosse, simplesmente podia sentir. Ele não podia esquecer? Entender, que o que aconteceu entre nós foi um erro?

Sabe... Bucky me contou sobre vocês. Poderia ter me contado, Natasha. Resmungou, Steve. Colocando seu capacete de Capitão.

Steve... Isso foi a tanto tempo. Resmunguei, chateada. Estávamos no meio de uma missão e Steve queria discutir algo que aconteceu a décadas atrás. Algo, que nem pertencia a ele. Mesmo, com toda sua superproteção e amizade com Bucky.

Algumas horas depois, a missão havia sido finalizada e eu estava na Ala médica dos Vingadores, costurando o buraco de tiro em meu ombro. Voltando a pensar na única parte boa e decente do meu passado... Os momentos com James. Ou Winter soldier na época.

Natalia. Diz, sua voz cheia de preocupação. Ele tinha de ser tão bonito? Em todos os aspectos... Até sua voz era maravilhosa.

Quantas vezes, preciso dizer que o meu nome é Natasha? Digo, rangendo os dentes pela dor em meu ombro.

Nenhuma. Mas, prefiro Natalia. Se está achando ruim, me obrigue a mudar. Não que você consiga. Afirmou, me dando um sorriso premiado. Reviro os olhos, mesmo com eles brilhando em fúria por sua audácia.

сукин сын (Filho da puta!) Eu posso chutar essa sua bunda perfeita em qualquer hora e lugar, James. Resmungo, me levando com alguns comprimidos receitados pela doutora para dor, inflamação e infecção do tiro. – Eu odeio você. Porque, você simplesmente não pode esquecer tudo e me deixar em paz?

EU. NÃO. QUERO! Disse, pausadamente como se eu fosse uma espécie de lesada. Ainda, sorrindo no fim de cada palavra.

EU. POSSO. TE. OBRIGAR. Respondo, furiosa. Olhando para seus olhos e me aproximando de seu rosto. A verdade é que toda essa atração sexual, estava me enlouquecendo. Eu pensava em James, 24 horas da minha vida. Desde que ele voltou para torre e do seu papo na cozinha.

Não, você não pode. E principalmente, não quer. Avisa, sussurrando em meu rosto, segurando em minha cintura. E finalmente, me beijando. Que se foda essa merda. Seguro seu rosto, com meu braço esquerdo ou seja, aquele que não tinha tomado tiro e o beijo, como anos atrás. Que éramos apenas duas pessoas, tentando fugir.

 Só que agora, ninguém podia nos parar. Não mais... Não tinha Hidra, KBG ou nenhum vilão que manipulasse nos mentes e nos impedisse. Era bom, deixar as muralhas caírem, bom não ter medo.

E mais do que bom estar nos braços dele, outra vez. Sorrio, desistindo de brigar com o inevitável.

Quarto? Sugere, com os olhos fechados ainda inseguro. Acaricio o seu rosto, os meus olhos brilhando pela segunda chance que a vida ou qualquer força superior, nos dava. Assinto, segurando sua mão. Ele sorri, me pegando no colo e me levando até o quarto. – Donzelas feridas merecem descanso. Diz, sorridente.

Amanhã, você me levará em meu restaurante italiano favorito. E é um encontro. Digo, enquanto ele caminhava pelo complexo. Se Tony ou Sam, nós pegassem... Seria uma longa merda.

Sim, senhora. Afirma, sorrindo. – As 20 h? Questiona, enquanto assinto outras vez.

Talvez, segundas chances sejam boas, afinal. Digo, encostando minha cabeça em seu ombro.

Sim, elas são. Concorda, sua voz repleta de emoção, abrindo a porta do meu quarto. Eu teria uma longa e maravilhosa noite, pela primeira vez em muito tempo. Não precisávamos ser perfeitos mais.

 Apenas livres.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Até a próximo one. Bye!



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