O profeta diário com a manchete mais esperada no ultimo ano, estampava toda a primeira pagina, onde podia se ver uma foto de Harry Sorrindo, ao lado de vários membros da ordem, e de seus dois inseparáveis amigos, todos eles no terreno de Hogwarts na noite seguinte da grande e final batalha.

Porem a garota de cabeleira cheia e castanha ignorava o jornal que jazia sobre a sua cama, ela sabia que toda a nação bruxa estava feliz com o fim do terrível Voldemort, e que ela, tal como Rony e Harry, tinham também o direito de ficar, afinal foram os três que arriscaram suas vidas dês do primeiro ano em Hogwarts.

Contudo a morena não conseguia se sentir feliz em meio aquilo tudo perderá uma pessoa que sempre pensou que estaria por ali, cuja qual com sua alegria, mesmo que às vezes a irritava, dava-lhe sensação maravilhosa.

E era por conta disso que ela se trancara em seu quarto e não quis sair do mesmo quando recebeu a carta da família Waesley, ela tinha a plena certeza que aquilo era egoísmo de sua parte, mas sair dali e ir ao enterro do mesmo seria por demais sufocante para ela, e em pensar que nunca disse a ele o que realmente sentia dava-lhe reviravolta em seu estomago, aumentando aquela sensação de mal estar.

-Querida Harry está aqui.

A morena se levantou num pulo da poltrona onde estava ate então, olhou para porta de madeira pintada de branco, e deu um suspiro angustiante, o amigo que nunca a visitara estava ali com um único intuito, e ela sabia qual era.

-Diga que não quero vê-lo.-Disse ela virando as costas para porta e indo a direção à janela.

-E porque razão Mione?

A voz de Harry não vinha do lado de fora, e isso vez Hermione tremer, virando bruscamente para então fixar seu olhar num par de olhos cor de esmeralda.

-Eu não posso ir Harry.-Choramingou a garota indo a direção ao amigo.

-Todos se perguntaram o porque, afinal esse é um momento de despedida, precisamos faze-la.-Disse o moreno abraçando fortemente a amiga, sentindo que as lagrimas dela caia sobre o tecido fino da sua camisa.

-Oh Harry! Mas não conseguirei me despedir, não queria despedir dele assim...Oh! Nem mesmo sei se consigo seguir a minha vida desta forma, ignorando o que esta dentro de mim, que mais que nunca grita em agonia.

O moreno se desprendeu dela um pouco o suficiente para encara-la, deixando que ela visse o quão confuso estava.Hermione sabia que ninguém iria entender aquilo, pelo menos não sem falar sobre o assunto, porem ela mesma ficava perdida diante do assunto, cujos fatos era por demais gritante.

-Não queira entender Harry, só saiba que sou apaixonada por Rony, mas que também amava uma outra pessoa, quem, para minha infelicidade, nunca pude confessar esse sentimento e nunca poderei.

A morena não sabe dizer se o amigo lhe entendera, apenas se deixou ser abraçada por ele. E ambos ficaram assim por longo tempo, num total silencio cúmplice, sentindo o ar ganhar um ar mais pesado, enquanto uma brisa adentrava o quarto envolvendo os dois. Quais não queriam dizer mais nada, talvez porque não queriam quebrar o momento, ou porque não tinham mais o que dizer. Mas uma coisa cada um ali sabia, que não adiantava nada daquilo, ambos, em especial Hermione, teriam que seguir suas vidas, estando seus passados resolvidos ou não...

Lagrimas desciam, olhares tristes, palavras reprimidas na mente de todos, a revolta em torno de tudo e todos. Mas a guerra tinha terminado, os culpados estavam presos ou mortos, não tinham mais o direito de estarem revoltados com as mortes. Contudo aquilo sufocava Hermione, ela não queria apenas a pessoa culpada morta, mas sim vê-lo, ao menos mais uma vez e lhe falar que o sentia por ele. Cujo sentimento se manifestou ao vê-lo morto. A dor de nunca mais ter-lo ao seu lado, sorrindo, era atormentador.

A morena mexeu em seu cabelo inquieta, sentindo o toque suave de seu amigo em seu ombro, ela se virou para ele, o mesmo tinha marcas de lagrimas em seu rosto, este sofria mais que todos, e ela sabia. Porem ela não se preocupava com isso naquele instante, não importava para ela as dores alheias enquanto a sua era gritante em seu peito, de forma que era possível enlouquece-la.

Hermione se levantou da cadeira onde se encontrava ate então, e atravessou o quintal, estavam todos ali. Aqueles que tinham sobrevivido da ordem, alguns membros do ministério, o restante da família Weasley e professores de Hogwarts. Todas essas pessoas com suas dores e pesares, mas a morena classificava a sua dor maior, não importasse a relação de todos com ele. Ela se achava a mais atingida entre todos.

Abraçando-se ela entrou na toca, ignorando aquele quem a chamava. Em passos rápidos e duros, ela subiu as escadas, parando em frente ao quarto dele. A lembrança de que nunca mais o veria naquele lugar, na comemoração de natal, ou em quaisquer outras, doía-lhe profundamente.

Com suas mãos tremulas, deixando de lado o enterro que acontecia lá fora, de vitimas da grande guerra, ela abriu a porta do quarto.

-Oh meu deus!

Hermione deu dois passos para frente, parado na janela, sentado no parapeito da mesma, olhando assustado para a garota parada ali, estava ele. Seus cabelos um pouco a baixo da orelha estavam arrumados, ele usava um traje bruxo preto. Seus olhos tão tristes fizeram os olhos de Hermione encherem de lagrimas.

-Você está bem?-Perguntou ele indo a sua Direção.

-Oh, como é bom vê-lo.

A garota correu ao encontro dele, matando a distante que os separavam e o abraçou com ternura. Deixando as lagrimas caírem.

Um silêncio recaiu sobre eles, palavras não expressariam o que os envolviam. Era mutuo aquele sentimento de paz que cada um sentia, cada quais por seu significado ficaram ali abraçados. Transformando o momento numa doce melodia, que foi quebrada com a voz chorosa da morena.

-Você não é ele, não é?-Perguntou ela se afastando dele devagar, encarando o rosto triste do ruivo a sua frente, eram parecidos, e isso não tinha duvida, todavia, ela sempre encontrou um brilho a mais no olhar de Fred quando ela o via, qual este não possuía.

-Não.-Respondeu o Gêmeo sobrevivente melancolicamente.-ele se foi.

Hermione se soltou de fez dos braços de George e se encostou na janela, vendo as pessoas lá em baixo, o clima mórbido dava a ela mais motivos para derramar lagrimas.

-Por um instante pensei que era ele.-Sussurrou ela.

George se aproximou dela, fazendo-a olhar para ele.

-Ele tinha algo para lhe dizer, mas nunca deve coragem de faze-lo.-Falou o ruivo, desviando seu olhar do dela, fitando o jardim.

Hermione não quis perguntar o que era, temia em ouvir o que George tinha para lhe dizer.O ruivo entrelaçou seus dedos nos dela.Hermione se aproximou dele, enquanto ele sussurrava ‘feche os olhos, e finja’.

Um vento toque-lhe a face, o som das vozes chorosas não mais lhe perturbava, ela sentiu George lhe abraçar, e em seguida o mal estar de quando está se aparatando lhe dominou, forçando a abrir os olhos, quando o fez, já não se encontrava mais no quarto dos Gêmeos. Ela e o ruivo se encontravam numa clareira de alguma caverna, cujo teto refletia a água lívida do pequeno lago que havia ali dentro.

George a puxou para perto do lago, e se sentaram á margem do mesmo.

-Ele sempre gostou de vim aqui, não parece, mas às vezes ele gostava de pensar na vida sabe.

Hermione deu um sorriso, era realmente difícil ver Fred sentado ali simplesmente pensando na vida.

-Creio que aqui surgiram as melhores gemialidades Weasley, não?

-Oh pode ter certeza que sim, as melhores, Fred era ótimo em idéia, inclusive depois de horas aqui.-Confessou o ruivo sorrindo.

Hermione olhou para George, a paz que o sorriso do mesmo lhe transmitia, era tão boa, que era ate mesmo acolhedor. E talvez por conta disso que ela o abraçou, voltando a encarar a água a sua frente.

-Qual foi a ultima piada dele, Rony disse que ele o fez, mas eu não quis ouvir.

Hermione respirou fundo, e segurou as lagrimas que queriam cair, e quando se viu mais controlada, lhe disse:

-Na verdade a piada não foi dele.

George olhou para ela, confuso.

-Não?Numa hora como aquela...Quem mais iria fazer uma piada senão eu ou ele?

-Percy.

O silencio dominou ambos novamente, nada foi dito. Hermione que voltara a olhar a água tinha a plena certeza que a razão de está ali não tinha nada a ver com o fato do que Fred fazia ou deixava de fazer ali, mas sim com o que ele queria tanto falar para ela quando ainda era vivo, cujo segredo era atormentador para ela, mesmo ainda sem saber do que se tratava.

-Ele queria tanto falar com você, mas as circunstâncias e as coisas que víamos não o deixava lhe dizer o que queria.

Hermione fechou os olhos, as vozes de ambos eram tão parecidas também, que ouvi-lo, era a mesma coisa que está ouvindo Fred.

-Devíamos rezar por ele.-Disse de súbito Hermione, e esta mesmo não vendo o rosto do ruivo, sabia que ele se assustara.

-Desculpe?

-Minha mãe sempre disse que precisamos rezar pela pessoa que...Vai embora, não acredito muito nisto, mas é a primeira vez que vejo que é necessário.-Explicou ela ainda de olhos fechados.

-Por mim tudo bem.-Disse o ruivo.

Ela sentiu ele mexer um dos seus braços, e uma musica suave começou a tocar.

Hermione deixou que mais lágrimas caíssem.

-*Eu posso tirar toda a água da chuva do teto dessa casa vazia, isso não me incomoda.

-*Eu posso tirar algumas lágrimas agora e depois deixá-las rolar
Eu não tenho medo de chorar.

-*É difícil de lidar com a dor de perder você em todo lugar que eu vou
Mas eu estou fazendo isso

-*O que machuca mais, era estar tão perto, e ter tanto para dizer.E ver você partindo, nunca sabendo, como poderia ter sido.

-Então fale Mione.-Sussurrou George, que para Hermione naquele instante se tornara Fred, não importasse o que a sua mente lhe dizia, o seu coração gritava para ela que ele era Fred, o seu Fred.

-Quero lhe dizer, o que sempre tive medo em lhe dizer Fred, por negar isso, por achar que era loucura da minha parte.

-Pode me dizer Mione.-Sussurrou ele em seu ouvido.

-É estranho, mas eu descobri que gosto de você, que sempre quis dê-lo ao meu lado...Oh Fred, eu estou apaixonada por você.

Hermione sentiu o ruivo encostar o rosto dele ao dela, e as lagrimas que caiam de seus olhos se juntaram com as da dele.

-Sabe Hermione, é engraçado, mas eu também quero lhe dizer uma coisa, algo que deveria ter lhe dito antes...

-Pode falar Fred.

-Eu também estou apaixonado por você.

Hermione engoliu um soluço do seu choro, o abraçou forte. Sempre com os seus olhos fechados, impedindo-se de abri-los.

O ruivo afastou um pouco do rosto do dela, e a morena impediu que mais lagrimas caíssem.

-Sempre estive apaixonado por você, sempre.-Sussurrou ele, fazendo ela perceber que os lábios dele estavam próximos aos seus.

A morena então capturou os lábios dele, um beijo quente e calmo, cujo qual dizia mais que palavras. A paixão expressa de forma verdadeira, dando ao sentimento um significado verdadeiro, sem segundas intenções. Somente um verdadeiro sentimento.

Ela o sentia cariciando seus cabelos, enquanto mais lagrimas caiam dos olhos deles. Todo o desespero dela, angustia, se esvaia com o beijo. A revelação do sentimento era por demais necessária, e ao faze-la deu-lhe uma paz interior, que ela conseguia sentir que também vinha do ruivo a sua frente, quem ela jurava que era Fred, enquanto ainda estivesse de olhos fechados era ele quem estaria ali, e não George.

Ao fim do beijo, mais choros ecoaram pela clareira, de ambos, desta fez eram lagrimas de felicidade que caia de seus olhos.

-Eu tinha que fazer isso Hermione.-Sussurrou o ruivo, com sua testa na da dela, rindo como uma criança.-eu precisava fazer por ele.

-Eu também precisava fazer.-Disse abrindo os olhos, fitando um George mais feliz e aparentemente aliviado.-Obrigada.

-Era a única coisa que Fred não tinha conseguido, nem mesmo fazer piada disso ela fazia, é ate mesmo inacreditável.

Hermione deu uma risada gostosa, mesmo com o momento mórbido que os cobria, com o enterro acontecendo na toca, os dois riam, tinham enfim se libertados, poderiam seguir suas vidas sem estarem presos ao passado...

FIM