Chiquititas - Revenge escrita por Geovanna Danforth
Acordei como uma sonâmbula no dia seguinte, meus olhos não queriam se abrir de jeito nenhum, mas depois de tomar o café da manhã reuni forças pra arrumar a bagunça que estava meu apartamento. Quando já se passavam das nove da manhã peguei o notebook, precisava trabalhar.
Pesquisei sobre o orfanato de Soraya e encontrei algumas informações, não tantas quanto eu queria... Rangel estava certo, Soraya tinha umas ligações com vereadores e a prefeitura, deveria receber alguma verba mas a questão era se esse dinheiro estava sendo investido no orfanato realmente, nas crianças. Dizem que o tempo muda as pessoas mas eu duvidava muito que o tempo tivesse aplacado a ganância de Soraya por dinheiro e poder.
Mas agora o orfanato estava sem sua secretária... e nessa brecha eu entraria.
Enviei meu currículo para um e-mail que encontrei, rezei pra que esse ainda estivesse ativo, mas ao mesmo tempo temi; quando Soraya visse meu currículo logo me chamaria, além de minhas reais formações enfeitei o documento com outras qualificações e isso me dava a chance de logo entrar, mas o que me assustava era o que eu iria encontrar depois que passasse por aquelas portas.
CH
Depois do almoço me joguei na cama, uma preguiça se apoderava de mim, até que o celular vibrou: uma mensagem de Rangel.
Preciso falar com você.
Retornei com uma ligação.
—Alô?
— Oi Laurinha... e aí?
—Laureen. Tudo ótimo, e por aí?
— É... tá mais que bom, estou aqui apreciando a vista, o dia tá tão lindo, você não acha?
— Não sei Rangel, ainda não saí de casa hoje, por favor, pode falar o que você quer?
— Eu não quero nada.
— E por que mandou mensagem então?
— Porque esse era o combinado. Te ligar de vez em quando pra avisar como estão as coisas...
— Ah sim, muito bem lembrado.
— Pois então... até agora está tudo bem. Maíze está por aqui... agora fazendo alguma coisa pra gente comer, estamos um pouco longe da cidade.
— E como está ela?
—Bem calada... desde ontem quando a encontrei chorando no meio fio...
Comecei a rir.
— O que você disse pra ela Rangel?
— Hum... disse que estava dando uma volta por ali... e que tinha uma lancha no porto, se ela quisesse dar uma volta pra espairecer... depois de tanto tempo, parece que nós nunca nos separamos.
— Rangel.
— O quê?
— Cuidado.
— Hum... não se preocupe Laurinha... ninguém vai achar Maíze aqui, vou mantê-la longe e...
— Me refiro ao seu coração.
Ele ficou calado.
— Maíze pode estar toda quieta agora e tudo mais, ainda está se recuperando do encontro de ontem à noite, mas ela ainda continua sendo cria daquela bruxa. Não deixe ela seduzir você, você é quem deve fazer isso. E se o destino ajudar talvez ela escolha ficar do seu lado.
— Bem... eu tomarei cuidado. E juro Laurinha, que não deixarei Maíze voltar para aquele play boyzinho...
`_ Êpa!
— Tá.. desculpa. É só que eu...
— Sim Rangel... eu te entendo, sinto exatamente o que você sente. Mas escuta só... a Maíze não vai voltar com o Tiago. E não vai voltar simplesmente porque estará apaixonada por você ou porque você a prenderá, mas porque eu jamais vou deixar que isso aconteça, de novo.
CH
Estava assistindo uns vídeos no You Tube enquanto o céu escurecia lá fora até que Renata me ligou.
—Oi amiga!
—Oi Renatinha...
—Vamos ao cinema hoje?
—Cinema?
—É... aqueles lugares onde passam filmes numa tela enorme e...
— É claro que eu sei o que é um cinema né!
Renata riu.
— Adriana deu a ideia, se não a gente só fica trancada em casa.
—Tudo bem então.
— Ótimo! Passamos aí às oito.
— Ok.
Desliguei o celular e parti para o banheiro.
As meninas apareceram um pouquinho antes das oito, ainda estava colocando minha peruca, mesmo que estar com as meninas não significasse ameaças, estar em público significava muito. Calcei minhas sapatilhas pretas e desci.
Desde quando entrei no carro o clima ficou frio, alguns comentários aleatórios até chegarmos no cinema, alguma coisa estava estranha.
Um filme do Will Smith estava em cartaz e assistimos esse mesmo, depois que acabou saímos andando pela calçada sem saber o que fazer.
— E então, _ perguntou Renata _ pra onde vamos agora?
— Eu não faço a mínima ideia... _ murmurou Adriana.
— Já sei! Pizza!
— Ai de novo... _ resmungou Adriana.
— Por quê? _ perguntei.
— É que ontem comemos pizza no jantar...
—Então vamos atravessar a rua. _ disse Renata. Só então fomos perceber que estávamos perto da praça.
Sentamos em um dos bancos da praça e ficamos observando o fluxo de pessoas, era festival de alguma coisa porque estava cheia de brinquedos e principalmente crianças...
Renata queria comer batata frita e perguntou se nós queríamos também.
— Eu já comi pipoca, _ falei pra ela _ queria alguma coisa doce...
— Que tal o Tiago? _ Renata riu e eu senti que ia ficar vermelha.
— Bem, _ Adriana pigarreou _ conheço uma mulher que vende bolos ali do outro lado, e apontou para o ponto mais longe da praça.
— Eu sei onde é! _ disse Renata_ Vou lá comprar pra você, quer alguma coisa Adri?
— Não, obrigada.
Renata saiu andando e eu fiquei lá com Adriana no mesmo silêncio.
— Tá tudo bem com você? _ perguntei baixinho.
— Como?
—Tipo... aconteceu alguma coisa? Com o Railsom... ou é TPM mesmo? _ ri e depois parei quando percebi Adriana me encarando.
— Não... _ ela começou _ estou de boa.
— Sério, porque não parece. Não é a Adriana que eu conheço.
— E qual é a Adriana que você conhece?
Fiquei confusa, o que tinha acontecido?
— Hum... é... sei lá... a minha amiga, que parece uma mãe chata às vezes mas é muito especial e...
— Que guarda seus segredos...
— Sim... que guarda meus segredos.
— E por que você não os conta pra mim Laureen?
Paralisei.
— Por que não me contou sobre a Maíze?
Que merda.
— Co-como... _ tentei perguntar.
— O Tiago me contou.
— Ele descobriu?!
— Calma Laureen, claro que não...ele só me contou que no jantar que ele tinha marcado com a Maíze, pra terminar tudo entre eles, ela sumiu. _ Adriana me encarou. _ O que você fez com ela?
— Eu não fiz nada. Nada que ela não merecesse.
Adriana suspirou.
— Por que não me contou Laureen? Por que não nos contou? Somos suas melhores amigas não somos?
— Claro que sim. _peguei sua mão_ É que... decidi de um dia pro outro que ia fazer isso, o único que fazia parte do plano era o Rangel...
— Rangel?! Você foi atrás dele?
— Era preciso.
— Eu não sei se existe masculino pra cobra mas se existir é o nome que eu daria pra ele.
— Ele me ajudou Adriana.
— Te ajudou por causa dos interesses dele. Agora já saquei tudo. Ele está com a Maíze, né?
— Sim.
— E quem te garante que ele não vai levar ela pra Soraya e contar que você já está por aqui?
Paralisei.
— Não... _ murmurei_ Rangel ama Maíze.
— Eu também acho...
— Ele teme por ela.
Adriana ficou me olhando.
— Você sabe que não gosto quando fala assim.
Balancei a cabeça.
— Tudo bem, desculpa tá. Eu deveria ter pelo menos avisado vocês sobre o que ia fazer e não apenas usar a sua informação mas eu prometo que...
— Perdi alguma coisa? _ disse Renata com os lanches nas mão e o cabelo alvoraçado.
— Senta aqui vai... _ falei.
CH
Já estávamos no carro dando gargalhadas dessa vez, Renata me surpreendia com suas piadas, mas mesmo dessa forma extravagante que ela estava seu jeito doce sempre vinha à tona, ela não tinha mudado nada.
Contei mais detalhes sobre a noite passada e as meninas ficaram chocadas mas riam ao mesmo tempo só de imaginar a cara de Maíze.
— O que não se faz por um homem né... _ murmurou Adriana e me olhou pelo retrovisor. Revirei os olhos.
— Vai comprar seu carro amiga? _ perguntou Renata.
— Logo, logo...
— Ainda diz que não é rica... _ disse Adriana e as duas riram.
— Pra se alcançar tudo que quer basta ter disciplina, coragem... beleza também conta.
— Ah é? _ disse Adriana.
— Sim querida. Espera só pra ver. Já consegui tirar Maíze do meu caminho, daqui a pouco quem vai vir vai ser o Tiago e daqui a alguns dias compro meu carro. _ Dei uma piscadela_ Simples.
Quando percebi as meninas me olhavam de um jeito estranho, como se não me conhecessem, na verdade nem eu mesma me conhecia, mas sabia o que queria e conseguiria.
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