Chiquititas - Revenge escrita por Geovanna Danforth
Meu coração começou a bater rápido demais. Tomei coragem e abri a porta só um pouquinho, coloquei apenas minha cabeça de fora.
— Boa tarde, o que deseja?
— Eu não vou sair daqui enquanto não me deixar entrar.
Revirei os olhos.
— O que você quer Tiago?
Ele colocou a mão na porta.
— Eu só quero conversar com você.
— Ah é? Quer conversar ou quer me comer?
Ele arregalou os olhos e já estava ficando vermelho.
—Olha aqui, _ falei _ se foi pra isso que você veio, saiba que já me machucou o bastante e não estou a fim de passar por isso de novo.
Bati a porta e passei a chave.
— Laurinha... Laureen... por favor abre a porta. _ falou ele do outro lado.
— Por que eu faria isso?!
— Precisamos conversar, ainda tem muita coisa que precisamos entender e...
— E tem mesmo. Principalmente sobre as suas mentiras.
— Mentiras? Que mentiras? Laurinha abre logo essa porta.
— Sobre você e a Maíze! Sobre o que seria mais?
— Merda... _ ouvi ele resmungar do lado de fora.
Depois de um tempo ele resolveu falar.
— Me perdoa Laurinha por favor. Fiquei nervoso quando soube que você estava aqui e não pensei nas consequências do que fiz e...
— Por que Tiago? Por quê?
— Porque você não entrou em contato comigo, não deu notícias... pensei que tinha me esquecido e...
— Mas Tiago como você é burro! Como eu poderia esquecer de você? Só não queria atrapalhar sua vida com os meus problemas e...
— Seus problemas? Você sabe mais do que qualquer um de nós que esse problema não é só seu. E ele tem nome.
Sim, Soraya. Aquela peste.
— Mas parece que esse problema não está tão problemático pra você não é?
Tiago ficou em silêncio depois falou mais baixo.
— Ela me ajudou muito nos últimos anos.
— E por causa disso você agora anda de quatro atrás dela né... ah meu Deus.
— Olha Laurinha, Soraya cuidou muito de mim mesmo depois de ter saído do orfanato e devo muita coisa a ela, não sou nem um ingrato.
— Você não consegue ver a verdade Tiago, isso que não consegue; não sabe que ela é uma interesseira. Mas olha aqui, eu não vou ficar falando dela e fazendo você pensar que eu é que sou a mal amada, porque Renata e Adriana também tem nojo daquela criatura.
— Cuidado como você fala Laurinha...
— Já que você gosta tanto dela e ela é como uma mãe pra você...
— Uma irmã mais velha.
— Que seja! Sugiro que você volte pra lá mesmo, tente reconquistar Maíze e viva sua vida que deveria estar bem melhor antes de eu ter chegado aqui. Depois que eu tiver terminado o que vim fazer vou voltar e você não vai mais precisar se preocupar comigo ou com qualquer coisa que seja.
O silêncio reinou. Pensei até que Tiago tinha ido embora. Num ato de desespero abri a porta rapidamente pronta pra correr atrás dele mas acabei dando de cara com ele no próprio corredor. O braço esticado se apoiando no batente da porta, uma jaqueta de couro ele vestia e seu olhar estava molhado.
— Me perdoa por favor. Não foi minha intenção vir aqui e parecer ter te usado... jamais. Não quero perder você dessa vez Laurinha.
Meu corpo tomou a frente das decisões e quando vi já estava nos braços dele, beijando seu rosto e sentindo que ele estava ali e não nos separaríamos. Tiago beijou meu rosto e meu pescoço e depois parou pra me observar passando os dedos por meu cabelo.
Rapidamente pulei em seu colo e entramos no apê batendo a porta atrás de nós.
— Você não tá com calor? _ falei tirando sua jaqueta. Ele riu e voltou a me beijar me pressionando contra a porta.
— Eu estava com muita saudade. _ Murmurou no meu ouvido como um segredo e eu sorri. Quando as mãos de Tiago já estavam indo por um caminho perigoso lembrei que estava esperando outra visita.
— Ei ei.. _ falei _ Não podemos Tiago.
— Por que não? _ disse como uma criança chorona.
— Estou prevenindo um barraco.
Me libertei dele e comecei a ajeitar minhas roupas e meu cabelo.
— Barraco? _ perguntou ele.
— Você não conhece a amiga que tem né?
— Que amiga?
— Ah... e eu já estou sabendo de tudo viu?
Tiago ficou sem jeito.
— Do que você está falando?
A campainha tocou.
CH
Adriana já tinha se apossado da minha cozinha, havia feito um café e agora o bebia em uma xícara sentada em uma cadeira como uma madame. Eu estava sentada com Tiago na cama, suas pernas a minha volta e eu tentava raciocinar, mas era quase impossível.
Ele já havia ouvido outra repreensão de Adriana mas dessa vez na minha frente e tinha pedido desculpas várias vezes prometendo não fazer mais, sendo que isso era meio sem lógica porque eu já estava ali e não ia embora tão cedo...
— Bom, tenho que ir. _ disse ele.
— Ah... poxa. _falei.
— Que peninha. _ disse Adriana com ironia. Ela não sentia tanta falta de Tiago como eu, afinal eles não se desgrudaram desde o orfanato.
— Mas eu volto outra hora.
— Uma hora que eu não esteja aqui de preferência.
Encaramos ela.
— Que é gente? Ninguém merece ficar olhando vocês nessa pegação.
Nós rimos e Tiago me abraçou forte. Fui acompanhá-lo até o elevador apenas pra roubar mais beijos.
— Não demora tá? _ murmurei com o rosto encostado em seu peito.
— Só tenho uns trabalhos da universidade pra fazer sabe... início de disciplina.
Ergui os olhos pra ele e senti que precisava contar muitas coisas. Na verdade precisava contar tudo que tinha me acontecido desde que fui embora e ele precisava me contar também. Mas havia uma coisa que precisava ser contada logo.
— Tiago, preciso te contar uma coisa. _ me afastei dele.
—Tudo bem, pode contar.
— Fui eu que fiz Maíze ir embora.
Ele ficou me olhando, apenas me olhando.
— Você não vai falar nada?
— Eu já sabia.
— Hã? Como você já sabia? Quem te contou?
— Ninguém Laurinha. _ disse ele balançando a cabeça.
— Mas...
— Eu apenas deduzi.
— Hum.
— Eu marquei de sair com Maíze uma noite, logo depois daquela tarde em que nós... hum...
— Sim, sim. Nós nos encontramos.
— É. Eu ia terminar com ela, ia explicar que não ia dar mais certo porque não a amava, na verdade nunca a amei.
— Mas na verdade era por mim não é? _ falei com um sorrisinho.
— Sim. _ ele sorriu de volta. _ Você me fez perceber a verdade. Mas então, Maíze ficou estranha, disse que ia ao banheiro e depois só recebi uma mensagem do garçom dizendo que ela estava se sentindo mal e havia ido embora. Aquilo me deixou sem reação porque fiquei sem entender o que fez ela ir embora sem mim.
Fiquei o encarando.
— No outro dia ela me ligou e disse que queria terminar nosso namoro, nem me deixou falar direito apenas disse que não me amava mais e que eu não deveria procurá-la, mas antes de ela desligar eu disse que compartilhava da ideia mas só queria entender porque ela estava agindo daquele jeito, só que ela desligou o telefone antes de eu terminar de falar.
— Nossa, que ignorante.
— Dias depois eu estava na universidade e a encontrei.
Meu coração começou a bater forte.
— Mas a vi de longe apenas, ela estava na secretaria.
— E... você foi falar com ela?
— Não. Havia um homem com ela.
— Hum... e você sabia quem era?
— Não. Mas fui atrás de quem sabia e foi nesse dia que eu fui ao orfanato e encontrei você, Laureen.
— Ah sim... lembro bem.
— Depois que Soraya me contou o que sabia vim entender que você estava por trás de tudo.
Engoli em seco.
— Por que fez isso? _ perguntou.
Franzi o cenho.
— Você ainda pergunta?
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Não sei se ficou claro pra você mas, _ comecei a disparar_ fiquei arrasada quando as meninas me contaram que o cara com quem eu passei uma das melhores tardes da minha vida havia mentido pra mim!
— Eu não menti pra você.
— Você não me contou que estava com a Maíze!
— Mas eu esqueci! Quando eu te vi, _ Tiago segurou meu rosto com as mãos_ eu só queria te tocar e saber se você era real, queria te beijar, queria... _ Tiago mirou minha boca.
Me desvencilhei dele rapidamente, ainda não tinha terminado.
— Não importa, eu fui enganada do mesmo jeito. Se você fosse casado, teríamos cometido adultério!
Tiago deu uma gargalhada.
— Como se você se importasse com o que é pecado Laurinha.
Bufei.
— Olha só Tiago, eu só quero te contar isso porque não quero que existam segredos entre nós, quero que saiba que naquela noite eu me encontrei com Maíze no banheiro e a obriguei a te deixar. _ ele ficou me olhando extasiado_ Procurei o Rangel e pedi a ajuda dele, ele era o único que eu sabia que suportaria Maíze. E também eu sabia que com ela fora do meu caminho seria muito mais fácil lidar com Soraya. _ Tiago passou a mão no rosto. _ Aquele dia que você viu Maíze, provavelmente ela estava trancando o curso ou transferindo pra outro lugar, e aquele homem que você viu era Rangel. E agora, como você já sabe, sou a nova secretária do orfanato e se você quiser, sua namorada.
Tiago ficou me encarando.
— Eu subestimava você.
Dei uma risada.
— Não subestime mais... _ lhe dei um selinho.
Tiago me olhou e passou a mão em minha cabeça.
— Não faça besteira Laurinha, por favor.
— Não se preocupe comigo. Apenas continue ao meu lado e no final vai ficar tudo bem.
Ele franziu o cenho e eu o beijei. Depois ele me abraçou e sua boca cobriu a minha.
— Arrá!_ gritou Adriana da porta do apê _ Sabia que já estavam nessa parte!
Tiago riu e se despediu depois foi embora.
— Qual o seu problema garota? _ perguntei a ela.
Ela riu.
— Sei lá... só acho engraçado vocês dois. Adoram corredores né.
Revirei os olhos e entrei.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!