Samara X Toshio - Amor póstumo escrita por The Mistoclis


Capítulo 1
Encontro




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A casa estava abandonada há anos. O espirito da mãe de Toshio pode descansar após a casa se manter intocada por vivos por mais de 100 anos. Toshio porem ainda não sabia por que continuava a vagar por ali. Sua unica companhia era seu gato, Mar.

Passava os dias e noites entediado se lembrando de como era bom afastar as pessoas que tentavam comprar sua casa. Ele se divertia com aquilo. Sua mãe mantinha os vivos afastados pois não queria ver ninguém além de seu filho, enquanto Toshio via aquilo como uma brincadeira. Quando finalmente cresceu (o que demorou muito pelo fato de ser um fantasma) sua mãe explicou sobre seus assassinatos e por que não queria ninguém mais na casa. Mas mesmo que isso não a importasse, eles não tinham para onde ir. Estavam presos na casa.

Toshio, motivado pelo afeto que tinha por sua mãe, ajudou-a a manter a casa vazia. O que gerou histórias sobre o lugar. Histórias essas que ajudaram cada vez menos e menos gente a morar em tal lugar.

No aniversário de 100 anos desde o ultimo mortal que pós os pés na casa sair correndo em panico, ao tocar o sino de meia noite, a mãe de Toshio, que estava em sua frente, simplesmente sumiu. 

Ambos comemoravam o fato de conseguirem viver sozinhos em paz, por isso Toshio sabia o motivo de sua mãe ser liberta da maldição, mas não sabia por que ele continuava ali.

Com o tempo, porem, Toshio aventurava-se pela vizinhança. Todas as casas estavam abandonadas a muito tempo. O jovem fantasma acreditava que era por sua causa. 

Trouxe para sua própria casa varias coisas para passar o tempo. Uma TV, um videogame, alguns jogos, filmes. Trouxe alguns livros: Livros acadêmicos, romances, comédias, filosóficos.

A casa tornara-se confortável. Um fantasma precisava de conforto? Não. Mas para um jovem, que perdeu sua ultima companhia, seu desejo de fazer algo sempre esteve lá.

Desejo este que o levou a achar uma velha fita largada em um vhs empoeirado. Toshio levou a fita até sua casa, ligou o aparelho a sua tv, sentou-se no sofá e começou a assistir.

Era uma gravação do que parecia ser uma clareira com um poço de pedra no meio, apenas isso. Toshio chegou a se inclinar para frente para ver se algo mudava, mas nada ocorria. Pensou que a fita estava estragada e levantou-se para desligar o aparelho, quando viu algo na tela. Alguém estava saindo do poço. 

Toshio sentiu-se satisfeito com aquilo e voltou para o sofá para terminar de assistir. A fita parecia cortar alguns pedaços, pois aquela pessoa aparecia cada vez mais perto ao invés de se aproximar caminhando. Era uma mulher. Usava um vestido branco, quase cinza de tão sujo, seus cabelos eram lisos e pretos, tão longos que alcançavam a cintura, tapando completamente sua face. Sua pele era completamente pálida e estava encharcada. 

O fantasma olhou intrigado aquela imagem na tv, se parecia muito com ele. Cabelos longos a muito tempo sem cortar, pele pálida, solitária. Toshio ficou de pé.

No momento seguinte, Samara estava em pé em frente a tv. Sua imagem ainda se assimilava a imagem falhada na tela por alguns instantes, quando finalmente se materializou, molhando o chão ao seu redor e trazendo um odor pútrido para a casa. Toshio ficou boquiaberto com o que via.

Samara começou a se aproximar a passos vagarosos, molhando o chão por onde passava. Sua face carregava uma expressão de ódio. Conforme caminhava, sua expressão era mais evidente. Expressão essa que aos poucos foi se desmanchando ao perceber que sua vítima não se mexia ou gritava. 

Ao parar na frente de Toshio e ficar face a face com ele, compartilhou sua expressão boquiaberta.

—Você... Não tem medo de mim?

—Por que eu deveria?

—Por que sou um fantasma.

—Eu também sou.

—É?

—Sim.

Samara ergueu sua mão para tocar no rosto de Toshio. Sentiu-o tão gelado quanto ela. Toshio, que pela primeira vez teve um momento com uma garota, colocou sua mão nos cabelos de Samara e afastou-os de lado. Ou ao menos tentou, pois a garota se afastou rapidamente gritando:

—O que pensa que está fazendo?

—Bem... Você também me tocou.

—E dai? - Perguntou irada.

Toshio ficou confuso com aquilo. 

—Nada... Apenas... nada.

—Você é idiota assim com toda garota que vê?

—Eu não vejo uma garota faz tempo.

—Como disse? - Falou deixando a raiva de lado por um instante.

—Eu morri quando era criança... só conhecia as da minha escola. Já faz um bom tempo que não vejo ninguém, na verdade.

—Bem... E você não assusta as pessoas também?

—Faz uns 800 anos que ninguém aparece nessa casa.

—Quer que eu chore? - Falou com tom de deboche.

—Não precisa. - Respondeu inocentemente.

—Eu não vou perder mais perder meu tempo aqui. -Disse virando-se e voltando para a tv.

—Espera!

—O que foi?

—Fica mais um pouco.

—Hein?

—Você é a primeira pessoa com quem falo a muito tempo.

—E o que tenho a ver com isso?

Toshio se entristeceu.

—Nada... Pode ir...

Samara voltou a se tornar uma com a fita e voltou para a tela. Aos poucos voltou para o poço e a fita terminou, deixando apenas um chuvisco cinza na imagem.

O garoto sentou-se novamente no sofá e pôs as mãos na cabeça, tentando absorver o que acabara de acontecer.

Em algum lugar fora do plano material, uma garota estava sentada em um poço, abraçando os joelhos com um braço enquanto seu punho fechado tocava seu coração que já não batia a muito tempo, mas sentia algo novo.

Preciso ver esse garoto de novo Pensava.


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