Kuroko no Hajimete escrita por Paloma Machado


Capítulo 2
Para sempre sua Luz


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui é a Misaki ^^

Há coisas que achamos que nunca acontecerão conosco, tipo eu com uma queda de energia bem no último dia de postagem. Talvez agora eu aprenda.
Esse capítulo ficou bem grandinho, cada vez que eu revisava ia ficando maior ahsuahsua.
Bem... Espero que gostem :3



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Kagami estava mais animado do que nunca, finalmente iria se tornar membro oficial de um time de basquete, e o fato se tornava ainda melhor porque Kuroko estaria com ele. Preencheu o formulário e foi até o telhado assim como Riko tinha pedido. A treinadora estava esperando os novatos de braços cruzados, as roupas e os cabelos esvoaçando como uma super-heroína de quadrinhos.

— Finalmente! – fazia uma cara sacana, como se estivesse aprontando algo. – No ano passado os primeiros integrantes do clube fizeram suas promessas aqui, hoje é a vez de vocês. Sei que todos são fortes, mas isso não basta, o time precisa de confiança e ambição.

Os novatos se entreolharam confusos.

— Você é idiota? A reunião matinal começa em cinco minutos – Kagami disse.

— Exatamente o melhor momento para fazerem isso. – Riko apontou para a plateia lá em baixo. – Grite seu nome, ano e objetivo, se falhar em alcançá-lo, terá que voltar aqui pelado e confessar seus sentimentos para a garota que ama.

Kagami estava tranquilo, tinha extrema confiança em si mesmo e também não gostava de uma garota para temer o castigo. Olhou para o lado, Kuroko mantinha sua face inexpressiva como sempre. Então um pensamento fez seu coração acelerar e suas mãos gelarem. Mas bem... Kuroko não era uma garota, será que valeria mesmo assim? Kagami era meio idiota.

Um por um foram até a beirada do telhado e gritaram aos quatro ventos, objetivos diferentes, mas que no fim pertenciam a uma mesma razão. O último era Kuroko, posicionou o megafone na frente da boca e respirou fundo.

— Kuroko Tetsuya, número onze. Como a sombra da luz de Kagami Taiga, farei dele o melhor jogador do Japão.

Todos olharam boquiabertos para os dois, Kagami não sabia se fugia ou se jogava Kuroko prédio a baixo. Novamente constrangido com aquele tipo de declaração, tentou dizer algo, mas apenas gaguejou, o que piorou ainda mais a situação.

— Vocês dois estão... – antes que Riko terminasse sua suposição, o diretor do colégio chegou dando esporro nos arruaceiros.

Alguns dias depois Riko apareceu saltitante no ginásio, Seirin teria uma partida de treino contra o colégio Kaijou, o qual tinha posse de Kise Ryouta, um jogador da Geração dos Milagres. Aquilo definitivamente empolgou Kagami, não esperava que a oportunidade aparecesse tão cedo. Kuroko por outro lado achava que talvez não fosse uma boa ideia, acreditava na capacidade do colega, mas ainda não estava pronto, temia pelos desapontamentos que aquele confronto poderia causar.

Ainda no mesmo dia foram surpreendidos por uma visita inesperada de Kise, que tentou observar seus oponentes em silencio, mas as fãs do modelo e jogador não colaboraram com o plano.

— O-o que está fazendo aqui? – perguntou Hyuuga meio espantado.

— Vim dar um oi para Kurokocchi, éramos melhores amigos no fundamental – Kise esboçou um belo sorriso.

— A amizade era igual entre todos nós – Kuroko disse cortando o barato do loiro.

Os novatos estavam lendo uma revista com artigos sobre Ryouta que diziam o quão incrível ele era, apesar do mesmo afirmar que não passava de puro exagero. Kagami estava farto daquilo, jogou uma bola contra Kise, provocando-o.

— Por que não joga um pouco comigo, bonitão?

O desafio foi aceito, o primeiro a encestar vencia. Kise começou com a bola, olhou para um lado e foi para o outro, enganando Kagami facilmente. Já embaixo da cesta Kagami o alcançou, mas foi driblado com o mesmo movimento que havia feito há poucos minutos atrás durante o treino. Kise parou de correr, voltou pela esquerda e saltou, Kagami pulou e tentou segurar a bola, mas havia se atrasado, Kise enterrou sem dificuldade alguma, fazendo o ruivo cair de bunda no chão.

— Isso foi decepcionante – Kise desdenhou. – Não vim aqui pra sair de mãos fazias, então que tão me devolver o Kurokocchi?

Kagami se levantou, tão surpreso e irritado quanto os outros.

— Eu te respeito muito – o loiro se aproximou de Kuroko – acho um desperdício manter seu talento neste time. O que você me diz?

— É uma honra, mas devo rejeitar sua oferta – Kuroko agradece se curvando de forma respeitosa.

— Por quê? Nós deveríamos sempre vencer!

— Meu pensamento mudou e também fiz uma promessa a Kagami-kun.

Taiga imaginou-se perdendo Tetsuya tão facilmente e isso arrasou seu coração, mas as palavras sérias do pequeno de cabelos azuis afastaram-lhe os pensamentos ruins. Sorriu aliviado, mas daria o troco a Kise.

No dia da partida treino Kagami estava com olheiras e postura curvada, não havia dormido direito, estava empolgado demais pensando sobre como colocaria Kise em seu lugar. Mal colocaram os pés no colégio Kaijou e o loiro apareceu correndo para recepcioná-los.

— O lugar é grande, então vou acompanhá-los – disse simpático como sempre.

— Ah! Muito obrigada – Riko agradeceu se curvando sutilmente.

— Kise... Ei! – Kagami tentou intimidá-lo, mas foi completamente ignorado.

— Kurokocchi... Desde que você recusou meu convite, estive chorando todas as noites – Kise dramatizou. – Nunca fui rejeitado, nem pelas garotas.

— Ande logo e nos mostre o caminho – Kagami estava irritado por ter sido ignorado, e só piorava cada vez que Kise chegava mais perto de Kuroko.

— Poderia parar com a brincadeira? – Tetsuya pediu sem muita delicadeza.

— Hm? Agora estou curioso sobre o cara que tem mudado tanto meu querido Kurokocchi – Ryouta estreitou os olhos e virou-se para Taiga – não estou nem ai pra esse lance de Geração dos Milagres, mas isso aqui eu não posso ignorar. Vou te esmagar com tudo que tenho.

O jogo começou com Kise no banco, pois o treinador era arrogante ao ponto de achar que apenas meia quadra e os outros jogadores seriam o suficiente para acabar com Seirin. Kuroko não queria perder tempo, começou com um roubo de bola seguido de um passe para Kagami, que fez uma enterrada brusca, arrancando a cesta.

— Foi mal – Kagami desculpou-se com o aro ainda na mão.

— Talvez agora você tenha motivos suficientes para nos deixar jogar na quadra inteira – disse Kuroko ao treinador.

Aquilo surpreendeu tanto Kise quanto Kagami. Tetsuya vinha sendo mais audacioso do que o costume. Mas isso só deixava ambos mais motivados.

— Desculpe pela demora – Kise finalmente tinha entrado no jogo.

De praxe começou imitando o lance de Kagami, uma enterrada monstruosa. A partida decorreu de forma absurdamente acelerada, o ataque dos dois times estava a todo vapor, mas devido à baixa resistência física de Kuroko e ao estado irritadiço de Kagami, Kaijou começou a bloquear melhor as investidas, consequentemente mancando mais pontos.

O primeiro tempo terminou e todos se sentaram para descansar. Riko modificou a estratégia, Taiga e Tetsuya teriam que se coordenarem para vencer aquele jogo. O segundo tempo começou e o plano estava dando certo, apesar do trabalho da dupla ainda estar longe da perfeição, logo a diferença de pontos começou a diminuir.

— Kurokocchi... – Kise estava frustrado, tinha aceitado o desafio porque queria acabar com Kagami, mas não esperava que Kuroko fosse apoiar tão firme o novato.

— Kise... Você é incrível. Eu sou fraco e Kagami-kun ainda não está no seu nível – Kuroko admitiu. – Mas juntos somos mais que capazes de lutar.

A cada dia Kagami admirava ainda mais o companheiro de time, suas palavras honestas e cheias de convicção eram o melhor combustível para sua motivação.

Do outro lado Kise tinha chegado ao limite, não estava pensando direito e isso refletia em seu jogo, bolas roubadas de surpresa, cestas interceptadas facilmente. Já não tinha mais controle total sobre o próprio corpo. Numa tentativa de rebote, girou o corpo de maneira desajeitada e sem prestar atenção ao seu redor, acabou acertando em cheio Kuroko que estava atrás de si, ferindo-o no rosto.

— Kuroko! – Kagami correu até o jogador caído no chão. – Você está bem? – segurou seu rosto entre as mãos, analisando-o preocupado, havia sangue do topo da testa até o olho direito.

— Tragam um kit de primeiro socorros! – Riko pediu aos reservas.

— Tudo bem, só me sinto um pouco tonto – Kuroko se levantou, mas assim que se pôs de pé, apagou e tombou para trás.

Antes que caísse Kagami o pegou no colo, levando-o até o banco onde Riko cuidaria dele. O jogo ficou por conta dos veteranos, estavam conseguindo se manter bem, mas conforme os minutos foram se passando, a exaustão foi se tornando aparente.

— Estou indo – Kuroko se levantou.

— Ei! Ei! – Riko o barrou. – O que pensa que está fazendo?

— Tenho que ajudá-los – Kuroko deu um passo adiante – não posso preocupar o Kagami-kun.

Riko acabou cedendo, mas avisou que se notasse qualquer problema, o substituiria imediatamente. Kuroko entrou recebendo o olhar apreensivo de Kagami. Ficaram se encarando por alguns segundos, até que o ruivo sorriu e relaxou os ombros. Do outro lado da quadra Kise invejava a cumplicidade dos dois.

Em poucos minutos a dupla conseguiu marcar vários pontos, empatando o placar. Mas então uma aura estranhamente feroz foi sentida. Se Kise não poderia ter Kuroko, ninguém mais teria. Pegou a bola e driblou os dois primeiranistas como se fossem meros cones no meio de uma pista, enterrando a bola na cesta com uma aterrisagem exageradamente chamativa.

Faltando dez segundos para o fim da partida e com o placar empatado, Seirin correu para marcar os dois pontos. Kuroko estava com a posse de bola e, ao contrário do que Kise pensou, lançou a bola em direção à tabela. De repente algo voou, era Kagami saltando para pegar a bola numa ponte aérea. Kise pulou na vã tentativa de conte-lo, mas Taiga não parava de subir, seus saltos poderosos eram a representação de sua força. Agarrou a bola com as duas mãos e encestou no exato momento em que o apito soou, indicando o fim do jogo e a vitória de Seirin.

Kagami Taiga tinha conseguido sua primeira vitória contra a Geração dos Milagres, e sabia que não teria conseguido sozinho. Correu até Kuroko e o pegou pela cintura, erguendo-o.

— Nós conseguimos! – vibrou Kagami.

— Sim – Kuroko sorriu. Sua maior felicidade era deixar o outro feliz.

Depois de deixarem o colégio Kaijou, levaram Kuroko ao hospital para ter certeza de que estava tudo bem. Saindo com apenas uma receita de analgésicos, todos finalmente puderam comemorar a vitória, aliviados. Queriam comer alguma coisa para celebrar, no entanto era impossível sem nenhum tostão no bolso. Mas não para Aida Riko.

— Não aguento mais – Hyuuga e os outros estavam espalhados pela mesa do restaurante.

"Coma um bife de quatro quilos em trinta minutos e ele sai de graça". Era o que estava escrito na faixada, Riko achou uma excelente ideia.

— Tragam para cá – Kagami foi a ruina do proprietário do estabelecimento.

Em meia hora comeu o bife dele e o restante de todos os outros. Foram chutados do lugar, com o dono gritando para nunca mais voltarem.

— Bom, então vamos pra casa. Estão todos aqui? – Riko perguntou.

— Kuroko sumiu – disse Hyuuga ao constatar que o garoto não se encontrava atrás deles.

Pouco antes de terminarem a refeição, Kise chamou Kuroko para conversar numa praça ali perto.

— Como está seu machucado? – Kise perguntou, mesmo não se importando muito.

— Está melhor – Kuroko respondeu, acompanhando o até o banco do parquinho.

— Primeiro você me rejeita, depois perco o jogo – Kise se sentou no encosto do banco – está dando tudo errado na minha vida.

— Sinto muito.

Kagami se separou do grupo para procurar por Kuroko, caminhou até a quadra de basquete da praça e deparou-se com uma partida de rua, era bom ver aquilo, fazia-o relembrar os velhos tempos. Mas então seus olhos se atentaram a outra coisa, do outro lado pode ver Kise e Kuroko conversando. Seu coração acelerou.

Sobre o que estariam falando? Aquele idiota ainda não havia desistido? O ciúme fez seu peito doer.

— O que eu queria saber mesmo... – Kise girou a bola na ponta do dedo indicador e a jogou para Kuroko. – Por que você sumiu depois do fundamental?

— Eu amava o basquete, mas os métodos da Teiko, de buscar a vitória a qualquer custo, começaram a me fazer odiar o esporte. Então eu conheci o Kagami-kun e me impressionei – Kuroko fez uma pausa, analisando a expressão conturbada de Kise – ele ama o basquete do fundo do coração e o leva a sério mais do que qualquer um.

— Ainda não entendo, mas de uma coisa eu sei... Se você gosta tanto dele por causa da sua postura no basquete, um dia vão acabar se separando – Kise jogou a aquilo como uma granada.

Kagami estava na entrada do parque, rente à tela, ouvindo cada palavra.

— Ele ainda está aprendendo, mas tem uma habilidade única, assim como nós – Kise continuou, puxando o pino da bomba – assim que ele chegar ao nível da Geração dos Milagres vai abandonar o time. Você acha que ele não vai se tornar outra pessoa?

Kagami não esperou pela resposta, interrompeu dando um tapa nas costas de Kuroko.

— Maldito. Por que desapareceu assim?

— Você estava escutando? – Kise perguntou.

— Até parece. Por que diabos sequestrou ele?!

— Eu só queria conversar um pouco, não estou tentando roubá-lo de você.

Enquanto os dois discutiam, um grupo de delinquentes procurava encrenca com os garotos que estavam jogando basquete na pequena quadra. Tetsuya tentou intervir, mas era tão inútil que teve de ser protegido por Taiga e Ryouta. Cinco contra três, e uma surra bem dada no basquetebol.

— No que estava pensando? – Kagami brigou com Kuroko. – Achou que poderia vencer caso virasse uma briga de verdade?!

— Não. Eles definitivamente teriam me espancado – Kuroko afirmou. – Mas o que eles estavam fazendo era horrível.

— Você deveria pensa antes de agir!

— Desculpe... E obrigado por me salvar.

— Ah... É... – Kagami foi pego de surpresa, coçou a nuca virando o rosto para o lado, tentando esconder as bochechas quentes. – Não há de quê.

Kise notou o clima e decidiu não atrapalhar mais – foi bom jogar com você, Kurokocchi – pegou a bolsa e foi embora.

— O que você ouviu? – Kuroko perguntou a respeito da conversa dele com Kise.

— Sobre nós nos separarmos. – Kagami se aproximou, tocando os cabelos de Kuroko – você disse que seria a sombra que me faria alcançar o topo... Então eu vou me esforçar para ser a sua luz, assim nunca nos separaremos.

 

As preliminares do torneio Interescolar começaram e Seirin venceu partida após partida. Acolheram um cãozinho abandonado na rua para ser o mascote do time e o apelidaram de Tetsuya numero dois, mas Kagami não se dava tão bem com ele como com Kuroko.

Depois de garantirem a posição na liga, Riko decidiu fazer mudanças no modo de treino, começaram a fazer os alongamentos na piscina, pois a água exigia mais força para realizar os movimentos.

— Ok. Um minuto para descansarem.

Kagami estava no banco encarando o pequeno numero dois.

— Que gracinha! – uma garota de longos cabelos rosa apareceu de biquíni.

— Quem é você? – Riko perguntou tirando o apito da boca.

— Momoi Satsuki. Sou a namorada do Tetsu-kun.

— Quê?! – todos se espantaram. Como Tetsuya, o cara quieto e sem presença, tinha uma namorada tão bonita e de corpo escultura como aquela.

— Não, não. Ela era minha gerente no fundamental – Tetsuya explicou saindo da piscina.

Momoi correu até ele, apertando-o com seus seios fartos. Kagami olhou feio e bufou. Numero dois também não simpatizou com a garota, esquivando toda vez que ela tentava lhe fazer um carinho na cabeça.

Satsuki fazia parte da Geração dos Milagres como gerente do time, agora era assistente da Touou, colégio onde estava Aomine Daiki. Não havia alguém melhor no quesito de informação, ela sabia tudo sobre todos e com base nos dados podia até prever o que se tornariam.

A garota começou a aparecer mais vezes, isso irritava Kagami, mesmo que Kuroko não correspondesse às investidas dela e negasse que eram namorados. Certo dia, no fim da tarde durante uma chuva forte, ela apareceu encharcada no ginásio do colégio Seirin.

— O Tetsu-kun está?

— Não, mas... – os garotos ficaram hipnotizados pelo belo sutiã que aparecia sob a camisa branca molhada.

Riko deu um soco em cada um e os mandou correr no temporal. Emprestou uma toalha e uma blusa para que Momoi não ficasse resfriada, ligou para Kuroko e os outros, que algum tempo depois chegaram.

— Tetsu-kun! – Momoi correu ao seu encontro, se jogando sobre o pequeno rapaz.

Kagami a tirou de cima dele e a fez sentar numa cadeira.

— O que houve Momoi-san? – Kuroko perguntou lhe dando uma lata de chá quente.

— Acho que o Aomine-kun me odeia – ela tinha lágrimas nos olhos. – Ele não participou dos jogos, devido aos machucados nos cotovelos.

A Geração dos Milagres era esplendida, mas tanto talento tinha um preço. Seus corpos ainda não estavam desenvolvidos o suficiente para aguentar tanta força, assim o esforço excessivo e mal gerenciado prejudicava seus corpos.

Momoi notou isso e fez com que o técnico da Touou deixasse Aomine no banco, pois estava preocupada e queria o melhor para o amigo. Daiki logo descobriu e se sentiu traído, gostava de ser o único a deter os completos cuidados da garota, apesar de fingir com um pouco de arrogância, mas aquilo tinha ultrapassado os limites.

— Já falei pra parar de se meter! Não mostre mais essa cara feia pra mim! – Aomine gritou sem pensar, mas logo se arrependeu ao ver as lágrimas se formando nos belos olhos da garota. – Satsuki... Ei! – tentou chamá-la, mais já era tarde. Ela jogou os livros na cara dele e saiu correndo.

Momoi terminou de contar a história a Kuroko, as mãos apertadas sobre o colo.

— Você não gosta do Kuroko? – Kagami disse rispidamente. – Então por que liga se o Aomine não gosta de você?

— Sim, mas Aomine é meu amigo, tenho que cuidar dele – Satsuki começou a chorar copiosamente.

Todos olharam feio para o ruivo. Ele não era nada delicado.

Kuroko afagou a cabeça da garota para acalmá-la, dizendo que Aomine jamais ficaria bravo com ela por causa daquilo.

— Vamos pra casa, eu te acompanho – sugeriu logo sentindo um peso sobre as costas. Era o olhar aborrecido de Taiga.

Sabia que era errado sentir-se bem com o sofrimento do outro, mas não podia negar que gostava da sensação de ser desejado por ele. Achava o ciúme do ruivo extremamente atraente.

 

Seirin avançou na tabela, mas ainda lhes faltava muito para chegar a final. A derrota contra Aomine havia sido devastadora, mas todos eram teimosos o suficiente para não desistirem perante a primeira grande dificuldade. Treinariam muito mais, melhorariam suas habilidades e aprenderiam novas técnicas.

Agora com o fundador do time, Kiyoshi Teppei, iriam com tudo para a Wintercup, mas antes disso alguns integrantes precisavam de tênis novos.

Kagami estava plantado na frente da casa de Kuroko, o frio na barriga o incapacitava completamente. Depois de tantos jogos juntos, de dificuldades superadas e horas exaustivas de treino, sentiu que já estava mais do que na hora de dar um passo adiante. Não poderia correr mais riscos, gostava do pequeno e queria tê-lo somente para si. E isso não dizia respeito apenas ao basquete.

Infelizmente sua coragem parecia estar totalmente concentrada nos desafios do esporte, pois o dedo indicador tremia sobre o botão da campainha, na dúvida se tocava ou não.

— Bom dia Kagami-kun – Kuroko apareceu ao seu lado.

Kagami se assustou, fazia tempo que não experimentava aquela sensação. Apoiou-se no portão, com a mão direita sobre o peito.

— Não me assuste desse jeito!

— Desculpe, mas é você quem está parado na frente da minha casa como um perseguidor.

Realmente era o que o ruivo parecia.

— Estava me procurando? Fui comprar algumas coisas – Kuroko carregada uma sacola de mercado.

— Ah sim... Eu... – Kagami desviou o olhar, passando a mão pelos cabelos vermelhos.

Como perguntaria aquilo? Parecia ter sido tão fácil das outras vezes. Talvez porque não fossem tão especiais como aquela.

— Poderia se apresar, por favor. O leite vai azedar – Kuroko abriu o portão.

— Espere! – Kagami o segurou pelo pulso. – Quer sair comigo?

— Está me chamando para um encontro? – Kuroko era bem direto quando queria.

— Sim! Não! Quer dizer... – Kagami se enrolava cada vez mais e o rubor em suas bochechas divertia Tetsuya. – Preciso de um par de tênis novos, os meus rasgaram – usou como desculpa, mas a verdade é que vinha pensando há dias em como fazer aquele pedido.

— Que coincidência, os meus também estragaram. Espere um minuto – Kuroko guardou as compras e trocou de roupa – podemos ir.

Pegaram um ônibus até o centro, passaram a manhã toda vasculhando as lojas e nada de encontrar um sapato grande o suficiente para Kagami, diferente de Kuroko que encontrou logo na segunda loja que entraram. Japoneses geralmente tinham estaturas mediano-baixas, então era difícil encontrar produtos para os mais altos.

— Estou com fome – Kuroko murmurou.

— Certo, vamos almoçar, eu pago – Kagami disse.

Kuroko se ofereceu para pagar a metade da conta, mas seria injusto. Enquanto Kagami comia um boi inteiro, ele se satisfazia com apenas um x-salada e um milk-shake. Sem sucesso na busca pelos tênis, decidiram visitar o pequeno parque de diversões que tinha inaugurado na cidade. Pelo caminho Kagami parou na frente de uma joalheria, observando os anéis expostos na vitrine.

— Qual você compraria?

— Que rápido – Kuroko arregalou os olhos.

— Não! Digo... Se fosse pra Momoi, por exemplo – Kagami se doeu para pronunciar aquelas palavras.

— Vejamos – Kuroko se aproximou do vidro e apontou – aquele ali.

Um par de alianças de aço com o desenho de uma batida cardíaca feito em ouro. Kagami conteve um sorriso, também havia gostado daqueles.

No parque descobriu-se que Taiga era na verdade um grande medroso, não que Tetsuya tenha aguentado tempo o suficiente na montanha russa para ver a cara dele. Foram na roda gigante, no carrinho de bate-bate, Kuroko tentou ganhar algo naquelas barraquinhas de jogos, mas sua mira era horrível. No fim esbarraram com um passeador de cães e Kagami entrou em pânico, correu até a saída e se escorou na cerca.

— Toma – Kuroko estendeu a mão com um sorvete.

— Obrigado, mas... O que é isso? – o ruivo perguntou.

— Pra você se acalmar.

— Hm... – Kagami deu uma lambida no doce gelado. Realmente fazia bem.

Decidiram voltar para casa a pé, passando pela costumeira praça com a quadra de basquete e acabaram se encontrando com Momoi e Aomine.

— Aomine acabou de comprar dois pares de tênis e aposto que são do mesmo número que o seu – Momoi disse depois de Kagami contar sobre a frustrante busca. – Você podia dar um para ele Dai-chan.

— Tudo bem, mas só se me vencer no mano-a-mano – Aomine ofertou.

Claro que Kagami não recusaria, mesmo que as chances de ganhar fossem mínimas.

— Então vocês se reconciliaram? – Kuroko perguntou, se sentando no banco com Momoi.

— Sim... Você tinha razão, ele não ficou bravo comigo – a garota esboçou um sorriso tímido.

— Então também estão em um encontro?

— Não! – ela negou veemente. – Espera... Vocês estão em um encontro duplo? Eu as conheço?

— Somos apenas eu e Kagami – Kuroko respondeu naturalmente.

— Você e o Kagami-kun... – Então tudo fez sentido para Momoi. Era por isso que Kuroko não correspondia aos seus flertes. Olhou distraída para os dois rapazes jogando.

— Você gosta do Aomine-kun?

— Sim, muito. Apesar de ser um preguiçoso, cabeça dura e maldoso.

— Ele também gosta muito de você – Kuroko revelou, deixando a garota surpresa – se preocupa com você e sempre te protege, mesmo que seja da maneira rude dele.

Kagami e Aomine terminaram o jogo e se juntaram aos dois no banco.

— Então? – Kuroko perguntou sobre a aposta.

— Ganhei facilmente, como sempre – Aomine respondeu desapontado.

— Me de outra chance! Preciso mesmo desses tênis, por favor! – Kagami implorou.

— Não estou afim. – Daiki bocejou, pegou uma das caixas na sacola de compras e deu para Kagami – pode ficar.

— Muito obrigado – Kagami estava radiante com os sapatos novos.

— Por que está com essa cara, Satsuki? Kuroko finalmente te assustou, foi? – Aomine gargalhou.

— Contei que você está apaixonado por ela – às vezes Kuroko era pior que Kagami, realmente não pensava antes de falar. Ou talvez fosse de propósito.

— O quê?! – Aomine deu um grito parecido com o grasnido de um pato, olhou para Momoi e corou da cabeça aos pés.

— Vamos! – a garota de cabelos rosa se levantou – você ainda tem que me pagar o jantar.

— Por quê? Isso não é um encontro! – Aomine reclamava enquanto era arrastado pela rosada.

— Agora é – antes de dobrarem a esquina, Momoi se virou e piscou para Kuroko, como se estivesse agradecendo.

— Não entendi nada – Kagami ainda babava em cima dos tênis.

Kuroko fechou a caixa, chamando sua atenção.

— Estamos em um encontro, certo?

— Ah, bem... Sim – Kagami respondeu, ainda se envergonhava um pouco com aquelas coisas.

— Então estamos apaixonados? – Kuroko o pegou desprevenido com aquela pergunta tão intimidante.

Kagami travou, não sabia o que dizer, apesar de entender perfeitamente o que sentia.

O garoto de olhos azuis suspirou e foi andando na frente, mas de repente sentiu uma mão grande e quente segurar a sua.

— Sim – Taiga respondeu com os lábios bem próximos a orelha de Tetsuya.

— N-não faça isso! – o garoto arrepiou-se, corando com o contado mais íntimo.

Foi então que Kagami contemplou uma das expressões mais belas de Kuroko, seu coração acelerou, sentiu uma vontade quase incontrolável de abraçá-lo. No entanto, se conteve, saiba que não deveria apresar as coisas, tinha que aproveitar ao máximo aquele momento.


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