Tempestade escrita por NathyYellow


Capítulo 2
Pink & Gun's


Notas iniciais do capítulo

E o prompt dessa semana é: A primeira vez que saimos juntos! Espero que gostem!


Link das duas músicas citadas no capitulo!

Sweet Child O'Mine: https://www.youtube.com/watch?v=1w7OgIMMRc4
Brain Damage: https://www.youtube.com/watch?v=Zt35aI12m9s



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Fazia quase dois dias que eu não comia nada, sentia meu estomago roncar, mas me recusava a roubar algo.

Senso moral e bla bla bla, isso que acontece quando você é criada com um advogado é assim que a vida é. Você cria essas merdas de valores. Eu tinha o cartão de credito do meu pai humano, na real, ele que realmente foi meu pai. Sei que dizem que os deuses sempre estão olhando por nós e todas essas merdas, mas a única deusa que eu vi olhando por mim, foi Hera.

E digamos que ela faz a rainha má da Branca de Neve, parecer um anjo. Ter atenção de Hera quando se é filha de Zeus nunca é uma coisa boa, ainda mais quando ela te odeia pelo fato de você existir.

Não sabia porque estava pensando na minha antiga babá nesse momento, isso ai, babá. Ela veio me olhar de pertinho para confirmar se eu não morria de uma vez, talvez fosse a fome que estivesse dando esses pensamentos perturbados em mim.

Considerei enfim, tirar dinheiro da conta que meu pai enviava todo o mês para os meus “estudos na Irlanda”. Sim eu tinha soltado que agora estava fazendo faculdade por lá, e que era bom e divertido, enviava e-mails sempre que podia, com fotos editadas de uma vida normal. Sem condição, ele não podia saber que eu estava na Argentina, por vários motivos, eu tinha prometido a mim mesma que nunca usaria o dinheiro dele para o que não fosse o que ele designou.

Fora que ficar em abrigos não era a melhor das opções, nas duas vezes eu encontrei monstros disfarçados, desde então estava dormindo na rua praticamente. Olhei para o caixa de dinheiro perto do supermercado, não tinha ninguém naquele horário, dez da noite, me aproximei devagar olhando para ele, engoli em seco, o senso de moral apitava, mas o de necessidade falava ainda mais alto. Talvez eu devesse arrumar um emprego. Mas para isso eu precisava ficar no mínimo decente.  Estendi a mão para o caixa e o toquei, agora era questão de cuidado para não fuder com nada indevido, eu só queria o dinheiro, pensei em dar um curto nele e arromba-lo, mas o que aconteceu foi muito mais simples e pratico.

Já viu aqueles jogos, que encostam e maquinas e elas automaticamente são hackeadas? Então. Foi isso o que houve. Não me pergunte como, eu na maior parte das vezes mal entendo os meus  poderes, é difícil treinar quando qualquer coisa idiota chama atenção de todos os monstros numa área de um quilometro de distancia.

Por isso, eu consegui tirar 600 pesos da máquina, em notas de cinquenta e cem. Tinha visto um hotel barato próximo dali, seria o bastante para passar a noite sem ser ao relento, pedir algo para comer ao serviço de quarto e procurar um emprego no dia seguinte. Eu me sentia mal por roubar, não foi algo ruim, dinheiro fácil era tentador, mas não queria abusar da pouca boa sorte que eu tinha às vezes.

Para confirmar eu me afastei mais de dois quilômetros para achar o hotel, a recepcionista olhou feio para as roupas com terra, mas o que eu podia fazer se a cada dois ou três dias aparecia um monstro brotado do inferno para atacar?  Era complicado manter as roupas limpas e perfumadas daquele jeito.

Mas ela logo ficou mais tranquila quando viu que tinha dinheiro, indicando o quarto obviamente mais barato, mesmo que eu gostasse do mais alto, era bom estar no mais baixo por ser mais fácil de fugir se precisasse, era só pular a janela e correr.

Desde que havia encontrado o caranguejo gigante havia se passado uma semana, eu também não tinha visto mais o filho de mania. Aproveitei para tomar um longo banho e também lavar a muda de roupa, mas ainda aquele garoto estava na minha cabeça enquanto pensava nisso. O que era ruim, ele era gato, mas as probabilidades de encontra-lo novamente eram quase nulas. E era melhor daquela forma.

Mesmo que estivesse no fundo curiosa, a parte racional do meu cérebro dizia que era melhor daquele jeito e logo eu estaria fora da Argentina, e foi com esse pensamento que eu fui para cama, para simplesmente apagar pela primeira vez em um mês.

No dia seguinte eu tinha procurado emprego por lojas de roupas e sapatos, e nada, em restaurantes comuns de garçonete, e nada também, eles exigiam currículo e experiência sempre, coisa que eu não tinha, nem podia dar meu verdadeiro nome.

Só foi a noite, quando eu tinha desistido já e aceitado que eu teria que viver do crime, ajeitei a toca de lã preta na cabeça, pensando que Leo estaria brigando comigo, ou talvez Truce e Matthew, mas o que eu podia fazer? Ao menos não estava assaltando pessoas diretamente, até porque se eu ameaçasse um humano com uma espada ele provavelmente acharia que eu estava zuando com a cara dele.

Foi quando eu achei um bar numa das ruas, seu nome era Olympus, o que já me fez desconfiar na hora. Quando se é uma semideusa, essas coisas nunca. NUNCA. É coincidência, o meu cérebro dizia para eu correr dali o mais depressa possível que ia dar merda.  Eu o ouvi? Obviamente que não.

Estava com roupas sociais, que definitivamente não combinavam em nada com a pegada Rock in Roll da fachada, por algum motivo eu imaginei Zeus, Poseidon e Hades fazendo um trio de Heavy Metal, o nome deles seria Titan’s Killer. Ok. Essa foi péssima até para mim, quando eu ficava nervosa e queria me distrair eu inventava piadas ruins como essa.

O bar estava lotado de pessoas com motos harley dadvison dos mais diversos anos, e outras que não reconheci de imediato. Os caras eram altos e tinham cabelos longos, e outros totalmente raspado e cheio de pirciengs, era uma mistura de Heavy Metal, Punk, góticos e todos os estilos que você possa imaginar, eles não prestaram muita atenção em mim, no máximo deviam achar que eu nem conhecia as bandas que estavam na camisa deles.

As garotas variavam também entre esses estilos e garrafas de cerveja na mão, elas definitivamente me notaram, algumas me olhavam com cara de “o que essa patricinha ta fazendo aqui”. Ok. Eu deveria ter trocado de roupa. Meu pai aprovaria aquele estilo, mas naquele ambiente... E em muitos outros era simplesmente uma merda.

Eu entrei no bar depois de conseguir passar pela enorme quantidade de gente na calçada, porque eu estava entrando ali? Não sabia. Sinceramente, algo me impelia a entrar, e meu cérebro falava que era uma armadilha. Olhei ao redor, tinha mesas de madeiras, decorações com clássicos do rock, e outras bandas, um estilo que eu com certeza poderia passar horas no local, o balcão do bar estava cheio de gente pedindo coisas, tirei o blazer e me aproximei devagar,  as mesas estavam todas lotadas, então era simplesmente sem condição, tinha uma área com um palco, e alguns rapazes arrumando os instrumentos, com certeza teria um show ao vivo ali. Só esperava que não fosse o da minha morte.

Me virei para prestar atenção no bar e pedir alguma coisa, talvez valesse a pena, uma cerveja só não faria mal depois daquele dia, e não me deixaria bêbada para caso desse merda.

— BOA NOITE! DÊEM AS BOAS VINDAS AO REDCROWN! — Uma voz masculina falou no microfone, não dei muita atenção para não perder a minha vez, mas todos aplaudiram ansiosos, eles deviam ser famosinhos ali.

A musica começou a tocar logo em seguida, eu conhecia fazia anos. Pink Floyd, Brain Damage. Todos aplaudiram, ao reconhecer, o cantor da banda começou a cantar, eu não reconheci a voz naquele momento.  Mas ele cantava bem, dava um frio na espinha, como se eu pudesse sentir a emoção que ele passava.

Peguei a cerveja e paguei por ela, a abrindo devagar e levando até a boca, até ouvir essa parte da musica.

The lunatic is in my head

The lunatic is in my head

You raise the blade, you make the change

You rearrange me 'til I'm sane

You lock the door and throw away the key

There's someone in my head, but it's not me

Eu quase engasguei com isso. A voz era de Diego. Eu me virei com os olhos arregalados,  e realmente era ele ali. Olhando diretamente para mim, não parecia tão surpreso, mas ele voltava a cantar com emoção, estava com uma camiseta preta, jaqueta de couro e uma jeans escura.

E eu fiquei ali, parada igual uma idiota olhando o cara cantar com a banda dele, que nem prestei atenção no resto dos integrantes, mas que porra era aquela? Sério se as deusas do destino ainda estivessem por ali, deveriam estar rindo da minha cara naquele momento.

Consegui abrir um sorriso mínimo e levantar a cerveja como se estivesse brindando, aproveitei para curtir o show, afinal, já que estava no inferno era melhor sentar no colo do capeta de uma vez.

Ele cantou outras sete musicas, variava entre Nirvana, Pink Floyd, Gun’s and Roses, que foi a ultima, Sweet Child O’Mine. Ele cantava isso olhando diretamente para mim. Era impossível não pegar a indireta, ainda mais por essa parte.

She's got eyes of the bluest skies

 if they thought of rain

I hate to look into those eyes

And see an ounce of pain

A voz dele tinha potencia e força, que podia facilmente estar tocando em grandes shows, não era atoa aquele bar lotado, ele tinha um carisma de palco. Se ele soubesse que aquela foi a primeira musica que aprendi a tocar na guitarra o que diria?

Olhar para Diego no palco, era como ver um mundo de novas possibilidades, mas algo me dizia, algo no fundo do meu ser, que ele era problema. E dos bem grande.

Pergunta se eu ouvi essa parte? Claro que não. Estava mais preocupada em olhar para ele cantar e me admirar, porque ele parecia sete vezes mais bonito que naquele bar.

Ah não. Que ótimo, agora eu tinha um crush no cantor de cover de bandas clássicas de rock que por acaso também era um semideus. Que original, Celine.

Eu queria sair andando dali, e foi o que eu fiz dessa vez, a musica chegando nos acordes finais, era difícil se locomover no meio de tanta gente, aquilo ia dar merda, então era melhor eu sair logo e apagar da memoria Diego no palco cantando.

Claro que não ia ser tão simples assim. Eu senti uma mão segurando o meu ombro me impedindo de voltar a andar.

— Me solta! Seu... — Me virei para dar de cara com Diego, com o mesmo sorrisinho de uma semana atrás.

— Você é sempre esquentadinha assim? — Ele perguntou me soltando, eu abri a boca para falar algo, mas não saiu nada. — E não sabia que era uma empresaria rica. Estava com roupas bem diferentes aquele dia. Me enganou.

— Eu... Eu não sou. Eu só estava de passagem aqui. Estava procurando emprego, eu odeio usar essas merdas.

— Então porque ia num emprego que precisasse usar? — Ele perguntou direto erguendo a sobrancelha para mim como se fosse a questão mais simples do mundo.

— Porque eu preciso de dinheiro. Por esse simples fato. — Respondi cruzando os braços, ele parecia achar graça da minha reação.

— Ainda repito a minha pergunta. Tem outras formas de ganhar dinheiro.

— Olha eu não vou traficar drogas ou roubar. — Respondi brincando, e completei. — Nem me prostituir, não to tão desesperada assim.

Ele riu dessa vez.

— Vamos fazer assim então, você fica comigo e meus amigos essa noite, bebemos e curtimos e amanha eu te falo uma forma de arranjar emprego fácil, sem precisar roubar, matar, vender seu corpo ou traficar drogas. E que não precise usar essas roupas. Apesar de ficar bem nelas, prefiro aquele seu outro estilo.

Eu olhei pasma para ele, não deveria ter porra de emprego nenhum, eu sabia disso. Por isso na minha cabeça eu recusei o convite dele e sai andando para fora daquele bar e esqueceria de tudo como no plano anterior.

— Beleza então, percebe que essa proposta parece o tipo de coisa que se diz antes de sequestrar alguém, e que eu deveria sair correndo nesse instante não é? — Eu perguntei com um sorriso para ele. Claramente eu não estava afim de ouvir a parte racional do meu cérebro hoje.

— Sim. — Ele respondia na cara de pau, como se fosse a intenção parecer daquele jeito. — A pergunta é, vai arriscar ser sequestrada por mim? — Ele perguntava em tom que lembrava algo como brincadeira, mas eu não sabia dizer se era mesmo.

— Já passei por coisas piores que tentativas de sequestro. E se tentar... Você vira churrasco. — Eu falei ameaçando mesmo que o tom não fosse de ameaça. Ele não pareceu levar a sério.

— Vem comigo, Celine. Vou te apresentar os caras da banda. — Ele nem esperou eu realmente confirmar ou dizer sim.

Dessa vez ele não segurou meu braço, eu só o segui olhando o cabelo dele que descia em cascata negra até o meio das costas, apesar disso parecia que tinha saído de um comercial de shampoo. Não que eu tivesse prestando muita atenção. A maioria dos semideuses são bonitos, acho que vem dai o termo “deus grego”. Uns só são mais bonitos que os outros.

— Hey, você tem um apelido, é melhor que te conheçam por ele. — Ele falou por cima do ombro.

— Er... — Nenhum apelido vinha a minha mente sem ser coisas constrangedoras que meu pai e minha mãe me chamava, como little bear, ou candy, ou sunshine.

Diego pareceu notar minha hesitação e parou se virando para mim, me analisando de cima a baixo, eu senti meu rosto esquentar e desviei o olhar um pouco irritada.

— Quer uma foto? Dura mais. — Eu falei num tom um pouco ofensivo.

— Skye. Acho que combina com você, e se quiser tirar uma foto para mim, eu não vou reclamar. — Ele falou piscando. — Aqui me chamam de Trelós.

— Louco. — Acabei rindo, decidindo ignorar o primeiro comentário. — Em grego. Que ironia.

— Era a intenção. — Ele falou rindo o som aumentava nas caixas e outra banda entrava para um som de rock mais pesado. — E ai cambada.

— Trelós, o caralho, onde cê foi? — Um dos integrantes perguntou, tinha olhos escuros e um porte físico grande, eu o reconheci brevemente como sendo o baterista. Ele parecia meio pistolado, até me encarar. — Ah, entendi tudo. Essa é a garota que você não para de falar tem uma semana.

— Ela mesma. — Diego confirmou. — Skye, esse é o meu amigo e baterista...

— Brutus. Porra eu não sabia que você gostava das chiques agora. Filho de Ares. — Ele piscou como se fosse uma brincadeira, um filho de Ares com o apelido de Brutus, estava realmente faltando originalidade nos apelidos. Perai... Ele tinha falado de mim a semana inteira? Que? Como assim? Tive que tirar o pensamento da minha cabeça, maldito déficit de atenção.

— Prazer, Brutus. E parece que ele gosta da patricinha aqui mesmo. — Eu disse em tom irônico. O que levou os outros dois caras a rirem.

— Eu sou Flynn, filho de Ênio. — O outra rapaz falou, ele tinha um porte encatador, cabelos loiros escuros presos num coque samurai, e olhos que pareciam agitados, mas não de forma ruim. Ele era o cara do baixo. Retirava o que disse da originalidade, mas algo nele me dizia que talvez fosse o mais perigoso da banda.

— E eu sou Grapel. Filho de Dionisio. — O rapaz piscou para mim. Tinha cachos escuros que modelavam o rosto, os olhos violetas, ele parecia um pequeno querubim, se não fosse os músculos e as tatuagens, e talvez o fato dele estar com uma garrafa de vinho na mão.

— São todos... Semideuses. — Eu falei um pouco surpresa. — Como...

— Como não somos atacados por monstros? Primeiro, tem um bando de humanos aqui que disfarçam nosso cheiro, segundo eu e o Flynn espantamos monstros, graças a nossos parentes divinos, e talvez eu possa confundi-los com alguns truques. Eles não conseguem achar esse lugar. — Diego falava vitorioso.

Eu abri a boca, mas nada saia. Um local seguro, teoricamente, livre de monstros, não. Aquilo estava bom demais para ser verdade, decidi ignorar a informação e então me sentei ao lado de Brutus.

— Então, quando eu vou mostrar para vocês o quanto essa patricinha pode beber?  — Disse com um sorriso para eles.

Diego pegou a cadeira e chamou o garçom que imediatamente o atendeu como se ele fosse vip, trazendo vodka com energético, uma garrafa de tequila com sal e limão e uma garrafa de rum.

Eu arregalei os olhos ao ver aquele bando de coisa.

— Trélos, não assuste a garota. — Grapel falava com um sorriso de divertimento no rosto.

— Eu? Você acha que ela se assusta com uma coisinha dessa? — Diego falava em claro

— Eu não estou assustada, mas vocês não vão voltar para o palco? — Falei o olhando. — Afinal o clube é de vocês não é?

— Sim, mas não se preocupa, o Grapel ele pode ficar sóbrio ou nos deixar sóbrios se precisar. — Diego dizia sorrindo. — Acabou as desculpas?

— Eu não estou dando desculpas! — Protestei. Meu cérebro dizia má ideia. Leo também diria que seria. Mas Leo estava morto. Peguei uma dose de tequila, colocando molhando o limão no sal e mordendo antes de virar, e olha-lo erguendo a sobrancelha. E aos outros dois que ficaram surpresos. — E ai, vocês machões vão só olhar a garota bebendo? — Eu disse para Brutus e Flynn, Brutus pegou uma dose de vodka pura e virou, enquanto Flynn pegava uma de rum.

Diego ficou com a Tequila também.

Essa é a ultima parte que eu me lembro com clareza naquela noite. E olha, que eu tenho memoria fotográfica.

Começamos a beber muito, e logo estávamos rindo como se nos conhecêssemos a vida inteira. Diego dizia algumas coisas e passava cantadas, a qual dessa vez, eu não via problema algum em retribuir como se estivesse zoando, talvez a bebida em meu sangue tivesse me dado um pouco de coragem demais.

Lembro que levantamos para dançar depois que a garrafa de rum acabou, não lembro a musica que estava tocando, só sei que pulávamos que nem doidos, e senti alguém bater em mim, tava tendo um bate cabeça ali do lado, que Brutus foi animadamente para lá junto com Flynn, era quase injusto com os humanos dali ter que fazer isso ao lado de semideuses, uma parte minha pensou e a outra tacou o foda-se.

Não sei quando nem como, mas estava numa parte de fora para fumantes junto com Diego, estávamos apenas nós dois eu nem sabia que horas eram, nem me importava em saber, ele me ofereceu um cigarro, eu nunca tinha fumado na vida. Mas eu pensei, porque não? Estava sendo tão cautelosa esse tempo todo, e fazia tanto tempo que não me divertia e ria daquele jeito.  

— Você não tem cara que fuma. — Diego disse quando eu aceitei.

— E não fumo. Você ta me levando para o mal caminho. — Falei e notei que não tinha isqueiro algum comigo quando levei a boca, Diego se aproximou com um isqueiro rustico, todo entalhado com um dragão em metal e acendeu se aproximando um pouco, antes de se afastar, para me ensinar como tragava.

Obvio que eu engasguei umas duas vezes antes de conseguir fumar, e notei que aquele troço dava uma sensação boa de relaxamento, não esquecia os problemas, mas era como se eles ficassem menores, e não, não era maconha.

— Eu não sei de nada, eu só mostro o caminho. — Ele falou olhando para frente por fim. — Deve ter passado mesmo por muita merda não é?

— Nem tem ideia. — Respondi olhando para frente um segundo, um pouco mais séria.

— Eu também passei sabe, mas acho... Acho que isso te faz uma pessoa mais forte. Você não precisa passar por mais merda se não quiser. Pode ficar aqui quanto quiser, e se decidir ir, pode ir.

— Que tal você me perguntar isso quando eu estiver sóbria. Você é muito legal para ser de verdade. To esperando ainda a parte que todos viram monstros e tentam me matar. — Eu falei zoando, mas era sério do mesmo jeito.

— Não vai rolar. Sinto muito, mas você é legal demais para eu te deixar morrer.

— O que vai fazer se eu recusar? Me seguir? Stalker?

— Se for preciso. — Ele respondeu sério, eu acabei rindo com a resposta.

— Falamos disso amanhã, quando eu não tiver com bebida na veia.

— Ao menos pode dormir comigo essa noite. — Ele falava soltando a fumaça do cigarro de forma casual.

— Abusar de pessoas bêbadas é crime, apesar de você ser gostoso. — Eu falei, meus deuses, eu falei isso na cara de pau. Eu culpo a bebida, porque nem sem graça eu fiquei.

— Juro pelo Estige que não vou dar em cima de você até estar sóbria amanhã. — Ele ergueu a mão para cima sorrindo.

— Não devia fazer esses juramentos ao Estige. Vai ter que cumprir.

— É a intenção. — Ele falava piscando.

Eu fiquei tonta um segundo e vi tudo ficar negro por alguns instantes ele me segurou na hora, talvez eu nem estivesse em condições de ir para casa. Porque minha memória acabava ali do que houve naquela noite.

Quando eu acordei estava num quarto totalmente estranho e diferente do que eu tinha pago no hotel. Demorei alguns segundos para me lembrar de tudo o que houve, ainda mais que só vestia uma camiseta do nirvana com um shorts largo demais para o meu corpo.

— Bom dia bela adormecida. Achei que ia ficar em coma. — Diego falava andando pela casa só com uma calça de moletom, o que raio tinha acontecido depois que eu apaguei.

Ele via minha confusão, e eu  sentia a minha cabeça estourar para fazer perguntas.

— Relaxa. Não fizemos nada. Você apagou. E eu jurei não dar em cima de você. — Diego falou colocando na mão minha mão uma aspirina. — Vamos. Temos muito o que fazer e falar hoje. Você é doida Skye.

Eu não sabia se aquilo era um elogio ou não, só esperava não ter feito muita merda nas partes sem memória.


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Notas finais do capítulo

Aliás fã do Pink Floyd? Tem uma fanfic maravilhosa do dia dos namorados com o Syd como protagonista, não é fã? Vale a pena ver também porque ta linda!
https://fanfiction.com.br/historia/761864/Voce_sente_minha_falta



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