Se não fosse a primeira vez... escrita por Wun Wun


Capítulo 2
A primeira vez que saímos juntos.




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Acontece que ambos se entusiasmaram demais com o beijo e o clima na cozinha não tardou em ficar ardente. A peça essencial foi o pequeno ruivo, que não é lá a pessoa mais dada a ficar parada e se excitava fácil com um acontecimento. Atiçou Kageyama de todas as formas que sabia que o moreno gostava: escalava seu torso, resvalando seus corpos com a desculpa — que não era tão desculpa assim — de estar tentando alcançar sua boca para que o beijo durasse; mordia de leve no seu pescoço; suas mãos que não se estagnaram na nuca do parceiro e passeavam livremente, tocando nos pontos certos.

Depois de alguns minutos e provocações bem sucedidas, já se via prensado entre o balcão ao lado da pia e o corpo forte do moreno. Este apalpava suas coxas ao mesmo tempo que as acarinhava, pois o menor as tinha colocado em volta de sua cintura. Os beijos quase sempre perduravam até ficarem bastante ofegantes. E o que Kageyama Tobio achava da situação? Claro que ele… bem, por incrível que pareça, era o mais responsável ali.

— Hmm, Hinata — falou com uma voz rouca, agora segurando firme na cintura do outro para afastá-lo de si. Tarefa um pouco complicada devido à posição do menor.

— Que foi? — respondeu Hinata, todo manhoso, fazendo de tudo pra o clima não se esvair e tentando tirar a camisa do maior enquanto distribuía alguns beijos por sua clavícula. Ah, a pele de Kageyama é simplesmente…

— Hey! — O moreno foi firme, interrompendo o pensamento do menor. Segurou a cabeça de Hinata entre as duas mãos e o fez lhe encarar com alguma resistência — três coisas que percebi ao limpar a cozinha — falou devagar e baixo, acalmando aos poucos a respiração — primeira: não tem mistura pra o almoço; segunda: os armazéns fecham meio dia aos domingos no bairro e terceira: já é quase meio dia.

Hinata fez um biquinho com os lábios de forma tão chamativa que Kageyama ponderou a ideia de comer granola no almoço e tomar água da torneira para ajudar a descer. Mas foi apenas isso e logo ele escutou um suspiro profundo, do já mais calmo parceiro, enquanto este colocava de pé em sua frente. O ruivo nem pensou em replicar a afirmação de Tobio, o conhecia bem o suficiente para saber que não iria deixar passar aquele dia se alimentando de besteira sem ter uma refeição saudável; com isso em mente, apenas alongou os braços, deu um beijo rápido na bochecha do maior e seguiu para o quarto.

Depois de alguma arrumação, saíram em direção ao supermercado mais próximo para fazer a feira para pelo menos uma semana que não tinham feito no dia anterior. Foram a pé, conversando amenidades, assuntos que variavam entre a faculdade e os buracos na estrada de uma avenida próxima. Ao chegarem no local, cada um pegou uma cesta e seguiram coletando os itens descritos na lista que sempre levavam consigo. Quando já estavam quase terminando as compras, Hinata externou o que vinha refletindo tinha alguns minutos.

— Tobio, a gente já saiu alguma vez? Tipo assim, só nós dois? — perguntou ao moreno, que não foi pego de surpresa por mais uma das perguntas inusitadas do menor.

— Devemos ter feito isso já, não?  É o que normalmente se faz nos inícios de namoro. Você não tem nenhuma lembrança? Sua mente me parecia boa hoje. — respondeu o que achava a respeito da situação.

— Sim, e continua boa! Por isso digo, acredito que ainda não tivemos um primeiro encontro.

— Parece que não somos de seguir a parte do “normalmente”.

— Era de se esperar.

Kageyama parou um pouco em uma seção de frios e encarou Hinata. Queria dizer que ele era o mais imprevisível dos dois e fazia as situações mais estranhas parecerem corriqueiras. Este, no entanto, se encontrava distraído a observar os tipos de carne ali expostos. Depois de um tempo, virou-se para o moreno e perguntou.

— O que teremos para essa semana, carne bovina ou peito de frango?

— Frango. — respondeu sem pensar duas vezes. Suspirando, resolveu deixar de lado algumas divagações.

— Então — O ruivo logo retomou a conversa enquanto guardava a escolha na cesta que carregava. — quando vamos ter nosso primeiro encontro? — indagou, com um sorriso esperançoso estampado na face. Lindo, diga-se de passagem.

Tobio reservou um tempo para refletir enquanto eles se posicionavam no final da fila que parecia ser a menor dali. Observou Hinata, que também o mirava com seus olhos castanhos especulativos. Pensou nos dois, em como com eles os momentos prazerosos não exigiam tanto de cada um, em como eles podiam facilmente encontrar paz até em um dia de domingo, no meio de uma fila de supermercado cheio de pessoas estressadas, correndo para conseguir levar suprimentos para casa de última hora. Atualmente, o antigo setter da Karasuno sabia resolver contratempos com mais facilidade ao pensar na especificidade de cada acontecimento. Por isso, em relação ao episódio em questão, não demorou tanto para chegar a uma conclusão.

— Pode ser agora.

— Agora?

— Sim, assim que passarmos essas compras.

Hinata o seguiu quando chegou a vez deles de passar pelo caixa, ainda processando a informação do moreno. Este, ao sair do supermercado, percebeu que o ruivo tagarela estava bastante quieto, o que era uma contradição.

— O que foi? — perguntou, enquanto seguia pela calçada.

— Gosto quando você é espontâneo e decidido Tobio, mas como são raras as vezes, ainda me surpreendo com isso. — falou com um sorriso pequeno. — Aonde estamos indo? É sério que estamos indo a um encontro? Quer dizer, estamos carregados de compras e nem estamos arrumados e tal.

— Shoyo, primeiro que as compras não estão tão pesadas, e não tem nada que vá estragar por ficar um tempinho fora do seu lugar. Segundo, pelo que eu entendo de encontro, é uma situação em que chamamos quem gostamos para sair para poder passar algum tempo agradável na companhia da pessoa, simplesmente por ela ser ela, não é isso? Então acredito que isso de estar preparado ou não é apenas detalhe. O que importa é a presença um do outro, certo?

Hinata ficou impressionado pela segunda vez no dia com uma fala de Kageyama. Realmente, ele tinha razão sobre o que dava significado a situação de saírem juntos para se encontrar. Tá, eles comiam e relaxavam na companhia um do outro em casa, mas nunca ocorreu de sair juntos, sozinhos. Portanto, o ruivo deu um de seus sorrisos cativantes enquanto seguia o moreno.

— Apreciar o tempo na presença de quem gostamos, sim, e na presença de comida também! É isso. Um verdadeiro encontro!

— Sabia que não iria esquecer esse detalhe. — disse Kageyama, por fim, com um sorriso no rosto. Poucos minutos depois, pararam em frente à uma barraquinha que vendia bolinhos de carne.

Sentaram em uma das mesas de plástico dispostas em baixo de uma lona que dava uma sombra agradável e fizeram seu pedido. Ao ajeitar as bolsas próximo à cadeira, Hinata encarou o parceiro.

— Apesar de já termos saído várias vezes — disse — sempre, nessas ocasiões, tinha alguém em companhia. Então, dou por oficial que essa é a primeira vez que saímos juntos.

Kageyama achou uma graça a situação. Era tudo tão simples, mas o fato, por ser importante e, principalmente, pela presença de Hinata nele, ficaria em sua memória.

— Então — continuou o ruivo — vamos fazer valer e gastar nossos trocados sem pena em comida. — Kageyama sorriu e envolveu a mão de Hinata em cima da mesa com a sua.

Nosso primeiro encontro. — respondeu Tobio, enquanto descansava a cabeça na palma da mão livre.

A aura de tranquilidade que os rodeava naquele momento atingia até a dona da barraquinha, que olhava a animação dos dois e se sentia encantada. As demonstrações de amor em público se tornaram cada vez menos frequentes de uns tempos pra cá, segundo ela, então considerava muito bonito e cativante quando acontecia, quando o carinho de uma pessoa para com outra era tão forte que não se seguravam e deixavam aquilo evidente por meio de ações. A senhora ficou divagando sobre isso enquanto o casal se distraía com conversas, apreciando o lanche pré-almoço e envoltos à sacolas de supermercado, por um tempo que não durou muito, mas o suficiente para ser marcante.


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