Meu primeiro amor foi como uma flor escrita por slytherina


Capítulo 4
A primeira vez que nos beijamos




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Cheguei esbaforido ao hotel. Passei correndo pela recepção e fui direto ao quarto onde ela estava. Sua voz ao telefone ainda ecoava na minha mente: "Me ajude, Maru. Eu acho que ele está morrendo. Pode vir aqui salvá-lo? Eu estou com medo, Maru."

Ela abriu a porta pra mim e se atirou nos meus braços. Chorou muito e não dizia coisa com coisa. Suas roupas estavam rasgadas e havia sangue em suas mãos. Logo ali ao lado da cama havia um homem caído. Ele não se mexia. Delicadamente afastei-a de mim e fui até ele. Sem pulso, ele não respirava e seus olhos estavam abertos fitando o vazio. Morto.

— Jae-Hee, o que houve?

— Eu … Ele … Eu não queria … ele me atacou … Eu me defendi … Eu não queria … Juro que não queria fazer isso. Eu só queria fazê-lo parar. Eu vou pra cadeia … ( choro) Eu não posso ir pra cadeia …

— Jae-Hee, se acalme, ok? Respire fundo. Isso, assim. Eu estou aqui. Nada de mal lhe acontecerá. Pare de chorar.

— Eu não o matei. Por que ele tinha que morrer? Não fui eu.

— Jae-Hee, escute: foi legítima defesa. Você vai ser acusada de homicídio culposo. Como é primária pode ficar em liberdade vigiada. Nenhum júri no mundo a condenaria à prisão por assassinato em legítima defesa.

— Homicídio culposo? Liberdade vigiada? Eu vou perder meu emprego. Sabe quanto tempo eu sonho em ser repórter pra escapar da pobreza? 15 anos. Esse sempre foi meu sonho, meu objetivo de vida. Meu sonho foi por água abaixo. Eu perdi tudo! Não há mais razão pra viver. Melhor seria se eu estivesse morta.

Jae-Hee se afastou de mim e pegou o caco ensanguentado da garrafa com que atacou e matou seu agressor. Fui rápido e a agarrei por trás tentando tirar o caco de sua mão. Por reflexo, ela me golpeou e ao ver que havia me ferido, ela gritou e soltou o caco.

— Desculpa! Desculpa! Eu te feri. Eu firo todos que se aproximam de mim. — Jae-Hee recomeçou a chorar e me abraçou pela cintura, enterrando a cabeça em meu peito.

— Tudo bem! Tudo bem, foi um corte superficial. Você está transtornada. Venha, sente-se aqui. Isso! Eu não vou sair de perto de você. Nunca te abandonarei na vida. — acariciei os cabelos dela enquanto imagens da nossa infância passavam pela minha mente. — Lembra quando nos falamos a primeira vez? Você estava chorando muito, pois seu pai a agredira. Eu já te conhecia, pois você era e ainda é a menina mais bonita do meu bairro. E quando você disse que seria minha namorada, porque nenhuma menina me queria. Você riu muito, pois era brincadeira, mas pra mim era algo oficial. Desde esse dia sou seu namorado, mesmo que para você tenha sido só uma piada. Você tem iluminado meus dias, Jae-Hee, e eu cheguei onde estou, estudando medicina, graças a você, que é a razão do meu viver, pois espero um dia ser bastante rico e importante para me casar com você. — segurei o rosto dela nas minhas mãos e olhei ternamente para aqueles olhos vermelhos e inchados de chorar. — Um homem como eu poderia ser a razão de seu viver, Jae-Hee?

Ela nada me respondeu e parecia surpresa com a minha pergunta. Nesse momento uma resolução e determinação se apossou de mim. Beijei-a. Sempre desejei que nosso primeiro beijo de amor seguisse o ritual dos casais apaixonados, com direito a rosas vermelhas, caixas de chocolate, uma sonata ao luar, e não a cena de um crime e minha amada entre a cruz e a espada. Talvez por conta disso e da resolução que tomara, fui tomado de paixão e aprofundei o beijo, sentindo sua língua e seu alento. Quando finalmente nos separamos, ela continuava perplexa e com uma expressão de susto nos seus lindos olhos castanhos.

Levantei e procurei um trapo para limpar a cena do crime, apagando vestígios de sua passagem pelo ambiente. Ajudei-a se recompor. E coloquei minha jaqueta em seus ombros, pois a noite estava fria.

— O que está fazendo? O que significa isso, Maru?

— Você não terá seus sonhos destruídos. Será uma repórter famosa e muito importante. Você nunca esteve aqui e não matou esse homem. Não será acusada de nada, porque eu o matei.

— O que? Não, Maru! Você não pode fazer isso. Você vai estragar sua vida.

— Eu não me importo. Sou jovem, posso recomeçar de novo. E daí se não poderei ser médico? Há muitas outras coisas que ainda poderei fazer para ganhar a vida e ser um homem feliz. Talvez fique preso, mas minha mente e meu coração estarão livres. Cumprirei o tempo de cadeia que for necessário. Eu resistirei, Jae-Hee, não se preocupe comigo, apenas siga em frente e nunca olhe para trás. Seja feliz.

Praticamente a empurrei porta a fora e depois liguei para a polícia, enquanto ainda tinha forças para encarar o caminho que eu mesmo escolhi.


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