Autumn escrita por HKChase


Capítulo 4
Visco de Ano Novo.


Notas iniciais do capítulo

Bom, essas duas últimas semanas foram uma bosta. Fiquei sem computador e, recentemente, perdi um dos meus gatos, o que me deixou bem abalada. Só consegui chegar perto do pc hoje de tarde e então comecei a escrever esse capítulo, que ainda estava pela metade, já que era para ele ser postado semana passada mas por 1001 motivos acabou atrasando. Peço desculpas desde já.
O tema é Nosso Primeiro Beijo, então, aí esta. Espero que gostem. De verdade.



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  Desafio Nyah! Fanfiction

Um mês com o seu OTP

A Primeira Vez

“Autumn”

Chapter Four: “New Year’s Mistletoe.”

Capítulo Quatro: "Visco de Ano Novo.”

By: H.K. Chase

 

   Aos dezesseis anos de idade, eu descobri algumas coisas sobre o amor. Não sou tola o suficiente para dizer que sei o que é amor, por que não acho que alguém, de fato, saiba. Mas posso dizer com certeza que o amor não tem hora nem lugar. Ele acontece acidentalmente, num piscar de olhos, numa batida do coração... num único flash. Num momento onde, do nada e sem perceber, acontece.

 Hoje, com vinte e quatro anos na cara, percebo que na verdade não sei de absolutamente merda nenhuma. Relembrando dos momentos que aconteceram entre o Outono de 2010 e o Verão de 2012, percebo que me importei demais com coisas minúsculas e perdi oportunidades gigantescas; se tivesse feito uma ligação aqui ou mandado uma mensagem ali, poderia ter salvo relações que acreditava serem para a vida. É uma pena que “para a vida” acabou junto com o ensino médio. Talvez seja assim com a maioria das pessoas.

 Depois daquela madrugada no Boston Public Garden Noah se dedicou total e inteiramente a seu irmão, o que significa que ficamos mais ou menos uma semana sem nos ver. O que não importou muito para mim, já que eu tinha – e tenho – noção do quão culpado ele se sentia e do quanto estava disposto a consertar as coisas com sua família, então todas as noites eu mandava uma mensagem dizendo que eu estava ali por ele, e que não iria embora tão cedo. Poucos dias antes do Natal, ele foi me buscar na escola.

 – Olá, estranho. – O cumprimentei, e então ele abriu aquele sorriso. – Como vai?

 – Melhor, estranha. Meus pais vão viajar hoje à noite e eu não quero ficar no meio da bagunça que meu pai cria ao arrumar as malas, então... esta com seu violino aí? Estou com saudade de te ouvir tocar.

 Naquele dia me lembro de ter tocado por, no mínimo, duas horas, e depois disso nos deitamos no chão da sala de música da escola e ficamos encarando o teto. Durante aqueles minutos de um tipo aconchegante de silêncio, minha mão lentamente caminhou até a dele, e, sem falar uma palavra, entrelacei meus dedos aos seus. Noah não reclamou, apenas colocou nossas mãos em seu peito.

 O Ensino Médio foi um período extremamente importante da minha vida. Foi uma das épocas em que mais cresci e amadureci, e sinto que nosso relacionamento me ajudou muito com isso, principalmente na escola. Graças a meu primeiro namorado, conheci pessoas com quem mantenho contato até os dias de hoje, como Peter Yeun, um sul-coreano bonitão que estava sempre na companhia de Noah quando eu o via nos corredores da escola e por vezes fora dela também, ou até mesmo Paris April Moure, uma loira com quem me encontro sempre que tenho a chance. Acontece que, antes do garoto dos sonhos começar a me buscar na escola todos os dias, as pessoas não sabiam quem eu era. Depois disso, eu fui de Ninguém para Possível Namorada de Noah Concordia Marsden, e então para Namorada de Noah Marsden, e, por fim, me tornei Savannah Griego. As pessoas se aproximaram de mim por eu ter uma ligação com ele, e eu simplesmente odiava isso, odiava ser “A Namorada de Alguém”, então fiz tudo em meu poder para que eles não me conhecessem apenas por isso.

  – Vanni?

 – Sim?

 – Eu acho que quero ir para casa, me despedir dos meus pais e tudo mais. Mas, sei lá, acho que vai ser difícil.

 – Tudo bem. Pode ir.

 Ele riu. – Eu acho que você não entendeu, Savannah. Quero você lá comigo.

 – Ué, por que? – Indaguei, não entendendo bem o motivo do suposto convite. – Não entendi.

 – E depois eu sou o lerdo da relação. – Noah balançou a cabeça negativamente, se virando até que seu corpo ficasse em cima do meu. – Te quero lá porque vai ser a primeira vez que fico sozinho com Thommy desde... bem, você sabe. E também, você é minha amiga, tem que estar lá por mim, Santiago.

 – Pare de mentir. Só quer me levar para a sua casa pacificamente para que fique menos evidente quando você me assassinar. – Brinquei, ouvindo sua risada e sorrindo. – Você é um assassino de garotas inocentes.

 – E você é uma garota inocente?

 – É claro que sou!

 – Tem certeza? – Ele aproximou o rosto do meu, ainda parcialmente em cima de mim. – Absoluta? Você não parece uma garota inocente para mim, Vanni.

 – 100%. – Respirei fundo, sentindo meu rosto esquentar. – Mas é claro que eu sou, Noah. – Ironizei, colocando as duas mãos em seu peito e o afastando. – Não vou cair em tentação.

 – Então eu sou uma tentação para você? – Ele abriu um sorriso enorme, como sempre fazia ao atingir seu objetivo de me deixar sem jeito.

 – Ah, cale a boca! Convencido.

 A casa dos Marsden estava cheia de vida como sempre, Francesco corria para todos os lados e acabou se distraindo ao parar para me cumprimentar, ele parecia feliz com a minha visita. Katheryn estava com Thomas no sofá da sala de estar, ela tinha o filho mais novo adormecido nos braços, e dormia tranquilamente com três malas abertas ao seu lado. Noah se aproximou dela e deixou um beijo em sua testa, mexendo carinhosamente nos cabelos do irmão antes que apontar a escada para mim, indicando para que fôssemos até seu quarto cinza.

 Noah me contou que os pais passariam o Natal e o Ano Novo fora, e me pediu ajuda para fazer algo especial para o irmão mais novo, que estava bem triste com a notícia. Depois de passarmos algum tempo pensando em possíveis comidas para se fazer e lugares para se ir, tive a brilhante ideia de convidá-los para passar os feriados com minha família, já que era certeza que meus pais não iriam se importar. Ou ao menos assim achei, já que o Sargento Griego não gostou muito da ideia, e tivemos uma discussão considerável sobre isso, até que consegui fazer com que ele cedesse. Até hoje meu pai reclama sobre Noah, e não economiza nas piadas sobre seu cabelo perfeito, ou seu sorriso perfeito.

 Dito e feito, menos de uma semana depois, os irmãos Marsden bateram na minha porta. Thommy não demorou nem dois segundos para se jogar em mim e me envolver num de seus abraços carinhosos e apertados, que retribui imediatamente, já que estava com saudades da criança. Convidei-os para entrar e peguei as duas mochilas de Noah, colocando-as em meu quarto enquanto ele apresentava meus gatos para o irmão, que parecia ter se encantado com os animais. Meus pais rapidamente foram dar as boas-vindas e não demorou para que mamãe se apaixonasse pelo Marsden mais novo, que foi mimado por ela durante toda sua estadia ali.

 Do dia 24 de dezembro ao dia 02 de janeiro, Thomas e Noah Marsden ficaram hospedados em um de nossos quartos de hóspedes – já que Thommy se recusava a dormir longe do irmão. Nos três primeiros dias Noah realmente dormiu ao lado do irmão, mas no quarto dia ele fugiu para o meu quarto pela madrugada, e isso se repetiu por toda a semana. Por volta das duas da manhã ele se esgueirava pela minha porta e passávamos a madrugada juntos, conversando o mais baixo possível até cairmos no sono, o que quase não acontecia, já que o risco de sermos pegos era grande. No último dia do ano decidi tomar uma iniciativa, e liguei para Lizzie pedindo para que ela comprasse um visco para mim. Cuidadosamente o penduramos no local escolhido por mim e então nos abraçamos, minha melhor amiga me desejou sorte, e eu disse que não precisava de sorte.

  31 de dezembro de 2010. Quinze minutos para a meia-noite. Noah estava meticulosamente arrumado com sua camiseta branca favorita e um jeans escuro, o cabelo bagunçado por tanto andar entre as pessoas que enchiam minha casa, os olhos esverdeados realçados pelas olheiras de mais uma noite mal dormida ao meu lado. Eu estava com um vestido preto, e com parte dos cabelos presos, batom vermelho e não me lembro do que usava nos olhos. Tomei coragem e me aproximei, segurando sua mão e rindo ao vê-lo se assustar com o contato repentino, sem falar uma palavra indiquei a saída com a cabeça, e assim que vi o sorriso em seus lábios corri para fora, o puxando comigo. Corremos até a Beacon Street, em frente ao parque, e então finalmente parei, já ofegante e sem a companhia do meu garoto dos sonhos, que tinha ficado para trás.

  – Vem logo, seu lerdo!

 – Calma! Eu não sou exatamente o cara mais atlético do mundo, Vanni. – Ele conseguiu me alcançar, ofegante. – Por que me trouxe aqui? Vamos perder os fogos. Não vamos conseguir voltar a tempo.

 Gargalhei com toda a confusão estampada em seu rosto e apontei para cima, para o visco pendurado no poste de luz que nos iluminava. A rua estava sem movimentação aparente, e a noite estava escura, então a iluminação que tínhamos era aquela.

 – Isso é? – Os olhos verdes me encararam, e ri mais. Parte por vergonha, parte por nervosismo. – Céus, você fez isso para nós dois? – Assenti. – Meio tarde, não acha?

 – O espírito natalino faz parte do meu ser, Noah. – Sorri, ajeitando algumas mechas soltas de cabelo. – Sabe qual é a tradição, não sabe?

 – É claro que eu sei a tradição do visco de Natal. – Ele segurou minhas mãos, nos aproximando. – Mas não vou fazer isso com você, Savannah.

 – Como não? – Foi a minha vez de ficar confusa. – Não venha me dizer que não gosta de mim, porque eu sei que é mentira.

 – É claro que eu gosto de você, sua idiota. Mas você merece melhor. Não sou bom o suficiente para você, e...

 – Ah, pelo amor de Deus, Noah! – O interrompi, soltando suas mãos. – Não é bom o suficiente para mim, sério? Essa é sua desculpa?

 – Savannah...

 – Savannah o que? – Perguntei, e ouvi o primeiro fogo de artifício atrás de nós. Era quase meia-noite. – Eu sei o quanto o acidente de Thommy afetou você, acredite, eu sei. Mas não acho que tenha mexido tanto assim com seu ego, Noah.

 – Vanni, me deixa terminar! – Senti suas mãos em meus ombros e calei a boca. Noah se abaixou até que nossos olhares se encontrassem. – Você merece um primeiro amor decente. Merece primeiras vezes maravilhosas, com alguém inteiro, não com um cara de dezoito anos despedaçado que não sabe nem cuidar do irmão mais novo.

 – Você não é meu primeiro. Não é meu primeiro beijo, não vai ser minha primeira transa e definitivamente não é o primeiro cara de quem gosto. – Retruquei e o barulho tomou conta do ambiente até então silencioso, fogos de artifício começaram a ser lançados pelo céu, deixando a noite colorida. Era meia-noite. Ano Novo. – Eu não preciso de perfeição, não preciso de primeiras vezes maravilhosas, e nem quero isso. Eu quero você, Noah Marsden. Quebrado do jeito que é, desastrado e confuso. Você não foi meu primeiro, mas eu quero que seja meu último.

 – Seu último?

 – Meu último amor. Meu último primeiro beijo. Talvez tenha sido essa sua risada, ou os seus olhos, seu sorriso de garoto propaganda... pode ter sido o seu cabelo perfeito, a sua voz, ou a sua personalidade maravilhosa. O que quer que tenha sido, fez com que eu me apaixonasse por você. – Praticamente gritei cada uma das palavras, já que o som que nos cercava era alto demais. – E fez com que eu queira que você seja meu último.

 Sem pensar duas vezes, dei dois passos para frente e o beijei, e foi como se todos aqueles fogos de artifício de repente estivessem dentro de mim. Foi intenso, cheio de desejo de ambas as partes, já que todo o afeto que mantínhamos um pelo outro finalmente pôde escapar e se mostrar presente através daquele gesto, tão simples, porém tão significativo. Não senti borboletas no estômago, ou um frio na barriga como achei que sentiria, mas senti como se as coisas estivessem finalmente se colocando no lugar, como a calmaria depois da chuva. Me senti leve, doce, feliz... me senti amada, e senti que amava.

 – Feliz ano novo, Savannah Adelaine Santiago. – Sussurrou ao que nos afastamos por pura falta de ar, me fazendo sorrir.

 – Feliz ano novo, Noah Concordia Marsden. E não pense que nossa pequena discussão acabou. – Rimos, e então, seguimos para casa.

 Foi aí que começamos a oficialmente ter algo. Não sabia ainda se era um namoro, uma ficada, ou apenas um rolo, mas sabia que era algo nosso. Chegamos em casa radiantes naquela noite, e a cada dez minutos fugíamos para um canto isolado afim de rirmos ou simplesmente repetirmos o ato de meia-noite, numa dessas escapadas casuais acabamos por trombar com Peter e um cara que eu logo reconheci como Matthew Smitsen se pegando no banheiro perto do meu quarto, então decidimos que aquele definitivamente não era um bom lugar. Queria ter dito que passamos a noite acordados declarando nosso amor um pelo outro, mas já estávamos cansados demais para isso e acabamos pegando no sono embaixo da escada, eu deitada em seu ombro e Thomas deitado em meu colo. Noah com os lábios e bochechas vermelhos de batom.

 Um ano, três meses, mais ou menos duas semanas. Foi esse o tempo maravilhoso que passei ao lado de Noah Concordia Marsden antes de nosso relacionamento começar a desmoronar lenta e dolorosamente.


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