Autumn escrita por HKChase


Capítulo 2
Cachorrinhos são covardia.


Notas iniciais do capítulo

Hey! O tema da segunda semana do desafio é: A primeira vez que saímos juntos. Então, tá ai! Espero que gostem, de verdade.



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Desafio Nyah! Fanfiction

Um mês com o seu OTP

A Primeira Vez

“Autumn”

Chapter Two: “Puppies are cowardice.”

Capítulo Dois: "Cachorrinhos são covardia."

By: H.K. Chase

 

 

  Depois daquela vergonhosa primeira conversa no parque, as coisas aconteceram rápido. Rápido demais. Noah pegou meu número naquele dia e antes mesmo de eu chegar em casa ele já havia me ligado, rindo e usando a – possível – desculpa de que achou que eu tivesse passado o número errado propositalmente; essa conversa durou mais de três horas. Em exatos seis dias de puro flerte, ele finalmente me chamou para sair – graças a Thommy, devo ressaltar.

 Naquele dia eu fui ao Trader Joe’s da Boylston Street¹ e acabei trombando com os irmãos Marsden, que carregavam várias sacolas cheias de doces, provavelmente para o Halloween, que estava a apenas alguns dias de distância. Thommy foi o primeiro que me notou, vindo me cumprimentar com um abraço apertado e sua risada discreta, Noah veio logo atrás, não sendo assim tão intimista nos cumprimentos e preferindo apenas um sorriso amigável.

 – Olá 'pra vocês dois.

 – Olá, Savannah Adelaine Santiago. – O mais velho me cumprimentou, abrindo seu sorriso de garoto propaganda. Eu sentia que ele iria me importunar com aquele sobrenome o resto da vida.

 – Olá, Noah Concordia Marsden. – Sorri, colocando minha mão no ombro de Thommy, que estava ao meu lado. – Oi para você também, Thommy Marsden.

 – Oi, Savannah! Quer um doce?

 – Todos esses doces são seus? – Perguntei e a criança assentiu, entusiasmada. – É claro que eu quero um!

 – Mas você não pode ver qual você vai ‘pega. Fecha o olho! – Obedeci e ri, me ajoelhando para que pudesse pegar algum doce na sacola que ele segurava.

 – Hum, esse aqui. – Tirei minha mão de lá e abri os olhos, vendo um pequeno Snickers. – Muito obrigada. – Abri a embalagem e dei uma mordida no chocolate, olhando para Noah. – São para o Halloween?

 Ele apenas assentiu, depois balançou a cabeça, como se tivesse lembrado de algo, mas decidiu por não compartilhar seus pensamentos comigo e com seu irmão. Thommy e eu acabamos voltando para nossa conversa entusiasmada sobre doces e como aquela era sua época favorita do ano, acabei comentando que eu também adorava o Outono, mas meu feriado favorito sempre foi o Natal. Depois de alguns minutos, Noah o chamou para ir embora e o menino cruzou os braços, ainda ao meu lado.

 – O que você ‘tá esperando? Chama ela logo, Noah.

 – Oi? Me chamar para que? – Perguntei, confusa com a situação.

 – Ele quer te chamar ‘pra sair só que não tem coragem.

 – Thomas! – O mais velho o repreendeu, batendo a palma da mão na própria testa.

 – Eu ‘tô mentindo? – A criança rebateu, me fazendo rir.

 – Não, mas não é bem assim que se chama uma garota para sair!

 – E como é, então? – Me pronunciei, tomando a atenção dos dois, que pareciam inertes na própria discussão. Noah me olhou, em silêncio, e então cruzei os braços. – Hein, como é que se chama uma garota para sair?

 – Bom, tem vários jeitos, na verdade. E nenhum deles envolve o idiota do meu irmão se intrometendo. ­– Ele lançou um olhar estranho para Thommy, que não demorou para responder.

 – Se a mamãe souber que você ‘tá me chamando de idiota aí é que você não sai com a Savannah mesmo. Não sai com ninguém na verdade, porque ela vai te deixar de castigo pelo resto da vida.

 A discussão dos dois acabou demorando mais alguns minutos, que eu aproveitei para colocar meus pensamentos em ordem. A ideia de Noah Concordia Marsden ter o mínimo de interesse na minha pessoa tinha me assustado, já que todos sempre souberam qual era o seu “tipo” de garota: ruiva, magra, geralmente de olhos claros. Eu não me encaixava em nenhum de seus requisitos principais, e só tínhamos conversado algumas vezes antes daquilo.

 – Eu vou pegar mais doces. E você vai ‘chama ela ‘pra sair, porque ela é legal. – O menino de sete anos pôs fim na discussão, indo para o corredor ao lado.

 – Então... – Comecei, segurando o riso por alguns segundos, mas logo o soltando. Eu sempre ri nos momentos de nervosismo. – Desculpa.

 Noah sorriu, abriu a boca e a fechou de novo. Levou a mão direita até a nuca e tombou levemente a cabeça para o mesmo lado, repetindo o ato de começar a falar mas acabar mudando de ideia. – Depois de amanhã tem um show de talentos na escola do Thommy. Os nossos pais estão viajando e seria legal se você fosse, sabe?

 – Depois de amanhã? – Ele assentiu. – Eu tenho que ver se vou estar livre, sabe?

 – E o que você teria para fazer numa sexta-feira à noite se não ir ao show de talentos do meu irmãozinho?

 – Muitas coisas, na verdade. – Dei risada, indo até a saída do mercado, afinal, minha mãe já deveria estar louca pela minha demora. – Prometo que vou pensar na proposta com carinho.

 – Você é difícil assim mesmo ou só se faz, Savannah?

 O ignorei por alguns segundos, apenas tempo suficiente para que eu conseguisse rir. – Você é Noah Marsden. – Me virei para ele, já fora do estabelecimento. – Devia saber quando uma garota está ou não afim de você.

 Assim que cheguei em casa naquele dia corri para o quarto de meus pais, perguntando se eu poderia sair na sexta-feira à noite. Meu pai fez o interrogatório completo típico, me perguntando para onde eu iria, com quem, que horas, que horas eu voltava, o que iríamos fazer e até que roupa eu ia usar, pensei seriamente em mentir na hora de responder cada uma daquelas perguntas, mas achei que a verdade seria recompensada. Mamãe deu risada assim que eu gaguejei quem tinha me convidado, até ela sabia do tombo que eu tinha pelo Marsden, e de algum jeito conseguiu convencer meu pai a me deixar ir.

 Dois dias mais tarde, por voltas das seis horas, Noah apareceu na minha porta vestindo sua jaqueta de couro e com o sorriso torto nos lábios, ele também tinha uma margarida em mãos, uma margarida roubada do jardim da minha casa. Agradeci pela flor e senti minhas bochechas esquentarem com a aproximação repentina de meu pai, disposto a me envergonhar na frente do até então garoto dos meus sonhos; é claro que ele começou o discurso do “Se você machucar a minha garotinha...” me fazendo esconder o rosto no ombro de Noah, que apenas concordava.

 – Quero ela em casa até as dez. Nem um minuto mais tarde, entendido?

 – Pai! Eu já falei ‘pro senhor que eu vou voltar no horário.

 – Vanni, sabe que me preocupo com você. Ele também tem que saber dos seus horários, não reclame. – Meu pai respondeu, autoritário como fingia ser na frente de pessoas que não fossem mamãe e eu. Ele estava com sua voz de Sargento e não de John.

 Noah apenas concordou mais uma vez e finalmente conseguimos fugir do Sargento Griego, que nos acompanhou com o olhar até entrarmos no carro, assim que fechei a porta o moreno me olhou e começou a rir.

 – “Vanni”, sério? – Ele perguntou, colocando a mão na barriga.

 – Ah, merda. – Resmunguei, eu nunca fui muito fã do apelido, visto que apenas meus pais o usavam e o resto do mundo me chamava de Savannah ou, no máximo, Savs. – Podemos fingir que você nunca ouviu esse apelido, por favor?

 – Não, ele é bonitinho. Sério. – Noah tentou se recompor, sem muito sucesso. – Mas é estranho imaginar um cara como seu pai usando um apelido tão carinhoso.

 – Você não tem vergonha não? – Perguntei e dei risada, conseguia ver as lágrimas no canto de seus olhos.

 – Nunca tive. – Sorriu, me olhando com o canto dos olhos e dando partida. – Vanni.

  Durante o caminho perguntei onde Thommy estava, e descobri que ele tinha passado o dia na escola para se preparar para o show. Noah ligou o rádio e cantamos juntos ao som de Smells Like Teen Spirit do Nirvana e depois começamos uma conversa entusiasmada sobre música, eu disse que tocava violino e ele comentou sobre saber algumas coisas no violão, disse que queria saber mais, mas não tinha muito tempo. Com dezoito anos de idade, ele já devia estar na faculdade, mas acabou tirando um ano de “férias” para ajudar o pai na empresa da família, que estava passando por alguns problemas financeiros, como os pais viajavam muito a trabalho a responsabilidade de cuidar de Thomas acabava ficando para ele, mas aquilo nunca importou muito. Nós conversamos também sobre nomes, e como alguns deles combinavam perfeitamente com a pessoa que os portava enquanto outros eram extremamente ridículos, eu disse que gostava de dizer seu nome completo, pois tudo parecia ser harmônico nele, e sua resposta foi aquele sorriso de garoto propaganda.

 O Show de Talentos foi horrível. Bem ruim mesmo. As crianças não sabiam se organizar e aparentemente nenhum professor se interessou em fazer tal coisa, então elas acabavam gritando no meio da apresentação e desconcentravam todo mundo, fazendo outras crianças chorarem ou até saírem do palco. Mas foi bom, porquê Thommy chorou quando seu grupo não ganhou o primeiro lugar, e isso nos rendeu uma das minhas memórias favoritas.

 – Qual é, amigão, vocês foram ótimos. – O Marsden mais velho consolou o irmãozinho, se ajoelhando ao lado dele.

 – Não fomos não! Se tivéssemos sido ótimos a gente tinha ganho, né Savannah? – Thommy me olhou, os olhos vermelhos e inchados devido ao choro me obrigando a mentir, mas eu não me importei de mentir para o deixar melhor.

 – Eu concordo com seu irmão. Vocês foram incríveis. – Me ajoelhei ao lado dos dois, segurando a mão do mais novo. – Mas o outro grupo foi realmente muito inteligente ao usar cachorrinhos fofos na apresentação deles, não acha?

 – Foram. – Ele soluçou. – Você acha que foi por isso que eles ganharam? – A voz chorosa do Mini-Noah me partiu o coração, e fiquei com vontade de chorar com ele, mas seria um verdadeiro fiasco se eu chorasse na frente do meu garoto dos sonhos no nosso primeiro encontro.

 – Tenho certeza que sim, campeão. – Concluí, e menos de três segundos depois a sala foi invadida por, no mínimo, 20 outras crianças de idade próxima a de Thommy, que correram até ele e lhe deram uma espécie desajeitada de abraço coletivo.

 Perdido na pequena multidão de mini pessoas, pude ouvir o som gostoso da gargalhada de Noah, que também fazia parte do abraço. Ele me olhou como se perguntasse o motivo de eu ainda não estar ali no meio e em resposta a sua pergunta silenciosa, entrei no grupinho. Depois disso, conversamos por algumas horas com as crianças e quando saímos de lá resolvemos ir a uma sorveteria próxima, já que ainda faltavam cerca de duas horas para o meu horário. Eu e Thommy andamos no meio-fio e Noah segurou minha mão por um tempo.

  Foi naquele dia que Noah me disse que os momentos felizes não seriam absolutamente nada sem os momentos tristes, eu não me lembro com que palavras exatas a frase foi dita, mas tenho certeza de que ela foi dita de fato. Dois dias depois foi o Halloween, e, o nosso segundo encontro. Ele me convidou para ir até sua casa, na Marlborough Street², seus pais ainda estavam viajando e Thommy iria pedir doces com seus amigos, então a casa seria só nossa, mas o Mini-Noah ficou doente naquela manhã. Não que eu e o Carinha de 18 Anos fôssemos tirar nossas roupas e ficar pela casa toda, mas a tarde poderia ter sido, ao menos, promissora. Me lembro até hoje de nós três nos enrolando em vários cobertores e deitando no carpete, assistindo desenhos antigos enquanto tomávamos chocolate quente e conversávamos sobre os doces que estávamos perdendo por Thomas ter ficado doente.

  Depois disso as coisas começam a ficar mais interessantes, mas também é a partir daí que começo a me esquecer da maioria dos detalhes, as memórias não são mais tão claras, mas ainda são tão aconchegantes como as noites em claro que passamos juntos, eu, ele e algumas vezes seu irmão mais novo, ou até mesmo seus pais. Agora, quase oito anos depois que nos conhecemos, tudo é meio turvo, mas fico feliz em me lembrar perfeitamente de alguns momentos específicos. Estes, sem dúvida alguma, foram alguns dos melhores.


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Notas finais do capítulo

Trader Joe’s da Boylston Street¹: Trader Joe's é um mercado popular nos States, e Boylson Street é uma rua de Boston. O mercado citado realmente fica em tal localização.
²Marlborough Street: É uma rua residencial da cidade de Boston.



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