Ecos de Amor escrita por Maria Gabriella


Capítulo 5
Pra Não Dizerem Que Não Falei Te Amo


Notas iniciais do capítulo

Aos 45 do segundo tempo, cá estou haha! Espero que gostem ♥



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  Faziam seis meses desde que começamos a conversar e eu já ia quase que semanalmente na casa do meu novo grande amigo. Aquele beijo de meses atrás não tinha se repetido e nossa convivência tinha um clima tranquilo, às vezes mais romântico, às vezes mais amistoso.

 Aquela noite eu dormi, pioneiramente, na casa do meu atual namorado. É uma moradia bem simples, diga-se de passagem, e eu não pretendia fazê-lo. Era minha folga, conversamos a tarde inteira e depois caiu uma tempestade impassível. Ocorre que no final eu me deitei de um lado da cama, ele do outro, e passamos a noite assim.

 Como tinha trabalho no dia seguinte, me levantei por volta das sete da manhã com ajuda de um despertador. Fiquei agradecida quando percebi que William não teve o sono interrompido e agilmente me levantei com o intuito de retornar ao meu lar.

 Admito, no entanto, que pela madrugada minha mente tinha voado nas recordações dos momentos que já tínhamos passado juntos e àquela altura minha decisão já estava tomada. Eu queria namorar aquele homem. Talvez me casar, ter uma família mais sólida finalmente. Então, pensei em despertá-lo para falar desse assunto, porém isso seria muito desnecessário. Ao mesmo tempo uma urgência me consumia, não queria ficar nem mais um segundo como amiga de Will.

 Vale ressaltar que meu expediente começa dez da manhã e eu não tinha qualquer intenção de tomar café fora da minha casa. Também precisaria de um banho antes de ir à lanchonete. Por isso vasculhei por breves instantes o ambiente, até encontrar alguns Post-Its amarelos e resolvi fazer isso da maneira mais inusitada possível. Deixei um bilhetinho em cima da mesa e ainda me recordo exatamente como era:

Você quer ser meu namorado?

(_) Sim :)

(_) Não :(

  Depois disso fui cumprir minhas obrigações. Assumo que matutei algum tempo sobre o que teria acontecido. Será que William vira o bilhete ou alguma coisa tinha impedido? Ele iria aceitar ou consideraria uma espécie de brincadeira? Todavia, comecei a ocupar minha mente com o emprego e decidi não deixar a ansiedade tomar conta da minha pessoa.

 Quando era de tarde, por volta de umas três horas, o meu atual namorado apareceu por lá, pediu um pedaço de seu doce favorito, Summer Pudding, e uma xícara com chá. Infelizmente, não fui eu quem o atendi, porém pude vê-lo entregando algo ao garçom e sussurrando coisas. Quando interroguei o rapaz, ele nada disse, e questionou o motivo da preocupação. Eu desfiz a conversa e o resto do meu expediente foi tomado por uma outra dúvida: aquilo tinha alguma relação com o meu pedido de namoro?

 Para minha agradável surpresa, quando podia finalmente voltar para casa, exatamente cinco e vinte da tarde, fui recolher minhas coisas e trocar de roupa. O uniforme da lanchonete sempre fica guardado em um armário e nos trocamos todas as vezes antes de sair e ao chegar. Ao abrir o meu compartimento, havia um Post-It amarelado e estava escrito “Eu amo seu sorriso”. Aquilo, obviamente, tinha vindo de Will e me fez sentir um calor bastante deleitante. Queria dizer que sim, íamos namorar, não é mesmo? Faziam já alguns anos que eu não entrava em uma relação amorosa e eu quase me senti como uma adolescente recebendo correio-eletrônico colégio.

 Decidi ligar para ele, porém não obtive resposta. Me dirigi para casa e devo dizer que o que aconteceu foi uma das surpresas mais românticas que já me fizeram. A caixa de correio estava levantada, como se tivesse chegado carta, e lá dentro outra nota: “Sua risada é contagiosa”. Você pode imaginar que, então, encontrei outro recadinho com frase fofa, mas nenhum deles era a resposta da minha mensagem.

 Decidi tomar um banho e ir na casa de William, para beijá-lo e oficializar nosso relacionamento de vez. Foi só quando me despi que percebi, no avesso da camisa, um Post-It enroscado. Ele dizia que meu olhar brilha. A essa altura quero observar que eu guardo todas as notas, incluso a que eu escrevi, em um potezinho bem conservado até os dias atuais. É uma recordação muito maravilhosa.

Apressei-me ainda mais e, em alguns minutos, eu já estava na casa do meu namorado. O engraçado é que ele me atendeu, nos cumprimentamos de forma polida e, assim que eu entrei, foi oferecida uma xícara de chá. Neguei, no entanto, antes que qualquer frase pudesse ser dita, ele insistiu para que eu me sentasse na cozinha e me alimentasse.

—William, eu tenho que te falar uma coisa, deixa essa formalidade pra lá — pedi enquanto resistia.

—O que pode ser mais importante do que comer? — Ri. — Vem, Sadie.

—Eu quero namorar contigo. Você viu meu bilhete?

 Will me ignorou e continuou insistindo, até que eu cedi e fui até a maldita mesa. Como pude ser tão desatenta e ingênua? Provavelmente foi por causa da minha pressa em ouvir o “sim”. O Post-It que eu havia deixado ainda estava lá, dessa vez marcado. Não em alguma das minhas alternativas, mas em outra, rabiscada, um “claro” todo torto com coraçãozinho do lado. Depois eu descobriria que William tem dislexia e todos aqueles bilhetinhos que eu havia encontrado haviam sido escritos com a letra de seu primo e que aquele mal escrito era o único autêntico. No entanto isso não importa, poderiam ter sido impressos que ainda teriam o mesmo valor e significância.

 Sorri e imediatamente me virei para beijá-lo. A vontade só aumentou quando eu reparei que na testa do Oximen estava outra nota; “me beije”.

 E foi assim que começamos a namorar e tivemos nossa primeira noite de amantes. Vimos um filme de ação, comemos pipoca e depois fui para casa. Talvez você ainda não tenha entendido em qual momento alguém disse que amava o outro, mas a verdade é que existem diversas formas de fazê-lo e, analisando corretamente a situação, a pergunta certa é em que momento algum de nós não estava dizendo que amava o outro. Sinceramente, desde o princípio, quando nos falamos a primeira vez com uma piada maliciosa após várias trocas de olhares, até quando oficializamos o namoro, é difícil encontrar um só momento em que não tenhamos demonstrado amor e dito isso das mais sutis maneiras. No entanto, como amar nunca é demais e uma história de afeto é sempre benvinda, eu conto que sussurrei ao ouvido de Will as três palavrinhas mágicas quando nos separamos do beijo.


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Notas finais do capítulo

E é isso. Provavelmente esse foi o último capítulo da história (não penso em fazer o bônus). Agradeço a todos que me acompanharam até o momento, comentando ou não, vocês são sensacionais!
E não se preocupem, isso não é um adeus ao William e à Sadie! Vocês podem continuar acompanhando a história deles em Tigres de Arkan, também postada por mim nesse site. Espero vê-los lá! ♥



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