O último suspiro escrita por Terra Branford


Capítulo 5
Memórias: parte II




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12 de Setembro

Meu nome é Sigyn Arrowny e sofro de algum tipo de distúrbio que me impossibilita de lembrar de muitas coisas, hoje quando acordei e como todos os outros dias, eu acho, acordei sem memória, embaixo de meu travesseiro encontrei uma pequena concha magica e graças a ela não me sinto mais tão perdida como estava na hora em que acordei.

Diferentemente do outro dia meu marido não estava ao meu lado ou se quer apareceu nas horas em que o esperei pacientemente em nosso quarto, estava muito ansiosa para conhecê-lo. E com o passar do tempo a ansiedade foi se transformando em angústia, inquieta passei a procura-lo pela casa, mas aparentemente ele não estava em lugar algum.

Comecei a temer o pior, será que ele tinha me abandonado? Senti um aperto no peito e uma estranha vontade de chorar, desesperada sai da pequena casa aos tropeços procurando por qualquer sinal dele. Corri sem rumo por um tempo, as lágrimas já não estavam mais contidas em meus olhos e saiam livremente por eles, começava a acreditar que havia feito algo de errado na noite anterior, algo que o irritou, que o levou a me abandonar. Me lembrei do estranho citado nas memórias e minha mente rumou por caminhos sombrios onde aquele estranho matava o meu marido.

Um marido que eu nem ao menos fazia ideia de como era...

— Sigyn?

Senti um arrepio quando escutei meu nome e involuntariamente olhei para trás. Um homem alto, pálido, de cabelos negros e longos me observava com curiosidade, senti meu coração palpitar, só podia ser ele, meu marido, ele era lindo.

Percebi que sorria quando o homem se aproximou de mim, diferentemente das minhas lembranças gravadas ele não sorriu em nenhum momento e nem se apresentou, parecia estranhamente tenso e me analisava como se algo estivesse errado.

Abri minha boca para dizer algo, mas não tive oportunidade de falar, o moreno misterioso que a essa altura eu já duvidava que fosse meu marido agarrou meu braço e começou a me arrastar pela floresta com brusquidão sem nem ao menos dizer quem era, eu estava sem reação inicialmente e demorei a protestar.

— Me solte! – pedi com uma voz desesperada.

Ele me ignorou e continuou me arrastando para o local de onde eu havia vindo.

Desesperada comecei a gritar por socorro e a chamar o único nome que conhecia.

— Loki! Loki! Socorro! Me ajude!

O estranho parou de me puxar e me olhou aparentemente confuso, me puxou novamente para perto dele e aproximou seus dedos do meu rosto, senti um calafrio com o seu toque, algumas palavras estranhas saíram de seus lábios e repentinamente uma aura verde surgiu das pontas de seus dedos envolvendo minha cabeça e levando consigo minha consciência.

[...]

Acordei algum tempo depois na mesma cama de antes, mas infelizmente ainda me lembrava dos últimos acontecimentos, principalmente do estranho que me observava assim que acordei.

Assustada tentei fugir de seus toques assim que ele se moveu em minha direção, mas o máximo que consegui foi cair de cara no chão, tentei me levantar em meio ao desespero, mas o estranho já havia me imobilizado antes que eu fizesse qualquer movimento.

Eu já estava chorando quando ele começou a falar.

— Se acalme, Sigyn.

— Quem é você? – eu praticamente gritei.

— Me chamo Loki. – ele respondeu com uma calma que contrastava terrivelmente com o meu desespero. – Eu não vou machucar você.

Aquele homem me dava arrepios e só naquele momento que eu reparei que ele estava diferente do nosso encontro na floresta, suas roupas outrora verdes e limpas estavam cheias de machas vermelhas... Sangue... A tranquilidade no rosto dele indicava que aquele sangue não era dele.

— Quem é você? – perguntei em um sussurro.

— Fique quieta, querida Sigyn.

O olhar sombrio dele me deixou em pânico, ele aproximou o rosto do meu e começou a acariciar o meu rosto, trêmula eu tentei afastá-lo com as mãos, mas de repente tudo ficou escuro...

 

13 de Setembro

Estou confusa... Não sei em que acreditar...

Minutos atrás encontrei duas conchas aparentemente mágicas embaixo da cama e desde que escutei o conteúdo delas me sinto mais confusa, principalmente em relação ao dia anterior, aquele homem... O Loki... A descrição dele não parecia em nada com o homem que conheci esta manhã, não consigo aceitar que o que confidenciei a uma destas conchas ontem seja verdade...

E graças a estas conchas, estou com medo de voltar a sala e reencontrá-lo...

— Sigyn? – escutei ele me chamar do outro cômodo – Algo errado?

— Eu... não. – respondi depois de um tempo.

Reuni toda a coragem que me restava e sai do quarto, ele me aguardava no corredor, seu olhar sempre analítico correu pelo meu rosto e soube naquele momento que ele sabia que algo estava errado.

— O que foi Sigyn?

“Nada”. Minha mente gritou para que eu respondesse, mas o desejo de esclarecer as dúvidas que assombravam a minha mente ganhou da razão.

— O que... O que aconteceu com você ontem... – disse em um sussurro, mas vi pela expressão dele que ele havia escutado – Eu me lembro de você, de um lado violento que eu não gostaria de lembrar...

Ele ficou em silêncio, comecei a imaginar o pior, o príncipe iria se transformar em um monstro de novo?

— Ontem foi um dia difícil... – ele respondeu sem desviar o olhar do meu - Não pude lhe dar atenção, então eu a deixei dormindo...

Abri a boca para protestar algo, mas ele me impediu.

— Eles nos encontraram Sigyn, precisava mantê-la em segurança...

— Quem? – gritei antes que me desse conta.

— Os soldados do rei, nossos inimigos...

— Rei? Que rei?

— O rei de Vanaheim. – ele respondeu como se fosse o óbvio, mas as palavras dele a seguir me deixaram sem chão – Seu marido.

— Meu marido... – repeti em choque – Mas, mas... Vo-você é o meu marido... – disse bobamente.

A expressão de divertimento que tomou conta do rosto dele me deixou tonta.

— Marido? – ele indagou erguendo as sobrancelhas.

— Você... Você mesmo me disse. – me vi dizendo feito uma tola.

— Eu disse que eu era alguém que tinha muito apreço por você Lady Sigyn, mais apreço que um amigo... Mas não disse marido.

De repente me vi repetindo mentalmente a conversa que tivemos durante toda a manhã, ele realmente não havia dito que éramos casados, nem mencionado que namorávamos, apenas havia deixado no ar que existia algo entre nós, ou talvez eu estivesse preocupada demais com os beijos que ele me dava para pensar em qualquer outra coisa.

O marido... Havia vindo das conchas... da memória de dois dias atrás... Quando ele havia dito que estávamos casados a 4 anos, então tudo era mentira? Ele era meu amante? Um sequestrador?

— Eu... Eu... – me senti sem fala.

Ele se aproximou com tal velocidade que não consegui impedi-lo de me abraçar.

Senti um calor estranho se apossar de meu corpo, de repente a tensão parecia ter diminuído um pouco.

— Não se preocupe com eles, não lhe farão mais mal. Sei que esta confusa, mas confie em mim.

— Como posso confiar em você...

Ele deu um sorriso mínimo, o sorriso que descobri amar.

— Da mesma forma que confiou anos atrás quando nem nos conhecíamos.

Eu queria fugir dele, queria lutar contra o sentimento que crescia em meu ser, mas só consegui assentir.

Mais tarde Loki me deu mais algumas informações sobre meu passado, como suspeitei, descobri que eramos amantes, a menção do dia anterior que ele era meu marido ficou presa em minha memória enquanto ele falava sobre nosso passado, descobri que meu suposto marido e rei de Vanaheim havia morrido, pelo que entendi nas entrelinhas, Loki e eu eramos os responsáveis por aquilo.

Conversamos por bastante tempo e pela primeira vez não o senti tão frio como antes, me sentia segura perto dele, tratei de esconder as conchas mágicas e fui ter mais uma noite de esquecimento nos braços de Loki. A história de casamento e rei ficariam para outro dia.


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